A jararaca da mata é a espécie do gênero Bothrops mais pesquisada pelos cientistas. As cobras são um dos animais mais temidos pelas pessoas. Em especial, as cobras venenosas, como é o caso da jararaca da mata.
Para se proteger da jararaca da mata, é importante saber identifica-la de longe. Por isso, hoje você aprenderá quais são as suas principais características e como agir caso seja vítima de uma picada. Além disso, veja como o seu veneno pode ser benéfico para a saúde de algumas pessoas!
O que é jararaca da mata?
Jararaca da mata é um réptil que pertence ao gênero Bothrops. Seu nome científico, Bothrops jararaca, é derivado do tupi e significa “cobra grande”.
Ela recebeu esse nome pois é uma das cobras venenosas de grande porte, atingindo até 1,6 m de comprimento. Além disso, essa espécie de jararaca, assim como todas do mesmo gênero, tem escamas.
Ademais, seu corpo é esbelto, com coloração marrom e machas triangulares escuras. A melhor forma de identificar a jararaca da mata é observar a faixa de cor preta horizontal que ela tem atrás dos olhos, e as escamas na tonalidade ocre próximo à boca.
Por outro lado, assim como a grande maioria das cobras peçonhentas, ela possui a fosseta loreal. Esse órgão fica localizado entre os olhos e o nariz e possibilita que a serpente detecte pequenas alterações de temperatura no ambiente.
Por fim, a pupila da jararaca da mata é em formato de fenda e sua íris é de cor dourada, levemente esverdeada, com reticulações levemente mais escuras. Além disso, o seu dorso é pálido e sua língua é negra. De forma geral, é possível distinguir a espécie a uma distância de 3 a 4 metros!
No mundo, existem cerca de 2 mil espécies de cobras. No Brasil, há pelo menos 300 espécies de serpentes, sendo que 30 delas são venenosas.
De fato, a Bothrops jararaca faz parte dessa pequena porcentagem de cobras peçonhentas e é responsável por grande parte dos acidentes botrópicos (picadas de cobras) nas regiões em que são encontradas.
Alimentação, habitat e reprodução da jararaca da mata
A jararaca da mata é um tipo de jararaca endêmica no Brasil, no Paraguai e também na Argentina. Ela tem hábitos noturnos e intensos na época das chuvas. Além do mais, ela prefere locais abertos e com vegetação próxima.
Seu habitat favorito é a Mata Atlântica e o Cerrado, principalmente em pedras e ao lado de rios e córregos. Embora seja comum encontrar essa espécie em áreas rurais, devido à fartura de alimento nas áreas urbanas, é possível encontra-las também na cidade.
A alimentação da jararaca da mata tem como base animais de pequeno porte, como roedores, sapos e rãs. De fato, sua língua e a fosseta loreal fazem com que o bote dessa cobra seja fatal, sem dar nenhuma chance de fuga para a presa. Isso porque esses órgãos permitem que a jararaca se oriente pelo olfato e detecte as menores alterações de calor no ambiente.
Outro fato incrível sobre a espécie é que a jararaca da mata filhote é capaz de começar a caçar horas após o nascimento. Elas fazem isso chamando a atenção da presa com a sua cauda amarela clara.
Além disso, os filhotes têm hábito de viver nas vegetações. Por outro lado, quando crescem, passam a viver principalmente de forma terrestre.
Veneno da jararaca da mata
O veneno das serpentes do gênero Bothrops pode levar à amputação de membros e até causar morte.
Por ser muito comum, a jararaca da mata é responsável por grande parte dos acidentes botrópicos, uma vez que sua coloração permite que ela se camufle com facilidade. Além do mais, por ser um réptil extremamente agressivo, ela ataca qualquer ser vivo que se aproximar dela.
Os principais sintomas de uma picada de uma jararaca da mata são dor, inchaço, manchas roxas e sangramento no local da ferida. Além disso, em casos de envenenamento grave, é possível visualizar edemas que ultrapassam de forma evidente o local da picada.
Podem surgir equimoses, bolhas e hemorragias intensas. Entre as complicações, é comum que surjam abscessos, necrose (que pode evoluir para gangrena) e insuficiência renal aguda.
De forma geral, quando uma pessoa é picada por essa cobra peçonhenta, o seu quadro evolui rapidamente para um estágio grave. Por isso, é fundamental que a vítima procure ajuda médica o mais rápido possível.
No hospital, os médicos vão administrar soro antibotrópico, hidratação e antibióticos – esse último, somente no caso de infecções. Além disso, pode ser necessário realizar alguns exames, como de tempo de coagulação, hemograma e exame de urina.
Por fim, caso você ou alguém próximo seja vítima de um acidente botrópico, a melhor coisa a fazer é ir ao hospital, evitando ao máximo movimentos que estimulem a circulação sanguínea. Ao receber atendimento especializado, informe as principais características da cobra.
Nesses casos, jamais faça sucção do veneno ou corte o local da picada. Além disso, não faça torniquete ou garrote e nem coloque folhas, pó de café ou qualquer outro produto sobre a ferida.
Por fim, jamais ofereça medicamentos ou bebida alcoólica para a vítima. Qualquer procedimento que não seja indicado por um médico pode piorar o quadro clínico.
Veneno ou remédio? Tudo depende da dose
Por outro lado, a jararaca da mata é uma das espécies de serpente mais estudas, pois o seu veneno tem ajudado muitas pessoas com hipertensão. De fato, como diz o velho ditado, a única coisa que diferencia entre o veneno e o remédio é a dose.
A peçonha desse tipo de jararaca tem sido utilizada em medicamentos contra hipertensão e anticoagulantes. Isso se deve a uma proteína encontrada nesse veneno. Ela foi descoberta em 1995 pelo médico Sergio Henrique Ferreira.
Essa proteína é eficaz contra a pressão alta pois causa relaxamento dos músculos e queda na pressão. Além disso, essa proteína retira a enzima que ajuda na coagulação do sangue.
Dessa forma, medicamentos preparados à base dessa enzima encontrada no veneno das serpentes do gênero Bothrops, como a jararaca da mata, têm sido usados para tratar hipertensão, insuficiência cardíaca congestiva e doenças renais.