O mel de abelha brasileiro pode ter sua produção triplicada por causa da tecnologia
As abelhas, além de ajudarem na polinização de quase 80% dos vegetais que consumimos, produzem um maravilhoso produto: o mel de abelha.
Veja para que serve mel de abelha, quais os seus benefícios e como investir na sua produção.
O que é mel de abelha?
Mel de abelha é um fluido viscoso, de cor amarelo a âmbar e de sabor adocicado. Ele é produzido a partir do néctar das flores e excreção das abelhas, um dos insetos mais importantes para a vida terrestre.
No Brasil, existem mais de 240 espécies de abelhas produtoras de mel. Por isso, existem dezenas de tipos de mel de abelha, embora o mais produzido ainda seja o mel silvestre.
Podemos classificar os méis em duas categorias, os produzidos pela abelha Apis mellifera (abelha africanizada) e os produzidos por abelhas sem ferrão.
Devido a essa grande variedade de espécies, existem alguns tipos de méis que só existem no Brasil. Os 12 mais conhecidos e utilizados são: o laranjeira, o eucalipto, o cipó-uva e o bracatinga, produzidos pela abelha africanizada; e o uruçu, o mandaçaia, o jataí, o uruçu-amarela, o tiúba, o borá, o gandaiar e o mandaguari, produzidos por abelhas sem ferrão.
Benefícios do mel de abelha
Para tirar o maior proveito dos nutrientes do mel de abelha, é necessário que ele seja puro e esteja cru. A quantidade recomendada é de uma colher de sopa por dia, uma vez que seu consumo em excesso pode causar aumento de açúcar no sangue e fazer mal para a flora intestinal. Além disso, o seu consumo não é recomendado para crianças menores de um ano de idade.
Por outro lado, quando o mel é utilizado na quantidade adequada, ele traz diversos benefícios. Entre eles, podemos citar os seus carboidratos não digeríveis que ajudam na manutenção da microbiota intestinal, prevenindo a diarreia e a constipação. Além disso, ele possui potássio, cálcio, ferro e outros minerais.
Ademais, o mel também é um ótimo hidratante para a pele, ajuda a suavizar os efeitos da ressaca, ajuda a combater o envelhecimento, é um poderoso cicatrizante, além de ser antibactericida e ajudar a tratar dores de garganta e tosse.
Como identificar o mel de abelha puro?
As propriedades do mel de abelha podem variar de acordo com o seu tipo. Entretanto, para aproveitar todos os seus nutrientes, é importante que o mel seja puro, cru e orgânico. Para escolher um mel de abelha puro, é bom ficar atento a algumas informações.
Em primeiro lugar, o mel puro não tem data de validade, uma vez que sua alta concentração de açúcares e pouca água impedem a proliferação de bactérias. Além disso, o mel puro e cru se cristaliza com o tempo, diferente do adulterado, que se mantém sempre líquido.
Outra opção para garantir a compra de um mel de abelha puro é adquiri-lo em produtores locais, que você conheça a procedência. Por fim, se ainda restarem dúvidas, você pode fazer um teste simples: coloque uma colher de sopa do mel em um prato, cubra com água e faça movimentos circulares. Se o mel dissolver facilmente ele é adulterado; caso ele fique com aparência de favo de mel, ele é puro.
Como é feito o mel de abelha?
A produção do mel é algo impressionante. De forma bem básica, o processo se inicia quando a abelha colhe o néctar da planta. Inicialmente, o néctar tem bastante concentração de água. Quando o reservatório de néctar já está cheio, a abelha volta para a colmeia e nesse meio tempo o mel já começa a ser produzido.
Na cabeça das abelhas tem uma glândula que secreta duas enzimas: a invertase e a glicose oxidase. Após a colheita do néctar, a invertase é convertida em dois açucares: a glicose e a frutose. Já a glicose oxidase é convertida em ácido glicônico.
Quando a abelha operária chega à colmeia, ela repassa o néctar colhido às abelhas mais jovens, que ficam com ele em seu interior por cerca de uma hora para terminar o processamento das enzimas.
Por fim, as abelhas espalham o mel pelos favos a fim de que a água evapore. Para acelerar o processo de evaporação, as abelhas batem suas asas até que o mel fique na consistência correta. Depois disso, o favo de mel é fechado com um tipo de cera e fica ali até ser consumido por elas e coletado.
Mercado brasileiro
O Brasil possui flora e clima que facilitam a produção de mel, além das muitas áreas preservadas, o que faz com que ele seja uma grande potência melífera. Embora os Estados Unidos e a China ainda liderem o mercado, o Brasil ganha pela sua biodiversidade.
O mercado brasileiro de produção de mel de abelha continua em ascensão. Nos últimos dez anos houve um aumento de 4,5% no número de apicultores. Atualmente, segundo a Confederação Brasileira de Apicultura, o mercado está avaliado em 360 milhões de dólares.
Embora não seja possível mensurar com exatidão o consumo de mel, devido à grande informalidade de alguns negócios, estima-se que a produção anual seja de 40 mil toneladas, em mais de 2 milhões de colmeias.
Por outro lado, o Brasil ainda tem capacidade para triplicar a produção de mel. Apesar de conseguirmos produzir mel orgânico em grande quantidade, ainda falta investir em tecnologia da produção e biodiversidade, uma vez que o mel mais produzido é da abelha africana, que existe no mundo todo. Por esse motivo, ele é vendido mais barato em exportações.
Outra preocupação para os apicultores é o uso irresponsável de agrotóxicos que matam milhões de abelhas todos os meses. Uma investigação feita em Santa Catarina mostrou que mais de 50 milhões de abelhas foram envenenadas por pesticidas em apenas um mês. Além disso, também há um risco grande de contaminação do mel orgânico, o que pode vetar a sua exportação para alguns países.
Considerações finais
Para quem quer investir na produção de mel de abelha, o mais inteligente é apostar na produção de méis da nossa biodiversidade. Além de ajudar a conservar a flora brasileira, você agrega valor ao seu produto.