A miíase é uma doença parasitária comum em regiões tropicais e com condições precárias de higiene
As moscas transmissoras de miíase são os insetos que mais causam dano à pecuária no Brasil. Além de causar muita dor aos animais, essa doença traz muitos prejuízos aos seus produtores.
Aprenda mais sobre a miíase em humanos e em animais, quais os principais sintomas e formas de tratamento em seguida.
O que é miíase?
Miíase é uma infecção parasitária que atinge o tecido cutâneo ou orifícios naturais (como olhos, ouvidos, nariz, vagina, etc) de organismos de animais vertebrados de sangue quente.
O que causa miíase são os ovos depositados pelas moscas sobre a pele. Uma vez que os ovos eclodem, as larvas começam a ser alimentar da carne do organismo em que se encontram. Dependendo da espécie da mosca, a miíase pode causar uma evolução e sintomas diferentes.
Essa zoodermatose é bastante comum em países tropicais e subtropicais e em locais onde não há saneamento de básico, com condições precárias de higiene, já que as moscas são comuns nesses locais e procriam bem em regiões quentes e úmidas. Além disso, os idosos, deficientes mentais e pacientes doentes devem redobrar o cuidado com a prevenção, pois são considerados grupos de risco.
Ademais, a miíase não pode ser transmitida de pessoa para pessoa. A única forma de contágio é através do depósito de ovos de mosca na pele ou pela picada de algum outro inseto contaminado.
Tipos de miíase
Dependo do tipo de mosca e a forma que os ovos são depositados, a miíase pode ser classificada em primária, secundária ou acidental.
A miíase primária, ou forunculoide, é transmitida pelas moscas das espécies Dermatobia hominis (varejeira) e Calletroga americana.
Nessa forma da doença, os ovos são depositados diretamente sobre a pele de animais ou de humanos. Quando os ovos eclodem (cerca de 24 hora depois), as larvas (bernes) invadem o tecido subcutâneo do hospedeiro através da abertura do folículo piloso ou alguma escoriação.
Os principais sintomas incluem a formação de uma ferida nodular vermelha com um orifício central. É comum sentir a sensação de ferroadas sob a pele, além de coçar e liberar pus com resíduos de sangue.
Por outro lado, na miíase secundária, os ovos (cerca de 150 a 500) dão depositados em feridas abertas ou cavidades do organismo, embora essa última seja menos comum. Diferente da primária, esse tipo de miíase apresenta uma grande quantidade de larvas de uma só vez, causando feridas de 10 a 12 centímetros de diâmetro.
Sem o tratamento adequado, ela pode atingir os ossos e ser fatal. O tipo secundário da doença é causado pelas moscas Cochliomyia hominivorax, Callitroga macelaria e espécies do gênero Lucilia.
Por fim, a miíase acidental (pseudomiíase) é o tipo menos comum da doença. Ela ocorre pela ingestão de alimentos infectados por larvas ou ovos de quatro tipos de moscas: Stratyomidae, Syrphidae, Muscidae e a Tephritidae.
Uma vez ingeridos, os parasitas se alojam em órgãos internos. Entretanto, o que faz com que essa forma da doença seja rara é que os ovos dificilmente resistem a passagem pelo trato intestinal. Os seus principais sintomas são: dor abdominal, diarreia, fezes com sangue, dor ao urinar, urina escura (o que indica presença de sangue) e priapismo.
Tratamento e prevenção
O melhor remédio para miíase é a prevenção. Algumas medidas práticas são: utilizar repelente, cobrir a maior parte do corpo, usar telas nas janelas e mosqueteiros, além de passar com ferro quente as roupas que secaram no varal em locais onde há grande incidência da doença.
Além disso, sempre é importante manter as mãos higienizadas, o lixo doméstico com os sacos bem fechados, evitar deixar feridas expostas e tomar a vacina antitetânica, uma vez que a doença pode evoluir para o tétano.
O tratamento para miíase depende da extensão da lesão. De forma geral, a miíase primária é tratada com a retirada do parasita e aplicação de antissépticos ou antibióticos sobre o local afetado. Nos casos dos tipos secundário e acidental, o médico poderá prescrever um medicamento para uso oral, a fim de que as larvas morram e possam ser retiradas.
Em alguns casos, pode ser necessário um pequeno procedimento cirúrgico para garantir a retirada total do parasita e para prevenir futuras infecções. Por fim, o local da lesão deve ser mantido limpo e coberto, sendo o curativo trocado todos os dias.
Embora o tratamento seja simples e rápido, é imprescindível que haja o acompanhamento médico.
Miíase em animais
A miíase em animais ocorre da mesma forma que nos humanos. Os animais mais atingidos são os bezerros recém-nascidos, pois o seu umbigo não cicatrizado pode atrair moscas. Entretanto, todo animal que apresentar alguma lesão deve ser acompanhado e perto.
Embora essa doença seja comum nas criações, pode trazer muitos prejuízos, já que ocasiona redução da produção, mutilações, lesões no couro e até a morte.
O diagnóstico da miíase em animais é feito por observação. De forma geral, os animais atingidos apresentam cheiro muito forte, inchaço subcutâneo firme, perda de peso e de apetite, além de apresentar sinais de dor. Assim como em humanos, o tratamento envolve a retirada dos parasitas a aplicação de inseticidas ou endectocidas, o que deve ser feito somente por um médico veterinário.
Visto que as larvas não sobrevivem ao tempo frio e seco, sempre que possível, os procedimentos que formam feridas devem ser feitos nessas épocas. Por isso, procedimentos cirúrgicos, colocação de brincos, descorne, marcações a ferro e castração devem ser realizados preferencialmente no inverno. Além disso, recomenda-se que qualquer ferida seja avaliada regularmente e tratada preventivamente para evitar a miíase.
Ademais, como não existem animais vertebrados e de sangue quente totalmente resistentes a miíase, a higiene e o manejo adequado são as principais técnicas de controle da doença. No caso de lesões que não podem ser evitadas, elas devem ser lavadas diariamente e protegidas com repelentes. Além disso, pode-se fazer a aplicação tópica de solução de iodo a 10% e injeção de Ivermectina a 1%.
Em resumo, a miíase é uma infeção que pode ser evitada tomando medidas bem simples de higiene. Entretanto, no caso de contágio, tanto humano como animal, avaliação médica é indispensável. Fique atento.