Líquens são uma espécie pioneira e sinal de boa qualidade do ar
Na natureza, líquens é o que podemos chamar de espécie singular, pois é uma derivação da simbiose de dois elementos. Não se pode classificá-los inteiramente como vegetais, apesar das claras semelhanças; e nem de fungos, em razão das claras diferenças.
Líquens têm aplicações tanto ecológicas, por serem capazes de surgir em locais extremamente inóspitos, como econômicas, porque servem de medicações antitumorais e antibióticas. Porque são muito sensíveis a poluentes, identificá-los em uma região é um indício de boa qualidade do ar.
O que são líquens?
Líquens são uma derivação, associação, uma simbiose entre dois elementos encontrados na natureza. Esses elementos são os fungos e algas.
Os fungos que se associam para a formação de líquens são conhecidos como fungos liquenizados ou fotobiontes. Os fungos que formam líquens por associação com algas em grande parte são ascomicetos (98%) e o restante é composto por basidiomicetos.
Já as algas que se associam com fungos para a formação de líquens são compostas por clorofíceas (algas verdes) e cianobactérias (algas azuis). A relação entre essas algas e fungos que resulta nos líquens é chamada de mutualismo.
O que é mutualismo?
Mutualismo é uma relação harmônica entre espécies diferentes que se beneficiam interagindo uma com a outra. Podemos utilizar a própria relação de dependência entre os fungos e algas como exemplo para explicar essa relação.
As algas, como são vegetais, são capazes de fazer fotossíntese. Por meio dessa ação sintetizam a matéria orgânica utilizada pelo fungo como alimento.
Os fungos, por sua vez, são capazes de reter umidade e nutrientes utilizados pela alga. Adicionalmente, ainda prestam o serviço de proteção ao vegetal.
Vemos que há uma interdependência, uma proximidade natural entre os dois elementos. Um, mesmo que indiretamente, acaba beneficiando o outro ao simplesmente fazer suas atividades diárias para a sobrevivência.
O mutualismo decorrente dessa dependência inescapável acaba gerando o que conhecemos como líquens. A associação acaba sendo benéfica para todas as partes. Para os líquens por obviamente terem condições de virem a existir e para os fungos e algas por sobreviverem em locais onde não resistiriam se estivessem separados.
Como expresso, as algas alimentam os fungos e os fungos garantem a umidade necessária para as algas não ressecarem e morrerem.
Morfologia dos líquens
A aparência dos líquens em decorrência da associação de diferentes espécies de organismos é da seguinte forma: o que seria o corpo dos líquens é chamado de talo. Nome inspirado pelo fato do corpo da espécie não ter folhas e nem caule. Há variações, dependendo dos tipos, conforme veremos a seguir.
Tipos de líquens
Registra-se que há uma infinidade de tipos de líquens, algo em torno de 20 mil espécies. Essas espécies se diferenciam em tamanho, forma e habitat em que vivem.
Mas é claro que não pretendemos submetê-lo a conferir um por um. Por isso, selecionamos os tipos mais comuns de líquens.
Líquen Crostoso
Como o próprio nome deixa evidenciado, o talo é muito parecido com uma crosta, porque é extremamente fixada, aderida ao substrato do corpo. Por essa razão, é muito difícil arrancar manualmente esse tipo de líquens.
Uma variante do modelo crostoso é o crostoso escamoso. É tão aderido ao substrato quanto o primeiro, mas diferencia-se apenas porque apresenta pequenas escamas em sua estrutura.
Outra categoria nessa mesma família é o crostoso leproso. A inspiração do nome vem pelo fato dessa apresentar estruturas, finas ou espessas, veludadas, mas não de forma homogênea pelo corpo, parecendo pequenas manchas.
Líquen Folioso
É uma espécie em que o talo tem uma camada parecida com pequenas folhas. Diferente do tipo crostoso, essa camada não se prende por toda a superfície do corpo.
Líquen Fruticoso
O talo desses modelos lembra um pequeno arbusto, porque a ramagem tem formatos cilíndricos ou achatados. Outra característica é o de ter uma posição ereta.
Líquens Dimórficos
Os dimórficos são assim chamados porque variam de forma dependendo do estágio de crescimento. Em sua fase inicial apresentam um aspecto e, em estágio mais avançado de crescimento, passam a ter forma diferente. É comum que passem a apresentar forma de fruticose ou de foliácea.
A reprodução de líquens
Os líquens podem se reproduzir de diferentes formas e de maneira não sexuada. Esporos germinam dos fungos quando estes entram em contato com algumas das algas.
Substâncias que contêm células de algas e de fungos, como os propágulos, podem reproduzir assexuadamente os líquens. A reprodução também pode ocorrer através de isídios que são pequenas verrugas que se projetam do talo.
Outra forma de reprodução dos líquens ocorre por meio de fragmentação do corpo.
O habitat dos líquens
Na verdade, o que não falta é habitat para a espécie, porque suas características que tornam possível a sobrevivência de algas e fungos em locais que sozinhos jamais vingariam faz com que seja pioneira em muitos lugares. Líquens podem ser encontraos em lugares impensáveis e inóspitos como em rochas, picos, alpinos, troncos de árvores, folhas, entre outros.
Tal característica faz dos líquens serem considerados espécies pioneiras, porque vivem em locais impróprios para a maioria das outras espécies.
Os locais em que surgem e se estabelecem influenciam nos nomes que os líquens recebem em determinados lugares:
- Se vivem em rochas, são chamados de saxícolas;
- Se vivem sob a terra, são chamados de terrícolas;
- Se vivem em folhas, são chamados de folícolas;
- Se vivem em musgos, são chamados de muscícolas;
- Se vivem em árvores, são chamados de cortícolas.
Sobrevivência dos líquens
Se não necessita decompor matéria orgânica como é comum dos fungos, por outro lado necessita muito da presença do sol. Nesse sentido, é muito parecido com vegetais por ser associado a organismos fotossintetizantes, as algas, naturalmente.
Por esse motivo, é comum encontrar a espécie em muros, paredes, troncos de árvore, rochas, em locais com fácil e privilegiado acesso à luz solar.
Finalidades dos líquens
Uma utilização comum da espécie é a produção de ácidos para a erosão e degradação de rochas com o objetivo de formação de solos. Esses ácidos são também os utilizados para medicações antitumoral e antibiótica.
Como relatado de começo, líquens podem indicar a qualidade do ar em determinada região, porque são muito sensíveis a gases poluentes, mas podem também determinar a quantidade de metais pesados existentes em áreas industriais.