A Coamo é uma das 30 maiores empresas de exportação do Brasil
A paranaense Coamo completa, no ano de 2019, cinquenta anos de fundação. E se há uma palavra que pode definir esse meio século de existência certamente é solidez. A cooperativa nunca enfrentou uma crise profunda ou foi absorvida por outra companhia. Pelo contrário, absorveu outras cooperativas aos seus negócios.
O faturamento anual da Coamo ultrapassa os 14 bilhões de reais. Assim, se consolida como uma das principais exportadoras do país, a 23ª, mais precisamente. Sem dúvida, é a maior empresa embarcadora de produtos no porto de Paranaguá. Além disso, é a maior cooperativa da América Latina e corresponder a 3,5% da produção nacional de grãos.
O que é Coamo?
Coamo é uma cooperativa agroindustrial brasileira que armazena e comercializa grãos de safra, além de desenvolver produtos a partir dos grãos que recebe em suas instalações industriais.
O sistema de cooperativa funciona com o trabalho conjunto de membros de determinado grupo econômico ou social. Tal grupo deve pretender desempenhar, em benefício comum, determinada atividade. O trabalho é colaborativo e os lucros são divididos entre os associados.
O trabalho exercido pela cooperativa atende demanda tanto interna como externa. Atualmente, conta com entrepostos em 63 municípios nos estados do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.
A história da Coamo
A Coamo Agroindustrial Cooperativa surgiu em 1969 na cidade de Campo Mourão, situada a noroeste do estado do Paraná. Foi fundada com a união de 79 produtores liderados pelo engenheiro agrônomo José Aroldo Gallassani.
Foi por intermédio dos conhecimentos e testes realizados por Gallassani que os agricultores de Campo Mourão puderam ter acesso a novas tecnologias. Dessa forma, conseguiram produzir mais, aumentando a prosperidade e eficiência do plantio.
Gallassani era recém-formado e prestador de serviço da Acarpa, que mais tarde se tornaria a Emater.
O primeiro foco de produção foi o trigo, posteriormente a soja. Depois que conseguiram produzir safra suficiente para o sustento das famílias, os agricultores começaram a se questionar para quem vender o excedente. Tal questionamento fez brotar a ideia de montar uma cooperativa de produtores rurais.
Os primeiros desafios da empresa Coamo
De imediato, um dos desafios para fazer uma cooperativa na região de Campo Mourão era a acidez do solo. Tal fator tornava a exploração imprópria. Outra dificuldade era o desconhecimento dos agricultores quanto a tecnologia agrícola. Existiam, a fim de ilustração, apenas 5 tratores na região.
José Aroldo Gallassani foi o agrônomo encarregado de tornar viáveis as condições rurais do lugar.
Juntamente às lideranças locais, a Coamo foi fundada sob a gerência do agrônomo. Sem dúvida, ele sabia da importância de se ter uma cooperativa para o desenvolvimento rural do lugar.
Com a Coamo, que é sigla de Cooperativa Agropecuária Mourãoense, a produção de trigo aumentou. Isso levou ao aluguel de armazéns para receber o volume.
Durante a década de 1970, a Coamo abriu seu primeiro armazém próprio e seus primeiros entrepostos em Mamborê e Engenheiro Beltrão.
A partir de então, a escalada de crescimento, abertura de armazéns, entrepostos e exportações foi certeira com o decorrer dos anos. Assim, novos negócios foram sendo investidos. Em 2000, por exemplo, foi inaugurada a fábrica de margarina.
O antes e depois da Coamo
O que divide a história da Coamo em duas partes importantes é o processo de industrialização.
Na fase de origem, que depreende os anos 1970, as atividades da Coamo se restringiam ao armazenamento, recebimento e comercialização da safra. A companhia também mantinha negócios menores como a comercialização de insumo e sementes.
A segunda fase, por sua vez, corresponde à era da industrialização que ocorreu nos anos 1980. Essa fase é chamada de agroindustrial. Nesse período foram criadas as unidades de esmagamento de soja, além das refinarias de óleo de soja, a já citada fábrica de margarina e ainda a fiação de algodão.
A era industrial alavancou em definitivo a produção da Coamo. Isso, então, refletiu em seu número de exportações e na possibilidade de abastecimento em mais entrepostos.
Atualmente a Coamo representa 3,5% da produção nacional de grãos. Vende mais de 7 bilhões em produtos Coamo de origem agrícola, exporta mais de 4 milhões de toneladas ao ano e fatura quase 1 bilhão de reais com venda de alimentos. Ainda, conta com mais de 28 mil associados.
Esse salto de produção e de expansão do mercado só pôde ocorrer com o processo de industrialização dos meios agrícolas.
A trajetória de solidez
Ao longo de seus 50 anos de existência, a Coamo jamais passou por fase que ameaçasse a operação de seus negócios. Nunca houve grande abalo, mesmo com as instabilidades que o país viveu nesse período, principalmente na crise do petróleo dos anos 1970, a hiperinflação nos anos 1990 ou mesmo agora com a crise instalada em 2016.
Nesse período, em vez de ser engolida por algum conglomerado, outra cooperativa ou até mesmo multinacional, a Coamo incorporou novos associados. Oito cooperativas que estava prestes a fechar ou já tinham encerrado as atividades encontraram novos colaboradores.
E qual o segredo dessa solidez nesses anos todo em nosso conturbado país que chegou a derrubar até mesmo gigantes pelo caminho?
Segundo José Aroldo Gallassini, que veio a se tornar presidente do Coamo após os primeiros quatro anos da cooperativa, em entrevista de 2010, o segredo está em sempre fazer compras à vista ou em pagamentos antecipados. Essa estratégia permite melhor escolha de preços, acesso a um melhor suporte de crédito, além de aumentar a confiança na empresa.
O grande problema das cooperativas que faliram nos últimos anos foi o endividamento altíssimo dos associados dos grupos. Desse mal, a Coamo não sofreu, justamente por preferir pagamento à vista. Isso, certamente, propiciou que incorporasse essas associações falimentares à sua estrutura.
Pensando no futuro
Outra prática que explica a admirável solidez da Coamo durante todas as suas décadas de existência é o de não pensar somente no presente, mas, também, vislumbrar o futuro.
Seja investindo em pioneirismo, tecnologia ou na formação dos mais novos, a Coamo nunca parou no tempo. Suas novas lideranças vão assumir posteriormente o conselho fiscal, os comitês educativos e o conselho de administração, trazendo benefícios a todos os envolvidos.