O mercado financeiro tem se tornado um importante instrumento de alavancagem para empresas do agronegócio brasileiro. À medida que a busca por rentabilidade aumenta, as organizações do setor buscam estratégias que envolvam a captação de recursos de terceiros.
Esse mecanismo de alavancagem, se usado corretamente, pode potencializar ganhos. No entanto, vem com seus riscos. Então vamos ver na prática a relação entre o mercado financeiro e a rentabilidade nas empresas do agronegócio brasileiro, observando os dados de uma das maiores do mercado: JBS. Vamos lá?
Como o mercado financeira atua no Agronegócio
Quando se fala em mercado financeiro, é comum pensar em bolsas de valores, ações e investidores. No entanto, essa complexa rede de relações e transações também é fundamental para o agronegócio.
Uma das principais ferramentas utilizadas por empresas agroindustriais é a alavancagem financeira. Através dela, empresas conseguem maximizar seus retornos ao usar recursos de terceiros em suas operações.
A escolha correta de como estruturar o capital de uma empresa, ponderando a relação entre recursos próprios e de terceiros, pode significar o diferencial entre o sucesso e o fracasso.
No agronegócio, a alavancagem permite expandir operações e alcançar mercados previamente inacessíveis, tudo isso com um custo potencialmente mais baixo do que usando apenas capital próprio.
A Ascensão da JBS no Cenário Global
A JBS é uma ilustração clara de como o mercado financeiro pode potencializar o crescimento de uma empresa no agronegócio. Fundada em 1953, essa gigante brasileira alcançou patamares impressionantes, estabelecendo-se em mais de 20 países.
A diversidade de seus negócios, que vai desde carnes até gestão de resíduos sólidos, é um testemunho de sua adaptabilidade e visão estratégica. A financeirização da JBS foi um divisor de águas em sua história. Já que boa parte de sua expansão se deu logo após o arredamento com a abertura de capital na BOVESPA em 2007.
Logo após esse período, a JBS fez várias aquisições e arrendamentos estratégicos que consolidaram sua presença nos mercados globais. Em 2007, por exemplo, adquiriu um imóvel com frigorífico em Maringá, PR, e em Castilho, SP.
Já em 2009, expandiu seus negócios com a criação da JBS Couros e fez arrendamentos de áreas para abatedouros e unidades de biodiesel em diversas cidades no Brasil. Estas movimentações foram fundamentais para o crescimento exponencial da empresa.
Sem contar sua nova influência na América latina, USA e Austrália a partir do mesmo ano de sua abertura ao mercado privado. Já que ela adquiriu a empresa SWIFT que atua no mesmo setor de frigoríficos por 1,5 bi de dólares no mesmo ano de entrada no BOVESPA. Sem contar o arredamento de terras em diversos países latinos e entrada no mercado local visando os parceiros do MERCOSUL.
Impacto da Financeirização ao longo dos anos
O caso da JBS destaca a importância intrínseca do mercado financeiro para o agronegócio. Através de estratégias de alavancagem e gestão financeira astuta, empresas podem não apenas sobreviver, mas prosperar e expandir em um ambiente competitivo global.
O site Exame anunciou em 2017 que o lucro da antiga Friboi aumentou em 35 vezes naquele ano desde sua abertura ao mercado financeiro. Tendo uma expansão de faturamento de 4 bilhões em 2006 para 14 bilhões em 2007, segundo o site.
Ela não ocupa o primeiro lugar do Ranking da Forbes 2022 do Agronegócio brasileiro a toa, é um resultado claro de como a abertura de mercado – ligada a forte investimento estatal, afinal a empresa na época somava 21% da verba do BNDES do seu setor – influenciaram para que este gigante internacional acontecesse.
O agronegócio brasileiro, com sua riqueza e diversidade, tem tudo para continuar a se beneficiar dessa relação com o mercado financeiro, gerando riqueza e inovação para o país.