A jararaca cruzeira é a maior responsável por acidentes biotrópicos no Brasil. A incidência de acidentes biotrópicos aumentou em 90% nos últimos anos. A cobra venenosa responsável por 90% desses acidentes com humanos é a jararaca cruzeira.
Embora seja pouco conhecida, a jararaca cruzeira está presente em todo o território nacional. Nesse post, aprenda como reconhecer essa cobra peçonhenta, quais são seus hábitos, como se proteger e o que fazer caso seja picado por ela.
O que é jararaca cruzeira?
Jararaca cruzeira é uma serpente do gênero Bothrops, também conhecida como urutu cruzeiro ou jararaca do rabo branco. Ela é considerada uma cobra de grande porte, medindo cerca de 1,5 metro de comprimento. O seu nome foi atribuído como cruzeira pois é possível observar um desenho branco e forma de cruz na sua cabeça.
De forma geral, as jararacas cruzeiras apresentam coloração variada, podendo ser amarelada, marrom escuro, acinzentado ou esverdeado. Nas laterais do seu corpo, podemos observar desenhos escuros em forma de “A”, o que ajuda a se camuflar em meio as plantas. Além disso, a jararaca cruzeira filhote apresenta uma pequena mancha branca na cauda.
Por fim, por pertencer à família Viperidae, a jararaca cruzeira tem um órgão sensorial termorreceptor chamado fosseta loreal. Esse sensor fica localizado entre o olho e o nariz e permite que as cobras peçonhentas detectem variações mínimas de temperatura. A fosseta loreal é o que permite que essa serpente capture seu alimento.
Alimentação da jararaca cruzeira
A alimentação da jararaca cruzeira é composta por pequenos mamíferos como camundongos, ratazanas, capivaras e preás, bem como por marsupiais, como gambás. Entretanto, com o atual desequilibro ambiental, a sua alimentação está sendo substituída por sapos, pequenas rãs e pererecas.
De fato, seu bote é fatal, não deixando nenhuma chance de fuga para as presas. Por serem vivíparas, quando se sentam ameaçadas, elas se enrolam, vibram a cauda e dão o bote.
Habitat e reprodução da jararaca cruzeira
As jararacas cruzeiras estão presentes em todo o território nacional. Entretanto, seu habitat original é em locais com bioma cerrado, em especial em áreas abertas e úmidas. Além disso, por causa do grande desmatamento, ela pode ser encontrada em regiões agrícolas e urbanas.
É possível encontrar essa cobra venenosa com mais facilidade nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso, Santa Catarina e Goiás. Além disso, a serpente também ocorre no Paraguai, na Argentina e no Uruguai.
É relativamente fácil distinguir os gêneros dessa espécie, já que o macho e a fêmea têm tamanhos diferentes. A fêmea é maior, o que tende a aumentar sua fecundidade. Por outro lado, o tamanho menor do macho facilita o deslocamento e, consequentemente, permite um número maior de cópulas.
Por outro lado, a reprodução da jararaca cruzeira ocorre principalmente na primavera e no verão, já que nessa época é mais fácil para as serpentes manterem a temperatura corporal constantemente alta.
Jararaca cruzeira peçonhenta
A peçonha da jararaca cruzeira causa muitos problemas à saúde humana, levando à mutilação de membros ou causando até mesmo a morte. Em 2019, o número de acidentes botrópicos aumentou em 90%, sendo que 90% dos casos notificados são em decorrência do bote das serpentes dessa espécie.
A ação e letalidade do veneno podem variar de acordo com o gênero, a idade e o local onde o animal cresceu. De forma geral, a peçonha dessa serpente tem três ações: proteolítica, coagulante e hemorrágica.
A ação proteolítica é a responsável pelas intensas reações locais, causando lesões como edemas, bolhas e necrose. Já a ação coagulante produz distúrbios de coagulação, podendo levar a um quadro de coagulação intravascular disseminada ou incoagulabilidade sanguínea. Por fim, a ação hemorrágica, como o próprio nome diz, provoca lesões nos capilares sanguíneos e alterações na coagulação, resultando em hemorragia causada pela diminuição do número de plaquetas.
Os acidentes botrópicos são caracterizados com base nas manifestações clínicas. A forma mais comum de envenenamento, o grau leve, é caracterizado por dor, presença de edemas e hemorragias leves.
Já o grau moderado pode ser diagnosticado pela dor intensa e presença de lesões maiores do que o local da picada. Além disso, o grau moderado pode ou não ser acompanhado de hemorragia local ou sistêmica.
Por outro lado, o estágio grave do envenenamento é caracterizado por edema local, eventual presença de bolhas e equimose. De forma geral, esse estágio apresenta manifestações sistêmicas, como diminuição ou ausência de urina, pressão arterial baixa ou hemorragias intensas.
Em todos os casos, a pessoa que sofreu a picada de uma jararaca cruzeira deve procurar prontamente um pronto-socorro médico a fim de evitar complicações. Se não tratada corretamente, a lesão pode evoluir para necrose, gangrena e insuficiência renal aguda.
Veneno da jararaca cruzeira
De forma geral, os acidentes com cobras peçonhentas do gênero Bothrops levam a quadros graves. Por isso, a vítima deve ser levada o mais rápido possível ao hospital. Nesses casos, é importante que a vítima não ande ou faça movimentos que estimulem a circulação sanguínea.
O tratamento mais comum é a drenagem do local, hidratação e prescrição de analgésicos e antibióticos no caso de infecção. Além disso, deve ser administrado – o mais rápido possível – o soro antibotrópico. Caso as alterações no tempo de coagulação permaneçam por mais de 24 horas, também é indicado aplicação adicional de antiveneno.
A melhor forma de prevenir os acidentes botrópicos com a jararaca cruzeira é evitar deixar a pele exposta ao entrar em matas. O ideal é que a pessoa esteja usando botas e calças compridas. Além disso, deve-se tomar cuidado com a mão e o rosto ao se abaixar no sentido da terra. Lembre-se, todo cuidado é pouco!
Em resumo, essa é uma serpente muito perigosa. Se você vive em áreas em que é comum aparecer algumas dessas cobras, não se coloque em risco!
É bem fácil identificar a jararaca cruzeira. Caso você aviste uma cobra com manchas escuras em forma de “A”, não se aproxime. Caso você ou alguém próximo sofra um acidente botrópico, tente lembrar as características principais da cobra. Essas informações e a rapidez no atendimento podem salvar vidas!