A necrose é uma condição que preocupa não apenas os profissionais da saúde humana, mas também o homem do campo
A necrose é um processo bastante preocupante quando acontece no corpo humano, estando diretamente associado a diversos males da saúde. Infecções, traumas e doenças específicas podem ser a causa dessa condição.
Mas engana-se quem pensa que essa é uma preocupação apenas dos profissionais da saúde humana. A necrose é uma condição que também pode afetar outros animais e até plantas, tornando-se um problema para o homem do campo.
O que é necrose?
Necrose é a degeneração e morte de células de um tecido pertencente a um organismo vivo.
Pode parecer óbvio, mas isso significa que não faz sentido utilizar esse termo para designar a perda de coloração (ou até escurecimento) de materiais não orgânicos. Rochas, solo e superfícies inorgânicas não necrosam, mas passam por outro tipo de fenômeno.
Isso também nos permite concluir que a necrose pode acontecer com qualquer tipo de organismo. Não somente animais, mas até plantas, fungos e organismos mais ou menos complexos podem sofrer dessa condição.
A necrose é o processo final na morte de uma célula.
Define o processo progressivo de degeneração pelo qual um organismo vivo (ou parte dele) está passando ao chegar perto de seu ciclo de vida. Trata-se de um evento geralmente irreversível, de causa natural ou motivado por um agente externo ou interno.
O que causa a necrose?
A necrose pode ter uma série de fatores associados. Até mesmo a causa natural pode ser apontada como uma das responsáveis pela morte celular dos tecidos.
Entretanto, o que causa a necrose são geralmente fatores externos e internos, e são frequentemente motivadas pelos seguintes agentes:
- Agentes físicos: causada pela ação mecânica, efeitos magnéticos, temperatura, radiação e outros meios físicos;
- Agentes químicos: causada pela ação de substâncias tóxicas e não-tóxicas, tais como álcool, detergente, drogas e outros compostos;
- Agentes biológicos: causada pela ação de organismos vivos e infecções que podem ser de origem viral, bacteriana, parasitológica e outros.
Outro tipo de causa comum de morte de tecido é a insuficiência circulatória, responsável pela chamada necrose isquêmica.
Necroses de infarto (comum em doenças de coração, em seres humanos), úlceras de decúbito (morte celular por conta de manutenção de posição por longo período de tempo) e vasoconstrições são os tipos mais comuns.
A necrose em plantas
As plantas têm como forma de obtenção de nutrientes a fotossíntese, responsável pela produção do substrato para seu sustento.
O substrato é essencial por fornecer os compostos necessários para o desenvolvimento do organismo. Sem ele, a planta pode passar pelo processo de necrose, que também pode ser motivado pelos agentes explicados acima.
Contudo, a deficiência de nutrientes na planta é mais difícil de ser observada e aspectos visuais não são suficientes para decretar a morte celular.
A observação cuidadosa do organismo em todas as suas partes (raiz, caule, folha, flor e fruto), bem como do funcionamento e resposta, pode ajudar a esclarecer a presença ou não de necrose.
No caso das plantas, a necrose não está sempre associada ao surgimento das manchas pretas. Coloração esbranquiçada ou amarelada também podem ser indicação de morte celular.
Outros fatores também podem servir de pistas para um diagnóstico mais preciso, tais como:
- Encurtamento de partes da planta;
- Enrugamento das margens de folhas e flores;
- Surgimento de manchas brancas, pretas ou amarelas em todas as partes do vegetal;
- Partes da planta muito quebradiças;
- Dobramento ou surgimento de curvas acentuadas e aceleradas em partes do vegetal.
Até mesmo a direção no surgimento desses sintomas pode ajudar a indicar a presença de um processo progressivo de necrose.
Se o surgimento de manchas acontece das folhas para o caule, esse pode ser um indicativo de pragas. Se o inverso acontece, a hipótese de necrose celular não pode ser descartada.
Os tipos de necrose
Ao falarmos dessa condição, é normal pensarmos que deve haver vários tipos de necrose.
Contudo, por se tratar de uma condição bem definida (morte celular progressiva e irreversível), costuma-se dizer que a morte celular é classificada pelo que a causou. No entanto, mesmo a causa pode desencadear processos necróticos diferentes.
Os tipos de necrose a seguir são usados na classificação dessa ocorrência em animais, mas principalmente seres humanos.
- Necrose caseosa: tipo de morte celular que causa manchas esbranquiçadas e amareladas, bem comum em casos de tuberculose;
- Necrose gangrenosa: degeneração motivada pela falta de sangue (e nutrientes) em determinada área do corpo ou membro, causando o chamado efeito “pele de múmia” em que se nota o endurecimento e secamento da região;
- Necrose de coagulação: também conhecida como necrose isquêmica, acontece pela falta de fornecimento de sangue, mas associado à perda sanguínea;
- Necrose fibrinoide: mais frequente em doenças autoimunes, com o surgimento de manchas de coloração amarela e branca;
- Necrose de liquefação: decorrente de infartos cerebrais e infecções, especialmente bacterianas. A morte celular é motivada pelo aparecimento de leucócitos que tentam atacar o organismo invasor.
Esses tipos de necrose também podem ser observados em animais, principalmente aqueles criados no campo. Porém, a classificação pode ser desafiadora, especialmente por conta das diferenças de causas entre os seres humanos e outros animais.
Diferença e semelhança com a apoptose
Esses dois termos fazem referência à morte celular, mas é incorreto dizer que eles são sinônimos.
A necrose é uma condição motivada por um agente interno ou externo e não faz parte do ciclo natural de um ser vivo.
A apoptose, por outro lado, é o que é chamado de morte celular programada. Esse fenômeno pode surgir normalmente a partir dos processos fisiológicos do organismo.
Trata-se de uma condição facilmente observada em organismos de vários níveis de complexidade, desde os mais simples até os mais complexos.
Tratamento da morte celular
Por se tratar de uma condição progressiva e irreversível, não faz sentido falar em cura de um processo necrótico. O tratamento e interrupção do processo são as manobras mais recomendadas.
Em animais, curativos diários e cirurgias de pequeno porte são as indicações mais frequentes para lidar com a maioria das necroses.
No caso de seres humanos, por uma questão estética, também se recomenda o enxerto para restabelecer as áreas afetadas.
Em plantas, o tratamento é semelhante, mas é mais difícil identificar os processos necróticos. O procedimento geralmente envolve a verificação dos sinais funcionais da planta e a remoção das áreas necrosadas.
A necrose, portanto, é uma condição importante e que exige muita atenção ao ser observada, tanto em animais como em plantas.