A araponga é uma das aves brasileiras com o canto mais alto de um animal já registrado. Existem 4 gêneros da ave de nome araponga. Três delas são possíveis de encontrar em território brasileiro. Sem dúvida, a característica mais marcante desse animal é o seu canto estridente.
Seu canto tem som semelhante ao martelar do ferreiro na bigorna, portanto, é alto e metálico. A plumagem e principalmente o canto da araponga são recursos utilizados pelos machos para atrair as fêmeas e realizar o ritual de acasalamento. Ritual, aliás, que ocorre antes do acasalamento propriamente dito.
O que é uma araponga?
Araponga é uma ave do gênero Procnias. Seu aspecto varia de acordo com a espécie. São 4 existentes e 3 delas se encontram na América do Sul e Central, incluindo, certamente, o Brasil.
Além disso, em geral, essa ave tem porte médio que não atinge os 30 centímetros. Ela se alimenta de frutos.
A araponga é também conhecida por outro nome no Brasil: “guiraponga”.
É famosa em razão de seu canto estridente que alcança potência admirável. Recentemente foi registrado o maior som já produzido por um animal. Esse animal é justamente a araponga, ou melhor: de uma das espécies existentes, uma das 3 que se encontram atualmente no Brasil.
O habitat natural desse pássaro é a floresta. O Brasil, por ser rico em vegetação, conta com a presença desse pássaro em praticamente todo o seu território.
O bico da araponga tem uma abertura ampla, possibilitando que se alimente desde pequenos frutos silvestres a bagas inteiras.
O tempo para um macho dessa espécie de ave se tornar adulto é de apenas 2 anos e meio. É de natureza territorialista.
Escolhe uma árvore que atende às suas necessidades de morada e de caça e a protege contra a invasão de intrusos, especialmente machos de sua idade. Na árvore em que consolida a sua moradia, elege dois galhos preferidos: um mais alto e outro baixo.
O galho que fica mais ao alto é o de sua preferência para cantar. O mais baixo é o escolhido para realizar o ritual e o acasalamento.
Outra característica da araponga é o fato de não gostar muito de descer ao chão, passando, portanto, boa parte de seu tempo nos galhos das árvores.
Reprodução da araponga
Conforme informado acima, o galho mais elevado é o escolhido para cantar. Mas o canto não tem papel apenas de espantar os males. Também tem papel de atrair as fêmeas.
As fêmeas, ao se atraírem com o canto do macho, se posicionam no galho inferior. O macho, percebendo esse movimento, se direciona até o local e dá um novo grito bem forte em frente à fêmea. Se esta mantiver o interesse, dá-se prosseguimento ao acasalamento.
O período de incubação dos ovos é de 23 dias. Os filhotes passam a sair dos ninhos após o vigésimo sétimo dia de nascimento.
A araponga, no entanto, não é um animal monogâmico.
O macho, mesmo após o acasalamento, continua a frequentar o seu galho superior e a bradar para atrair outras fêmeas. Novamente obtendo o interesse de uma fêmea de sua espécie, volta a repetir o procedimento de acasalamento e gerar novos filhos.
Ameaças contra a araponga
A Procnias averano é uma das aves com risco de extinção no Brasil. As principais causas de sua extinção têm sido o desmatamento, a derrubada de árvores e as queimadas.
Como exposto mais cedo, é um animal que não gosta de ficar no chão, dando preferência sempre aos galhos das árvores. Uma vez que estas não mais existam, sua adaptação à condição adversa é muito difícil, principalmente quanto a busca por alimentos.
Certamente, os últimos episódios de queimadas e desmatamento que acometeram o país e que ganhou repercussão internacional, não devem ter contribuído em nada para melhorar esse quadro.
Alguns ecologistas estão fazendo o esforço de preservar essa espécie principalmente criando-as em áreas de proteção ambiental. Contudo, se não receber apoio das autoridades competentes, esse trabalho de preservação será muito difícil.
Lembrando que animais silvestres são importantes para manter o equilíbrio de ecossistemas. A falta desses animais pode afetar o ciclo de vida de várias formas de vidas em tais regiões, vindo a propiciar consequências que podem afetar os seres humanos.
Araponga comum
Essa ave é chamada Procnias nudicollis, cientificamente. É a mais comum das arapongas, sendo possível de encontrá-la em matas litorâneas da Bahia até o Rio Grande do Sul. É chamada, por isso, de araponga comum.
O macho dessa espécie é branco e as laterais de sua cabeça, mais a garganta, recebem coloração verde. Já a fêmea é totalmente esverdeada.
Araponga-do-Nordeste
Outra espécie encontrada no Brasil é a araponga-do-nordeste, ou Procnias averano. É chamada “do nordeste” por viver nos estados dessa região, principalmente Roraima.
Essa espécie tem asas pretas, cabeça marrom e peito branco. Seu pescoço tem vários apêndices considerados carnudos, semelhantes a uma barba, fato que explica outro de seus nomes pelo qual é chamada: “araponga de barbela”.
Araponga-da-Amazônia
A terceira espécie de araponga que é encontrada em solo nacional é a Procnias alba, ou araponga-da-amazônia.
Essa espécie habita a região do Rio Negro. É uma ave pequena, mede cerca de 30 cm e pesa em torno de 220 gramas, tamanho e peso que a fazem ter dimensões bem semelhantes à de um pombo que estamos acostumados a ver nas cidades.
Pouco se sabia dessa ave, mas estudos realizados em 2019 pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) revelaram algo muito interessante, na verdade, impressionante.
Esse estudo descobriu que o canto da araponga da Amazônia alcança 125 decibéis (dB). A título de comparação, essa potência é um pouco inferior a uma turbina de avião, 140 dB.
Chega a superar o som de uma furadeira, 100 dB, de uma serra elétrica, 110 dB, e até de um show de rock, 120 dB.
Tal potência fez seu canto ser classificado como o mais potente já registrado emitido por um animal.
O que os pesquisadores desse estudo notaram é que os músculos abdominais dessa espécie de araponga são bem definidos, os famosos “tanquinhos”, sendo um dos fatores que explicam tamanha potência de canto.