Meio Ambiente

Látex é um produto que tem origem no extrativismo vegetal

Látex é um produto que tem origem no extrativismo vegetal

O látex pode ser uma ótima opção de investimento a longo prazo. Decerto, ele está presente na vida de todos os brasileiros, pois o Brasil é o maior consumidor do mundo dessa matéria-prima. Contudo, a produção nacional está longe de suprir a demanda do país.

Nesse artigo, vamos falar sobre o mercado brasileiro de látex, as principais árvores produtoras da substância, bem como os métodos de extração e comercialização. Confira a seguir!

Látex

O que é látex?

Látex é uma substância branca leitosa e pegajosa encontrada em algumas plantas. O látex natural é usado na produção de balões, colchões, bicos de mamadeira, luvas cirúrgicas, brinquedos infantis, preservativos, pneus e outros itens emborrachados. De fato, mais de 400 produtos têm o látex como matéria-prima.

Embora a seringueira seja a planta mais associada à extração de látex, outras plantas também contêm o líquido, como a jaqueira, o mamoeiro, a figueira e a mangabeira.

Assim, embora sua função nas plantas ainda não seja clara, presume-se que ele ajude a cicatrizar as lesões superficiais e evite a entrada de microrganismos que podem causar doenças. Além disso, o látex pode servir como uma reserva nutritiva para planta e protegê-la contra predadores naturais, já que tem gosto amargo e é composto por substâncias tóxicas.

Nesse ínterim, a composição do látex natural pode variar de uma espécie de planta para outra. Contudo, de forma geral, ele contém óleos, resinas, alcaloides, íons, proteínas, ácidos orgânicos, gomas, mucilagem, terpenos, taninos, amido e outros carboidratos. Assim, antes de ser utilizado, o látex líquido precisa ser vulcanizado.

Esse processo consiste em aquecer a substância com enxofre. Em resultado, a vulcanização altera as propriedades mecânicas da matéria-prima e ela se torna mais resistente, adquirindo maior mobilidade e absorção de impactos.

Seringueira, a árvore com maior potencial de produção

Como vimos, a seringueira é a maior fonte de látex líquido. Essa árvore é original da Amazônia e é comum no Brasil, na Bolívia, no Equador, na Venezuela, no Peru, na Colômbia, nas Guianas e no Suriname. Geralmente, ela atinge até 30 metros de altura, e seu tronco pode variar entre 30 e 60 centímetros de diâmetro.

Além disso, a seringueira prefere solos argilosos e bastante férteis, com textura leve, bem drenados, ligeiramente ácidos e com boa profundidade. Por isso, é comum encontrar essa espécie de árvore próximo a rios. Entretanto, é preciso evitar terrenos que estão sujeitos e inundações.

Decerto, a seringueira se destaca entre as espécies do seu gênero, pois tem a maior capacidade de produção e excreta látex de alta qualidade, especialmente entre os meses de março e junho. A extração da substância começa por volta do sexto ou sétimo ano de vida da planta e pode ser feita por até 20 anos.

Látex

Extração de látex

O método utilizado para extração de látex natural é relativamente simples. Primeiro, é preciso fixar canecas no tronco da árvore. Então, um pequeno pedaço da casca da árvore é removida, em um corte inclinado a 30°. Assim, a seiva escorre até os recipientes.

Em média, uma seringueira produz cerca de 60 gramas de látex por dia. Contudo, dependendo do tipo de comercialização do produto, é preciso que algumas medidas sejam tomadas para que ele possa ser utilizado.

Por exemplo, para a produção de luvas e preservativos, é utilizado o látex líquido. Nesse caso, como a seiva coagula muito rápido, no momento da extração, é preciso diluí-la em uma solução de amônia. Além disso, é indicado realizar a sangria bem cedo, pois o sol afeta a propriedade do produto e pode diminuir a produção.

Por outro lado, em fábricas de pneus, é usado o látex na forma coagulada, o chamado sernambi. Nesses casos, o produto extraído é processado em máquinas específicas a fim de separar as impurezas e adicionar substâncias que o tornam mais duro, porém sem perder a elasticidade.

Para os produtores de látex, o indicado é plantar seringueiras com 8 metros de distância entre elas e em fileiras com espaçamento de 2,5 metros. Por hectare, podem ser plantadas cerca de 500 árvores. Nessas condições, após 8 anos do plantio das mudas, é possível extrair cerca de 1,5 tonelada de látex líquido por ano.

Látex

Mercado brasileiro de produção de látex

No Brasil, o látex sempre teve um papel importante na economia. Entre os anos 1880 e 1910, ele era conhecido como o ouro branco. Entretanto, no início do século XX, o país deixou de ser o único produtor e exportador e passou a ser um grande importador.

De fato, o Brasil produz somente um terço de todo o látex líquido consumido. Assim, o país está entre os 8 que mais importam 70% da borracha produzida no mundo. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), de 2000 até 2004, a demanda por látex no Brasil foi 4% maior do que o consumo mundial nesse mesmo período. Além disso, o consumo tem aumentado 21% ao ano.

Assim, para que o país não precise importar o produto, são necessários cerca de 254 hectares de seringueiras, com produtividade média de 1,2 toneladas por hectare. Dessa forma, cada árvore deveria produzir 2,4 quilogramas de látex anualmente.

Entretanto, a produção de látex é um investimento a longo prazo, pois só é possível extraí-lo quando a árvore tem seis ou sete anos de idade. Todavia, a produção inicial gira em torno de 300 quilogramas por hectare, estabilizando a produção máxima somente quando a planta tem cerca de doze anos.

Nesse sentido, o custo de implantação de mudas de seringueiras está em torno de R$ 2,5 mil, e a manutenção é de mais ou menos R$ 2 mil por ano, até o início da sangria. Depois disso, com a extração do látex, o custo de manutenção sobe para cerca de R$ 2,3 mil.

De forma geral, a receita líquida das fazendas produtoras de látex natural é de pouco mais de R$ 6 mil por hectare, com custo de produção em torno de R$ 2,2 mil após 12 anos do plantio das mudas.

Em resumo, a produção de látex no Brasil ainda precisa crescer bastante para atingir a demanda de consumo. Assim, esse mercado se torna um ótimo investimento a longo prazo e vale a pena ficar de olho nas tendências e novidades.

ACESSO RÁPIDO
    Mayk Alves
    Fundador do Portal Vida no Campo e Agro20, Mayk é neto de Lavradores. Desde cedo esteve envolvido com as atividades do campo e, em 2014, uniu sua paixão pela comunicação com o tradicionalismo do campo. Tem como missão levar informações sobre o agronegócio de forma dinâmica, interativa e sem filtros.

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