A gralha-azul é ave símbolo do Estado do Paraná e mascote de um importante clube de futebol do estado. Há toda uma lenda que envolve a gralha-azul e a floresta de araucária localizada no Paraná. A ave estaria relacionada à formação da floresta e a pelugem chamativa do pássaro seria consequência de seu trabalho nesse tipo de floresta.
A alimentação da gralha-azul é onívora e não apresenta dimorfismo sexual ou diferenças de coloração entre machos e fêmeas. Para fazer a diferenciação, é preciso medir o tamanho de cada ave. A gralha-azul é muito popular mo Brasil, sendo mais presente na região sul do país.
O que é gralha-azul?
Gralha-azul é um pássaro do grupo dos passeriformes da família Corvidae. Seu nome científico é Cyanocorax caeruleus que vem do grego kuanos, “azul intenso”, e korax, “corvo”, bem como do latim caeruleus, “azul escuro”, “azul celeste”.
A junção seria algo como “corvo azul celeste”.
Esse nome vem principalmente da coloração de suas penas. Suas asas e tronco recebem penas de um azul bem vívido. Parte do peito, o pescoço inteiro e a cabeça recebem penas de coloração negra.
A sua relação com o Estado do Paraná, sem dúvida, é muito forte, tanto que é considerada um dos símbolos do Estado, previsto em lei. Nessa região está muito associada à floresta araucária, contudo, está mais presente em áreas da planície litorânea e da Mata Atlântica.
Características da gralha-azul
O pássaro de nome gralha-azul chega a medir 40 cm de comprimento. As penas se dividem em azul vivo nas asas e tronco e preto em parte do peito, no pescoço e em toda a cabeça.
Não há diferenciação de plumagem ou na aparência em relação a machos e fêmeas, portanto, não há dimorfismo sexual. Para fazer a diferenciação entre os gêneros, é preciso avaliar a altura. As fêmeas são ligeiramente menores em relação aos machos.
A comunicação da gralha-azul é considerada complexa, pois conta com 14 termos vocais. Ou seja, com gritos bem distinto do outro.
Essa ave é do tipo gregário, assim, vive em bandos que podem chegar a até 15 membros que se organizam de forma hierárquica.
Um dos motivos para essa sociabilidade é a formação de grupos familiares constituídos em parte por filhotes de gralha-azul de ninhada anterior que ficam nos ninhos auxiliando os pais na criação de seus irmãos.
Os filhotes passam a seguir caminhos próprios quando a segunda geração está bem desenvolvida e a terceira está a caminho.
Passeriformes
Os passeriformes são uma grande ordem de classe de aves que chega a quase 6 mil espécies. São mais popularmente conhecidos como pássaros e passarinhos.
Reprodução da gralha-azul
O chamado período reprodutivo tem início em março e segue até outubro. Então, todos os integrantes do bando se mobilizam para a construção do ninho, feito no alto das árvores.
A árvore preferencial é a araucária, bem na sua coroa central. O ninho tem a forma de xícara e pode ter até 50 cm de diâmetro e é formado, principalmente, por gravetos.
A cor dos ovos é azul com branco e, em média, surgem 4 a cada postura.
Alimentação da gralha-azul
Praticamente todas as espécies de gralha são onívoras. E não é diferente no caso da gralha-azul.
Alimentação onívora é uma dieta à base de carne e de frutas e verduras. Quanto aos animais, pelo fato de gralha-azul não ser de porte grande, suas caças também não são muito grandes. No entanto, no caso das frutas e verduras, o cardápio é bem variado.
Uma das frutas que está fortemente associada à ave no imaginário popular é o pinhão. Assim, esse fruto nos leva a contar a lenda que existe acerca da gralha-azul.
A lenda da gralha-azul
Diz a lenda que, nos primórdios, a gralha-azul era na verdade parda. Mas, cansada de se sentir inútil, decidiu pedir a Deus uma missão que a fizesse relevante. Deus, atendendo o seu pedido, lhe deu um pinhão.
A ave naturalmente começou a comer do fruto, a parte mais fina usando o bico com força e cuidado. A parte mais grossa do pinhão resolveu deixar para depois e decidiu guardá-la debaixo do solo.
Contudo, decorridos dias, ela acabou se esquecendo do local que enterrou parte do fruto. Acabou encontrando, no entanto, na localidade que lembrava ter enterrado, uma pequena árvore, uma araucária.
Animada, começou a cuidar da árvore com muito zelo, pois percebeu qual seria a sua missão e a sua importância.
Quando a árvore cresceu e começou a dar frutos, fez o mesmo processo. Então, se alimentou consumindo metade do pinhão e enterrando a parte mais gorda no solo, ocasionando o nascimento de mais árvores da mesma espécie.
Rapidamente, segundo a lenda da gralha-azul, as árvores cobriram boa parte do Estado paranaense, chegando à marca de milhares de pinheiros.
Esse conjunto de árvores deu origem ao que conhecemos hoje como floresta da Araucária.
Quando Deus viu o que a gralha-parda tinha feito, se agradou enormemente e resolveu premiá-la.
Suas penas foram pintadas de azul para que todos pudessem distingui-la. E também para se destacar, como prêmio pelo seu esforço e dedicação.
O que há de concreto na lenda?
Estudos posteriores sobre a gralha-azul verificaram que a lenda, mesmo sendo apenas uma lenda, usou bem algumas das características da ave para desenvolver a história.
De fato, a gralha-azul tem como característica se alimentar de pinhões e enterrá-los não só na terra, como também em troncos de árvores caídos no chão. No entanto, não consomem apenas a metade ou parte do fruto, obrigatoriamente, para depois enterrá-lo. Assim, elas os estocam com o objetivo de garantir sustento para os próximos dias e semanas.
E realmente acabam sendo um tanto dispersas. Por isso, esquecem dos locais que enterram o fruto ou simplesmente não conseguem dar conta do estoque.
Tal esquecimento ou demora favorecem o crescimento de árvores de Araucária, sendo provavelmente uma das principais disseminadoras da árvore pelo Estado do Paraná.
Distribuição geográfica
A gralha-azul se localiza mais ao sul do país, desde o sul do Rio de Janeiro até o norte do Rio Grande do Sul. Apesar de ser mais conhecida como habitante de floresta de araucárias, seu habitat não se limita a esse tipo de terreno. Também pode ser vista na Mata Atlântica da Serra do Mar.