Manguezal é fundamental para a preservação de diversas espécies vegetais e animais
O manguezal é sobretudo um ambiente rico em biodiversidade, fundamental ao ecossistema e presente em 20 mil km2 de território brasileiro. Ocupa toda a costa brasileira, de Norte a Sul. O Brasil é o país que possui a maior faixa de manguezal do planeta. Manguezal é um ecossistema de transição entre os ambientes terrestre e marinho ocupando uma zona úmida. É característico das regiões sujeitas ao regime das marés.
A existência do manguezal é fundamental para a sobrevivência de diversas espécies da fauna e da flora. Em suma, esse tipo de ambiente ajuda a fixar o solo nas áreas onde está presente. Sendo assim, evita o assoreamento das praias e a erosão do solo.
O que é mangue?
O mangue é, em suma, o tipo de vegetação típica do manguezal e que ocupa ambientes alagados por marés cheias, assim como estuários, que são locais nos quais os rios se encontram com o mar. Além disso, é encontrado em baías e deltas. No entanto, nem sempre a região se caracteriza pela mistura entre a águas doce e do mar.
Há diversos tipos de mangues, mas os principais são: branco (Laguncularia racemosa), vermelho (Rhizophora mangle) e preto (Avicennia schaueriana). Entre as principais características desse tipo de ambiente, a grande concentração de sal se destaca, assim como a instabilidade do solo e a baixa quantidade de oxigênio. Para compensar ess a falta de oxigênio, as plantas que nascem no manguezal apresentam raízes aéreas.
Flora do manguezal
Nos mangues pretos e brancos, as raízes das plantas ficam expostas, fenômeno que ocorre até mesmo quando a maré está alta. Desta forma, a adaptação favorece as trocas gasosas no ambiente. Por outro lado, o mangue vermelho apresenta plantas com expansões no caule principal, com orifícios por onde são feitas as trocas gasosas (lenticelas).
As árvores do manguezal possuem, em suas folhas, glândulas que atuam para eliminar o excesso de sal. Além disso, outra importante característica para sobreviver ao ambiente aquático é a chamada viviparidade. Em suma, é a capacidade das sementes de germinarem enquanto continuam conectadas com a planta mãe.
No mangue vermelho, as plantas possuem uma “raiz escora”, na qual os ramos saem do caule para se fixar no solo. Desta forma, as plantas conseguem se sustentar no solo alagado e também resistir à falta de estabilidade da água.
Fauna do manguezal
O manguezal é conhecido como “berçário da natureza”. Isso porque reúne as condições ideais para reprodução e também para o desenvolvimento de formas juvenis de milhares de espécies. Os mangues são berços principalmente de crustáceos, como caranguejos, e de peixes.
A fauna do manguezal reúne diversas espécies que ocupam o ambiente e integram os mais variados nichos ecológicos. Por essa razão, este ecossistema também é fonte de renda e alimento para populações que vivem no entorno deles, ao longo de toda a costa brasileira.
São espécies que integram a fauna do manguezal:
- Anelídeos
- Moluscos
- Crustáceos
- Aracnídeos
- Insetos
- Anfíbios
- Répteis
- Aves
- Mamíferos
Aves do manguezal
A aves encontram nos manguezais um verdadeiro banquete. Ostras, camarões, berbigões, caranguejos, moluscos e peixes são um prato cheio para espécies como martins e garças.
Os pássaros empoleirados nas margens dos canais internos do mangue, à espreita do almoço, são um cenário comum no Brasil e proporcionam um verdadeiro espetáculo. Entre as espécies de aves comuns neste ecossistema, estão:
- Figuinha-do-mangue: Vive sozinho ou em pares. Se alimenta de insetos, os quais procura vasculhando as folhagens da vegetação. Presente no mangue brasileiro, seu habitat preferido, também ocupa o entorno do Rio Amazonas e florestas inundáveis.
- Papa-lagarta-do-mangue: É uma ave que mede em torno de 25 centímetros de comprimento. Ocupa o estuário do Amazonas, desde o Pará até o Amapá.
- Saracura-do-mangue: É uma ave gruiforme da família Rallidae. Pode ser encontrada em manguezais nos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, São Paulo e Sergipe.
Manguezais do Brasil
Um mapeamento do Ministério do Meio Ambiente aponta que existem exatamente 1.225.444 hectares de manguezais no litoral brasileiro. Desta forma, o estudo, realizado em 2009, revela a presença deste ecossistema desde o Oiapoque, no Amapá, até a Laguna, em Santa Catarina.
Manguezais no mundo
Segundo dados divulgados pelo Atlas Mangues do Mundo de 2010 – elaborado pela organização The Nature Conservancy e a FAO (Organização de Agricultura e Alimentos da ONU), entre outros – a área dos mangues está bastante ameaçada em todo o mundo. E, de acordo com a publicação, o desmatamento dos mangues tem o uso da terra e a conversão de seus espaços em áreas urbanas como as suas principais causas.
Exploração econômica, crescimento populacional desordenado e poluição também são fatores que ajudam a explicar a destruição do mangue; que ocupa uma área mundial de aproximadamente 150 mil quilômetros quadrados, espalhados por 123 países diferentes.
Degradação do manguezal brasileiro
Em 2017, o Brasil já tinha perdido 20% da área de manguezal. A maior responsável pela devastação seria a expansão urbana. O dado é dos mapas do Projeto de Mapeamento Anual da Cobertura e Uso do Solo no Brasil (MapBiomas). Realizado pelo Observatório do Clima em colaboração com 18 instituições, o estudo já está em sua segunda coleção.
O trabalho foi elaborado em conjunto, contando com a participação de universidades, empresas de tecnologia e organizações não governamentais. Para a realização da análise, foram comparadas imagens de satélite nos últimos 17 anos para esta radiografia dos biomas brasileiros.
Manguezal e meio ambiente
Como reconhecimento por sua importância, o manguezal brasileiro é considerado Área de Preservação Ambiental. Mas, a poluição é uma grande ameaça a esse ecossistema. No país inteiro, manguezais sofrem com a expansão urbana e industrial, sobretudo nos centros urbanos.
O uso sustentável do manguezal é fundamental para que a sua vegetação possa contribuir com toda a amplitude do papel ecológico e econômico. No entanto, é preciso dar atenção par o que se refere à ocupação desse tipo de ambiente, já que a falta de ordem e planejamento nesse sentido tem provocado, ao longo do tempo, a degradação desse importante habitat.