Meio Ambiente

Candiru é conhecido como peixe-vampiro por sua voracidade

Candiru é conhecido como peixe-vampiro por sua voracidade

Candiru é um peixe hematófago que ataca humanos

O candiru é um peixe da espécie vandellia cirrhosae. Encontrado exclusivamente na água doce, também é conhecido como canero ou peixe-vampiro por atacar pessoas, além de animais.

O candiru é um hematófago, ou seja, um animal que se alimenta de sangue. Ele se aloja nas guelras e brânquias dos peixes e morde uma das artérias do hospedeiro para sugar seu sangue. Daí, o apelido de peixe-vampiro.

Candiru

O que é candiru?

O candiru é um parasita que pode alcançar até 18 centímetros e tem formato de enguia. Existem diversas lendas em torno do peixe, que também é conhecido como peixe-vampiro. Inclusive, há relatos de candirus gigantes e que podem medir até 40 centímetros.

Os corpos da espécie são quase transparentes e têm uma camada de muco que cobre o peixe o que o torna escorregadio. A cabeça é pequena e a barriga fica distendida depois que se alimenta.

A espécie possui minúsculas barbatanas sensoriais em volta da cabeça, além de espinhos curtos voltados para trás.

Senso de localização do candiru

Os pesquisadores ainda não têm a resposta sobre quais mecanismos sensoriais esse peixes usam para pegar suas presas, mas apostam que eles ativam a percepção por meio de uma substância química, no caso a amônia. Do mesmo modo, os cientistas ainda não sabem como é a reprodução desses animais.

O peixe candiru é encontrado em fundos arenosos ou lamacentos do rio São Francisco, nas Bacias: Amazônica, Prata e do Leste. Além desses locais, a presença do animal é confirmada por estudiosos na Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador e Peru.

Ataque de candiru

Esse peixe voraz dos rios é temido pelos habitantes da Amazônia porque o ataque de candiru pode ter consequências graves. O peixe segue o ser humano ao sentir o seu cheiro.

Quando o banhista urina na água, é a senha para ele penetrar nos seus órgãos genitais. Ao se alojar para sugar o sangue, ele abre a parte de trás de seu corpo e as nadadeiras, em forma de guarda-chuva. Por essa razão, fica impossível retirar o parasita do organismo.

Dentro do corpo humano o candiru provoca pequenos cortes nos órgãos genitais para se alimentar. Por isso, é necessário realizar uma cirurgia para a retirada do parasita.

Para se ter uma ideia, há relatos de pessoas que tiveram infecções e sérias hemorragias que levaram até a morte.

Caso de ataque de candiru ficou famoso

Em 1997, há a documentação do caso de um homem atacado pelo peixe em Itacoatiara, no Amazonas. A vítima foi removida para Manaus e numa cirurgia urológica de duas horas o Dr. Anoar Samad, retirou o candiru da uretra da vítima. O rapaz tinha 23 anos e suas inicias são “FBC”.

O caso foi tão comentado que o biólogo marinho Stephen Spotte veio ao Brasil em 1999 para investigar. Ele esteve pessoalmente com o cirurgião Samad e recebeu uma fita VHS comprovando detalhes da citoscopia, além de fotos. Spotte viu também o corpo do peixe conservado em formol, doado ao INPA ( Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia).

A viagem resultou no livro “Candiru: a vida e a lenda dos bagres e sanguessugas”. A partir daí, o nome adotado foi candiru fish, ou traduzido livremente, candiru pescador. O biólogo não apresentou conclusões sobre o caso, contudo. Limitou- se a relatar o que viu, mas com ressalvas sobre as narrativas do Dr. Samad e do paciente.

Registros internacionais

O Fish Base, o maior banco de dados global sobre espécies de peixes registra publicações acadêmicas sobre o candiru desde 1829, quando o biólogo alemão Carl Friedrich Philipp von Martius esteve na Amazônia.

Von Martius cita o caso de alguns nativos que usavam vários tipos de protetores ao redor do pênis para evitar os ataques. De início, o cientista acreditou que era uma proteção contra as piranhas, mas então soube da existência do candiru e documentou.

Casos e causos

Em 1836, o zoólogo e naturalista alemão Eduard Poeppig registrou o relato de um médico do Pará, Dr. Lacerda, que disse ter atendido um paciente atacado por um candiru. Só que ao apresentar as provas viu uma vagina. A paciente era, portanto, uma mulher. Porém, o cientista viu outro caso em que o médico conseguiu extrair o parasita da uretra de um homem, após um tratamento com o suco da planta Xagua.

Na mesma época, outro pesquisador, o biólogo George A. Boulenger encontrou o médico, Dr. Bach, que o apresentou a um homem e vários meninos com o pênis amputado. Boulenger registrou que haviam sofrido ataque do Candiru e foram tratados com a aplicação do suco da Xagua.

Mas, depois o biólogo norte-americano Eugene Willis Gudger escreveu que Boulenger pode ter se equivocado, por não dominar o português, e que na verdade naquele caso dos meninos a amputação se devia ao ataque de piranhas.

Candiru

Como prevenir o ataque de candiru?

Para evitar o ataque de candiru os pesquisadores sugerem algumas medidas como prevenção:

  • Só nadar em locais conhecidos pelos moradores da região
  • Usar trajes de banho que cubram os órgãos genitais
  • Não entrar na água se tiver arranhões e cortes que sangram
  • A ureia atrai o candiru, então, nunca urinar na água
  • Se for atacado, pedir socorro e não puxar o peixe em sentido contrário porque os dentes dele podem rasgar o órgão genital. Procurar pronto socorro com urgência.

Documentação contínua

O Fish Base aponta também o relato raro do naturalista Paul Le Cointe que viu o peixe dentro do canal vaginal de uma mulher. O cientista narra que retirou o candiru do corpo através de uma manobra de empurrar o animal para a frente a fim de tirar os espinhos e, depois puxar o parasita para fora.

Gudger seguiu estudando o candiru e após reunir todos os documentos publicados, em 1930, fez um compêndio no qual aponta que a maioria dos relatos eram de encontrar o peixe no canal vaginal. Os últimos registros de ataques do candiru pela grande imprensa datam de 2012, quando foram noticiados quatro casos.

Narrativas dos ribeirinhos

Os nativos costumam adotar uma solução caseira para as vítimas do candiru que é o uso de duas plantas: um tipo de maçã regional e a Xagua (Genipa americana). Misturadas em pedaços ou sobre a forma de extrato, elas são colocadas na região atacada para que dissolvam o peixe. Porém, a infecção causa septicemia que costuma ser mais rápida que a ação do”remédio” e leva a vítima ao óbito.

Todo cuidado com o candiru, portanto, é pouco!

ACESSO RÁPIDO
    Mayk Alves
    Fundador do Portal Vida no Campo e Agro20, Mayk é neto de Lavradores. Desde cedo esteve envolvido com as atividades do campo e, em 2014, uniu sua paixão pela comunicação com o tradicionalismo do campo. Tem como missão levar informações sobre o agronegócio de forma dinâmica, interativa e sem filtros.

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