Agronegócio

Permacultura propõe o equilíbrio entre a vida humana e a natureza

Permacultura propõe o equilíbrio entre a vida humana e a natureza

Permacultura e sua ética de preservação

A permacultura foi elaborada pensando em práticas sustentáveis, conscientes e ecológicas. Nela, as ações humanas são trabalhadas em prol da maior preservação e conservação da natureza, assim como dos recursos que há disponíveis nela.

As atividades da permacultura são, portanto, regidas por princípios e éticas básicas de atuação. Aliás, a maior preocupação está em cuidar da terra, cuidar das pessoas e partilhar o excedente. Além disso, o conceito de permacultura envolve também agricultura e educação.

Prática de permacultura

O que é permacultura?

Segundo Bill Mollison (1999) – naturalista e conhecido como ‘pai da permacultura’ –  a permacultura tem como objetivo a elaboração, execução e manutenção de ecossistemas que gerem produtividade e, ainda assim, mantenham a diversidade e a conservação da natureza dos ecossistemas. Além disso, ela busca disponibilizar energia, abrigo e alimentação para os seres humanos, sempre de maneira harmoniosa em relação ao meio ambiente.

conceito de permacultura nada mais é do que planejar e executar ocupações humanas voltadas para a sustentabilidade. Além disso, busca interligar ações antigas aos modernos conhecimentos e desenvolvimento das áreas; como as ciências agrárias, a arquitetura, engenharias e ciências sociais, sempre voltados para o que permeia a ecologia.

Origem da permacultura

As práticas da permacultura foram criadas pelos ecologistas e naturalistas australianos Bill Mollison e David Holmgren, durante a década de 70. Os dois basearam-se no modo de vida ligado à natureza das comunidades tradicionais da Austrália.

As atividades são aplicadas de modo criativo segundo os princípios básicos da natureza. Assim, fazendo associação às plantas, aos animais, às construções e às pessoas em um ambiente voltado para a produção e com harmonia estética.

Além de ser um método para o planejamento de sistemas de escala humana, a permacultura também busca visualizar o mundo de forma ampla, assim como as interações entre todos os seus componentes. Por isso, ela pode ser aplicada tanto para dar estrutura ao habitat humano como para resolver questões difíceis do mundo empresarial.

Ela possui um modo sistêmico de proporcionar e pensar em meios ecológicos que podem ser realizados para criar, gerir, projetar e melhorar as atividades dos indivíduos, das famílias e das comunidades, almejando um futuro e vidas sustentáveis.

Sua origem vem da cultura permanente do ambiente. O intuito é, portanto, estabelecer hábitos e costumes diários de uma vida simples e ecológica. Ela almeja um estilo de vida e de cultura em relação direta de equilíbrio com o meio ambiente. Interliga as atividades de autoprodução dos aspectos básicos da vida, como, por exemplo:

  • Alimento;
  • Moradia;
  • Saúde;
  • Transporte / locomoção;
  • Bem-estar;
  • Educação;
  • Energia renovável;
  • Descarte de resíduos.

Ligada às atividades agrícolas, a permacultura une o conhecimento tradicional com as descobertas modernas. Ela possibilita o desenvolvimento integrado da propriedade rural de modo seguro para o agricultor familiar e seus parentes.

Aspectos da Permacultura

Em meio ao significado de permacultura, seus principais aspectos são:

  • Sistema que cria comunidades humanas sustentáveis, interligando ecologia ao design;
  • Síntese do conhecimento tradicional e das técnicas modernas, como atividades aplicáveis ao meio rural e ao meio urbano;
  • Tem como modelo os sistemas naturais e utiliza a natureza para trabalhar. Assim, projeta ambientes mais sustentáveis que garantem as necessidades básicas e as infraestruturas apropriadas;
  • Estimula ações para soluções conscientes frente aos problemas locais e globais.

Ética da permacultura

A permacultura é sustentada por três princípios éticos. Eles são valores de orientação para a atuação das pessoas que aderem à permacultura e este estilo de vida. Assim, todos os princípios éticos estabelecidos vão contra a dominação da natureza, ao individualismo e a competitividade. São eles:

  • Cuidar da terra: a ação do homem sobre o meio ambiente e seus recursos deve ser realizada respeitando todos os elementos disponíveis na natureza. Como, por exemplo, os solos, a fauna, a flora, a água, levando em conta que a natureza será sempre uma aliada;
  • Cuidar das pessoas: importante assegurar o bem-estar das pessoas e cultivar relações saudáveis e benéficas em comunidade. Assim, permitindo que todos possam viver em harmonia e reciprocidade;
  • Distribuição dos excedentes ou partilha justa: significa que os seres humanos devem partilhar os recursos. Como, por exemplo, alimento e energia, de forma justa e igualitária, fazendo a redistribuição de todos os excedentes. Portanto, esse princípio gira em torno de miséria e riqueza. A miséria de uma maioria não deve ser usada para manter a riqueza de uma minoria.

Princípios da Permacultura

Princípios da permacultura

A permacultura envolve 12 princípios de design que devem estar de acordo com todos os princípios éticos. Cada um dos 12 princípios é acompanhado por um ícone e por um ditado que o exemplifica. São eles:

  1. Observe e interaja: “determinando tempo para engajar-nos com a natureza, podemos desenhar soluções adequadas à nossa situação particular”.
  2. Capte e armazene energia: “desenvolvendo sistemas que arrecadem recursos que estejam no pico de abundância, podemos utilizá-los quando houver necessidade”.
  3. Obtenha rendimento: “assegure-se de que esteja obtendo recompensas verdadeiramente úteis como parte do trabalho que você está fazendo”.
  4. Pratique auto-regulação e aceite retornos: “precisamos desencorajar atividades inapropriadas para garantir que os sistemas continuem funcionando bem”.
  5. Utilize e valorize recursos e serviços renováveis: “realize o melhor uso da abundância da natureza para reduzir nosso comportamento consumista e nossa dependência de recursos não renováveis”.
  6. Evite o desperdício: “valorizando e fazendo uso de todos os recursos que estão disponíveis para nós, nada será desperdiçado”.
  7. Projete dos padrões aos detalhes: “dando um passo atrás, podemos observar padrões na natureza e na sociedade. Estes padrões podem formar a espinha dorsal de nossos projetos, com os detalhes sendo preenchidos conforme avançamos”.
  8. Integrar ao invés de segregar: “colocando as coisas certas no local certo, fazemos com que as relações entre uma e outra se desenvolvam e, assim, elas passam a trabalhar juntas para ajudar uma à outra”.
  9. Utilize soluções pequenas e lentas: “sistemas pequenos e lentos são mais fáceis de manter do que sistemas grandes, fazendo uso mais adequado de recursos locais e produzindo resultados mais sustentáveis”.
  10. Utilize e valorize a diversidade: “a diversidade reduz a vulnerabilidade à uma variedade de ameaças e, dessa forma, tira vantagem da natureza única do ambiente na qual reside”.
  11. Utilize bordas e valorize elementos marginais: “a interface entre as coisas é onde os eventos mais interessantes ocorrem. É onde frequentemente estão os elementos mais valiosos, diversificados e produtivos de um sistema”.
  12. Utilize e responda criativamente às mudanças: “podemos ter um impacto positivo nas mudanças inevitáveis se as observarmos com atenção e, assim, intervirmos no momento certo”.

Tipos de permacultura

Jardim de permacultura

Há muitos tipos de permacultura rural e permacultura urbana. Entre eles podemos citar, por exemplo, o ‘Banheiro Seco’, que consiste na reutilização de fezes e urina humana como fertilizante.

Há também a ‘Horta Mandala‘, que consiste em vários micro climas em um mesmo canteiro e possibilita maior harmonia na área, pois tem um cultivo diversificado. Além disso, também possibilita uma maximização do uso de água de irrigação com seu formato circular.

Além desses, os outros tipos mais importantes de permacultura são, por exemplo, o ‘Minhocário’, o ‘Canteiro Redondo’, o ‘Ciclo de Bananeiras’ e o ‘Galinheiro Rotatório’.

ACESSO RÁPIDO
    Joana Gall
    Joana Gall é técnica em agropecuária pelo Instituto Federal Catarinense e atua na pesquisa sobre as mulheres rurais de Camboriú, em Santa Catarina.

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