A inversão térmica é o fenômeno responsável pela retenção de poluentes nos ambientes urbanos
A inversão térmica é um fenômeno atmosférico comum nos grandes centros urbanos industrializados, principalmente naqueles localizados em áreas cercadas por serras ou montanhas.
A inversão térmica consiste no bloqueio de circulação do ar frio, que é mais denso, por uma camada de ar quente, que é menos denso. Esse processo, por fim, acaba provocando uma alteração na temperatura.
O que é inversão térmica?
Em suma, a inversão térmica é um problema ambiental urbano causado pela retenção de ar frio próximo à superfície das cidades, evitando que os poluentes se dispersem na atmosfera.
Como resultado, o espaço geográfico adquire uma característica cor cinzenta. A ocorrência da inversão térmica é considerada natural. No entanto, os efeitos desse fenômeno se tornam nocivos por causa da emissão de gases poluentes que ocorre sobretudo nas grandes cidades.
É importante ressaltar que a inversão térmica é um fenômeno natural que acomete também as áreas rurais e com baixo grau de industrialização. No entanto, sua intensificação e seus efeitos nocivos só são sentidos quando há gases poluentes na atmosfera, o que é mais comum nas grandes cidades.
Como ocorre a inversão térmica?
Para explicar como ocorre a inversão térmica, é importante esclarecer duas questões. A primeira é que o ar quente sempre sobe, em razão de ser menos denso, e o ar frio sempre desce, uma vez que é mais denso (ou seja, pesado). A segunda é que a superfície da Terra, por refletir os raios solares, sempre aquece o ar mais próximo do chão.
Dessa forma, o ar quente e que está mais próximo da superfície vai para cima, enquanto o ar mais frio da atmosfera desce. Quando esse ar frio se chega mais perto do solo, ele se torna mais quente, novamente; recomeçando o ciclo que forma as células que transferem o calor da atmosfera.
Quando ocorre em condições normais, esse movimento contribui para a renovação do ar utilizado na respiração. Além disso, proporciona uma maior movimentação das massas e dos ventos.
Inversão térmica em ambientes poluídos
A inversão térmica ocorre, portanto, quando os raios solares – geralmente em finais de tarde ou nos dias mais frios do inverno – ficam mais fracos e a superfície da Terra fica com a capacidade de aquecer o ar diminuída.
Em razão desse resfriamento da superfície, o ar frio fica estacionado sobre o solo e acaba sendo recoberto por uma camada de ar quente, que por sua vez também não consegue se movimentar. Essas são, portanto, as causas da inversão térmica.
Esse processo, embora não seja corriqueiro, não teria nenhuma consequência negativa em condições normais. Em uma área poluída, entretanto, ele se torna o responsável por “segurar” os gases poluentes emitidos nos espaços urbanos, como os que vem de chaminés das fábricas e, principalmente, dos escapamentos dos carros e ônibus.
Consequências da inversão térmica
Entre as consequências da inversão térmica em ambientes com concentração de gases poluentes, portanto, está o aumento dos índices de poluição do ar, que é um grave problema urbano.
O rodízio de carros, a instalação de filtros nos escapamentos dos ônibus e a imposição de sanções contra fábricas poluidoras, por exemplo, são ações possíveis que já foram colocadas em prática em cidades como São Paulo e Pequim.
Consequências da poluição do ar
A poluição do ar, em suma, é a presença de contaminantes ou de substâncias poluidoras no ar atmosférico, sejam elas gases, partículas ou compostos orgânicos voláteis que interferem na saúde e no bem-estar humano, além de causar efeitos danosos ao meio ambiente.
Quanto mais poluído o ar, maior é a incidência de doenças respiratórias na população. Entre elas estão a bronquite, o enfisema e até o câncer. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), há evidência suficiente de associação entre poluição ambiental e câncer de pulmão e de bexiga.
Além disso, a poluição causa problemas ambientais, deixando o ar das cidades mais “sujo” e com uma aparência mais escura.
As indústrias, como a siderúrgica, a química, a alimentícia e a de petróleo são importantes fontes de poluição do ar. Nas grandes cidades, entretanto, os maiores responsáveis pelo problemas são os veículos automotivos, que emitem gás carbônico por resultado da combustão da gasolina e do diesel.
Condições que potencializam o efeito da inversão térmica
A ausência de ventos, por exemplo, agrava os efeitos da inversão térmica porque dificulta ainda mais a dispersão dos poluentes. O frio é outro fator a ser considerado já que, como explicado anteriormente, reduz a capacidade da superfície de aquecer o ar mais pesado para que ele suba.
A falta de chuvas também contribui para que os poluentes fiquem retidos nas proximidades da superfície. Por essa razão, o inverno é a época do ano na qual as consequências da inversão térmica são mais sentidas.
Afinal, além de temperaturas mais baixas, esta estação geralmente registra menores índices pluviométricos (de chuva).
Como conter os efeitos da inversão térmica
Como já foi explicado, a inversão térmica é um fenômeno natural e portanto não pode ser evitado. Na verdade, a causa dos transtornos não é o fenômeno em si, mas a combinação dele com a poluição.
Em razão disto, o que deve ser combatido é a poluição do ar. Para isto, devem ser adotadas pelas grandes cidades medidas como:
- Monitoramento e controle das fontes de poluição fixas e móveis;
- Incentivo a uma política de mobilidade urbana que reduza cada vez mais a necessidade do uso do carro;
- Criação de mais áreas verdes para captação de mais CO2 (gás carbônico);
- Práticas ecológicas para economia de energia e otimização da estrutura energética;
- Aumento dos sumidouros de carbono, além de capacitação de recursos humanos e geração de novas tecnologias;
- Inversão térmica e os microclimas;
- A inversão térmica é um bom exemplo de como os chamados microclimas (variação localmente distinta do padrão climático geral em decorrência de condições físicas específicas, como a topografia, a vegetação e o solo) se tornaram um motivo de preocupação.
Isto porque, independentemente das condições climáticas globais, o tempo nas cidades assume características próprias, que por vezes contribuem para um ambiente prejudicial à qualidade de vida da população.
Ilhas de calor
A ilha de calor são fenômenos que, assim como a inversão térmica, acometem principalmente as cidades grandes cidades.
As ilhas de calor são consequência da alta concentração de asfalto e concreto. Esses elemento retém o calor e, consequentemente, elevam a temperatura média dos centros urbanos.
Outro fator que também contribui para a elevação da temperatura é a escassez de árvores e plantas. A propósito, as temperaturas das áreas rurais costumam ser mais amenas justamente porque elas possuírem vegetação mais abundante. Além disso, têm menos prédios e áreas asfaltadas.
Inversão térmica na China
Recentemente, uma foto da Nasa mostrou uma nuvem de poluição se locomovendo da China em direção ao resto da Ásia. Essas nuvens são formadas sobretudo por partículas tóxicas das indústrias na região de Pequim, capital da China. Um estudo recente afirma que resíduos da poluição chinesa chegam até a costa dos EUA.
A conclusão é que a inversão térmica, fenômeno comum nesta cidade, evita que o ar sujo suba. No entanto, não impede que ele se desloque para os países vizinhos.