Uma quimera, bastante comum na mitologia e nos filmes de ficção científica, é um fenômeno que pode ocorrer no reino animal ou vegetal
Bastante raro no reino animal e vegetal, o quimerismo é o acidente genético responsável por produzir o indivíduo que a ciência chama de quimera.
A quimera também é uma palavra que está fortemente ligada à mitologia, sendo geralmente associada a uma criatura composta por vários animais diferentes. Contudo, na agricultura, é uma ocorrência de mutações celulares.
O que é quimera?
Quimera é um único organismo composto por uma célula com genótipos distintos. Esse fenômeno pode acontecer tanto no reino animal quanto no vegetal.
Em animais, isso significa que um indivíduo é derivado de dois ou mais zigotos.
Como resultado, ele pode ter algumas anomalias bem específicas. Exemplos são indivíduos com mais de um tipo sanguíneo e manifestações de fenótipos distintas.
No reino vegetal, entender o que é quimera exige uma inspeção cuidadosa.
Isso acontece porque o fenômeno às vezes não é percebido a olho nu. Somente uma análise minuciosa ou teste genético pode identificar o quimerismo.
Nas plantas, os tecidos de tipos distintos podem até mesmo ser provenientes de um mesmo zigoto. Entretanto, a diferença acontece por conta de mutações nas células.
Essa é uma condição que, em ambos os casos, pode ser indiferente, prejudicial ou benéfica.
Isso vai depender muito de seu tipo de manifestação. Até mesmo a manipulação humana dos cruzamentos pode ter impactos.
Em plantas, por exemplo, a mistura de diferentes genótipos e fenótipos pode ser favorável. Em alguns casos, ocorre a produção de frutos e flores diferentes. Esse é um resultado esperado por alguns agricultores que forçam o quimerismo.
Contudo, plantas quimeras podem não produzir tipos de células essenciais para seu desenvolvimento. Isso acaba acarretando a morte prematura do organismo.
Quimera animal e mitologia
É difícil falar na palavra quimera e não lembrar da mitologia. Afinal, essa palavra é constantemente usada em contos e histórias para representar uma criatura bizarra formada pela união de diferentes animais.
A quimera animal é uma figura mística. Ela é caracterizada pela aparência híbrida de dois ou mais animais. Além disso, costuma-se associar a ela a capacidade de cuspir fogo pela boca. Portanto, nesse caso, trata-se realmente de uma criatura mitológica.
Os primeiros relatos da quimera datam do século VII a.C. Oriunda da Grécia, essa criatura sempre exerceu atração no imaginário popular.
De acordo com os contos gregos, esse animal teria surgido fruto da união de Equidna (monstro metade mulher e metade serpente) e o gigantesco Tifão.
Entretanto, outras lendas dão origens diferentes para a quimera.
Com relação a sua aparência, normalmente desenha-se essa criatura de três formas principais:
- corpo de um leão, cabeça de uma cabra e cauda de uma serpente;
- cabeça e asas de um dragão, corpo e cabeça de um leão e cauda de uma serpente;
- Corpo e cabeça de um leão, cabeça e asas de um dragão, cabeça de uma cabra, patas de uma águia e cauda de uma serpente.
Embora exista essa diferença de aparência entre as mitologias, percebe-se certa semelhança.
Contudo, esses são relatos místicos e que jamais foram comprovados cientificamente ou pelos historiadores.
Quimerismo no reino vegetal
No reino vegetal, o quimerismo tem ocorrência ainda mais acentuada do que em animais.
Isso acontece por conta do tipo de reprodução de algumas plantas, que muitas vezes pode ser assexuado. Isso ajuda na proliferação das características (genótipo e fenótipo) que sofreram mutação ao longo do tempo.
Para as plantas, entretanto, o surgimento de quimeras pode ser algo desejoso.
Isso porque a ocorrência do quimerismo é uma evidência da variabilidade genética, algo muito buscado pelos agricultores.
Na verdade, qualquer pessoa que possua relativo conhecimento sobre evolução sabe a importância da variabilidade para a prosperidade de determinada espécie ao longo dos anos.
Por isso, a ocorrência de quimeras no reino vegetal é, por vezes, induzida para criar novos indivíduos com características diferentes de seus ascendentes.
Contudo, esse assunto ainda é pouco estudado e os conhecimentos sobre a área são escassos.
Embora promissoras, as experiências com as mutações induzidas de plantas são bastante preliminares. Ainda não há muitos resultados conclusivos e técnicas comprovadas que consigam os efeitos desejados.
Há, entretanto, casos em que quimeras são possíveis por meio de algum método bem rudimentar.
Variegação quimérica
A variegação é um termo que designa a coloração diferente em plantas.
Esse fenômeno geralmente acontece nas folhas, mas também pode ocorrer nas folhes e no caule.
A variegação pode acontecer por uma condição quimérica, ou seja, pela manifestação genética de diferentes genótipos.
Isso geralmente acontece de forma espontânea e pode ou não trazer prejuízo para a planta.
A ocorrência mais comum é a falta de clorofila em alguns tecidos do organismo. Isso acaba provocando a variegação. O resultado é a criação de zonas esbranquiçadas ou amareladas nas folhas, em contraste com o tecido verde.
É a clorofila a responsável por produzir a coloração verde. Portanto, sua ausência produz um fenótipo diferente.
Em algumas plantas, esse fenômeno acaba criando uma variação bonita e diferente da planta. Comercialmente falando, essa é uma característica bastante buscada e muitos tentam reproduzir o efeito.
Contudo, como já foi falado, pouca se sabe a respeito das técnicas que induzem esse efeito.
Embora ele possa ser replicado por simples reprodução, criar novas variações ainda é algo que a ciência não conseguiu fazer com qualidade.
Outras ocorrências do quimerismo
O quimerismo no reino animal e reino vegetal está bem coberto até o momento.
Até mesmo a parte mitológica foi explicada neste artigo. Contudo, você sabia que há uma quimera “de verdade” nadando nos oceanos?
A quimera peixe, cientificamente conhecido como Chondrichthyes, é uma espécie rara de peixe cartilaginoso com um visual impressionante.
Sua aparência foi o que lhe rendeu o nome popular de peixe quimera.
Esse animal vive nas profundezas do oceano e tem um comportamento bastante dócil. Em nada se assemelha à criatura cuspidora de fogo da mitologia.
Além da quimera peixe, existe também uma quimera humana. Na verdade, em seres humanos, o quimerismo se manifesta na ocorrência de um fenótipo herdado de dois zigotos diferentes.
Uma das manifestações mais conhecidas dos cientistas é a heterocromia, ou seja, olhos com cores diferentes.
Mas, mais uma vez, embora muito desejado, é difícil explicar o surgimento dessa quimera. Ele acontece de forma espontânea e certamente surpreende muito aqueles que a apreciam.