A anacã possui larga faixa azul em seu corpo e um grande “cocar” com penas encarnadas. O nome científico da anacã é derivado do grego e do latim (“dere” e “ptuon”, respectivamente), cuja tradução literal seria algo como “eriçado pelo vento”, ventilado. Além disso, há o radical latino “accipitrinus” (semelhante ao falcão, em tradução livre). Temos, assim, uma “ave de pescoço eriçado e similar a um falcão”.
Com plumagens verde, azul e vermelho vivo, a anacã atrai a atenção imediatamente. Uma de suas subespécies pode ser avistada no Rio Amazonas, cuja porção sul abrange territórios que se estendem do Pará ao Mato Grosso. Há, também, subespécies que predominam a região amazônica (incluindo partes do Peru, Guiana, Venezuela, Colômbio e, é claro, Brasil).
O que é anacã?
Anacã é uma ave psitaciforme, integrante da família Psittacidae, conhecida como anacã, papagaio de coleira e, no estado do Maranhão, curica bacabal.
Felizmente, não está classificada em alguma categoria ameaçada de extinção, embora as destruições de habitats e as atividades comerciais humanas afetem as suas populações.
Principais características da anacã
Conforme mencionado, a anacã pode medir até 35 centímetros de comprimento. As fêmeas da espécie são pouco maiores do que os machos.
Além de serem inconfundíveis pelas suas colorações vistosas, destaca-se o ventre e o peito avermelhados com bordas azuis, sua silhueta – cujo topete realça – faz com que sejam frequentemente confundidos com gaviões.
Subespécies de anacã
A anacã possui duas grandes subespécies reconhecidas pela comunidade científica:
- Deroptyus accipitrinus fuscifrons: sua incidência é maior no Brasil, ao longo da costa meridional do Rio Amazonas, chegando ao norte do Mato Grosso, passando pelo Pará;
- Deroptyus accipitrinus accipitrinus: ocorre na Venezuela e no sudeste colombiano, passando pelas Guianas, nordeste peruano e região norte do Brasil. Uma de suas mais marcantes características é a presença de uma testa esbranquiçada.
Alimentação da anacã
Essa ave se alimenta, principalmente, de sementes, flores e frutos de palmeiras. Ademais, aprecia os cocos das embaúbas e bacabas, assim como frutas silvestres dos mais variados tipos.
Reprodução da anacã
A anacã faz seu ninho diretamente em buracos de árvores que já morreram, incluindo aqueles produzidos por pica-paus, ao longo do mês de fevereiro.
Principais hábitos da anacã
A anacã vive em florestas semiúmidas e úmidas, em galerias de até quatrocentos metros. Grupos pequenos (de 3 a 8 indivíduos), em geral, ou em pares formados abaixo dos dosséis, pousam frequentemente em ramos expostos das árvores mortas. Seu voo baixo, também, é digno de nota e bastante característico.
Distribuição geográfica da anacã
A distribuição geográfica da anacã é tida, pelos especialistas, como descontínua. Afinal de contas, ela abrange desde a Amazônia até o sul da Venezuela, passando, ainda, conforme mencionado, por Peru, Equador e Guianas.
Anacã como pet
Caso você deseje criar uma anacã como animal de estimação, mantendo-a em seu lar, deve estar ciente de algumas informações relevantes. Em primeiro lugar, a ave tem o potencial de se tornar um ótimo pet, sobretudo, quando adquirida ainda filhote.
Tal como a maior parte dos psitacídeos, a ave deve receber manejo constante e atenção especial, a fim de facilitar o seu processo de “socialização”. No momento de realizar a compra, é necessário ter cuidados adicionais com as documentações exigidas.
Todas as aves silvestres (oriundas de nossa fauna) demandam a necessidade de registros legais específicos. A anacã, em particular, deve ser adquirida por meio de transação realizada com um criador comercial ou loja devidamente regulamentada e credenciada pelas autoridades competentes.
Tenha em mente que a ave deve possuir uma marcação individual (isto é, microchip e/ou anilha) e nota fiscal que contenha todas as informações pertinentes em relação tanto ao animal quanto ao seu proprietário.
Outras aves amazônicas
A floresta amazônica forma a maior parte da Amazônia legal, enquanto floresta tropical (uma das 3 grandes do mundo). Conforme definido por Alexander von Humboldt (célebre naturalista, explorador e geógrafo do século XIX), a hileia amazônica aparenta, vista de cima, ser uma camada continuamente preenchida por copas, localizadas a cerca de 50 metros do solo.
Essa abundância de copas dificulta a entrada da luz solar, fazendo com que as vegetações rasteiras sejam muito escassas e que os animais que vivem nesse solo necessitem dessa vegetação. Quanto à fauna, é composta por animais que vivem nas copas, entre 20 e 60 metros.
Com efeito, não há animais de grandes proporções, algo comum, por exemplo, nas savanas. Pica-paus, tucanos e papagaios vivem, portanto, entre as copas. Marsupiais, macacos, roedores e morcegos, por sua vez, representam a maioria dos mamíferos da floresta.
O solo é bastante pobre, tendo somente uma camada fina de nutrientes. A despeito disso, a flora e a fauna se mantêm devido ao equilíbrio atingido pelo ecossistema. Como existe um excelente aproveitamento de recursos, a quantidade de perdas é mínima.
Um bom exemplo disso pode ser encontrado na acentuada distribuição, pelo solo, de micorrizas, assegurando, às raízes, rápida absorção de nutrientes que escorrem a partir das chuvas. A decomposição de animais mortos, galhos e folhas é convertida, rapidamente, em nutrientes, sendo aproveitada antes do processo de lixiviação.
Todavia, essa diversidade em espécies de pássaro, somada à dificuldade em acessar o alto das copas, é responsável pelo fato de que muito da fauna local seja, ainda, desconhecida. Com efeito, a flora e a fauna amazônicas foram elencadas no impressionante volume “Flora Brasilensis”, do autor Carl von Martius, naturalista que dedicou sua vida ao estudo da Amazônia.
Ineza caudata: amarelinho da Amazônia
Com 12 centímetros e pesando entre 6 e 9 gramas, o amarelinho da Amazônia possui uma ampla sobrancelha branca que vai de sua região supra-loral até a parte posterior aos olhos. Sua fronte é de um belo verde-cinzento, enquanto a coroa, uropígio, parte dorsal e manto são de tonalidade verde-oliva.
As asas do amarelinho da Amazônia são escuras, apresentando barras alares claras e muito distintas. Por outro lado, as rêmiges são escurecidas e de bordas claras, bem como as retrizes apresentadas na extremidade de uma linha fina e clara.
A coloração do peito é amarelo-acinzentada, ficando mais clara à medida que se aproxima do ventre, cuja coloração é de um amarelo mais pálido.
Chaetura viridipennis: andorinhão da Amazônia
Outro excelente exemplo de aves da Amazônia, o andorinhão chega aos treze centímetros, apresentando plumagens quase idênticas ao seu congênere, o andorinhão de Chapman.
Assim como a anacã, seus habitats incluem florestas tropicas com baixa altitude, porém, com incidência registrada, também, na Bolívia, além de Equador, Colômbia e Brasil.