Boi gordo é um ativo econômico que negociado na bolsa de valores
O boi gordo, por definição semântica, é um mamífero bovino pesado. No entanto, no mercado financeiro, a expressão é usada com outra conotação.
Boi gordo, nesse caso, é um ativo econômico (ou seja, uma commodity) negociado na BM&FBovespa, mais precisamente no Mercado Futuro. O valor desse ativo, para explicar, é fixado com base em alguns critérios específicos. São eles: preço do boi de gênero masculino, criado em pastos, castrado, com idade dezesseis meses (mínima) e quarenta e dois meses (máxima).
O boi gordo como commodity deve ter ainda carcaça convexa com peso que varia entre 450 e 550 quilos. Além disso, cada contrato é equivalente a 330 arrobas líquidas, frisando que cada arroba pesa 15 quilos. O sebo, o couro, as patas, as cabeças e as entranhas do animal são desconsideradas. Em sumo, apenas o peso da carne com osso é levado em conta.
Quando ouvimos ou lemos o noticiário informando que a arroba do boi gordo teve alta ou baixa de preço, é sobre isso que estão falando.
O que é boi gordo?
Como explicado anteriormente, boi gordo não é necessariamente o animal, mas uma commodity. Para quem nunca ouviu falar em cotação do boi gordo ou sabe pouco sobre o tema, vale ressaltar uma curiosidade. É possível investir em boi gordo sem ser criador de gado. Aliás, não é necessário sequer levar um boi para casa após liquidar o investimento.
Funciona resumidamente da seguinte forma: ao investir em boi gordo, o investidor aceita um contrato de acordo no qual o investimento é fixado. Na data do vencimento, então, ele pode receber a mercadoria ou, se preferir, o valor equivalente em dinheiro. É importante destacar que, assim como todo ativo econômico, o boi gordo está sujeito às oscilações de mercado.
Cotação do boi gordo
A cotação é feita em Reais por arroba líquida. Para se ter uma ideia do valor de cada contrato, basta multiplicar o valor da cotação por 330. Ou seja, se o preço for de R$ 100 por arroba e um lote tem 330 arrobas, o lote custará então R$ 33 mil. O ativo foi criado pelo mercado com o intuito de garantir o valor do boi no futuro, seja para quem cria, seja para os compradores.
Além do mercado futuro, existe também o boi gordo no chamado mercado físico. Em suma, a variação da cotação do boi gordo no mercado físico influencia no valor de mercado do boi gordo futuro. Por sua vez, o índice que define o preço do boi gordo no mercado físico é o Indicador Boi Gordo Esalq BM&F.
No mercado físico, após ser abatido, o boi tem as vísceras e extremidades retiradas (cabeça, mocotó e cauda), e daí sai, em partes, o produto conhecido como carcaça, massa muscular, estrutura óssea e gordura. Após o cálculo de quantos quilos de carcaça foi obtido, esse peso é transformado em arrobas que serão precificadas pelo valor do dia.
Como funciona o mercado futuro
Como o próprio nome indica, o mercado futuro é uma previsão que o pecuarista faz de quanto valerá seu gado num prazo determinado à frente do calendário. Esse movimento serve para que o produtor do animal possa planejar sua atividade com a certeza da venda do boi.
O contrato entre o pecuarista e os frigoríficos é feito por um prazo determinado. O acordo estabelece quanto será comprado, em que período e com que freqüência.
Levando em conta o preço de São Paulo, por exemplo, um contrato de 330@ significa que o produtor está vendendo um caminhão de boi gordo no qual cada animal pesa 16,5@. A partir daí, é estabelecido um preço de quanto valerá esse lote dentro de um determinado prazo.
Como negociar boi gordo no mercado futuro
A pessoa interessada em participar do mercado futuro do boi gordo tem duas opções. Participar como:
- Especulador ( Não tem o animal)
- Hedger (Prova que tem o boi gordo para vender)
Após definir o seu perfil, basta procurar uma corretora que será responsável pela parte burocrática e exigirá pagamento de taxas que são diferentes: menores para quem tem o animal e maiores para quem não tem o boi no pasto. Além desse pagamento é necessário fazer um depósito, como uma espécie de caução para a corretora.
Depois, esperar pela data de vencimento contrato. Quem é vendedor/ comprador pode resgatar o dinheiro um dia após o vencimento do contrato. Normalmente, apenas 2% dos contratos com boi gordo no mercado futuro têm entrega do produto.
O mais comum é o pecuarista resgatar o dinheiro e depois vender o gado no mercado físico. Por outro lado o especulador, como não tem o boi gordo, ‘aposta’ na valorização do preço do animal no mercado futuro.
Tipos de comercialização
Em geral, o pecuarista recebe um mês depois com uma deflação de 3% em caso de pagamento à vista. Essa modalidade de comércio dos animais chama “venda no gancho”. Esses pedaços são pesados individualmente e a soma do conjunto total de cada peça chamado “romaneio” é que determina quantas carcaças pertencem a um produtor.
O valor pago pelo boi gordo é maior do que da vaca e cada cidade tem uma cotação para:
- A gordura do animal
- Se é rastreado ou não
- Se é inteiro ou castrado
Há também a comercialização chamada “venda combinada”. Em suma, é feita em acerto prévio entre o pecuarista e o dono do frigorífico. É bom frisar que poucos produtores conseguem fazer esse tipo de comercialização com os frigoríficos. Isso porque esse tipo de acerto depende de alguns fatores como:
- volume
- qualidade
- localização da fazenda
- quantidade de bovinos disponíveis
Cálculo do boi gordo à parte
No Rio Grande do Sul, a comercialização do boi gordo acontece de forma diferente. Em lugar da arroba, o que conta é quanto pesa um animal vivo. Assim, a venda é feita por quilo do boi.
No Brasil, mesmo a carne de vaca valendo menos que a do boi, o consumidor compra as duas da mesma forma. Sem saber o sexo, a raça ou idade do animal.
A exceção fica por conta das casas especializadas, boutiques de carnes e redes de supermercado mais sofisticadas que especificam o tipo de carne, a origem e a data de validade do produto. No açougue o cliente não tem controle sobre essa informação.
Histórico do boi gordo
Os primeiros frigoríficos do Brasil eram de origem britânica, e a cultura da medida de peso em arrobas acabou sendo incorporada. De lá veio também o conceito da carcaça, que é o produto que resulta do abate do boi gordo depois de retirada a cabeça, a cauda, mocotós, couro, vísceras e sangue do animal.
Assim, o pecuarista faz a venda do boi gordo vivo e os frigoríficos compram o animal que será transformado em carcaça para a comercialização.
Valor de mercado do boi gordo
O preço do boi gordo hoje, à vista varia entre R$ 127,00 arroba no Acre e R$ 152,00 em Barretos no estado de São Paulo. O valor depende das praças e varia de acordo com a época do ano. Outros critérios entram na conta, entretanto. Entre eles, se é entressafra ou não, se choveu bem e vai ter pasto para o animal ou se é tempo de seca.
Outros fatores, como o valor da commoditie no mercado internacional também são levados em conta.
Já o preço do boi gordo no mercado futuro varia conforme o período de vencimento. Por exemplo: um contrato à vista vencido dia 18 de junho de 2019 valia R$ 152,25 a arroba. Já outro, com vencimento para o mês de outubro de 1029, tem o valor de R$ 164,55 cada arroba.
Numa conta rápida: o pecuarista que vendeu 300 arrobas, por exemplo, recebeu R$ 45.676,50. Se o contrato dele vencer em outubro ele irá faturar R$ 49.366,50. Uma diferença de R$ 3.690,00. Visto assim parece simples. Mas, os especialistas alertam que é preciso dominar bem o mercado do boi gordo antes de se aventurar na especulação.
Commodities no mercado futuro
Como o Brasil é um dos maiores exportadores de carne bovina no mundo, o boi gordo é uma das commodities mais valorizadas no mercado. O seu valor, como já foi dito, tem como base o preço do animal macho, castrado, com peso de até 550 kg. O contrato vale o equivalente a 300 arrobas líquidas.
Para evitar especulação com o preço do boi gordo no mercado futuro, os contratos são fechados com antecedência. Além disso, têm a liquidação do negócio e data de vencimento determinadas antecipadamente.