Praticamente metade dos municípios brasileiros enfrentou eventos de estiagem e seca entre 2013 e 2016. A estiagem e seca são fenômenos naturais que provocam graves repercussões políticas, econômicas e sociais nas regiões em que se destacam. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, entre 2013 e 2016, 2.706 municípios brasileiros registraram eventos de seca ou de estiagem.
Um dado mais preocupante é que quase 60% desses municípios afetados não contavam com um planejamento de prevenção ou redução de dados contra seca e estiagem. Ainda, um balanço realizado pela Confederação Nacional dos Municipais (CNM) apontou prejuízo de mais de 150 bilhões de reais por causa de seca ou estiagem no período entre 2012 e 2015 no Brasil.
O que é estiagem?
Estiagem é um fenômeno climático que tem como principal característica a redução ou o cessar atípico de chuva por determinados períodos do ano.
O significado de estiagem vem da junção de dois termos: estiar + agem. Essas palavras derivam do vocábulo latino “Aestivus” ou “Aestas” que significam “verão, tempo quente”.
Os impactos da estiagem
A consequência mais imediata do período de estiagem com certeza é a redução de recursos hídricos nas regiões assoladas pelo tempo inesperada e excessivamente seco. A diminuição do índice pluviométrico afeta a qualidade do solo e a cheia dos rios, portanto, diminui o volume de água potável à disposição.
Menos recursos hídricos em regiões habitáveis certamente demandam priorização do recurso vital para o consumo humano, sendo preciso retirar dos setores agrícolas, industriais e de serviços. Tal ocorrência acaba comprometendo a produção desses setores e encarecendo os serviços.
O setor elétrico, por exemplo, acaba precisando utilizar as termoelétricas para compensar a falta de água nas hidrelétricas. A geração de energia por meio das térmicas é mais caro e, principalmente, prejudicial ao ambiente.
Com a escassez da água, produtos agropecuários podem ficar em falta no mercado, devido à redução do ritmo de produção. A diminuição da oferta de produtos certamente influencia na subida de preços, afetando o poder de compra das famílias. Estas passam a adquirir menos produtos básicos de subsistência mesmo gastando os mesmos valores de épocas sem estiagem ou secas.
Sem dúvida, um dos grandes prejudicados no setor agropecuário são os pastos que sofrem com a seca do solo e da falta de chuva, afetando a parte de criação bovina e de seus derivados.
Causas da estiagem
Estudos relacionados a épocas de estiagem e ao período anterior à redução de chuvas dão indícios que o principal responsável pelo fenômeno conhecido como estiagem seja o desmatamento. É um dos indícios levantados pelo relatório da ONG WWF Brasil.
A falta de verde com certeza colabora para o aumento da temperatura e, consequentemente, para o clima mais seco, que prejudica a transferência de umidade por frentes frias.
Seca e estiagem
Apesar de serem tratados como sinônimos, seca e estiagem são fenômenos com particularidades que os distinguem entre si.
A estiagem, como vimos, é um período do ano que ocorre uma redução atípica da quantidade de chuvas ou a total ausência de chuvas sobre determinada região. Esse período de tempo seco tem caráter temporário, se estendo por dias ou até semanas, porém, não é tão intenso quanto a seca.
A seca se caracteriza com escassez, má distribuição ou ausência total de chuvas por tempo prolongado, gerando grave desequilíbrio ecológico, repercutindo negativamente em termos sociais, econômicos e culturais.
É importante deixar claro que não se considera seca quando a região em questão tradicionalmente sofre com escassez de chuvas.
Há mais de uma classificação de seca. Vejamos a seguir.
1. Meteorológica
É quando ocorre, de maneira recorrente, redução anormal na quantidade de chuvas em regiões específicas. Esse fenômeno pode ocorrer em todas as regiões do planeta.
2. Agrícola
A seca agrícola é decorrência da seca meteorológica. A falta de chuvas por longo tempo é um dos fatores que impedem o solo de dispor da umidade necessária para satisfazer as necessidades relacionadas à cultura agrícola.
3. Hidrológica
A seca conhecida como hidrológica é verificada por meio da medição do volume de lagos e reservatórios. Mede-se o volume disponível e a média de consumo baseado nos dados de abastecimento de cada região para chegar ao dado de seca hidrológica ou não.
A chuva não é o único ou principal fator para ocasionar esse tipo de seca, pois os recursos disponíveis em lagos, aquíferos e rios são, muitas vezes, usados para atender diversos tipos de demanda, como o consumo humano, de indústrias, elétricas, entre outros setores.
Por isso, mesmo com nível de chuva em padrão normal, a seca hidrológica pode ocorrer em caso de necessidade de abastecimento mais reforçado em razão de problema de outra natureza.
4. Socioeconômica
A seca socioeconômica ocorre como consequência da queda do índice de chuvas por tempo prolongado. A redução provoca diminuição da oferta e alta da procura por água. Tal condição estimula a subida de preços para aquisição do recurso, favorecendo de tal forma pessoas economicamente mais privilegiadas.
Impactos econômicos da seca e estiagem no Brasil
Conforme números apresentados acima, de institutos respeitáveis como IBGE e CNM, ao menos metade dos municípios brasileiros sofreu com episódios de seca e estiagem. Mais da metade desses municípios não conta com um plano estratégico de prevenção ou redução dos impactos causados pela escassez de recursos hídricos.
Entre 2012 e 2015, o prejuízo causado pela seca e estiagem no país superou 151 bilhões de reais, isso somando os gastos de setor público e privado.
Com certeza, a região mais afetada por esses problemas climáticos foi a do Nordeste. A região, nesse mesmo período, teve gastos que representaram 69% do total gasto pelo país com os problemas de estiagem e seca. Isso representa 104 bilhões de reais.
Sem dúvida, o setor que apresentou mais prejuízos em decorrência da falta ou redução de chuvas foi a agricultura. O acúmulo de 4 anos de gastos em relação a problemas dessa natureza totalizaram 116,2 bilhões de reais.
Na sequência da agricultura, vem o setor da agropecuária. Esse setor, no mesmo período, teve despesas que alcançaram a soma de 24,6 bilhões de reais.
O impacto da estiagem e da seca na indústria certamente não foi tão pesado em comparação aos outros setores citados, no entanto, não deixou de apresentar prejuízos consideráveis. O gasto foi de mais de 1 bilhão de reais.