Agricultura

Cará-moela é comparada ao inhame e requer cuidados no seu preparo

Cará-moela é comparada ao inhame e requer cuidados no seu preparo

O cará-moela está inserido na categoria de Plantas Alimentícias Não Convencionais e é cultivado em países tropicais. Ele é um tubérculo que muitos acham se parecer com uma batata pequenina. Ele nasce em uma espécie de trepadeira, presa em uma árvore e com raízes soltas no ar.

A planta pode ser cultivada em quintais ou chácaras de pequenos agricultores, especialmente de países tropicais. Apesar de haver que o compare com a batata ou o inhame, o cará-moela foi assim batizado por seu formato semelhante à moela das galinhas.

  1. O que é cará-moela?
  2. Como plantar cará-moela?
  3. Como preparar cará-moela?
  4. Quais os benefícios do cará-moela?
  5. Quais as vitaminas do cará-moela?
  6. Qual a diferença entre inhame e cará?
  7. PANCs
  8. Tipos de cará
  9. Cará-moela é venenoso?
  10. Cultivo de raízes e o mercado brasileiro
  11. Potencial de renda e consumo do cará

cara-moela

O que é cara-moela?

De aparência rústica e de contorno incomum, essa variedade de cará tem polpa de cores variando entre bege e roxo, maciça ou rajada. Seu formato característico também ganha desenhos diferentes a depender da espécie cultivada. No Brasil, a planta é cultivada em escala doméstica para produção de túberas aéreas.

Por sua semelhança com outros e variados tubérculos, ele recebe diferentes nomes, conforme exposto a seguir:

  • cará voador
  • inhame-do-ar
  • cará-do-ar
  • batata-do-ar

trepadeira foi enquadrada na categoria das PANC, ou seja, das Plantas Alimentícias Não Convencionais. Sua propagação pode ser feita em escala doméstica, para consumo próprio ou, ainda, para ser comercializadas em mercados locais.

Apesar da semelhança com o inhame, a planta tem como principal característica crescer com as raízes aéreas, sendo  esta a sua parte comestível.

Como plantar cará-moela?

A melhor época para o cultivo desta PANC é no início do período chuvoso, por meio da abertura de uma cova de tamanho médio em qualquer tipo de solo.

Depois de aberto, o recomendado é colocar esterco e adubo fosfatado para fertilização do solo; já que o cará-moela exige adubação com matéria orgânica, além de nitrogênio e potássio.

Normalmente, não é necessário se preocupar muito com a irrigação, principalmente se o plantio for realizado durante a época chuvosa. A colheita será realizada cerca de oito meses depois do plantio, sendo que o recomendado é colher a planta quando cair no solo devido ao amadurecimento.

Como preparar cará-moela?

Esse tipo de cará é bem saboroso e, quando cozido, lembra muito uma batata.

O cará-moela frito também é uma das formas mais tradicionais de consumo, assim como assado. Da mesma forma que a batata, ele ainda pode ser servido como purê, além de usado em ensopados, farinha, pães e bolos.

As inflorescências, por sua vez, podem ser consumidas cozidas como verdura, picles, farofa ou simples decoração dos pratos. No entanto, os apreciadores preparam o cará-moela para acompanhar carnes, como costela bovina ou suína.

Inicialmente, o leve amargor pode causar estranhamento, mas logo nota o sabor peculiar da PANC. Mas, atenção: o cará-moela não deve ser consumido cru, pois o processo de cozimento serve para destruir alcalóides tóxicos. Logo, a planta original é considerada tóxica, ainda que variedades sem toxinas tenham sido desenvolvidas.

cara-moela

Quais os benefícios do cará-moela?

Os benefícios do cará-moela são muitos. Aliás, a planta é muito famosa por seu uso medicinal, além de ser altamente nutricional.

Trata-se de um tubérculo muito importante para a alimentação humana. Afinal, é rico em fibras e carboidratos, além de possuir grande quantidade de vitaminas e sais minerais. Estudos demonstram ainda que o cará-moela ajuda a manter a boa saúde dos rins.

Por ter muitas fibras, o cará garante a sensação de se estar satisfeito mais fácil. Em função disso, é bastante indicado para pessoas que querem emagrecer, além de ajudar a regular a digestão.

Com efeito, uma das fibras mais presentes no cará-moela é a pectina. Ela ajuda na síntese de proteínas e gorduras. Além disso, essa fibra regula a absorção de carboidratos pelo organismo.

De fato, este alimento é uma boa opção para quem pratica muitas atividades físicas. Afinal, o cará-moela também é rico em potássio. O mineral é muito importante para o correto trabalho dos músculos. Assim, ajuda no ritmo do coração e também evita as temidas cãibras.

O alimento, da mesma forma, é rico em cálcio, magnésio e fósforo. Esses nutrientes são importantes para ossos e dentes. Desse modo, sua ingestão, sobretudo pela boa quantidade de cálcio que possui, é bastante indicada para pessoas idosas, uma vez que ajuda a prevenir o desgaste dos ossos.

Em resumo, a ingestão do cará-moela traz muitos benefícios ao nosso organismo.

Além de dar energia ao corpo, o cará ajuda nas contrações musculares e no correto trato digestivo. Isso previne, dentre outras coisas, eventuais problemas intestinais.

O cará é também um importante auxiliar no combate a verminoses. Ele contribui ainda no tratamento de feridas, inflamações e reumatismo.

Ademais, o cará-moela possui grandes doses de, pelo menos, três tipos de vitaminas. Vejamos mais sobre isso logo em seguida.

Quais as vitaminas do cará-moela?

Além de todos os benefícios já citados, o cará-moela é considerado um alimento energético. Ele possui grande quantidade de vitamina A, de vitaminas do Complexo B e de vitamina C.

A vitamina A é conhecida pela sua importância para o sistema visual, uma vez que ela protege contra a perda da capacidade do olho. A falta dessa vitamina, aliás, diminui a resistência do olho a infecções.

Encontrada em boa quantidade no cará, a vitamina A é também uma importante aliada da pele. Isso porque ela atua para manter em dia suas células. Ao mesmo tempo, auxilia no crescimento e no combate às infecções, o que é outro ponto positivo para a PANC.

O cará-moela também se destaca por apresentar pelos menos dois tipos de vitaminas do Complexo B. Estamos falando dos tipos B1 e B5.

A vitamina B1 é conhecida por auxiliar no processo de digestão. Ela ajuda a transformar nossos carboidratos em glicose, o que dá energia ao corpo.

A vitamina B5, por sua vez, auxilia nosso corpo a transformar as proteínas, gorduras e açúcares. Ela atua, ainda, no nosso metabolismo celular.

A vitamina C, por sua vez, é uma das mais conhecidas do grande público. Ela ajuda na melhora do sistema de defesa do corpo, já que aumenta a produção dos glóbulos brancos.

Além disso, a vitamina C atua na produção de colágeno. Esse elemento é responsável por manter a pele firme. Assim, dentre seus benefícios, está o combate ao envelhecimento precoce.

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Qual a diferença entre inhame e cará?

Muitas pessoas pensam que cará e inhame são a mesma coisa. Trata-se, isto sim, de uma grande confusão. E depende muito do estado em que você está. Em muitas regiões, é comum chamar o cará de inhame, ou vice-versa.

Aliás, se você olhar para um cesto de inhame e outro de cará, verá que eles são até parecidos. Isto, porém, depende de qual tipo de cará falamos – porque há mais de um, caso você ainda não saiba.

Antes de mais nada, é preciso deixar claro: cará e inhame são duas coisas diferentes. Apesar disso, eles possuem muitas propriedades semelhantes.

Os dois são caules que ficam por baixo da terra. A variedade cará-moela, porém, é mais conhecida por surgir por fora da terra.

O cará costuma ser mais comprido e liso. O inhame, por outro lado, tem tamanho menor e casca mais “peluda”.

Além disso, o inhame é um alimento rico em carboidratos. Ele tem baixo índice de glicose, o que o deixa como uma ótima opção de energia para atividades físicas. Esse alimento ajuda também nas dietas para perda de peso.

Por outro lado, existe mais de um tipo de cará. Os mais conhecidos são o cará roxo, bastante comum no norte, e o cará branco. O cará-moela, por sua vez, se difere bastante do inhame. O nome, aliás, vem justamente do seu formato, que se assemelha ao da moela de frango.

PANCs

Como vimos, o cará é um alimento que pertence à categoria que chamamos de PANC, ou seja, Plantas Alimentícias Não Convencionais.

O termo é recente – existe desde 2008. As PANC são das mais diferentes espécies. Elas podem ser vegetais que muitos consideram apenas mato ou erva, por exemplo, Podem ser também vegetais que comíamos somente uma parte, sem saber que outras também serviam como alimento.

Esse tipo de planta tem muitas vantagens, tanto do ponto de vista alimentar quanto do ecológico. Portanto, são consideradas PANC as plantas com potencial para virar alimento. Elas podem surgir de forma espontânea, nativa ou mesmo serem plantadas. Aliás, é o caso do cará.

As PANC em geral são boas fontes de fibras, bem como ricas em vitaminas e sais minerais. Trata-se de uma ótima opção para substituir o consumo de algumas verduras.

Nos últimos anos, esse tipo de planta passou a ser bastante consumida. Pessoas atrás de alimentos naturais e orgânicos são as que mais a procuram.

As PANC são uma opção interessante para variar hortas caseiras. Elas atuam também no controle de pragas. Além disso, são espécies que costumam crescer de forma natural em algumas regiões, portanto, não exigem agrotóxicos.

Outra vantagem é que, por serem nativas, crescem em todo tipo de ambiente. Assim, elas se adaptam a regiões com falta de água ou com muita chuva.

Atualmente, já há mais de 350 espécies de PANC conhecidas no Brasil. Entre alguns exemplos, estão:

  • Feijão Guandu: suas ervilhas verdes (feijão seco) podem ser consumidas;
  • Batata-doce: nos acostumamos a comer a raiz, mas a folha da batata também pode ser ingerida. Basta que seja cozida ou refogada;
  • Ora-pró-nobis: cada vez mais popular na alimentação saudável, suas folhas e frutos, cruas ou cozidas, são muito utilizadas em receitas.

Tipos de cará

Bem, conforme mencionamos brevemente, existem diversas variações do cará. Alguns, aliás, são assim chamados mesmo que sejam na verdade inhames. Vai depender da região do Brasil.

Dentre os tipos mais comuns estão, além do cará-moela, o cará-branco e o cará-roxo.

O cará branco leva esse nome pela cor da sua polpa. O exterior é marrom e ele tem forma de bojo.

Em estados do Norte e Nordeste, porém, cará branco é o nome dado para se referir a outa coisa: o inhame. No resto do país, por sua vez, o inhame é aquilo que, no exterior, quase todos chamam de “taro”, um alimento com origem na Índia e na Malásia.

Menos confusão ocorre com o cará-roxo – e isso acontece por causa da cor. Como o nome sugere, ele tem uma aparência mais vibrante.

O cará é bastante consumido em regiões próximas ao local onde é plantado, em especial em estados do Norte. Seu uso, porém, não é tão comum quanto se espera.

No Brasil, em geral, o cará-roxo é utilizado para fazer sopas, cozidos ou mingaus.

Há, porém, outras formas de preparo. Uma espécie muito parecida é usada nos Estados Unidos, por exemplo, para se fazer doces e sobremesas. Sucos e bolos também são alimentos feitos com o cará-roxo – ou, pelo menos, com um “parente” dele.

Nas Filipinas, o cará-roxo é ingrediente principal de um famoso doce.

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Cará-moela é venenoso?

Não, o cará-moela não é venenoso. Prova disso, afinal, é que se trata de um alimento muito usado em receitas de estados da região Norte. Mas, o cará-moela nunca deve ser consumido cru.

O cará é uma boa opção culinária em várias formas, seja frito, cozido ou assado. Ele deve passar por um desses processos para que se eliminem as toxinas, que podem estar presentes em sua forma natural.

As formas selvagens da planta, aliás, sempre têm toxinas. O cará cultivado em pequenas lavouras, por outro lado, costuma estar livre delas. Na dúvida, porém, nunca coma o cará cru.

A boa notícia é que existem diferentes formas para se preparar o alimento. Além de cozido puro, pode ser utilizado para se fazer purês, farinhas ou papinha para bebês, por exemplo. Apesar de pouco comum no Brasil, seu uso é indicado até mesmo para fazer doces, tanto pelo sabor quanto pela textura.

Outro ponto importante é que o cará não só não é venenoso, como pode ser consumido até mesmo por pessoas com dietas especiais. O cará-moela, por exemplo, é uma boa opção para pessoas que não podem comer glúten.

Cultivo de raízes e o mercado brasileiro

O cará-moela surgiu no oeste da África e na parte tropical da Ásia. Assim, adapta-se bem nas regiões do Brasil com clima mais quente. Nesses locais, pode ser plantado em qualquer época do ano.

Isso não quer dizer que não possamos plantar em outras áreas. Nos estados com clima ameno e inverno frio, basta observar a temperatura. A melhor época do ano para se plantar são os meses de primavera, ou seja, entre setembro e novembro. A colheita acontece a partir de quatro meses, portanto, já ao final do verão.

Não existe um solo considerado ideal para o cultivo do cará-moela. Assim, a planta se adapta bem aos mais variados tipos de terrenos.

Após a colheita, esse alimento se mantém conservado por até 4 meses. Para isso, porém, é preciso mantê-los em local seco e arejado. Afinal, se forem colocados em galpões ou áreas úmidas, surgirão logo os brotos. E, nesse caso, precisarão ser plantados.

Ao mesmo tempo, o cará rende boa colheita. Em geral, são tiradas de 15 a 30 toneladas por hectare plantado.

Os principais municípios que produzem cará no Brasil ficam em estados da região Norte. Em geral, o plantio ocorre em pequenas propriedades rurais e é voltado para o comércio da própria região.

No país, os principais produtores de cará ficam no Amazonas, em especial na região central do estado. Assim como em outras cidades da região, por lá a produção de cará tem importância para gerar emprego e renda para a população.

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Potencial de renda e consumo do cará

Bastante conhecido em estados das regiões norte e nordeste, o cará ainda é pouco consumido em outras regiões do país. Apesar disso, trata-se de um alimento com grande potencial, tanto para consumo, quanto para gerar renda.

Por se tratar de uma PANC, o cará tem muitas vantagens. Uma delas é que sua produção pode ocorrer nas mais diversas regiões do Brasil. Apesar de ser mais fácil encontrá-lo em áreas de clima quente, regiões de temperatura amena também servem para se plantar. Para isso, no entanto, é necessário observar os períodos adequados de plantio.

O cultivo é mais comum em pequenas propriedades rurais. Ele apresenta bom potencial de produção. Ao mesmo tempo, tem como vantagem o fato de poder ficar em estoque por até quatro meses após sua colheita.

Dentre as variedades, uma pouco comum, mas com grande potencial, é o cará-moela. Ele é rico em três tipos de vitaminas e em fibras. Também possui bastante potássio, fósforo e magnésio. Assim, o cara-moela é um grande aliado para a saúde, como vimos.

O cará também é indicado para atletas ou mesmo pessoas que praticam muita atividade físicas. Ele ajuda no trabalho dos músculos, o que melhora o ritmo do coração e ajuda no combate às cãibras.

Nos idosos, é uma ótima fonte de alimentos pelos seus nutrientes. Destaca-se o fato de ser rico em cálcio, o que ajuda no combate ao desgaste dos ossos.

Apesar de tudo isso, o cultivo em massa ainda não chamou o interesse de produtores país afora. Sua produção, desde sempre, tem sido na região Norte. Talvez valha a pena passar a enxergar com outros olhos.

ACESSO RÁPIDO
    Mayk Alves
    Fundador do Portal Vida no Campo e Agro20, Mayk é neto de Lavradores. Desde cedo esteve envolvido com as atividades do campo e, em 2014, uniu sua paixão pela comunicação com o tradicionalismo do campo. Tem como missão levar informações sobre o agronegócio de forma dinâmica, interativa e sem filtros.

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