A primeira carne de laboratório a ser comercializada deve ser um hambúrguer
Está prevista a chegada da carne de laboratório ao mercado em 2021. A empresa responsável por liderar as pesquisas e produção desse tipo de carne, a startup holandesa Mosa Meat, recolheu investimento de 7,5 milhões de euros para atingir a produção de 100 toneladas ao ano.
Um dos maiores desafios da carne de laboratório era o seu preço de produção. O primeiro hambúrguer desse tipo de carne, feito em 2013, chegou a custar 250 mil euros, valor que corresponde a 1 milhão de reais. No entanto, com o aprimoramento da técnica e tecnologia, esse custo reduziu drasticamente, não superando atualmente 9 euros, equivalente a 40 reais.
O que é carne de laboratório?
Carne de laboratório é um novo gênero alimentício baseado nas células bovinas para o desenvolvimento de carne.
A premissa não é de ser uma matéria que tente se aproximar do original valendo-se de elementos químicos e se posicionando como uma alternativa, mas uma cópia perfeita do que conhecemos como carne, porém, cultivada e multiplicada em laboratório.
É como se, em vez de clonar um boi inteiro, tentasse clonar apenas uma parte específica do animal. Contudo, sem se preocupar com a semelhança das peças, mas somente com a natureza do tecido, da matéria orgânica desenvolvida.
Um trabalho menos complexo do que tentar clonar um ser vivo por inteiro com todos os seus detalhes, naturalmente.
A carne feita em laboratório
Explicando em miúdos o processo da produção de carne de laboratório.
Recolhe-se uma amostra do músculo do animal para que possam ser extraídas as células tronco do tecido.
Essas células tronco têm a capacidade de reproduzir e substituir outras células de modo a regenerar ou construir novos tecidos. Não por acaso, são células usadas em diversas pesquisas para tratamento de doenças que afetam a estrutura celular de organismos.
Essa capacidade de reprodução recebe estímulos em laboratório, pois as células são colocadas em um meio de cultura. Nesse meio, são aplicados nutrientes para que as células se proliferem, assim como ocorre no organismo de um animal.
O crescimento ocorre em um biorreator, como os utilizados para a fermentação de iogurtes e cervejas. Essa reprodução é estimulada até que se alcance trilhões de células.
Calcula-se que 800 milhões de filamentos de tecidos são o suficiente para produzir 80 mil kg de carne feita em laboratório, mais precisamente, carne de vaca.
Os entraves
Certamente o maior dos entraves já foi derrubado, que é a questão do custo de produção, mas isso não significa que não existam outros entraves consideráveis.
Primeiro é a regulamentação da carne de laboratório perante o FDA, o órgão que regula a comercialização de alimentos nos EUA e confere os riscos à saúde.
O modelo de produção indica que a comercialização desse tipo de carne não oferece perigo a saúde. Contudo, não se sabe ainda como a FDA irá regulamentar essa espécie de alimento.
É provável que não seja rotulado como “carne”, o que nos leva ao segundo maior obstáculo: a questão cultural.
Pesquisas realizadas nos EUA apontam que há pouco interesse dos consumidores em consumir tal tipo de carne. No entanto, se aposta muito que essa resistência irá diminuir com o passar do tempo, pois os produtores garante que a carne de laboratório tem gosto muito semelhante ao da carne tradicional. Resta aguardar as novidades!