Agricultura

Camará é uma espécie de arbusto que pode ser tóxico

Camará é uma espécie de arbusto que pode ser tóxico

Camará é espécie daninha que pode ser tóxica para bovinos. Enquanto espécie invasora, tem promovido a colonização de novos territórios por intermédio de pássaros que dispersam as sementes. Afinal, ela se espalha rapidamente devido ao alcance da área. Desse modo, o desenvolvimento da planta é dado de forma tão rápida que os esforços de erradicação não têm sido bem sucedidos em nenhum nível.

Diante disso, a camará tem se transformado em um obstáculo sério para as espécies nativas se regenerarem em regiões onde não ocorrem ou são encontradas de modo espontâneo e natural. Descubra mais sobre essa planta e quais cuidados tomar!

Camará

O que é camará?

Camará é uma espécie popularmente conhecida como:

  • cambará vermelho;
  • cambará verdadeiro;
  • camará de cheiro;
  • cambará miúdo;
  • cambará de cheiro;
  • camará;
  • cambará de espinho.

Independente do nome pelo qual é chamado, o camará consiste em um arbusto do tipo ornamental, pertencente à família das verbenáceas. Em geral, as camarás ocorrem em grandes territórios da América do Sul (seu habitat) e América Central.

Tanto cambará e camará são termos relativos à língua tupi, sendo “caa” correspondente à planta e “mbaraá” concernente à enfermidade. O nome faz alusão ao valor do cambará como planta medicinal.

Características da camará

A planta cambará possui pequenas flores em forma de tubular, cada uma com quatro pétalas, dispostas em cachos nas hastes. De fato, as flores podem assumir uma gama distinta de cores, incluindo laranja, rosa, branco, amarelo e vermelho.

Em suma, as cores se diferenciam a depender da maturidade, idade, inflorescências e localização. Após a polinização, por exemplo, a cor das flores muda – normalmente de amarelo para laranja, rosado ou avermelhado.

O fruto da cambará é uma drupa semelhante a uma baga, que se altera da cor verde para um roxo profundo quando madura. Até doze mil frutas podem ser produzidas por cada planta.

Essas frutas, por sua vez, são comidas por pássaros e outros animais. As espécies podem espalhar as sementes por grandes distâncias, facilitando a propagação da camará.

Em relação ao aroma, a flor tem um curioso cheiro que remete a tutti frutti com um toque de pimenta, o que a qualifica como uma boa planta de jardim.

Usos da planta camará

Os caules de cambará têm sido utilizados na construção de móveis, como cadeiras e mesas. No entanto, historicamente, os principais usos são medicinais e ornamentais.

Camará

Valor medicinal da camará

Estudos realizados na Índia descobriram que as folhas de cambará podem apresentar propriedades antimicrobianas, fungicidas e inseticidas. A planta também tem sido usada em medicamentos fitoterápicos tradicionais para o tratamento de uma variedade de doenças como, por exemplo, câncer, coceira na pele, hanseníase, úlcera, asma, sarampo, varicela e raiva.

Existem também alguns estudos científicos que mostraram efeitos benéficos do extrato da planta, que reduz o desenvolvimento de úlceras em ratos. No Brasil, os extratos da espécie têm sido utilizados para tratar infecções respiratórias.

Cambará

A cambará, muitas vezes plantada para enfeitar jardins, se dissipou da América do Sul e Central para estimadamente cinquenta países distintos, onde a espécie se tornou uma invasora.

Ele se espalhou das Américas para o restante do globo na altura em que foi transportada para a Europa por parte dos holandeses. De fato, a planta foi amplamente cultivada, não demorando a se espalhar pela Oceania e Ásia, onde se estabeleceu como uma notória erva daninha.

Além disso, a planta também pode desencadear uma série de problemas se invadir áreas agrícolas, levando em conta a toxicidade que representa para o gado, bem como sua capacidade de formar matas densas que, se deixadas desmarcadas, podem reduzir bastante a produtividade das terras agrícolas.

Camará espécie invasora

Como visto, a cambará é classificada como uma erva daninha em muitas das áreas onde foi estabelecida. Em florestas secundárias, tanto quanto áreas agrícolas, pode se tornar o arbusto dominante, expulsando outras espécies nativas e reduzindo a biodiversidade.

Afinal, a camará diminui a produtividade nas pastagens através da formação de matas densas que reduzem o crescimento das culturas e dificultam a colheita. Há muitos motivos pelas quais a planta tem se sucedido tão bem enquanto uma espécie invasora. No entanto, os fatores principais que lhe possibilitaram se estabelecer são:

  • Ampla faixa de dispersão possibilitada por pássaros e outros animais que comem seus frutos;
  • Menos propensa a ser comida por animais devido às suas propriedades tóxicas;
  • Tolerância a uma gama ampla de condições de ordem ambiental;
  • Aumento na exploração madeireira e modificação de habitat que tem sido benéfico para a planta, pois prefere habitats devastados;
  • Produção de substâncias e composições químicas com propriedades tóxicas que inibem o crescimento das espécies vegetais concorrentes;
  • Produção extremamente alta de sementes (cerca de 12.000 sementes anuais para cada planta).

Existem, por outro lado, impactos mais secundários, incluindo a constatação de que os mosquitos responsáveis pela transmissão de tsé-tsé e malária se abrigam no interior dos arbustos da planta.

Camará

Plantas tóxicas

A camará se classifica entre o grupo de plantas tóxicas, sendo reconhecidamente identificada como tal. Em geral, a ingestão de quantidades aproximadas de 40g/kg, em dose única, pode levar ao óbito de bovinos, por exemplo. Sendo assim, figura também entre as plantas tóxicas para animais.

Plantas tóxicas para animais

A cambará é conhecida por ser tóxica para animais como gado, cabras, cães, cavalos e ovelhas. De fato, as substâncias ativas que causam toxicidade em animais em pastejo são os triterpenóides pentacíclicos que resultam em danos ao fígado e fotossensibilidade.

A planta também é responsável por excretar alelopatia (um produto químico) que suprime o crescimento das plantas circundantes, inibindo a germinação e o alongamento das raízes. A toxicidade da planta para os seres humanos ainda não foi determinada oficialmente, com uma série de estudos sugerindo que a ingestão de frutas pode ser tóxica.

No entanto, outros estudos encontraram evidências que sugerem que o consumo de suas frutas não apresenta riscos para o ser humano, estas sendo efetivamente comestíveis quando maduras.

Controle biológico

O manejo eficaz da camará invasora a longo prazo exigirá uma redução nas atividades que criam habitats degradados. Ou seja, manter ecossistemas funcionais (e saudáveis) é crucial para impedir que espécies invasoras se estabeleçam e suprimam a fauna e a flora nativas. Insetos e outros agentes de biocontrole foram implementados com graus variados de sucesso na tentativa de controlar a camará.

ACESSO RÁPIDO
    Mayk Alves
    Fundador do Portal Vida no Campo e Agro20, Mayk é neto de Lavradores. Desde cedo esteve envolvido com as atividades do campo e, em 2014, uniu sua paixão pela comunicação com o tradicionalismo do campo. Tem como missão levar informações sobre o agronegócio de forma dinâmica, interativa e sem filtros.

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