Falta de sistema de esgoto faz da fossa séptica mais utilizada na zona rural
Apesar de a fossa séptica ser mais recorrente pelo problema apontado de falta de sistema de esgoto, 45% do esgoto gerado no Brasil não é tratado. Isso significa que expressiva parcela de moradores dos centros urbanos também não conta com tal serviço.
Diante desse cenário, a fossa séptica, mesmo constituindo apenas uma parte do Sistema de Esgotamento Sanitário (SES), é recorrida como recurso amenizador em várias regiões do país. Em outros casos, pode representar a melhor ou única solução até a chegada de novas possibilidades.
O que é fossa séptica?
Fossa séptica é uma unidade de sistema de esgoto dirigido para residências que não integram uma rede ampla e interligada de encanamento. É um encanamento que dirige os dejetos a estações de tratamento de esgoto. Amplamente utilizado na zona rural, muitas vezes recebe o nome de fossa séptica rural.
Nesse sistema idealizado para atender individualmente propriedades particulares, o tratamento dos dejetos ocorre executando funções químicas e físicas.
A sua função é tratar e purificar a água usada nos vasos sanitários. Essa purificação tem o objetivo de reintegrar a substância ao ambiente sem provocar forte impacto ambiental.
Em alguns casos, com o uso de cloro, o líquido que originalmente seria reinserido no solo volta a ter condições de ser consumido como água potável.
Como é feito o tratamento de resíduos na fossa séptica?
Para os que não têm grandes conhecimentos no assunto, é natural pensar que a fossa séptica exige grandes investimentos. Não só para construir a fossa, mas como também para tratar diariamente os excrementos. Mas, felizmente, é menos complicado e custoso do que possa parecer.
De fato, será necessário investimento para a construção da fossa séptica (mais detalhes a seguir). No entanto, quanto ao tratamento, não é necessária aquisição constante de produtos e avançados saberes químicos. Será preciso retirar o lodo do fundo da fossa. Para isso, se recomenda a contratação de uma empresa experiente na execução do serviço.
Os dejetos sendo armazenados na fossa séptica são submetidos a um processo, construindo a fossa de maneira adequada, de tratamento natural, que não pede maiores atenções, adições ou rigor de horários. Isto porque o isolamento desses resíduos colocados no tanque e, então, privados de oxigênio, proporciona as condições da decomposição anaeróbica.
O primeiro estágio é a decantação dos dejetos, na qual a parte sólida dos resíduos é movida para o fundo da fossa séptica. Neste fundo, onde ocorre a mencionada decomposição por bactérias anaeróbicas.
A matéria orgânica se decompõe nesse processo porque tais bactérias necessitam de oxigênio para sua preservação. Não encontrando, se direcionam aos outros elementos que venham apresentar, mesmo que minimamente, o CO², os consumindo e os transformando.
Tal interação entre bactérias e matéria orgânica ocorre de forma veloz e produz calor. Assim, esse calor é refletido com a gaseificação desses compostos, que são transformados em ácidos orgânicos voláteis.
Mas esse acúmulo não pode causar algum risco? E o que ocorre com esses gases dentro da fossa?
Além dos gases, há também os fluidos. Como saber quando se atinge o limite de armazenamento e como evitar o transbordamento da fossa séptica? Veja essas questões a seguir.
Os gases
Como resultado da decomposição anaeróbica, o material sólido transforma-se em uma série de ácidos e gases como:
- Ácido fórmico;
- Ácido acético;
- Ácido propiônico;
- Ácido butírico;
- Ácido valérico;
- Acetato;
- Hidrogênio;
- Monóxido de carbono;
- Metano.
Esses são os principais, mas outros tipos formam-se também. No projeto de fossa séptica deve haver uma válvula de escape, porque a formação gasosa derivada do processo de fermentação precisa ser liberada a outro compartimento.
O líquido
Quanto ao líquido que se acumula da concentração de resíduos na fossa séptica, a solução é parecida.
Assim como acontece com os gases, a fossa deve apresentar em seu projeto um cano na parte superior do reservatório. Deve funcionar de modo que quando a água estiver atingindo o nível limite de preenchimento, seja, então transferida para um segundo reservatório.
Esse reservatório auxiliar deve ser construído ao lado do principal. O líquido adentrando esse novo ambiente se acumula e é passado em um filtro composto por rochas, cascalho e areia.
Terminada essa fase de filtragem, o líquido é transferido para um terceiro pavimento. Este, por sua vez, recebe o nome de sumidouro. É nesse local que a água tratada é reutilizada ou reinserida de volta ao ambiente.
Para esse líquido voltar à condição de água potável, a fossa séptica deve ter uma estrutura que adicione outros elementos de depuração que eliminam micro-organismos. Um dos mais usuais é o cloro.
Projeto de fossa séptica
A fossa séptica pode ser composta por vários materiais, desde que sejam seguros para esse tipo de construção. A segurança deve garantir a não contaminação de lençóis freáticos e água de consumo animal e humano. Mais detalhes sobre as normas de segurança de formação de projeto de fossa séptica serão fornecidos abaixo.
Normalmente encontramos fossa séptica de concreto, alvenaria, fibra de vidro ou de plástico.
O tanque deve ter capacidade mínima de 1.250 litros.
O tamanho da fossa séptica irá depender de fatores como:
- Quantidade de pessoas que residem na habitação;
- Quantidade de água a ser consumida por pessoa;
- Temperatura média do local;
- Frequência de limpeza.
Outro detalhe importante a se observar é a existência de outras fossas sépticas no lugar a ser construído. A alta concentração de fossas em uma mesma região aumenta o risco de contaminação do lençol freático.
Consulte sempre um profissional para elaborar o projeto e a construção de uma fossa séptica, de preferência uma fossa biodigestora. A má execução do serviço pode colocar em risco a saúdo dos habitantes da moradia, dos animais, dos vegetais e do solo.
Normas de segurança
É recomendada distância mínima de 30 metros do tanque da residência a ser beneficiada com a construção.
Também recomenda-se a não instalação de fossas nas proximidades de poços artesianos. É uma medida de prevenção a fim de assegurar que o líquido da fossa não entre em contato com a água de consumo humano. Também é uma prudência em caso de vazamento.
Outra prática a se evitar é o acúmulo, a junção do esgoto proveniente das torneiras de pias de cozinhas e banheiros no mesmo reservatório. A química contida nos produtos de limpeza tem efeito de comprometer e anular os efeitos da decomposição natural.
Em caso de fossa séptica subterrânea, com o objetivo de evitar desmoronamento, o mais indicado é a utilização de tampas que não sejam muito grandes.