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Agricultura

Piolho de cobra pode causar prejuízos em plantações agrícolas

Piolho de cobra é um dos mais antigos animais terrestres

Piolho de cobra, como é vulgarmente conhecido, é o nome que se dá à espécie de diplópodes. Essa classe pertencente ao subfilo Myriapoda, costuma viver em ambientes pouco iluminados e preferencialmente úmidos.

Além disso, priorizam locais com disponibilidade de material orgânico voltado para a alimentação. Graças a esse hábito, o piolho de cobra é considerado um carniceiro e parasita de plantações. Em algumas regiões, seu nome pode receber variações, entre elas “gongolo” e “embuá”.

O que é piolho de cobra?

Piolho de cobra é um inseto classificado como miriápode, isto é, um inseto com milhares de pernas. Nessa família de insetos miriápodes, se encontram os piolhos de cobra e suas primas, as centopeias.

Os piolhos de cobra, como são popularmente conhecidos, são insetos de movimentos lentos.

A princípio, a alimentação do miriápode consiste em matérias vegetais e folhas apodrecidas caídas de plantas. Em outros casos, contudo, a alimentação pode se dar por fungos ou por meio da extração dos fluidos das plantas. É possível encontrar piolhos de cobra predadores, mas estes constituem uma minoria pouco expressiva.

À primeira vista, o diplópode é considerado inofensivo no que diz respeito à sua convivência com seres humanos. Contudo, é preciso ressaltar que a espécie pode se tornar uma verdadeira dor de cabeça para seu jardim. Afinal de contas, os diplópodes são legítimas pragas de plantas, habitando sobretudo estufas.

Nesse aspecto, o contato do piolho de cobra com plantações pode acarretar graves danos e prejuízos, sendo necessário um controle biológico.

Significado do nome

O termo “diplopoda” é uma derivação de diplous que, no grego, antigo significa “duplo”, e de podos que, por sua vez, pode ser traduzido como “pés”.

Em outras palavras, “pés duplos” se referem ao fato do inseto apresentar dois pares de patas ao longo de seus segmentos.

Do mesmo jeito, a espécie pode ser identificada pelo termo milípedes. Este último, atribuído e utilizado em muitos idiomas, significa mil pés, fazendo alusão à quantidade de patas do inseto.

História do piolho de cobra

O piolho de cobra é um ancião entre os animais colonizadores do planeta Terra. Em suma, este milípede é considerado um dos mais antigos animais terrestres que se têm registros.

De fato, esta forma de vida teve sua primeira aparição durante o período Silúrico. Isto é, eles se classificam entre os primeiros insetos a rastejarem sobre a Terra. Acredita-se que, durante sua forma inicial, o diplópode se alimentasse de musgos e outras primitivas plantas vasculares.

No passado, membros pré-históricos do grupo de milípedes de cobra chegaram a medir o incrível número de 2 metros de comprimento. Contudo, não há motivo para pânico. Para a sorte dos seres humanos, as espécies modernas não ultrapassam os 40 centímetros, variando normalmente entre 27 e 38 centímetros.

Estima-se que o maior milípede dos dias atuais seja a espécie africana de milípede gigante.

Piolho de cobra tem veneno?

Apesar da aranha, escorpião, piolho de cobra e lacraia serem parentes distantes, o inseto milípede não possui veneno. A picada de piolho de cobra tampouco é motivo para se preocupar, afinal, o inseto não morde nem pica.

O mesmo, contudo, usa estratégias de auto defesa. Em suma, a grande maioria se defende segregando compostos químicos variados por meio de poros do corpo. Estas secreções defensivas são normalmente inofensivas à saúde dos humanos, não causando nenhum sintoma além de uma pequena descoloração na pele.

Por outro lado, quando se trata de algumas espécies de clima tropical, é preciso ter um pouco mais de cautela. Alguns sintomas adicionais podem surgir através do contato humano com as secreções destes milípedes. Entre eles, devemos ressaltar a dor, a eritema local, o prurido, a ampola, o edema e a eczema.

De modo ocasional, o contato ainda pode causar o sintoma de pele gretada. Além disso, é indicado evitar que os olhos sejam atingidos pelas excreções. Afinal, estas podem causar irritações gerais e, em casos mais críticos, efeitos incômodos tais como queratite e conjuntivite.

No entanto, quando em comparação com outros insetos, o impacto do piolho de cobra no bem-estar do ser humano parece ser controlado. De fato, este cenário só tende a ser preocupante quando os milípedes representam moléstias e pragas da agricultura.

Propriedades medicinais do piolho de cobra

Apesar desse caráter desagradável, os milípedes não são de todo prejudiciais. Estes insetos constam na medicina tradicional e até mesmo no folclore ao redor do mundo.

Por exemplo, para algumas culturas, a atividade de milípedes é tida como um indício da aproximação de chuva.

A superstição quanto aos piolhos de cobra é muito presente em alguns lugares. A cultura iorubá, nativa da Nigéria, é um deles. Lá, os  insetos de mil pés são usados na realização de rituais ligados aos negócios e à gravidez. Além disso, os milípedes também possuem fins medicinais para o povo nigeriano. Uma vez esmagados, os insetos são usados para tratar convulsões infantis, febres e unheiros.

Na Zâmbia, por sua vez, a polpa dos insetos de pata dupla é moída e utilizada no tratamento de ferimentos. O sumo também pode ser benéfico para amenizar dores de ouvido, segundo o povo chamado de Bafia dos Camarões.

No Himalaia, especificamente em certas tribos Bhotiya, milípedes são queimados e os seus restos secos são transformados em fumo. Em seguida, este é usado para o tratamento de hemorroidas.

Embora a secreção do milípede seja normalmente inofensiva, existem exceções para a regra. O povo oriundo da Malásia sabe bem disso. Lá, as secreções do mil pés é usada para envenenar as setas dos nativos.

Mas não apenas para envenenamento estas secreções são usadas. No caso do Spirobolus bungii, o líquido expelido pelo inseto serve para inibir a divisão das células cancerosas nos humanos.

Eles também aparecem em receitas, embora essa ocorrência seja menos comum. De fato, ela parece estar reservada ao povo Bobo de Burquina Faso. O seu uso como alimento humano foi registrado como uma receita da qual são cozidos milípedes secos com molho de tomate.

Inspiração científica

O piolho de cobra, além de inspiração médica e folclórica, foi inspiração científica. O milípede foi a referência visual para algumas pontuais investigações científicas. Uma delas usou como base a locomoção do inseto, desenhando, no ano de 1963, um veículo que andava em 36 patas.

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