Veterinária

Repelente é essencial para manter o gado livre de problemas

Repelente é essencial para manter o gado livre de problemas

Ataque de insetos como a mosca-do-estábulo é responsável pela perda de até 20% do ganho de peso dos bovinos: higienização e repelente são os métodos mais eficazes de proteção

A produção de repelente no Brasil teve um salto nos últimos anos em razão da propagação de vírus por meio de insetos como o Aedes aegypti, que transmite doenças como zika e dengue. Mas não é só em humanos que a camada protetora contra insetos se faz necessária.

Na pecuária, os insetos são responsáveis por gerar vários transtornos aos animais e prejuízos ao produtor. Estima-se que apenas a mosca-do-estábulo seja responsável por desfalques na ordem de até 350 milhões de reais. Por isso, repelente é fundamental para evitar grandes prejuízos.

Repelente

O que é repelente?

Repelente é uma camada protetora colocada sobre a pele para evitar a ação nociva de insetos. Os insetos, por meio de suas picadas, conseguem romper a primeira proteção natural de humanos e animais que é a pele.

As picadas podem gerar dor intensa, coceira, vermelhidão e fortes reações alérgicas que, dependendo da quantidade ou da sensibilidade do atingido, podem provocar consequências fatais.

O repelente acaba protegendo a pele não por se tratar de uma espécie de manto ou couraça intransponível, mas por incomodar e propiciar o afastamento espontâneo dos insetos ao se desenvolver odor que lhes seja intolerável.

Existem duas categorias de repelente:

  • Aqueles que têm frutas, legumes ou misturas de elementos do tipo como sua base;
  • Aqueles produzidos em laboratórios e com ação mais agressiva por normalmente utilizar componentes tóxicos.

Recomendações de uso

Os repelentes artificiais normalmente são vendidos em farmácias na forma de spray ou creme protetor.

Em humanos, é recomendado que se passe prioritariamente nas regiões mais expostas, como braços, pernas e rosto. Não é obrigatório passar repelente nas regiões cobertas pelas roupas, pois as próprias servem como barreiras ante a ação dos insetos.

Acresce que passar grande quantidade de repelente no corpo pode gerar mal-estar, pois a pele absorverá substâncias químicas em excesso.

Para evitar esse risco, é importante saber que aplicar o repelente em grande área protege também áreas próximas. Por exemplo, passar o produto nas coxas e canelas estende a proteção para os joelhos.

Outra dica importante é não usar o repelente antes de aplicar outro produto, como protetor solar ou creme hidratante. Isto porque ao utilizar o segundo produto, o efeito do repelente é diminuído ou totalmente anulado.

É preciso ter cuidado também com crianças, pois as substâncias tóxicas presentes nas fórmulas dos repelentes podem fazer mal.

As recomendações de uso moderado dos repelentes para não provocar mal-estar também são aplicáveis aos animais.

No Brasil, atualmente, existem três tipos de repelentes artificiais que são mais comercializados. Cada um apresenta um grau de toxicidade diferente, o que ocasiona efeitos e duração diferenciada.

Vamos abordar cada um deles a seguir. Confira!

Repelente

Tipos de repelentes

Quando pensamos nos tipos de repelentes, vale mencionar os princípios ativos mais utilizados atualmente no Brasil:

  • Icaridina;
  • DEET;
  • IR3535.

A icaridina é a mais eficiente contra o Aedes aegypti. Isso se deve à longa duração de seus efeitos repelentes na pele. Pode chegar ater 10 horas de duração. Outra vantagem é não conter muitos elementos tóxicos, mas sem dúvida não é uma fórmula livre de componentes químicos.

Prova disso é a recomendação de médicos para não aplicar repelente com essa fórmula em crianças menores de 2 anos.

O princípio ativo conhecido como DEET é um dos mais comuns em repelentes e o que apresenta maior nível de toxicidade. O produto totalmente eficaz é o que apresenta concentração da fórmula superior a 50%, versão que não existe no Brasil.

Não significa que as versões com concentração inferior não provoquem proteção, mas não são tão eficazes, principalmente pelo tempo de duração dos efeitos ser menor. Estes duram até 6 horas, tempo que pode ser diminuído em condições de calor e suor.

Os repelentes com esse princípio ativo comercializados no Brasil são os de 10% a 15% de concentração, indicado para adultos, e de 6% a 9%, indicados para crianças com mais de dois anos.

Já o princípio ativo IR3535 é o único indicado para crianças com idade de seis meses a dois anos. Isto porque não contém substâncias tóxicas, sendo mais fraco. Para se ter uma noção, repelentes com esse princípio ativo são comercializados com 20% de concentração, o que equivale a 10% do DEET.

Repelentes naturais

A vantagem dos repelentes naturais é que, por não terem produtos tóxicos, o risco de causar mal-estar diminui. No entanto, trazem como desvantagem o fato de terem duração muito menor do que o repelente desenvolvido em laboratórios. A proteção pode durar apenas 15 ou 20 minutos.

Complica ainda que alguns desses repelentes naturais não têm comprovação científica de que são eficazes para afastar determinados insetos.

Alguns dos repelentes naturais mais conhecidos:

Repelente

Repelente para bovinos

Muitos produtores de gado optam por usar como repelente para bovinos os que são baseados em elementos naturais. Tornou-se comum, por exemplo, produtores trocarem o produto de laboratório pela aplicação de alho em pó no corpo do animal.

O alho atua como um repelente para animais que causa menos danos à saúde do gado, ao contrário dos repelentes químicos que são mais agressivos em razão das toxinas encontradas nas fórmulas. É também visto como ponto positivo o fato do cheiro do repelente sair com o suor do animal ou com o seu sangue.

É preciso avaliar cada caso, pois como relatado acima, a desvantagem dos repelentes naturais é a duração muito reduzida. Para animais que já estejam sendo parasitados por insetos ou que são vítimas de hordas numerosas, esse tipo de repelente pode não ser  a solução definitiva. Nesses casos, os repelentes químicos ainda se mostram como a opção mais eficaz.

Brinco mosquicida

Um tratamento mais eficaz para lidar com mosquitos, como moscas-dos-chifres, é o brinco mosquicida. Não se trata de um repelente natural, tampouco é tão agressivo como os repelentes químicos tradicionais.

A liberação dos componentes químicos é feita de forma mais lenta, de modo a diminuir os danos causados à pele do animal e garantir a proteção do mesmo.

Para aplicar esse repelente para bovino, siga esse procedimento:

  1. Desinfete o aplicador antes de usá-lo;
  2. Coloque o pino na agulha do aplicador;
  3. Pressione a presilha e coloque o brinco com a face voltada para cima;
  4. Coloque o brinco no centro e do lado posterior da orelha do boi;
  5. Pressione o alicate, mas cuidando para não acertar as nervuras da cartilagem e os vasos sanguíneos.

O brinco mosquicida é um repelente que garante proteção prolongada por até 180 dias.

ACESSO RÁPIDO
    Mayk Alves
    Fundador do Portal Vida no Campo e Agro20, Mayk é neto de Lavradores. Desde cedo esteve envolvido com as atividades do campo e, em 2014, uniu sua paixão pela comunicação com o tradicionalismo do campo. Tem como missão levar informações sobre o agronegócio de forma dinâmica, interativa e sem filtros.

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