Com a crescente preocupação em relação às questões sobre o meio ambiente, muitas utilidades para elementos comuns da natureza vêm sendo buscadas nos últimos anos. Um grande exemplo disso é a utilização do Rami com finalidade têxtil. A planta vem se destacando ao longo das últimas décadas como uma importante aliada na confecção de tecido de linhas ecológicas.
Essa tendência, de modo geral, pode trazer benefícios não só para a natureza em si, mas também para o agronegócio. Não por acaso, hoje em dia já são muitas as empresas e pequenos produtores que estão enxergando com bons olhos as possibilidades de trabalhar com esse tipo de cultivo. Na sequência, falamos mais detalhadamente sobre o Rami e como ele tem transformado a indústria têxtil, bem como o agronegócio ao redor do mundo.
O que é Rami?
Rami, de modo geral, pode ser definido de duas maneiras: a primeira é como a planta, propriamente dita; já a segunda diz respeito ao tecido derivado da mesma.
De modo geral, suas versões convergem para a criação de um ecossistema rentável em duas frentes de negócios distintas. Conforme já adiantado, estas frentes são as do agronegócio e da indústria têxtil.
Rami planta
Falando do Rami enquanto planta, portanto, podemos dizer que se trata de um cultivo oriundo da Ásia Oriental. Trata-se de uma planta pertencente à classe das herbáceas perenes, sendo uma erva da família das urticáceas. Em linhas gerais, isso significa que se trata de uma espécie de urtiga que, no entanto, possui algumas particularidades.
Apesar de sua origem asiática, a boa notícia é que a Boehmeria nivea (nome científico do Rami) é uma planta subespontânea no Brasil. Seu caule e grandes folhas pilosas são macios e aquíferos, tendo flores verdes e inconspícuas.
Um dos detalhes peculiares dessa espécie é que ela pode chegar a ter 2,5 metros de altura. Além disso, possui folhas em formato de coração, que por sua vez medem entre 7 e 15 centímetros. Apesar da coloração esverdeada, ela dá a falsa sensação de possuir um tom esbranquiçado. Isso se deve particularmente aos numerosos pelos que ela possui na parte interna.
Estes e outros detalhes que compõem o seu quadro de peculiaridades fazem com que esta seja uma planta têxtil importante. Isso porque pode fornecer uma fibra valiosa para confecção de um tecido leve e sedoso, utilidade explorada fortemente na China, de onde é originária.
Rami fibra e a indústria têxtil
A essa altura você pode estar se perguntando: mas e o que isso tem a ver com o agronegócio e sua ligação com a indústria têxtil? E a resposta é: tudo. Embora muitos nunca tenham parado para pensar, a verdade é que boa parte da produção de tecido tem origem vegetal.
Dito isso, assim como ocorre com o algodão, o Rami fibra faz parte do que chamamos de agronegócio têxtil. A ligação entre esses dois elementos, aliás, é bem mais forte do que a maioria pode imaginar.
Isso porque além das composições de tecidos com 100% fibras finas de Rami, o mercado hoje trabalha também com a composição de tecidos de Rami combinados ao algodão.
Por um lado, os tecidos feitos 100% com as fibras de Rami normalmente são direcionados a decoração e itens como cortinas e forros glamourosos. Por outro lado, aqueles que combinam o Rami com o algodão, por exemplo, são direcionados à confecção de peças do vestuário.
A composição mais comum se tratando da produção de peças para o vestuário é de 45% em algodão e 55% em Rami. Isso porque se acredita que esta formulação seja capaz de trazer maior brilho e afinidade, também produzindo maior resistência e entregando mais cor ao tecido resultante.
Os prós e contras da fibra de Rami pura
Falando da fibra de Rami pura, os principais benefícios observados são o fato do tecido feito de Rami ter aparência brilhante, ser forte e durável. Somam-se a esses benefícios a sua capacidade natural de resistir a manchas e a sua absorção de calor, que libera umidade e torna seu uso confortável mesmo em regiões de altas temperaturas.
Além disso, o que também chama atenção no Rami tecido é que ele não encolhe após as lavagens, sendo também resistente aos raios solares, à podridão, aos insetos e até mesmo bactérias e fungos.
Em relação às desvantagens, os destaques ficam por conta da elasticidade reduzida, baixa resiliência e preços menos atrativos em relação a tecidos de menor finesse, o que se deve ao custo de produção. Também chama atenção negativamente o fato do Rami tecido puro enrugar mais facilmente que boa parte dos tecidos. Isso, porém, ocorre em escala menor em comparação ao linho tradicional, por exemplo.
O processo de cultivo e extração do Rami
Apesar de sua origem asiática e cultivo de longa data principalmente na China, o Rami é perfeitamente cultivável no Brasil. Isso porque a planta se adapta facilmente a climas tropicais, não demandando sequer irrigação com água doce ou o uso de pesticidas. Este, naturalmente, é um grande benefício se comparado com o cultivo do algodão.
Outro ponto que merece destaque em relação ao cultivo é que ela é capaz de enfrentar longos períodos de seca, podendo viver de meia a duas décadas.
Apesar da produção do Rami ser algo consideravelmente simples, o processo de extração da fibra da erva tende a ser longo e complexo. Isso, de modo geral, é o que acaba aumentando o já mencionado custo de produção do tecido derivado da planta.
Conforme observado ao longo do texto, fica claro que o cultivo e exploração do Rami na indústria têxtil e no agronegócio, sem dúvida, podem ser atividades altamente positivas. Para tanto, basta observar as peculiaridades da planta e elaborar uma estratégia para minimização dos contras e otimização dos resultados no cultivo.
Um dos possíveis diferenciais a se explorar nesse sentido, por exemplo, é se valer da tecnologia e da inovação para buscar alternativas que se mostrem capazes de reduzir custos. Esse tipo de desafio pode ser facilitado pelas já mencionadas características do Rami quanto às suas baixas demandas relacionadas ao seu cultivo.