A solitária é o nome popular de uma verminose provocada pelos parasitos taenia solium ou taenia saginata. O verme se aloja no intestino do ser humano e provoca a teníase.
Além da solitária, esses parasitos são responsáveis pela cisticercose. Essa doença, no entanto, é provocada somente pela larva da taenia (ou tênia) solium, também conhecida como cisticerco. Embora sejam causadas pelo mesmo parasita, a teníase e a cisticercose são doenças distintas, com sintomas totalmente diferentes.
A solitária é o verme adulto e se aloja no intestino do ser humano. Já o cisticerco, que é a larva da taenia solium ou da taenia saginata, se hospeda tanto em homens quanto em animais.
O que é solitária?
A solitária é um verme adquirido pelo ser humano por meio do consumo de carne crua ou mal cozida, caso o alimento esteja contaminado com as larvas (cisticercos) da tênia solium ou saginata. Ao se alojar no intestino, os cisticercos crescem e se transformam na solitária. O verme tem formato achatado e pode atingir o impressionante tamanho de 25 metros. A tênia é um parasito que pode ser encontrado em praticamente todos os países. Vive sozinha no intestino humano, daí o apelido solitária.
O ser humano é o hospedeiro definitivo e a principal fonte de infecção deste parasita. Portanto, ele é o responsável pela transmissão tanto para os animais quanto para outros seres humanos.
Transmissão da cisticercose
Enquanto o ser humano é o hospedeiro definitivo dos dois tipos de tênia, os animais são hospedeiros intermediários desses parasitos. Os bovinos são hospedeiros intermediários da tênia saginata. Já os suínos são os hospedeiros intermediários da taenia solium.
A contaminação do ser humano por cisticercose se através do consumo de alimentos, como frutas e hortaliças mal higienizadas, ou água contaminada com os ovos da tênia solium. Por outro lado, a cisticercose bovina e a cisticercose suína ocorrem quando os animais ingerem vegetação contaminada com ovos da tênia.
Transmissão da teníase
Quando o homem ele ingere as larvas de tênia, elas evoluem para a forma adulta (solitária) no intestino delgado. A solitária, então, se fixa e começa a expelir os ovos e proglótides (anéis hermafroditas da tênia), que são excretados nas fezes humanas e podem contaminar o solo, a água e os alimentos.
Ciclo evolutivo da cisticercose
O porco, como já foi dito, é o hospedeiro intermediário das larvas de tênia solium. O animal se contamina ao ingereir os proglótides grávidos ou os ovos que foram liberados pelo homem no meio. Dentro do intestino do supino, os embriões deixam a proteção dos ovos e, por meio de ganchos, perfuram a mucosa intestinal. Em seguida, alcançam os músculos e o fígado do porco, transformando-se então em cisticercos.
Quando o homem se alimenta de carne suína crua ou mal cozida contendo estes cisticercos, eles chegam ao estômago e liberam um embrião. Esse embrião atravessa a mucosa gástrica, entra na corrente sanguínea e se espalha pelo corpo, podendo se alojar em diversos tecidos como músculos, coração, olhos e cérebro. Ao se alojar no cérebro, o cisticerco causa uma doença chamada neurocisticercose, que é a forma mais grave da infecção.
Teníase e cisticercose
Em resumo, a teníase ocorre por ingestão de carne mal passada de animais com cisticercose, seja por cisticerco de tênia saginata (carne bovina, ou de tênia solium – da carne suína). Diferentemente da teníase, a cisticercose humana não tem relação com ingestão de carne mal cozida.
Sintomas da teníase
A teníase demora ser descoberta por ser uma doença silenciosa, ou seja, a maioria dos hospedeiros não apresenta sintomas. Quando eles surgem, são mais comuns nos casos de tênia saginata. São eles:
- Dor abdominal
- Náuseas
- Diarreia
- Alterações no apetite
- Fadiga
- Perda de peso
- Prisão de ventre
Sintomas da cisticercose
A cisticercose pode ser assintomática, assim como a teníase. Os sintomas podem demorar de 3 a 5 anos após a contaminação para surgirem. No caso da neurocisticercose pode haver cefaléia, convulsões, deficiência visual, epilepsia e hipertensão craniana.
Quando se alojam nos músculos, os cisticercos provocam um quadro de miosite (inflamação do músculo). As consequências da cisticercose dependem da localização no organismo, do tipo morfológico e do número de larvas que infectaram o indivíduo.
Diagnóstico da teníase e da cisticercose
No caso da teníase, o diagnóstico é feito por meio do exame parasitológico de fezes, nas quais são identificados ovos ou da proglote da tênia.
A cisticercose é diagnosticada através de exames de imagem, como a tomografia computadorizada ou a ressonância magnética do crânio, que conseguem identificar os cisticercos alojados no sistema nervoso central. Nos pacientes com cisticercose, o exame da fezes também é necessário, pois muitos contraem o cisticerco por auto-contaminação através dos ovos presentes nas próprias fezes.
Tratamento da teníase e da cisticercose
A teníase pode ser tratada com medicamentos específicos, que devem ser receitados por um médico. A neurocisticercose é tratada com corticóides e outros medicamentos. Nos casos de cisticercose muscular ou na pele, o tratamento com medicamentos tem pouca eficácia. Também não há um procedimento terapêutico eficaz para tratar a cisticercose em animais.
Como se prevenir a teníase e a cisticercose?
No campo, irrigar hortas e pastagens com água limpa e nunca adubar com fezes humanas, construir sanitários com fossa séptica e fazer periodicamente exames de fezes em moradores de área rurais dão algumas das medidas adotadas para combater as doenças.
Afinal, contra a solitária e a cisticercose é melhor prevenir do que remediar. Portanto, tenha cuidados como não ingerir carne crua ou mal cozida, ou ainda, proveniente de abate clandestino, sem inspeção sanitária. Consumir apenas água filtrada ou fervida, lavar bem as mãos, após usar o banheiro e antes das refeições. É importante ainda lavar bem os alimentos como verduras, frutas e hortaliças com água limpa.