A coruja é a soberana da noite, servindo, para muitos povos, como símbolo de sabedoria, inteligência e mistério. É um animal interessante e muito peculiar. Trata-se de uma ave silenciosa, esperta, ambiciosa e misteriosamente relacionada à sabedoria. Com efeito, é um animal com excelente capacidade auditiva, superando, inclusive, os mamíferos.
Ademais, a coruja não é limitada quanto à produção de barulhos: ela assovia, emite gritos agudos, grunhidos e, até mesmo, expressões faciais. E ela é capaz de distinguir cada um desses sons.
O que é coruja?
Coruja é uma ave pertencente à família Strigiforme, com padrão bastante característico em termos de anatomia, morfologia e comportamento. Apresenta hábitos predominantemente noturnos e é uma predadora natural de animais vertebrados e invertebrados. A coruja pode ser encontrada em todos os continentes do planeta (exceção feita à Antártida).
Na atualidade, os registros científicos apontam a existência de cerca de 200 espécies, dentre as quais 24 já foram avistadas em território nacional.
Com efeito, a coruja apresenta grande variação no tamanho dos indivíduos, à medida que, em nosso país, temos desde os jurucutus de 1 kg até os pequeninos caburés, que não passam de 60 gramas.
Origens da coruja
Conforme mencionado, as corujas “reinam” soberanas à noite. Por isso, ela significa mistério para muitos povos que, devido à sua capacidade de enxergar na escuridão e, assim, conseguir ver o que outros não enxergam, associam-na à reflexão e aos conhecimentos racionais e intuitivos.
Na mitologia grega, a deusa da guerra e da sabedoria, Atena, tinha na coruja um de seus maiores símbolos. Segundo a tradição, a deusa ficou tão impressionada com o aspecto da ave que a tomou como favorita.
Vale lembrar que a coruja é escolhida como o símbolo dos cursos universitários de Letras, Pedagogia, Filosofia e, também, como mascote de escoteiros.
Enquanto grandes caçadoras, as corujas podem ser encontradas em, praticamente, todas as partes do mundo, até mesmo em ilhas remotas e na Groenlândia. Felizmente, é uma ave que não transmite nenhum tipo de enfermidade aos seres humanos.
Existiu uma tradição, segundo a qual, quem comesse da carne de uma coruja, adquiriria seus dons premonitórios e clarividentes, desenvolvendo poderes divinatórios. Com efeito, enquanto todos estão a dormir, as corujas permanecem acordadas, com olhos arregalados e vigilantes, sempre atentas aos sons da noite. Por tal motivo, representa, em tantas outras culturas, uma profunda e poderosa conhecedora do “oculto”.
Particularidades das corujas
As corujas têm a particularidade de girar o pescoço, chegando perto de atingir um perfeito ângulo de 360°. Esse movimento é realizado quando as aves desejam observar algo ao redor, mantendo o restante do corpo imóvel. Isso amplia substancialmente o seu ângulo de vista, excedendo, em grande medida, o dos seres humanos.
Essas grandes capacidades auditivas e visuais faz com que as corujas sejam exímias caçadoras. Conta-se, em certa língua nórdica, que a coruja era denominada de “Ugla”, uma palavra que tenta imitar a sonoridade de seu canto e que, segundo alguns filologistas, teria dado origem ao adjetivo inglês “ugly” (“feio”, em tradução livre).
Um fato de grande interesse, desde um ponto de vista antropológico, pode ser encontrado na identificação, por várias culturas, de animais-símbolo que, via de regra, demonstram aparências excêntricas.
O sapo é um bom exemplo disso, simbolizando boa sorte e fartura, tal como a águia que, por sua vez, simboliza a transformação dos seres humanos. Conforme os historiadores, distintas civilizações adotaram animais, de certo modo, estranhos, para simbolizar o conhecimento e/ou a sabedoria. Como as tartarugas para o povo chinês e os peixes para as populações de origem celta.
A coruja e o esoterismo
Nas tradições esotéricas que se relacionam com as corujas, enquanto símbolos, podemos encontrar uma sociedade secreta denominada “Bohemian Club”, fundada no século XIX, em 1872, na cidade de San Francisco, nos Estados Unidos. Há reuniões periódicas de seus membros até os dias atuais.
O grupo convida, anualmente, homens poderosos de todo o mundo para um grande encontro, realizado em um enorme bosque, o “Bohemian Grove”, no qual existe uma pedra, localizada no centro, com uma coruja esculpida.
De modo geral, o termo “coruja” é utilizado, também, para se referir à mãe ou ao pai que ressaltam exageradamente as qualidades de seus filhos ou demonstram cuidados demasiados. Essa conotação pode ser estendida, também, para outros membros de uma família, como avós, tios e outros.
Entretanto, desde um ponto de vista científico, a palavra designa uma ave estrigiforme que, em certas regiões amazônicas, é conhecida pelo nome de murutucu. Os hábitos notívagos e o silêncio de seus voos devem-se, principalmente, à estruturação de suas penas.
A alimentação da coruja é baseada em mamíferos de pequeno porte (principalmente de morcegos e roedores), aranhas e insetos. As refeições são engolidas por inteiro e, posteriormente, são regurgitados pelos e ossos fragmentados. Os filhotes podem ser vitimados por outras aves predadoras, como os gaviões.
Principais características da coruja
Durante os períodos reprodutivos, os machos oferecem uma presa às fêmeas. O aceitar da presa abre espaço para o início do processo de acasalamento. Em cada postura, as fêmeas botam de 2 a 6 ovos por gestação.
O tempo de incubação leva cerca de 32 dias, e os pequenos filhotes iniciam seus primeiros voos a partir dos 75 dias de vida, em média. Após as eclosões, os machos cuidam dos filhotes ao longo de dois meses. Esse período é suficiente para que aprendam a se defender.
A maioria das subespécies de corujas fica em árvores. Contudo, algumas fazem os ninhos em regiões baixas, junto às árvores. O solo é cavado na vertical e, na sequência, prossegue horizontalmente até atingir os pontos definidos para que os ninhos fiquem a salvo de eventuais predadores.
Os machos ficam de sentinela nas árvores, cuidando dos ninhos, principalmente durante o período diurno. Diante de possíveis invasores, os filhotes podem imitar os sons das serpentes a fim de provocar o afastamento ou a desistência de um possível ataque aos ninhos.
Aspectos físicos da coruja
Essa ave possui olhos bem grandes, sendo rodeados por discos de penas e voltados para a frente. Isso significa que a coruja dispõe de visão binocular (como os seres humanos). Além disso, todos os membros da espécie têm hipermetropia, isto é, enxergam mal de perto (no raio de poucos centímetros). Porém, em maiores distâncias, contam com uma excelente visão, mesmo sob baixa luminosidade.