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Transudato: produção de fluidos sem caráter inflamatório

Transudato: produção de fluidos sem caráter inflamatório

Transudato é um líquido, ou fluido, produzido pelo corpo com algumas características específicas, como o baixo teor de proteína. Assim, transudato é chamada toda a produção aquosa do corpo, mas sem que esta esteja relacionada à inflamações ou infecções. Alguns diferentes fatores podem levar à produção deste tipo de fluido.

O transudato, então, é visto como uma manifestação do corpo a alguma anomalia. Um exemplo deste fluido seria a produção de plasma sanguíneo, por exemplo.

  1. O que é transudato?
  2. Qual a relação entre transudato e exsudato?
  3. Quais as características do transudato e do exsudato?
  4. Tipos de líquidos produzidos em processos inflamatórios
  5. Curiosidades sobre a palavra transudato
  6. Conceituação do sistema respiratório
  7. Função do sistema respiratório
  8. Derrame-pleural
  9. O que é pleura?
  10. Principais sintomas do derrame pleural
  11. Diagnóstico de derrame pleural
  12. Causas principais de transudatos
  13. Líquido pleural e sua importância
  14. Classificação dos líquidos cavitários

Transudato

O que é transudato?

Transudato pode ser definido como um líquido com pouco teor de proteína. Ou seja, é a baixa quantidade de proteína em determinada substância. Assim, ele pode ser um líquido ultrafiltrado do plasma sanguíneo. Geralmente é resultante de pressão hidrostática muito elevada, assim como a força osmótica diminuída do plasma.

Algumas definições também explicam o transudato como uma serosidade de origem não inflamatória, que está infiltrada no tecido conjuntivo. Ele pode, também, estar inserido em alguma cavidade do corpo.

As possíveis causas para que isso ocorra, então, são insuficiência cardíaca, renal ou hepática.

Qual a relação entre transudato e exsudato?

Um é o oposto do outro. A principal diferença entre transudato e exsudato está entre seu nível inflamatório.

O primeiro, então, não é decorrente de uma inflamação. Uma de suas principais características é possuir pouquíssima proteína e baixo nível celular. Enquanto isso, o segundo (também pode ser chamado de pus), são fluidos que surgem e se manifestam em locais onde ocorrem inflamações ou infecções.

Um exemplo de transudato, então, poderia ser a ascite: esta é uma manifestação conhecida como barriga d’água. Nada mais é do que o acúmulo de líquidos no abdômen, não atuando como uma inflamação, portanto.

Quais as características do transudato e do exsudato?

Algumas características básicas diferenciam os dois tipos de fluidos: transudato e exsudato.

O primeiro deles:

  • Possui baixíssimo teor de proteína
  • Não tem origem em processos inflamatórios
  • Possui baixa celularidade

O segundo tipo de fluido:

  • Está relacionado às inflamações
  • Fluido que envolve células e proteínas

O corpo produz fluidos durante as inflamações

Durante as inflamações exsudativas, ou seja, aquelas que produzem fluidos, o corpo tem a capacidade de se manifestar através de alguns sinais. Em alguns casos, além da produção de líquidos também ocorre elevação de temperatura corporal, ocasionando a febre.

Tipos de líquidos produzidos em processos inflamatórios:

  • Seroso: quando o fluido é aquoso e límpido
  • Mucoso ou catarral: quando o líquido produzido é viscoso
  • Purulento: ocorre quando o fluido é cremoso, rico em células mortas. Geralmente possui coloração amarelada
  • Fibrinoso: é identificado por um fluido filamentoso, com fibras
  • Pseudomembranoso: neste caso o líquido forma crostas ou placas
  • Hemorrágico: quando o líquido é rico em hemácias e, assim, avermelhado
  • Misto: quando ocorre a presença de mais de dois tipos dos fluidos citados

Transudato

Curiosidades sobre a palavra transudato

O termo original vem do latim e, assim, divide a palavra em duas. O prefixo “trans” significa através. Com isso, soma-se o restante “sudato”.

Ao pé da letra transudato, então, significa a passagem de líquidos sem manifestações inflamatórias. Essa passagem de líquidos pode estar relacionada às células, órgãos e outros mecanismos do corpo.

Conceituação do sistema respiratório

Para que a compreensão acerca de o que é transudato fique cada vez mais clara, é preciso destacar que o fenômeno ocorre, sobretudo, no sistema respiratório. A propósito, tanto os pulmões quanto suas diversas vias aéreas integram esse sistema.

De fato, as vias áreas adentram os pulmões e, uma vez lá, ramificam-se para constituir a “árvore brônquica”. Com a finalidade de atingir os chamados “alvéolos”, tais ramificações atingem pequenos espaços aéreos.

Certamente, o trato respiratório tem suas vias divididas em:

  1. Porções condutoras: são constituídas pelos brônquios, pelos bronquíolos, pela traqueia, pela laringe, pela faringe e, também, pelas cavidades nasais (a cavidade oral, durante respirações forçadas, integram essa porção);
  2. Porções respiratórias: constituídas pelos alvéolos, pelos sacos alveolares, pelos ductos alveolares e pelos alvéolos.

Por causa dessa dinâmica do organismo, as porções condutoras têm a finalidade de acomodar o ar, assegurando que ele seja devidamente umidificado e aquecido. Então, também existe a função de retirar as partículas indesejadas do ar. Eventualmente, as porções respiratórias são aqueles locais onde ocorrem trocas gasosas entre a corrente sanguínea e o ar.

Função do sistema respiratório

Principalmente, a função principal do sistema respiratório consiste na troca gasosa efetuada nos pulmões. Conforme a base para a efetivação dessa função seja a relação estabelecida entre os alvéolos e os capilares, concretiza-se a irrigação pulmonar.

De tal forma que irrigação nos pulmões é realizada pelos vasos sanguíneos que, com os brônquios, entram neles e se ramificam em vasos menores que, por sua vez, entram em íntimo contato com os alvéolos.

Além disso, cada um dos componentes do sistema respiratório possui uma constituição histológica. Mas, ela varia de acordo com a função a ser desempenhada pelo órgão.

Visto que nosso objetivo, no presente artigo, é deslindar a transudação, você compreenderá melhor, nos tópicos que veremos a seguir, como se constitui essa formação e sua relação com o transudato.

Transudato

Derrame pleural

Desse modo, o transudato é um tipo específico de derrame da pleura (ou derrame pleural). Por conseguinte, pode ser caracterizado pelo anormal acúmulo de líquidos junto à cavidade pleural.

Porquanto esse é o espaço localizado entre as pleuras parietal e visceral, a cavidade envolve o pulmão e forra internamente as paredes de outra cavidade: a torácica. Tanto quanto deslizam umas sobre as outras, também se encontram apartadas por uma película, relativamente fina, de líquido.

O que é pleura?

A pleura pode ser definida como uma camada serosa responsável por envolver os pulmões. Ou por outra, ela é formada a partir de dois folhetos: o visceral e o parietal. Aliás, ambos são contínuos nos orifícios chamados de “hilo pulmonar”.

Acima de tudo, os folhetos são compostos pelo mesotélio – um epitélio simples – e, ainda, por camada fina de tecido conjuntivo constituído de fibras elásticas e colágenas. Isto é, esses folhetos eliminam, para os pulmões, uma cavidade plural e independente, revestida pelo mesotélio.

Ao mesmo tempo, essa cavidade pleural, normalmente, contém somente uma película lubrificante de líquido, permitindo o suave deslizamento dos folhetos ao longo dos movimentos respiratórios.

De conformidade com essa movimentação, o atrito entre os mesotélios parietal e visceral passa a ser impedido. No momento em que houver acúmulo de líquido entre os folhetos pleurais, a explicação para tal fenômeno pode ser obtida pela alta permeabilidade da pleura.

Por certo, o acúmulo se dá em razão da transudação de plasma pelos capilares. Primeiramente, isso é provocado em consequência de processos inflamatórios, representando uma situação consideravelmente prejudicial ao organismo.

Principais sintomas do derrame pleural

Semelhantemente, a evolução do derrame pleural ocorre com sintomas diretamente vinculados ao abarcamento da pleura articulado àqueles decorrentes da enfermidade de base que, porventura, o tenha determinado. Estes, muitas vezes, tendem a predominar no quadro clínico.

De acordo com a variabilidade das manifestações das doenças de base, há grandes quantidades de doenças que são passiveis de cursar com o derrame pleural. Com efeito, entre os sintomas decorrentes do envolvimento pleural, destacam-se a dispneia, a tosse e a dor torácica.

  • Tosse

Em contrapartida, as tosses são sintomas respiratórias inespecíficos. Assim também, elas podem estar associadas a enfermidades dos tratos respiratórios inferior e superior.

Em conclusão, a existência de um derrame pleural, principalmente, em grandes volumes, pode estar isoladamente associada ao que convencionou-se chamar de “tosse seca”.

  • Dispneia

Nesse ínterim, as alterações dos ritmos respiratórios, ou seja, a dispneia, se faz presente em derrames de mais rápida formação e volume. Uma vez que existe tendência de melhora, o ideal é que os pacientes assumam a posição de decúbito lateral do lado em que ocorreu o derrame.

Antes de tudo, a presença de dores pleuríticas deve ser levada em consideração, à medida que elas limitação as incursões respiratórias. Só para exemplificar, a existência de enfermidade parenquimatosa concomitante contribui, também, para a manifestação de dispneia.

  • Dor torácica

Apesar de as dores torácicas de origem pleurítica serem um dos mais comuns sintomas nos derrames pleurais, elas indicam o acometimento da pleura parietal. Assim sendo, a visceral, por não ser inervada, costuma ocorrer nos exsudatos.

Ou seja, as dores torácicas não indicam necessariamente presença de líquidos. Inegavelmente, elas tendem a ser mais intensas nos estágios iniciais da pleurite e melhorar com o acréscimo do derrame pleural.

De maneira idêntica, o seu caráter é, na maioria das vezes, descrito como “pontadas” lancinantes, piorando nitidamente com inspirações profundas e com tosses. Analogamente, melhoram com repouso do lado que foi afetado, como acontece durante as pausas nas respirações ou quando o paciente assume a posição supramencionada para se deitar.

Ainda que as dores torácicas se localizem nas áreas afetadas, podem ser referidas na região lombar ou nos andares superiores do abdômen (sempre que alguma porção inferior da pleura for acometida).

Logo depois, quando certas posições centrais da pleura diafragmática são acometidas, as dores, geralmente, tendem a se concentrar, com maior amplitude e intensidade, nos ombros.

Transudato

Diagnóstico de derrame pleural

Com toda a certeza, os aspectos visuais dos líquidos pleurais podem ser de grande utilidade. Desde que, em determinados casos (sempre em conjunto às práticas clínicas), é possível fornecer o diagnóstico, em outras situações, eles podem indicar a necessidade de exames complementares.

Em síntese, a existência de pus, por exemplo, pode ser identificada facilmente, bem como a presença de um líquido de aspecto leitoso que sugere quilotórax. Nesse meio tempo, porém, o empiema possa, igualmente, apresentar esse aspecto.

Por mais que o paciente se coloque de perfil ou de pé, a radiografia de tórax viabiliza a identificação do derrame. Se acaso houver variações em seu volume, elas tenderão a acompanhar as seguintes evoluções:

  • Obliteração de seio costofrênico: ela surge a partir da variação entre 175 ml a 500 ml em adultos;
  • Radiografia normal de tórax: são volumes pequenos e não identificáveis em PA;
  • Progressiva opacificação de porções inferiores nos campos pleuropulmonares sob a forma de parábolas com concavidades voltadas para cima;
  • Alteração e elevação da conformação de diafragma, incluindo a retificação da sua porção medial.

Formas atípicas

A saber, os derrames pleurais podem se apresentar em formas atípicas, por exemplo:

  • Derrame subpulmonar ou infrapulmonar: por motivos não esclarecidos, grandes volumes de líquidos podem permanecer sob o pulmão. Enfim, sem espalhamento para alguma porção lateral dos espaços pleurais ou seio costofrênico;
  • Derrame loculado: em qualquer campo pleuropulmonar, os líquidos pleurais podem se manter encapsulados. É mais comum que esse fenômeno ocorra no empiema e no hemotórax;
  • Tumor fantasma (ou loculação entre cissuras): os líquidos pleurais podem se manter encapsulados na cissura oblíqua ou horizontal. Em outras palavras, podem compor uma imagem que seja compatível com massas identificáveis na projeção PA. Similarmente, tende a ocorrer com mais frequência na projeção lateral, em conformação elíptica.

Causas principais de transudatos

Elencamos, a seguir, algumas das causas principais de transudatos e, também, algumas das mais raras. Entre as mais comuns, temos:

  • Hipoalbuminemia: baixa concentração da proteína albumina no corpo;
  • Insuficiência cardíaca congestiva: enfermidade que impede o coração de bombear normalmente o sangue;
  • Neoplasias: provocadas pela desordenada proliferação de células, gerando massas anormais de tecido;
  • Atelectasias: colapso total ou parcial do pulmão, provocado pelo esvaziamento dos alvéolos;
  • Glomerulonefrite: inflamação do glomérulo, comprometendo a formação da urina e filtragem do sangue;
  • Embolia pulmonar: obstrução, por coágulos, das artérias pulmonares;
  • Diálise peritoneal: processo de depuração sanguínea;
  • Síndrome nefrótica: incapacidade de reter proteínas que são filtradas na urina;
  • Cirrose hepática: mau funcionamento do fígado em razão de lesões prolongadas.

Dentre as causas mais raras, destacam-se:

  • Obstruções da veia cava: bloqueio do fluxo normal de sangue na veia em questão;
  • Pericardite constritiva: espessamento do pericárdio;
  • Urinotórax: presença de urina nas cavidades que circundam o pulmão;
  • Fístula liquórica: perpetuação de vazamentos de líquidos para a pleura;
  • Sarcoidose: crescimento de células inflamatórias;
  • Procedimento de Fontan: método cirúrgico paliativo;
  • Mixedema: desordem de tecidos e pele provocada por hipotireoidismo severo e prolongado;
  • Desnutrição: condição de saúde capaz de ocasionar diversos problemas em decorrência de dietas com insuficiente consumo de nutrientes;
  • Iatrogenia: infusão, no espaço pleural, de soluções pobres em proteínas.

Líquido pleural e a sua importância

A menos que estejam dissociados da clínica, os aspectos visuais de líquidos pleurais são muito úteis. Às vezes, é possível, até mesmo, já fornecer um diagnóstico ao paciente.

Enquanto, em outros casos, as imagens orientam solicitações de exames complementares, a existência de pus é facilmente identificável. Já que líquidos com aspectos leitosos sugerem quilotórax, é preciso frisar que o empiema também pode apresentar esse aspecto.

Como se sabe, os derrames pleurais hemáticos devem ser diferenciados entre líquidos apenas hemorrágicos ou hemotórax. Sob o mesmo ponto de vista, deve-se, para tanto, dosar o hematócrito.

Não apenas para verificar as condições gerais de saúde do organismo, mas, sobretudo, porque índices superiores a 50% de hematócrito sugerem o hemotórax. Da mesma forma, suas principais etiologias são a dissecção de aneurisma na aorta ou decorrência de traumatismos.

Primordialmente, o líquido hemorrágico que não pode ser classificado como hemotórax são descritos na embolia pulmonar, na tuberculose e, também, nas neoplasias.

Classificação dos líquidos cavitários

Em virtude de classificar os líquidos cavitários de uma forma mais didática, eles são denominados de:

  • Exsudato;
  • Transudato modificado;
  • Transudato simples.

Em princípio, devemos levar em consideração todas as características inerentes à contagem das células nucleadas e à concentração de proteínas. Dessa maneira, os transudatos simples devem ser entendidos como efusões que apresentam baixa concentração de células e de proteínas.

Surpreendentemente para muitos, os transudatos modificados são – como sua própria nomenclatura indica – aqueles que se modificaram em consequência à adição de células ou de proteínas. Sobretudo, os exsudatos devem ser tidos como efusões ricas tanto em células quanto em proteínas.

Transudato

Por que solicitar a análise de líquidos cavitários?

Desde a perspectiva dos pacientes, quaisquer acúmulos de líquidos em cavidades corporais devem ser analisados. Igualmente, as causas de um acúmulo podem ser identificadas precocemente.

Afinal, essa detecção pode ser obtida nas análises dos líquidos cavitários associadas aos exames de rotina, tais como o perfil bioquímico (ocorrência de uroperitônio, por exemplo) e o hemograma.

Contudo, as análises dos líquidos cavitários são consideradas, também, exames práticos e de baixo custo. Posto que podem fornecer, inicialmente, dados valiosos, eles podem contribuir significativamente para o prognóstico e o diagnóstico de diversas doenças.

Envio de amostras

Cumpre ressaltar, inicialmente, que os líquidos analisáveis são:

  • Sinoviais;
  • Abdominais;
  • Pericárdicos;
  • Torácicos.

Eessas amostras precisam ser enviadas em 2 tubos: o tubo seco (com tampa vermelha) e o tubo com o anticoagulante EDTA (com tampa roxa). Em resumo, ambos são imprescindíveis para um exame completo, isto é, com análises citológicas, químicas e físicas.

A princípio, é recomendável enviar lâminas confeccionadas no exato momento da coleta, a fim de assegurar a integridade celular. Por analogia, depois da coleta, cada amostra deve ser refrigerada e enviada, assim que possível, ao laboratório correspondente.

Do mesmo modo, há diversas enfermidades que causam acumulação de líquidos nos espaços pleurais. Nesse sentido, a primeira fase de um diagnóstico diferencial dos derrames pleurais dependerá, conforme mencionado, na distinção entre transudato e exsudato.

Por consequência um derrame será classificado como exsudato ao cumprir os critérios clássicos de Light. Porque, em certos casos, o transudato pode ser equivocadamente classificado como transudato seguindo esses critérios, os profissionais da área devem redobrar a atenção para não errar no diagnóstico.

ACESSO RÁPIDO
    Joana Gall
    Joana Gall é técnica em agropecuária pelo Instituto Federal Catarinense e atua na pesquisa sobre as mulheres rurais de Camboriú, em Santa Catarina.

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