Responsável por sub-órgãos importantes como Centro de Previsão de Tempo, INPE sofre com a falta de repasses do governo
O INPE foi criado no início da década de 1960. A ideia inicial era conseguir se igualar aos países que já estavam na conhecida “corrida espacial”.
Embora seu sucesso não seja comparável ao dos Estados Unidos ou da União Soviética, o INPE é responsável por diversas inovações. No entanto, ao longo dos últimos anos, o órgão tem sofrido duramente com a falta de repasses do governo. O que pode prejudicar o agronegócio, uma vez que o órgão é responsável por estudos de previsão de tempo.
O que é INPE?
INPE é uma instituição que começou a ser criada em agosto de 1961 pelo então presidente da República Jânio Quadros. Originalmente conhecida como GOCNAE (Organização da Comissão Nacional de Atividades Espaciais) e subordinada ao CNPq (Conselho Nacional de Pesquisas), ele deveria estimular a pesquisa e avanços de trabalhos científicos ligados ao Espaço.
Mais tarde, o GOCNAE acabou recebendo o status de instituto. Assim, seu nome foi modificado para o significado de INPE, ou seja, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
História
Fundada em 3 de agosto de 1961, a então conhecida como Organização da Comissão Nacional de Atividades Espaciais teve sua sede estabelecida na cidade de São José dos Campos, no estado de São Paulo.
Diante da enorme excitação mundial com as conquistas cada vez mais impressionantes de organizações internacionais em relação ao espaço, a finalidade principal da organização era, justamente, conquistar seu próprio lugar neste ramo da ciência.
Entretanto, apenas uma década mais tarde, a GOCNAE foi extinta e imediatamente substituída pelo INPE.
Com a mudança, o INPE passou a ficar sob a responsabilidade da Comissão Brasileira de Atividades Espaciais (COBAE), porém, permanecia subordinada ao CNPq.
Desde então, a importância do instituto é maior a cada dia. Hoje, ele é responsável por diversas frentes que ajudam a compreender a previsão do tempo e as mudanças meteorológicas. Com a ajuda de seus satélites, é possível também monitorar as queimadas e desmatamentos por todo o Brasil.
Além disso tudo, o INPE monitora também o clima espacial. Isso ajuda a compreender melhor a interação do Sol com a Terra e como o clima espacial pode interferir com o que acontece nas Terras Brasileiras.
Divergências entre Ministérios
Embora o INPE esteja sob a responsabilidade do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, atualmente chefiado pelo ex-astronauta Marcos Pontes, sua eficácia tem causado divergências entre ministros.
Enquanto o responsável pela pasta da Ciência alega que há um grande desfalque devido à falta de repasses – que tem afetado o Ministério desde 2015 – e clama por mais investimentos, o Ministro do Meio Ambiente discorda.
Ao final do segundo semestre de 2019, Ricardo Salles, inclusive, chegou a recriminar o INPE. Segundo o Ministro do Meio Ambiente, o Instituto seria o responsável pelo desmatamento cada vez maior da Amazônia.
O INPE, no entanto, alega que mesmo apesar da falta de repasses, alertou sobre o crescimento de 88% do desmatamento em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo o instituto, milhares de alertas foram emitidos no período, sem resultados.
Por este motivo, o Ministro do Meio Ambiente pretende retirar a responsabilidade deste monitoramento do Instituto. Segundo Salles, este aumento prova a necessidade de privatização deste serviço e que o desmatamento deve ser controlado sem que necessariamente tenha um impacto na economia do país.
Centros Regionais e demais localizações
Apesar das divergências que surgiram em 2019 entre dois Ministérios e as supostas ações do INPE, em seus quase 60 anos de história, o Instituto se provou cada vez mais necessário. Ao longo dos anos ele foi o responsável por capacitar profissionais e atuar ativamente em diversas frentes das Pesquisas Espaciais.
Para tanto, a sede de São Paulo já deixava de ser suficiente. Para poder realmente executar os estudos em um país de dimensões continentais, como é o Brasil, o INPE passou a implementar centros regionais por todo o país. Hoje é possível encontrar laboratórios e outras instalações do INPE. Estas são:
- Centro Regional do Nordeste;
- Centro Regional Sul de Pesquisas Espaciais;
- Centro Regional da Amazônia.
Cada um foi implantado em um período diferente, com o intuito de ampliar e melhorar os serviços oferecidos pelo INPE.
Centro Regional do Nordeste
O Centro Regional mais antigo foi implantado ainda na década de 1970. Ao firmar um convênio com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, o INPE passaria então a ter uma maior proximidade de Barreira do Inferno.
A localidade é até hoje utilizada para o lançamento de foguetes e balões e é uma das principais responsáveis pela operação de satélites do Brasil.
Centro Regional Sul de Pesquisas Espaciais
Este é o Centro responsável principalmente pelas pesquisas de interação do Sol com a Terra. Ele foi implantado mais de duas décadas depois do primeiro Centro Regional e quase quatro décadas após o surgimento do INPE.
Sua sede fica na Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. E as principais atividades são baseadas nos impactos que o clima espacial tem na atmosfera e até mesmo nos oceanos.
Ele é também o responsável pelo Observatório Espacial do Sul, que fica a cerca de 60 km de Santa Maria.
Centro Regional da Amazônia
O Centro Regional da Amazônia foi criado devido a uma portaria de 2007. Ele tem apenas 10 anos de atuação. Suas principais funções são receber os dados enviados por satélites, assim, possibilitando os estudos de mudanças de clima na Amazônia e regiões adjacentes.
Este é também o Centro Regional responsável pelo monitoramento e pelos alertas de desmatamento.
Quais os outros serviços oferecidos pelo INPE?
O INPE tem, portanto, diversas responsabilidades. Estas podem variar desde o desenvolvimento de pesquisas espaciais até o monitoramento do desmatamento da Amazônia.
Por isso, são muitos os serviços ofertados pelo instituto. Embora alguns sejam restritos à comunidade científica, outros podem ser acessados pelo grande público. Os serviços de previsão do tempo, por exemplo, são facilmente acessados pelo site do órgão.
Desde 2018, agricultores também podem ter acesso ao SOS Chuva, aplicativo desenvolvido pelos cientistas do instituto que tem como intuito alertar e armazenar informações sobre as chuvas. A precisão do aplicativo é tamanha que as chuvas são identificadas em um raio de 1km e antecedência que pode variar entre 30 minutos e 6 horas.
É, então, inegável a importância que tem o INPE para o Brasil. Seus serviços atuam como uma enorme contribuição não apenas para os cientistas focados no espaço, como também para aqueles que pretendem compreender melhor como o clima pode afetar o agronegócio.