Pirarucu é um dos maiores peixes de água doce e pode ser encontrado na Bacia Amazônica
Conhecido como um dos maiores peixes de água doce em todo o mundo, o pirarucu é uma espécie de origem brasileira; mais especificamente da Bacia Amazônica. Popular e conhecido em todo o país, a espécie tem sua origem rodeada por mitos indígenas bastante conhecidos na Amazônia.
Por ser um peixe grande e bastante pesado, o pirarucu oferece resistência na captura, exigindo pescadores com boas técnicas. No entanto, o tamanho exagerado facilita a sua visualização; o que facilita (em partes) a prática dos que têm o objetivo de fisgá-lo.
Peixe pirarucu
O peixe pirarucu é um dos maiores peixes de água doce existentes no mundo, com um peso que pode chegar a atingir impressionantes 250 quilos. O tamanho gigante se reflete, até mesmo, no seu nome científico: Arapaima gigas. Nativo do Brasil, ele é batizado em função da junção de dois termos indígenas: pira e urucum. Enquanto “pira” significa peixe, urucum remete à cor vermelha, que fica em evidência na sua cauda.
Origem do pirarucu
Conforme citado anteriormente, o pirarucu é um peixe originário da Bacia Amazônica; e o mito que envolve o seu surgimento é um dos mais conhecidos. De acordo com a lenda indígena do Pirarucu, este era o nome de um guerreiro; dono de uma personalidade maldosa, injusta e cheia de orgulho.
Por haver mais de uma versão do mito, há conflitos em relação à tribo a qual pertencia Pirarucu. Enquanto uma narrativa afirma que o índio era da nação dos Nalas, há outra que o denomina como parte da tribo dos Uaiás.
Seja como for, em razão de sua grande vaidade e do comportamento egoísta, o Deus Tupã teria decidido castigar o índio; pedindo à Deusa Luruauaçu que mandasse uma grande tempestade sobre a floresta de Xandoré (local em que Pirarucu estava caçando).
No temporal, o índio – que tentava fugir do local – acabou caindo; ao mesmo tempo em que um dos muitos raios e relâmpagos que atingiram a floresta quebraram uma enorme árvore, que caiu sobre a sua cabeça.
Carregado pela tempestade para o rio Tocantins, o índio recebeu mais um castigo do Deus Tupã. Assim, ele foi transformado em um grande peixe escamado e avermelhado de cabeça chata, que nada pela bacia Amazônica até os dias de hoje.
Habitat e reprodução do pirarucu
Por ser um peixe de água doce, o habitat do pirarucu costuma variar entre rios, lagos e regiões de várzea. As águas em que vive são de visibilidade diversificada; incluindo desde as cristalinas até as brancas e as mais escuras. Ele vive bem em ambientes de vegetação rica, e prefere temperaturas que se mantenham entre os 24 e os 37 graus.
Capaz de se manter em águas com níveis baixos de oxigênio, o peixe conta com dois tipos de aparelho respiratório; sendo um deles uma bexiga natatória (de ar) que pode exercer a mesma função de um pulmão. Dessa forma, ele consegue se manter com ar até que tenha a oportunidade de subir até a superfície para respirar.
A reprodução do pirarucu ocorre em águas rasas e mais calmas, geralmente entre os meses de dezembro e maio, em um ninho arenoso e e de alguma profundidade preparado pela espécie. Uma única fêmea de pirarucu é capaz de botar mais de 10 mil ovos de uma só vez; ficando com o macho a responsabilidade de tomar conta deles.
Os machos da espécie ficam expostos aos perigos e captura por um período aproximado de até seis meses; possibilitando que os ovos se desenvolvam até eclodir e que os filhotes de pirarucu adquiram condições para sobreviverem por conta própria na natureza.
Vale citar que a maturidade sexual da espécie demora a chegar, facilitando a captura dos bodecos (filhotes com um peso aproximado de até 40 quilos) por predadores naturais ou humanos.
Características do pirarucu
Além da coloração vermelha da cauda, a característica pela qual o pirarucu é mais conhecido é o seu tamanho; e não é exagero chamá-lo de gigante de água doce. Isso porque, além de haver exemplares da espécie que chegam a atingir um peso aproximado de até 25o quilos, este peixe também pode medir até 3 metros de comprimento.
Sua cabeça é achatada e o seu corpo, além de longo, é escamoso. Extremamente resistente, o couro do pirarucu é, nos dias de hoje, muito utilizado como um implemento do mundo da moda. Usada na fabricação de acessórios como bolsas, sapatos e carteiras, a pele do pirarucu já é considerada um sinônimo de conforto e fashionismo na atualidade.
Alimentação do pirarucu
A alimentação da espécie é um aspecto que ajuda a justificar as suas grandes proporções. Além de outros peixes de menores proporções (que não são raros), ele também inclui outras iguarias na dieta.
Fragmentos de rochas, lodo e areia fazem parte do cardápio, assim como um outro grupo de animais que inclui desde cobras e caramujos até tartarugas. Para usar como isca na pesca do pirarucu, no entanto, são mais indicados filés de tilápia e traíras.
Pirarucu na gastronomia
Conhecido como Bacalhau da Amazônia em algumas regiões, o pirarucu destaca uma carne saborosa, de qualidade e quase sem espinhos. Nos dias de hoje, a carne da espécie é cada vez mais valorizada na gastronomia do país.
Assim, não é difícil encontrar grandes chefs que se deslocam até regiões de difícil acesso com o único objetivo de conseguir a carne do peixe de maneira legal.
Isso porque, ao longo da década de 1990, o risco de extinção do pirarucu se tornou uma realidade; principalmente em função do grande volume de pesca predatória da espécie. Com isso, surgiram diferentes comunidades em territórios indígenas que se especializaram no manejo da espécie; garantindo a disponibilidade da espécie sem que ela entrasse para uma lista de peixes ameaçados.
As terras indígenas de Paumari são um bom exemplo disso e, contando com o apoio de entidades como o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidades – ICMBio; desempenham papéis tanto no manejo do pirarucu quanto na fiscalização do território para impedir a sua pesca ilegal.