Meio Ambiente

Jararacuçu é uma víbora venenosa de até 2 metros de comprimento

Jararacuçu é uma víbora venenosa de até 2 metros de comprimento

A jararacuçu é segunda maior cobra do Brasil e produz quantidade de veneno suficiente para abater uma presa de até 2,5 metros. Entre as diversas cobras presentes na América do Sul, a jararacuçu de destaca devido ao seu tamanho e capacidade de se alimentar de presas maiores que ela.

Assim como as outras espécies de jararaca, a jararacuçu tem características impressionantes e um papel fundamental para o nosso ecossistema. Veja como identificar a cobra, quais são seus hábitos e seu status de ameaça de extinção.

Jararacuçu

O que é jararacuçu?

Jararacuçu é uma das cobras venenosas da família Viperidae e do gênero Bothrops. Essa serpente também é chamada de jararacuçu dourado ou jararacuçu cabeça de patrona.

Seu nome científico, Bothrops jararacussu, tem origem tupi guarani e significa “o bote da cobra grande”.

De fato, a cobra faz jus a essa descrição, já que pode chegar a medir 2,20 metros de comprimento e tem corpo e cabeça robustos. Além disso, o seu bote pode atingir a mesma distância que o seu tamanho.

Assim como a maioria das jararacas, a jararacuçu tem coloração que a camufla muito bem na natureza. Entretanto, a cor dessa espécie é diferente dependendo do sexo e idade do animal. As fêmeas têm cor amarela e manchas pretas triangulares distribuídas pelo corpo. Por outro lado, os machos têm manchas menos características de cor marrom, podendo ser também acinzentada.

Essa diferença nas cores pode ser observada mesmo na jararacuçu filhote, sendo que as fêmeas filhotes são amarelas a bege rosadas, enquanto os machos têm dorso escuro e manchas amareladas a marrom.

Outra característica interessante sobre a jararacuçu é que suas presas chegam a ter 2,5 metros de comprimento, por isso elas liberam uma quantidade grande de veneno ao dar o bote.

Assim como a maioria das serpentes da mesma família, ela possui fosseta loreal, pupilas em formato de fenda, além das fêmeas serem maiores que os machos.

Alimentação, habitat e reprodução da jararacuçu

A jararacuçu vive principalmente na América do Sul. Ela vive na Mata Atlântica e nas rochas às margens de riachos e córregos. No Brasil ela é encontrada desde o sul da Bahia até o nordeste do Rio Grande do Sul.

Tanto os filhotes como os adultos são considerados terrícolas. Ademais, durante o dia, essas cobras tomam sol e à noite caçam alimento.

Essas cobras peçonhentas do gênero Bothrops se alimentam de mamíferos, anfíbios e até outros répteis.

A jararacuçu filhote se alimenta principalmente de animais que regulam sua temperatura corporal de acordo com o ambiente, como os anfíbios. Para isso, elas utilizam sua cauda para atrair a presa, uma vez que ela parece uma larva.

Já as serpentes adultas preferem se alimentar exclusivamente de mamíferos e caçam de forma ativa, por espreita ou emboscada.

A jararacuçu, diferente de outras espécies de cobras venenosas, é vivípara. Isso significa que, em vez de colocar ovos, os filhotes da jararacuçu se desenvolvem dentro do corpo da fêmea. De fato, ela é capaz de dar à luz cerca de 15 a 40 filhotes de uma vez, algo que está diretamente relacionado ao seu grande porte.

Jararacuçu

O veneno da jararacuçu

Assim como as outras espécies do gênero, o veneno da jararacuçu pode ser letal ao ser humano. O que mais preocupa sobre a peçonha dessa cobra é a quantidade que ela injeta ao dar o bote, cerca de 4 ml. Embora pareça pouco, lembre-se que esse veneno é suficiente para abater uma presa de 2,5 metros!

De forma geral, os sintomas incluem hemorragia (local ou em outras partes do corpo), edemas, bolhas e necrose. Além disso, o veneno da jararacuçu tem ação coagulante, que pode causar coagulação intravascular disseminada e baixa no número de plaquetas.

Por ser injetado em grande quantidade, a peçonha leva a pessoa a um quadro moderado a grave de envenenamento. Para evitar qualquer complicação, é necessário que a vítima procure ajuda médica para que seja administrado um soro antibotrópico. Esse soro é específico para serpentes do gênero Bothrops, por isso, tente descrever a cobra com todos os detalhes que se lembrar.

Embora muitos tentem matar a cobra para leva-la ao hospital, isso não é recomendado. O melhor é chamar os Bombeiros para que eles façam a captura e a devolvam ao seu habitat, caso ela esteja em área urbana.

A preservação das cobras peçonhentas

A jararacuçu não está ameaçada de extinção no Brasil, de acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (IMCBio). Além disso, de acordo com a IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza – sigla em inglês), essa serpente está classificada como ameaça pouco preocupante.

Uma questão a ser levada em consideração sobre a preservação da jararacuçu é o grande desmatamento do seu habitat, a Mata Atlântica. Além disso, as serpentes têm um papel muito importante para o ecossistema, como o de controlar a população de roedores.

Por outro lado, sua preservação também é de ajuda para a saúde humana, já que o seu veneno pode ser usado para produção de soro, vacinas e medicamentos.

Jararacuçu

Outros tipos de jararacuçu

Além da Bothrops jararacussu, outras serpentes com características bem diferentes também recebem o nome de jararacuçu.

Por exemplo, a cobra-nova, ou jararacuçu do brejo, é uma serpente agressiva, porém, não é venenosa. Por isso, se for atacado por ela, lavar a ferida com água corrente e sabão será o suficiente.

Embora seja uma cobra de grande porte, com cerca de 1,8 metro de comprimento, ela não apresenta risco para a saúde humana. Diferente da jararacuçu autêntica, ela possui faixas alternadas retangulares em tons claros e escuros de marrom.

Além disso, a jararacuçu do papo amarelo, embora tenha o nome parecido, pertence a outra família no reino animal. Essa cobra é semi-peçonhenta e não apresenta risco de morte com sua picada. Essa serpente é comumente encontrada em brejos e tem coloração amarela no ventre e marrom no dorso.

De fato, a única semelhança entre elas e a jararacuçu autêntica é o nome.

Em resumo, embora a cobra conhecida como jararacuçu apresente certo risco aos humanos, o benefício da sua existência no ecossistema é muito maior. Por isso, deve ser preservada.

ACESSO RÁPIDO
    Mayk Alves
    Fundador do Portal Vida no Campo e Agro20, Mayk é neto de Lavradores. Desde cedo esteve envolvido com as atividades do campo e, em 2014, uniu sua paixão pela comunicação com o tradicionalismo do campo. Tem como missão levar informações sobre o agronegócio de forma dinâmica, interativa e sem filtros.

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