Brasil concentra a maior quantidade de animais silvestres no mundo
Os animais silvestres são importantíssimos pela preservação do equilíbrio de ecossistemas. Alguns assustam pela sua ferocidade e também encantam pela beleza de rara reprodução. Beleza que os tornam cobiçáveis.
Depois do tráfico de armas e de drogas, o tráfico de animais silvestres é o que movimenta mais dinheiro no mundo. Suas cifras chegam a 10 bilhões de dólares por ano e o Brasil, por concentrar grande parte desses animais devido à sua enorme biodiversidade de flora e fauna, é um dos maiores exportadores desses animais.
O que são animais silvestres?
Animais silvestres são os tipos de animais que vivem em seus ambientes naturais e que não são domesticados. Esses ambientes naturais podem ser florestas, savanas, lagos, oceanos, etc.
Há duas categorias de animais silvestres: os naturais e os exóticos.
Os ditos naturais são aqueles que vivem nos locais característicos de nascença, os nativos de determinados ecossistemas e que ali permanecem durante toda a vida.
Os chamados animais silvestres exóticos são aqueles que vivem em locais distintos de seu local comum de nascença.
Um exemplo possível de citar no Brasil é a zebra. Sua origem é na África Central e do Sul, mas alguns espécimes vivem aqui no Brasil, portanto, são considerados animais exóticos em nosso território.
A classificação de animais silvestres exóticos também pode ocorrer mesmo se um animal for natural do país em que está situado. Por exemplo, um animal cuja origem tenha sido no estado de Pernambuco poderá ser considerado exótico em São Paulo, e vice-versa.
Animais silvestres podem ser domesticados
Uma das causas do tráfico de animais silvestres é o desejo de algumas pessoas em domesticar esses animais para criar em casa ou em terreno particular. Mas tal investimento é arriscado e um grande erro.
Muitos animais silvestres não conseguem se adaptar a ambientes fechados, pois não fazem parte da natureza deles se manterem reclusos. Apreciam a liberdade e não raro usam a violência para resistir a reclusão forçada.
Outra consequência é o adoecimento do animal.
Há exceções. No entanto, mesmo quando a domesticação é exitosa, não significa que seja algo positivo pensando em todo um coletivo, pois animais silvestres são importantes para manter o equilíbrio dos ecossistemas.
Sem a presença deles em seus locais de origem, o ciclo de várias formas de vida do lugar são prejudicados, gerando consequências que afetam, inclusive, o cotidiano e as condições de vidas dos seres humanos.
Portanto, é complicadíssimo domesticar animais silvestres e é ambientalmente irresponsável. O mesmo vale quanto a dar total liberdade a animais domesticados. Essa é outra crença que não promove bem algum.
O animal domesticado, depois de extraído do seu habitat natural ou do longo tempo ausente, não desenvolve as habilidades necessárias para viver de forma autônoma. É muito provável que não tenha tempo hábil para vir a desenvolvê-las de modo a garantir a sua sobrevivência ou de se manter a salvo de outros animais que têm eles como presas.
Além do mais, esses animais acabam desenvolvendo um vínculo não só de dependência, mas afetivo com os seus antigos donos. O abandono pode os deixar deprimidos e dificultar ainda mais o processo de adaptação.
O tráfico de animais
Esse é um dos problemas que mais geram preocupações nas autoridades de diversas nações. O tráfico de animais silvestres é o 3º maior comércio ilegal do mundo, movimentando anualmente mais de 10 bilhões de dólares por ano.
O Brasil é o maior polo exportador de animais silvestres. Estima-se que sejam retirados do país, anualmente, mais de 12 milhões de espécimes.
De cada 100 animais, pelo menos 70% são comercializados no país. Há várias motivações que sustentam o tráfico, não apenas a domesticação desses animais.
Muitos são requisitados para fins científicos. Outros são buscados para fazer parte de coleções particulares e outros tantos são caçados e vendidos para a produção de produtos que utilizam couros, peles e penas para a fabricação.
A seguir, veja alguns animais silvestres nativos do Brasil.
-
Mico-Leão-Dourado
Certamente o mais famoso, e mais perseguido, é o Mico-Leão-Dourado. Esse animal é muito querido no país, se tornou um símbolo nacional, tanto que aparece em nossas cédulas de dinheiro.
A sua beleza rara e chamativa foi, e continua sendo, alvo de cobiça. O animal já esteve muito perto de ser totalmente extinto.
Hoje, é mantido em áreas de proteção ambiental (enquanto existirem) e, apesar de o risco de extinção não ter sido eliminado de todo, se encontra em situação melhor em comparação a décadas passadas.
-
Arara-Azul
Sem dúvida, uma das aves do Brasil mais famosas e queridas. Sua beleza encanta. A sua pelagem é de azul forte e tem manchas amarelas espalhadas pelo corpo.
É encontrada na região sul do Brasil, principalmente. A expectativa de vida chega a 40 anos. Vive basicamente de frutas e sementes.
Também é alvo do tráfico de animais silvestres e precisa se mantida em algumas unidades de preservação para garantir a sobrevivência da espécie.
-
Boto
O boto pode ser encontrado na Amazônia ou no Atlântico, mas não será uma tarefa simples, porque está em extinção.
Sim, o tráfico novamente se apresenta como um dos fatores da perda desses animais. Contudo, o boto tem uma característica que contribui para a sua extinção: a sua docilidade.
A coloração dos botos varia de acordo com a idade. É um animal aquático lento. Salta mais de um metro na superfície no amanhecer ou entardecer. Mede entre 1,8 a 2,5 metros e pode pesar até 160 kg.
-
Lobo-Guará
Encontra-se o Lobo-Guará principalmente no Cerrado brasileiro, nos Campos do Sul, no Pantanal, na Mata Atlântica e parte da Caatinga.
É um animal veloz. As patas dianteiras são menores que as traseiras, característica que facilita a subida de morros. A pelugem desse animal é avermelhada, com exceção do lombo, patas, rabo e pescoço.
Tem hábitos noturnos. Solitário, não anda em bando e só se junta com a fêmea em épocas de reprodução.
Falando em fêmeas, a gestação dura em torno de 65 dias. A fêmea da espécie Lobo-Guará tem apenas uma cria por gestação. A expectativa de vida dessa classe de animais silvestres é de 13 anos.