Veterinária

Cio: o período e as fases de reprodução dos animais

Cio: o período e as fases de reprodução dos animais

Como funciona o cio e como são divididas as suas fases?

O cio é comum nas espécies de mamíferos, para que eles possam se reproduzir, procriar-se. As fêmeas precisam ser analisadas e avaliadas quando entram nesse período, visando seu bem estar e a maior facilidade para reprodução.

Há tempos determinados para a ocorrência do cio, dependendo de cada espécie e das condições de cada animal. No entanto, é preciso que os produtores façam um manejo adequado e fiquem atentos às alterações comportamentais de cada bicho.

Cio: bovino

O que é cio?

Cio – ou ciclo estral – é o nome dado ao período em que a fêmea está propensa a receber o macho para poder procriar, reproduzir. Ele é composto por mudanças físicas resultantes de hormônios reprodutivos nas diversas espécies de mamíferos que possuem placentas e que também passam por um período de ciclo menstrual. Geralmente, o cio inicia-se logo após a puberdade das fêmeas – que são sexualmente maduras -, contendo intercalações com fase anastral e durando até a morte do animal. Cada intercalação dependerá de quanto tempo dura o cio.

Assim, o cio pode durar em torno de uma a duas semanas, podendo variar o tempo de duração e a frequência, dependendo do caso e de cada espécie. Já o intervalo tem cerca de 4 a 12 meses.

As fêmeas podem entrar no período do cio em qualquer época, sendo cerca de duas vezes por ano. A primeira fase do cio pode acontecer a partir dos 6 meses do animal. Por isso, quando o animal passa mais de 18 meses sem entrar no cio, um veterinário deve ser consultado para analisar e identificar algum tipo de problema.

Fases do cio

O cio é dividido em fase folicular, que consiste no desenvolvimento do folículo – estrutura presente no ovário que comporta o óvulo e realiza a ovulação. A segunda fase é chamada de luteínica, que consiste no desenvolvimento do corpo lúteo, produzindo hormônio encarregado pela conservação da gestação – a progesterona.

Ele é também subdividido em ciclo anestro, proestro, estro e diestro, caracterizados pelo comportamento do bicho e alguns sinais específicos apresentados por eles.

O ciclo anestro é denominado como o período em que a fêmea está agindo normalmente e tem duração diferente de acordo com cada uma.

O ciclo proestro pode ter duração entre 3 a 17 dias e é denominado como o período em que a fêmea começa a atrair os machos sexualmente. Nesse período, há dilatação e aumento da vulva, além de corrimento vaginal (uma espécie de menstruação), e a partir disso as fêmeas tendem a recusar os machos, negando a monta.

Já o ciclo estral pode durar em média de 3 a 21 dias. Às vezes com corrimento e às vezes sem. É denominada a fase ideal para o cruzamento e reprodução animal. A fêmea passa a aceitar o macho e permitir a monta, ocorrendo a ovulação.

Por fim, o ciclo diestro dura em média 70 dias, iniciando-se com a rejeição. Nesse período, quando são fecundadas, as fêmeas ficam prenhas. Há também a possibilidade de que o animal tenha uma gravidez psicológica, quando são mais frágeis. O corrimento fica mucoso e deixa de acontecer, a vulva então volta ao tamanho normal e a fêmea deixa de ser tão atraente ao animal do sexo oposto.

Alterações do cio

Cio: mamíferos

No cio, o animal apresenta algumas alterações comportamentais evidentes. As principais mudanças são:

  • Diminuição do apetite;
  • Diminuição da produção de leite (em vacas, ovelhas e cabras, por exemplo);
  • Liberação de muco;
  • Urinação constante;
  • Inchaço da vulva;
  • Inquietude;
  • Nervosismo.

Além dessas mudanças, o animal passa a lamber e farejar outros bichos e pessoas. Eles começam a caminhar por longos períodos e agrupam-se em volta do touro – no caso de cio em bovinos.

Alguns bichos mudam o tom do mugido e passam a fazer isso com frequência. Aceitar a monta dos machos é uma das principais mudanças comportamentais.

Identificação do cio

Para que o período do cio seja identificado, alguns produtores optam por técnicas que facilitam na percepção de animais que estão passando por ele.

Por exemplo, há criadores que fazem uso de um touro para poder identificar o cio nas fêmeas. É colocado no touro um tipo de focinheira. Então, quando o touro fica sobre a fêmea, este instrumento irá marcar as costas do animal. A técnica é eficiente pois tem como identificar as fêmeas que deixaram ser montadas.

Outro método é utilizar uma espécie de adesivo nos animais, colocado sobre as costas. Consiste em um adesivo cheio de tinta, que é estourado quando um animal monta no outro, marcando as costas do bicho.

Há também outros tipos de adesivos que mudam de cor quando o animal permite ser montado. Dessa forma, eles permitem que o pecuarista identifique se a fêmea está no cio. No entanto, são técnicas pouco eficientes pois o adesivo pode estourar ou mudar de cor se o animal apenas encostar em qualquer outro lugar.

Portanto, o recomendado é que o criador observe a rotina do animal e suas alterações, ficando atento à qualquer sinal de mudança comportamental.

Outra técnica comum é o cio induzido, em que os pecuaristas optam pela inseminação artificial nas fêmeas. Isso é feito pois requer menor tempo de observação do bicho, tem mais facilidade e cuidados mais simples com os animais. O método consiste na aplicação de hormônios em épocas pré definidas. Além disso, garante que haja fecundação sem a necessidade de observar o período do cio.

Ausência do cio

Problemas reprodutivos são os pontos principais indicados pela ausência de cio. Além disso, cistos, infecções urinárias, estresse e má alimentação também indicam alterações nas condições reprodutivas.

O cio pode ser de difícil identificação se o animal estiver nas seguintes situações:

  • Se o animal estiver em fase anestro no período pós parto;
  • Se o animal estiver em fase anestro devido a má alimentação e, consequentemente, à desnutrição. Até mesmo complicações pós parto e infecções no cuidado reprodutivo;
  • Se o animal tiver algum tipo de cisto ovariano.

Fatores como umidade, alta temperatura, falta de espaço, chuva, problemas de casco e condições de solo escorregadio são exemplos que também resultam na diminuição da manifestação do cio.

Repetição do cio

Cio: momento da monta em vacas

Em casos de inseminação artificial, por exemplo, o cio precisa ser refeito quando há alguns fatores que o impedem de ser realizado com sucesso.

Estresse, intensa produção de leite e problemas de reprodução são as principais causas que acarretam na repetição do cio. No entanto, a mais corriqueira é a falha no momento de manejo aos animais. Portanto, a falta de cuidados ou cuidados inadequados fazem com que o animal precise fazer a inseminação novamente, além de acarretar em grandes perdas e prejuízos para o produtor.

ACESSO RÁPIDO
    Joana Gall
    Joana Gall é técnica em agropecuária pelo Instituto Federal Catarinense e atua na pesquisa sobre as mulheres rurais de Camboriú, em Santa Catarina.

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