Tabaco tem grande história e desenvolvimento intensivo no Brasil
O tabaco é comumente utilizado em forma de charuto, cigarro, cachimbo, fumo mascado, narguilé e rapé. Embora o seu consumo tenha diminuído em boa parte do planeta ao longo dos últimos anos, essa matéria prima ainda é amplamente demandada e utilizada em todo o mundo.
Em diferentes setores agrícolas, inclusive, o tabaco é também usado na composição de pesticidas como tartarato de vareniclina – ou nicotina.
O que é tabaco?
Tabaco é o nome dado a uma planta, que tem como nome científico Nicotiana tabacum – original da América. É um tipo de produto agrícola feito a partir do processamento de algumas folhas e plantas do gênero Nicotiana, cultivados por fumicultores. Dele é retirada a substância chamada de nicotina, que consiste no seu ativo principal. Ao todo, existem mais de cinquenta espécies diferentes de tabaco.
Fumicultor refere-se a quem cultiva o tabaco, enquanto fumicultura é o nome dirigido a cultura e plantação de tabaco.
História do tabaco
Os hipóteses da história do tabaco giram em torno de que o produto possui origem nos Andes bolivianos, principalmente pelo fato das tribos indígenas fazerem a utilização da planta, em meados do século XV.
A planta chegou ao Brasil através das migrações indígenas que eram feitas. Eles a utilizam para fins medicinais, terapêuticos, lazer e religiosos, como em rituais. No entanto, além de o fumo ser a principal forma de uso, os povos indígenas também comiam, mascavam, bebiam e aspiravam a planta.
Acredita-se que o hábito indígena de fumar o tabaco foi desencadeado nos europeus assim que Cristóvão Colombo chegou nas terras americanas, mas precisamente no ano de 1492.
O tabaco chegou na Europa somente no ano de 1530. A família real portuguesa passou a cultivá-lo principalmente com objetivações medicinais.
Desse modo, no ano de 1560 o tabaco chegou em terras francesas. A rainha Catarina de Médici sofria com problemas de enxaqueca, então diplomata Jean Nicot mandou que entregasse tabaco à ela, pois já havia testado e percebeu que era eficaz. Ou seja, o intuito era que o fumo dele fosse eficiente no tratamento da enxaqueca da rainha.
Assim, seria Catarina quem iniciou o hábito de fumar tabaco na Europa. Após ela, muitas pessoas da nobreza francesa passaram a fazer o mesmo, espalhando o hábito por todo o continente europeu.
Na Espanha, por exemplo, o hábito tornou-se popularmente conhecido através do charuto. Pessoas que fumavam charuto eram rapidamente associadas à pessoas com maior ostentação.
Já os escravos africanos trazidos para a América usavam a planta também para fins religiosos, praticados dentro das religiões afro americanas. No entanto, ao mesmo tempo que a utilizavam, a planta também servia como moeda de troca para que a compra de escravos africanos fosse realizada.
História do tabaco no Brasil
Na mesma época que o hábito de fumar tabaco estava sendo disseminado pela Europa, o cultivo de tabaco foi iniciado no Brasil pelos colonos portugueses. A planta cultivada em lavouras era para consumo próprio, porém o que sobrava era comercializado pelos fumicultores do Brasil com os países europeus. As primeiras produções foram realizadas e concentradas de Salvador, no Estado da Bahia, a Recife, no Estado de Pernambuco.
Em decorrência disto, foi instituído o monopólio estatal de comercialização do tabaco pelo governo colonial português, no ano de 1674.
O Império Português teve o tabaco como principal produto de exportação durante o século XVII. Isso fez com que acontecesse a expansão das lavouras em 1822, após o período de Proclamação da Independência do país.
No entanto, a Bahia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Minas Gerais passaram a ser as regiões que mais produziam o tabaco, na metade do século XIX.
Os cigarros enrolados em papel, por exemplo, surgiram no ano de 1903, quando foi posta no Rio de Janeiro a primeira máquina de tabaco no Brasil a produzi-los.
Tipos de tabaco
Existem muitos tipos de tabaco e cada um precisa de cultivos particulares, para que a planta tenha uma boa qualidade. Os principais tipos de tabaco são:
- Virgínia: tem coloração amarela viva, mogno e tons alaranjados. O processo de cura leva em média de quatro a cinco dias dentro de uma estufa, sob controle de umidade e temperatura.
- Burley: o processo de cura é feito naturalmente, as plantas ficam em suspensão por aproximadamente 40 dias. Tem coloração marrom claro e escuro.
- Comum: possui o mesmo processo de cura do tabaco anterior, assim como a coloração. Suas folhas possuem gomas que são adequadas para fermentação feita por alguns mercados que adotam este processo.
- Dark: seu processo de cura também é feito naturalmente. Sua coloração é mais puxada para os tons de marrom escuro. Seu potencial de nicotina é mais alto do que as outras espécies, com quantidade de aproximadamente 3,5%.
- Maryland: o processo de cura é feito naturalmente, porém com um tempo maior. Suas folhas são mais finas e sua coloração possui tons claros e escuros de marrom.
Produção de tabaco no Brasil
A produção de tabaco no Brasil está concentrada principalmente nos Estados Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Os três Estados juntos concentram 98% da produção de tabaco no país.
A região sul comporta a maioria das famílias de fumicultura no Brasil. Eles praticam a atividade para garantir o sustento das pessoas no meio rural, visto que a produção de tabaco é vantajosa para o mercado. Os fumicultores são amparados pela Afubra (Associação dos Fumicultores no Brasil).
A principal importância do tabaco está no envolvimento das famílias produtoras. É uma cultura que necessita de pouco espaço de terra, tem baixa utilização da mecanização e, devido isso, alta necessidade de mão de obra. Isso faz com que o plantio seja especialmente voltado para a agricultura familiar.
As famílias que produzem o tabaco possuem uma espécie de acordo com as indústrias que comercializam e exportam as folhas. Este acordo é chamado de sistema de integração, um contrato de compra e venda renovado a cada 12 meses pela família e pela indústria envolvidos.
Curiosidades sobre o tabaco
As curiosidades envolvendo o tabaco dizem respeito a sua etimologia e a “cultura do fumo”. São duas as hipóteses de origem da palavra. Uma delas refere-se ao tabaco como originou árabe, por meio do italiano tabacco e do castelhano tabaco, nomes usados para nomear diversas plantas, durante o século IX.
No entanto, a segunda hipótese diz que o nome é originado do taino tabaco, referente ao fumo em formato de Y fumado pelos índios, em rolos feitos pelas folhas.
Já o nome Nicotina é referente à uma homenagem feita pelo diplomata Jean Nicot, responsável por levar a planta até a França.
A cultura do fumo era muito forte na região Nordeste do Brasil nos séculos XIX e XX. Por isso, no brasão da República há o desenho de um ramo de café (produzido no sudeste) e um ramo da folha de tabaco (produzido no Nordeste).