Agronegócio

Acarajé é uma especialidade que tem o feijão fradinho como base

Acarajé é uma especialidade que tem o feijão fradinho como base

Acarajé, comida típica baiana, é recheado de lendas em torno de sua criação. O acarajé, iguaria de origem africana, leva azeite de dendê em seu preparo, óleo também utilizado na indústria de agroenergia e biocombustíveis, entre outras.

Acarajé é comercializado popularmente pelas ruas de Salvador, na BA. As baianas, que vendem os famosos bolinhos, foram consideradas patrimônio cultural do Brasil pelo IPHAN, em 2005.

Acarajé

O que é acarajé?

Acarajé é um bolinho preparado com massa de feijão fradinho, além de temperos como cebola e sal, e frito em azeite de dendê.

O quitute, famoso em todo o Brasil e apreciado e comercializado principalmente em Salvador, BA, tem como berço a África. A palavra acarajé é oriunda da língua nigero-congolesa, onde akara significa “bolinho de fogo” e , “comer”.

A receita original do acarajé, tal como era preparada por várias regiões do continente africano, foi trazida ao Brasil pelos escravos entre os séculos 18 e 19.

Os ingredientes do acarajé tipicamente africano são somente feijão-fradinho, sal e cebola. Aliás, o acarajé foi, e ainda é nos dias atuais, uma iguaria servida pelos africanos nas mais variadas celebrações.

Feijão-fradinho é base do acarajé

O feijão-fradinho é um dos tipos de feijão mais consumidos na região Nordeste do Brasil, além disso, também é o mais exportado.

No ano de 2018, a exportação desse tipo de leguminosa atingiu, aproximadamente, 163 mil toneladas. O feijão-fradinho é cultivado majoritariamente nas regiões Norte e Nordeste do país. Seu preço, aproximadamente, é de R$ 10,50/kg.

Assim como o feijão carioca, a variedade mais consumida pelos brasileiros, o fradinho é fonte de proteínas e fibras. Além disso, é rico em minerais como ferro, zinco, potássio e manganês, por exemplo.

Azeite de dendê no acarajé

O azeite de dendê, conhecido mundialmente como Palm Oil, é utilizado para a fritura do acarajé e também responsável por sua coloração avermelhada.

O dendê é uma oleaginosa originária do dendezeiro, palmeira nativa da África, mas também encontrada em outras regiões tropicais. No Brasil, seu cultivo concentra-se no estado do Pará, totalizando, aproximadamente, 207.250 hectares de área plantada.

De acordo com estatísticas realizadas em 2017 pela ABRAPALMA (Associação Brasileira dos Produtores de Óleo de Palma), do montante total da área, cerca de 40 mil hectares são cultivados pela agricultura familiar.

A Indonésia e o maior produtor de dendê do mundo, totalizando, aproximadamente, 50% do volume bruto, o equivalente a mais de 25.000.000 toneladas/ano.

O Brasil produz, aproximadamente, 300.000 toneladas/ano, ou seja, o correspondente a 0,57% do volume mundial. O preço médio de 200 ml de azeite de dendê pode variar entre R$ 4,98 e R$ 7,90.

Acarajé

Religiosidade e o acarajé

Reza a lenda que o acarajé foi criado por um profeta africano a pedido de Iansã, orixá deusa dos ventos, assim como das tempestades, do Candomblé.

A deusa exerceu seu pedido ao oráculo a fim de que a iguaria fosse ofertada como alimento a seu marido Xangô, deus da justiça, do fogo, dos raios e dos trovões, também orixá da mesma religião.

Porém, o profeta Ifã, responsável pela criação do acarajé, pediu a Iansã que quando Xangô provasse a iguaria, deveria contar para todo o seu povo.

Iansã, por sua vez, ficou intrigada com o pedido e resolveu experimenta-lo antes de oferecer à Xangô. Entretanto, nada de anormal ocorreu.

Mas, assim que Xangô provou a iguaria e contou para seu povo como havia recomendado o oráculo, fogo começou a sair de sua boca, bem como pela de Iansã.

A partir desse momento, Xangô passou a ser chamado pelo povo de Rei de Oyó, ou seja, Grande Rei do Fogo.

A princípio, o acarajé somente podia ser preparado por filhos de santo ou iniciados no Candomblé e ofertados aos orixás.

Porém, com o passar dos anos, e até nos dias atuais, a iguaria passou a ser comercializada nas ruas de Salvador por escravas libertas, tornando-se um dos maiores símbolos da culinária baiana.

Como é feito o acarajé?

O bolinho, especialidade africana, tem como base apenas três ingredientes: feijão-fradinho, sal e cebola, além de azeite de dendê utilizado para fritá-lo e nenhum recheio.

Entretanto, aqui no Brasil a iguaria ganhou novos ingredientes e recheios deliciosos foram criados, tornando o acarajé ainda mais apetitoso.

Entre os sabores de acarajé mais conhecidos, podemos destacar o recheado com camarão seco e defumado, além de caruru e vatapá. Mas não somente esses. O vinagrete, por exemplo, de origem portuguesa, também se presta como recheio da iguaria africana.

Primeiramente, para fazer a iguaria, o feijão-fradinho deve ser deixado de molho para que seja retirada toda a casca que o envolve, assim como o seu “olho”.

Posteriormente, o feijão é triturado e a ele acrescentados sal e cebola. Como resultado, é obtida uma massa clara e homogênea.

Finalmente, os bolinhos são modelados e colocados em azeite de dendê para serem fritos.

Como fazer acarajé?

Apesar dos ingredientes utilizados no preparo do acarajé serem simples, o processo para a confecção da iguaria é um tanto demorado e requer uma boa dose de paciência.

Entretanto, vale a pena testar a receita que daremos em seguida e provar essa delícia, não apenas apreciada pelos orixás do Candomblé, como também pelos simples mortais.

Acarajé

Ingredientes do acarajé

  • ½ kg de feijão-fradinho cru;
  • ½ kg de cebola picada;
  • 1 colher de sobremesa de sal;
  • Aproximadamente 5 xícaras de chá de azeite de dendê para fritar;
  • Camarão seco defumado para rechear (opcional).

Modo de preparo:

  1. Em primeiro lugar, coloque o feijão-fradinho de molho em água fria três vezes mais que o seu volume;
  2. Logo depois deixe hidratando por, aproximadamente, 12 horas;
  3. Em seguida, escorra toda a água do molho e lave muito bem os grãos;
  4. Com o auxílio de uma colher, mexa vigorosamente os grãos para que as cascas se soltem completamente;
  5. Assim que as cascas começarem a flutuar, retire-as com o auxílio de uma escumadeira ou de uma pequena peneira. É importante para o resultado da massa que todas as cascas dos grãos sejam retiradas;
  6. Logo após, triture o feijão com a cebola e o sal no processador de alimentos até obter uma massa homogênea;
  7. Em seguida, transfira a mistura para um recipiente fundo como, por exemplo, uma panela alta e de paredes fortes;
  8. Com o auxílio de uma colher de pau grande, mexa muito bem a mistura até obter uma massa clara e homogênea;
  9. Logo depois, aqueça o azeite de dendê em uma frigideira grande e funda;
  10. Pegue porções da massa e modele os bolinhos entre duas colheres de sopa;
  11. Frite os bolinhos, virando para que dourem dos dois lados;
  12. Retire e escorra sobre papel absorvente;
  13. Corte o acarajé ao meio e recheie com o camarão. Sirva a seguir.

O acarajé é servido tradicionalmente pelas baianas acompanhado de molho de pimenta bem forte, o famoso “acarajé quente”, ou também sem o molho, ou seja, o “acarajé frio”. Não deixe de provar essa delícia baiana trazida pelos escravos africanos para o Brasil.

ACESSO RÁPIDO
    Mayk Alves
    Fundador do Portal Vida no Campo e Agro20, Mayk é neto de Lavradores. Desde cedo esteve envolvido com as atividades do campo e, em 2014, uniu sua paixão pela comunicação com o tradicionalismo do campo. Tem como missão levar informações sobre o agronegócio de forma dinâmica, interativa e sem filtros.

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