Mandioca é livre de glúten e evita picos de açúcar no sangue
O Brasil é a pátria mãe da mandioca. Foi a partir da descoberta dos portugueses quando atracaram nossas terras que a planta foi disseminada para centenas de países no mundo.
A sua abundância era tal no Brasil quinhentista que foi apelidada pelo historiador Luís da Câmara Cascudo como a planta “rainha do Brasil”. Credita-se à mandioca um dos motivos para o processo de colonização ter se tornado menos penoso aos portugueses e estimulado a permanência dos novos habitantes.
O que é mandioca?
Mandioca é um vegetal de origem no continente americano, ou do “novo mundo”, conforme a classificação dos europeus navegadores. É da família das Euforbiáceas e se divide em duas categorias: mandioca-doce (ou mansa) e mandioca-brava.
Esses dois grupos se diferenciam em mais de um aspecto, tais como formas, folhas, cores e raízes.
A mansa é de uso mais comum nas mesas dos brasileiros, sendo a mandioca frita a mais popular. A brava é usada mais pela indústria na produção de farinhas. Não é muito rica em proteínas, mas compensa na quantidade de vitaminas e fibras.
Em comparação com a batata, possui mais quantidade de vitaminas A, B1, B2 e C. O fato de contar com bastante fibras e carboidratos aumenta a sensação de saciedade. Isso é um trunfo para evitar o excesso de calorias da mandioca, pois o vegetal supera a batata nesse quesito.
A mandioca ainda traz como vantagem o fato de ser um alimento indicado para pessoas que lidam com problema de diabetes, pois a espécie evita picos de açúcar no sangue por liberar a glicose pouco a pouco no corpo.
Tal fenômeno ocorre por conter dois tipos de carboidratos: amilose e amilopectina. A junção desses carboidratos é que modera a liberação de glicose.
Sem glúten
Outro aspecto que torna a mandioca uma opção saudável e popular é por não apresentar glúten na sua composição.
Essa popularidade é maior, naturalmente, entre as pessoas diagnosticadas com doença celíaca, intolerância ao glúten.
Faltam pesquisas mais recentes no Brasil, mas, segundo a última estimativa, mais de 2 milhões de brasileiros não podem comer alimentos que contenham glúten.
Em escala global, a doença foi a causa de óbito de 42 mil crianças, segundo pesquisa divulgada em 2015.
Os portadores dessa doença, ao consumirem um alimento que contenha essa propriedade, costumam apresentar diarreias com ou sem gotas de gordura, prisão de ventre, vômito, perda de peso, alterações na pele, inchaço, anemia, queda de cabelo, entre outros distúrbios.
Por apresentar sintomas verificáveis em outras enfermidades, o diagnóstico preciso pode demorar anos para ser feito. Esse tempo pode trazer muitas dificuldades e prejuízos aos seus portadores.
Por esse motivo, o tubérculo é considerado um grande alívio no cardápio dos celíacos, pois além de poder ser consumido em sua forma natural, sua raiz é usada na preparação de farinhas, como a farinha de mandioca, tapioca e polvilho (doce ou azedo).
Há ainda receitas de mandioca regionais como o tacacá e o molho tucupi, típicas da região do Amazonas, o que ajuda a ampliar o leque de opções.
Propriedades da mandioca
A mandioca, como afirmado acima, não é rica em proteínas, mas compensa com vitaminas e carboidratos.
Os nutrientes da mandioca:
- Vitamina A;
- Vitaminas do complexo B;
- Vitamina C;
- Vitamina K;
- Ferro;
- Fósforo;
- Cálcio;
- Potássio;
- Amilopectina;
- Amilose.
Benefícios da mandioca
Veja alguns benefícios proporcionados pelo consumo de mandioca:
- Ação anti-inflamatória;
- Ação antioxidante;
- Fonte de carboidratos para diabéticos;
- Não tem glúten;
- Protege a pele contra raios ultravioletas;
- Altamente energética (por sua concentração de calorias);
- Ajuda na construção de massa óssea e novos tecidos (por conter vitamina C e K);
- Bom para a saúde do coração (por conter potássio);
- Ajuda na perda de peso (regulação de glicose e saciedade).
Curiosidades sobre a mandioca
A mandioca não é só versátil no modo de consumo, porque a forma como é identificada pelos brasileiros é diversa conforme a localidade do país. É conhecida como macaxeira, aipim, maniva, pau-de-farinha, pão de pobre, entre outras denominações.
Quanto a esse último, tudo indica que a influência para tal nome se deva por outra vantagem da mandioca em relação à batata e demais alimentos do gênero. Seu custo de produção costuma ser baixo, refletindo no preço final ao consumidor. Um quilo de mandioca normalmente não passa de R$ 2,00.
Esse valor atrativo, em vez de render mais popularidade no Brasil, faz com que o tubérculo seja associado às classes mais pobres, sendo por isso alvo de preconceito por parte das classes mais abastadas que deixam de usufruir dos benefícios proporcionados pelo vegetal.
Faz parte dos planos da Organização das Nações Unidas (ONU) reverter essa percepção para fazer da mandioca um alimento importante ao combate à fome. Como o custeio da plantação de mandioca é menos oneroso do que outros alimentos, isso facilitaria a sua produção em outros países, especialmente os que enfrentam problemas de subnutrição.
O consumo da mandioca crua é totalmente inadequado e perigoso, porque na casca da raiz da mandioca se encontra em maior quantidade o cianeto, substância que pode provocar intoxicação.
Já a mandioca cozida não apresenta qualquer tipo de perigo, assim como a mandioca frita.
Plantação de mandioca
Portugueses e espanhóis foram os responsáveis por difundir o plantio do vegetal mundo afora após descobrirem a planta em suas colônias no novo mundo. Por se adaptar em diferentes climas, existem plantações do vegetal em praticamente todos os estados do território brasileiro. Também está presente na África.
O clima ideal para o plantio é ambiente que mantenha a temperatura de 20 a 27º C, porque essa condição favorece a rápida evolução da cultura. Em ambientes mais frios, em torno de 15º C, a plantação não é inviável, entretanto, a germinação e o ritmo de desenvolvimento são dilatados.
Como plantar mandioca?
O solo para se fazer o plantio não precisa ser necessariamente muito fértil, mas é fundamental que seja bem drenado. Solos pesados e compactados não são o ideal para o plantio, pois prejudicam o crescimento das raízes.
No entanto, não significa que a irrigação não precisa ser constante. Durante os primeiros cinco meses de cultivo, a planta é muito sensível à falta de água. A dica é manter o solo sempre úmido, mas evitando encharcá-lo.
Planta-se pedaços de caule de plantas adultas saudáveis, com 15 a 25 cm de comprimento e 2,2 cm de diâmetro (ou aproximado). Os pedaços são colocados em sulcos de 5 a 10 cm de profundidade.
O posicionamento das fileiras de mandioca pode ser horizontal, vertical ou oblíquo. O espaçamento recomendado entre cada fileira é de um metro e, entre as plantas, de 50 a 60 cm.