Tacacá reforça cultura africana em costume culinário paraense
O tacacá é iguaria de gosto picante, reforçado e com uma pitada de sal. É uma receita que desperta a curiosidade de muitos estrangeiros, bem como os brasileiros de outras regiões do país. O produto exótico é complemento de cardápios simples e, ao mesmo tempo, de muito requinte, no Pará.
Fazendo uso de camarão seco, o tacacá é um dos pratos baianos que seca o camarão para misturar no molho, hábito comum na África. O consumo deste ingrediente, na Bahia, acontece nas formas secas e defumadas como petiscos. Mas podem também ser servidos em acarajés, vatapás e demais receitas com molho de peixe.
O que é tacacá?
O tacacá é um tipo de mingau de tapioca, com um tempero delicioso de cebola, tucupi, camarão e jambu. Trata-se de uma das receitas mais famosas da Amazônia, que tem consumo e venda em diversos lugares próximos. A preparação desta iguaria é feita com o tucupi, um caldo amarelo. Ele é despejado em cima de toda a goma da tapioca, em companhia do camarão seco e do jambu.
Juntos, portanto, os ingredientes formam uma das atrações mais típicas do cardápio do Pará. Essa mistura do camarão, jambu e a tapioca é fervida em conjunto. Acrescenta-se, então, um bom tempero repleto de pimenta. Assim, a receita ganha um gosto picante e se serve em temperatura quente. Para tanto, faz-se uso de cuias com casca de coco. O prato típico é muito comum em Belém.
Nessa capital, encontram-se facilmente tacacazeiras. Elas são mulheres que cozinham há anos os ingredientes do tacacá, com saber que se passou de gerações. As cozinheiras são consideradas, também, patrimônio cultural imaterial da capital do Pará e, em últimos anos, a Prefeitura organizou festival de tacacá que acontece todos os anos, divulgando toda a cultura e beleza da cidade.
Origem do Tacacá
Sobre essa receita típica, há diversas controvérsias. Dentre possíveis fatos da origem do tacacá, historiadores dizem que veio dos índios paraenses. Isto porque eles costumavam preparar o caldo de mandioca com sopa. No caso dessa culinária específica, trata-se de iguaria da Amazônia que se prepara com tucupi. O caldo, que se despeja por cima da tapioca, serve-se também com jambu e o camarão seco.
A goma e o tucupi resultam da massa de mandioca bem ralada. Após prensar o alimento para elaborar a farinha, encontra-se o líquido amarelo e cremoso. Assim que se deixa em descanso, essa goma permanece depositada em fundo de recipientes, bem como o tucupi nas partes superficiais da refeição.
Ela deriva de uma sopa feita pelos índios, que se chamava “mani poi”. É a partir dela que surge o tacacá tão conhecido pelos baianos. Contudo, a depender de cada estado do norte, a receita apresenta características específicas sobre a preparação do ingrediente, que pode ser o acréscimo de:
- farinha;
- pipoca;
- purê;
- cheiro verde;
- cebolinha.
Os primeiros rascunhos sobre o tacacá aconteceu no séc XVI, por Abbeville, um padre, que descrevia as práticas das alimentações dos índios. Já o vocábulo “tacacá” vem, de forma específica, do nheengatu ou, ainda, do tupi veicular amazônico.
Tacacá do Norte
Esse é o nome convencional da receita. Para tanto, é preciso ferver o tucupi pelo tempo de 15 min. Depois disso, introduzir chicória, jambu, alho e pimenta, cozinhando por mais 5 minutos ou até que os talos fiquem mais macios. Em uma panela, dissolver toda a goma de tapioca e cozinhar, até ficar transparente.
Aferventar os camarões secos, de forma separada. Nas cuias próprias, colocar a goma até que preencha, pelo menos, um terço e completar com as folhas do jambu e o caldo amarelo do tucupi. O ideal é finalizar com os camarões, um para cada um dos tacacás.
A receita faz parte das principais comidas típicas do estado paraense. Dentre elas, estão o jambu, o pato no tucupi, caruru, filé marajoara e maniçoba. Essa última, conhecida como a feijoada do Pará, também é produzida com as folhas de mandioca brava. A apresentação desse prato não é tão agradável, mas é extremamente delicioso. Quem não conhece, surpreende-se ao provar.
Tucupi com Tacacá
Como já mencionado, o tucupi tem uma cor amarelada, um gosto ácido e forte aroma. Sua extração vem da mandioca bem ralada, descascada. Trata-se de um alimento comum na mesa de quem reside no norte do Brasil. A mandioca, por exemplo, é um tipo de ingrediente que ganha maior atenção na receita. Dele se aproveita tudo, desde a sua raiz, até as folhas.
O caldo de tucupi deriva da mandioca do tipo brava. Ela é considerada muito venenosa, em razão de apresentar grandes quantidades de ácido cianídrico em sua composição. Essa substância é tóxica e pode provocar a morte de peixes e de animais domésticos. Além disso, polui a natureza ao entrar em contato com o meio ambiente.
O tucupi é originado dos índios, e é ingrediente marcante na culinária do norte brasileiro. É capaz de complementar muitos pratos típicos e dar personalidade a todos eles.
O que é Jambu?
Trata-se de uma planta tradicional do norte brasileiro. A erva tem uso gastronômico, principalmente com a cachaça de jambu, que adormece a boca. As principais características desse ingrediente é a capacidade de dormência nas mucosas. É por isso que gera um toque diferente a todas as culinárias. Quem quer conseguir esse efeito de forma mais intensa, pode usar as flores do jambu na preparação das receitas.
Nessas flores, encontram-se grandes quantidades da substância química responsável pelo formigamento. O jambu é chamado também agrião amazônico e pode ser usado para fazer:
- tortas;
- carnes;
- bolos;
- patês;
- tacacá;
- pato no tucupi.
Essa planta disponível na área norte brasileira, principalmente no Pará, também está presente em Madagascar e parte do continente asiático. Sua fama começou pela presença em variedades típicas da culinária como todas as receitas já mencionadas.
No entanto, seu uso não se limita apenas para a área gastronômica. Além de ser o diferencial entre o tacacá e molhos de comidas típicas do estado paraense, portanto, pode ser utilizada para o alívio de dores, em virtude de sua ação analgésica e propriedades medicinais específicas.