Mercado de cerveja e chopp no Brasil é responsável por 1,6% do PIB nacional. Apesar de contarem com os mesmos ingredientes, terem gostos similares e serem usados como sinônimos por marcas e consumidores, chopp e cerveja não se referem a mesma bebida. Há diferença, ainda que pontual, mas significativa.
A indústria de cerveja e chopp é uma das que mais empregam no Brasil e tem faturamento de mais de 100 bilhões de reais anualmente, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CERVBRASIL).
O que é chopp?
Chopp é uma palavra de origem alemã muito utilizada em bares do século XIX para solicitar a cerveja do barril. “Chopp” vem do alemão “Schoppe” que significa “copo de meio litro”.
Essa bebida também é composta por malte, leveduras, lúpulo, em suma, os mesmos ingredientes verificáveis nas cervejas comuns em lata que encontramos em bares e restaurantes.
O gosto tem muita semelhança com a cerveja que se tornou tradicional e o aspecto também. Não é de se surpreender que seja tratada como se fosse uma cerveja de armazenamento em garrafa e lata, apenas uma variação do nome cerveja.
Ajuda a reforçar essa crença o fato das próprias fabricantes, por meio de suas campanhas publicitárias, tratarem os termos como se fossem sinônimos e não apresentarem nenhuma diferença.
Contudo, esse tratamento é equivocado, pois chopp e cerveja têm diferenças que proporcionam experiências distintas de consumo, ainda que apresentem várias semelhanças.
Mas quais seriam essas diferenças se ambas as bebidas são compostas pelos mesmos ingredientes?
A resposta está em uma das etapas de produção dessas bebidas.
Qual é a diferença entre chopp e cerveja?
A principal diferença entre chopp e cerveja refere-se à pasteurização. Uma sofre esse processo e a outra não.
A pasteurização foi desenvolvida pelo cientista francês Louis Pasteur em 1864. É um processo físico de esterilização que consiste no aquecimento de todo tipo de recipiente com o objetivo de eliminar as atividades microbiológicas existentes.
Alguns micro-organismos são os principais responsáveis pela rápida deterioração dos alimentos. O principal benefício da pasteurização é prolongar a durabilidade de alimentos e líquidos ao eliminar germes e bactérias nocivos.
Esse tempo maior de vida útil é uma grande solução em termos comerciais, para o armazenamento e transporte de produtos. Contudo, esse processo provoca pequenas alterações no sabor, aspecto e aroma da cerveja.
A cerveja encapsulada em latas e garrafas é a que sofre o processo de pasteurização.
O chopp não passa por esse processo e é armazenado diretamente no barril.
Portanto, podemos afirmar que a principal diferença entre chopp e cerveja é que as cervejas em lata e garrafa são pasteurizadas, enquanto a de barril não é.
Contudo, essa não é a única diferença. Não ser pasteurizada não é o único critério que define o que é chopp.
Outra característica importante do chopp é ser extraído do barril de chopp por meio de pressão (CO₂). Esse gás acaba se misturando à bebida e acrescentando leveza. Portanto, adiciona característica que faz o líquido apresentar diferença em relação à cerveja de garrafa e lata.
O chopp é envasado em barris de 10 a 50 litros, enquanto a cerveja é envasada em latas e garrafas.
Gosto e aspecto do chopp e cerveja
O gás usado para extrair o chopp do barril faz da bebida mais leve em comparação à cerveja de lata. Como não passa por processo de filtragem, o chopp tem aspecto mais encorpado, além de ser mais cremoso que a cerveja de garrafa.
A pasteurização modifica, sim, o sabor, ainda que levemente, mas os apreciadores inveterados de uma das bebidas certamente vão perceber ao experimentar a que consomem menos frequentemente.
Prós e contras da pasteurização
A cerveja pasteurizada mantida na garrafa em temperatura ambiente pode durar até 8 meses. O chopp no barril dura até 45 dias e, se aberto, deve ser consumido em até 5 dias, mantido em condições adequadas de armazenamento e refrigeração.
A cerveja, porém, quando aberta, tem que ser ingerida completamente no mesmo dia, em poucas horas.
A desvantagem na pasteurização está na mudança de sabor e aroma, um déficit considerável especialmente em cervejas artesanais, pois normalmente são mais ricas em aromas e sabores.
O mercado cervejeiro no Brasil
De acordo com a Cervbrasil, estima-se que o mercado cervejeiro no Brasil empregue 2,7 milhões de pessoas, se apresentando como um dos principais empregadores do país. É responsável por 1,6% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, contribuindo com 21 bilhões de reais anuais em impostos.
Há 1,2 milhões de pontos de venda por todo o país e a frota de veículos para o transporte de cerveja e chopp soma 38 mil veículos.
Essa indústria está presente em 99% dos lares brasileiros gerando mais de 100 bilhões em faturamento anualmente.
Além disso, a indústria conta com 690 empresas cervejeiras e parques industriais presentes em mais de 50 complexos industriais.
Chopp Brahma
Pelas características apontadas acima, nota-se que o chopp é um modo de produção de cerveja tradicional, antigo e que privilegia sistemas mais artesanais, pois não necessita de grande aparato tecnológico para a sua produção.
Como é inviável para ser transportado e armazenado por longo tempo, acabou se tornando um modo de produção em desuso pelas grandes fabricantes de cerveja que, por questões comerciais, passaram a privilegiar a produção pasteurizada. Logo, o chopp ficou por muito tempo restrito aos fabricantes artesanais de cerveja.
Contudo, com a curiosidade dos consumidores cada vez maior para conhecer novos sabores e tipos de cerveja, com o mercado da bebida artesanal ficando em alta, as grandes fabricantes passaram a considerar o investimento na produção de chopp, o legítimo.
Talvez o maior exemplo seja a Brahma que lançou a sua própria linha de chopp para atingir esse público, o Chopp Brahma.
A empresa destaca o aspecto cremoso, mais encorpado, leve e refrescante da cerveja não pasteurizada e a garantia de que seu produto está sempre fresco.
Chopp de vinho
E existe também o chopp de vinho. A premissa é basicamente a mesma da cerveja de barril: um líquido que não passa por processo de fermentação e é extraído de um recipiente, no caso, barril, por meio de gaseificação.
Contudo, não basta simplesmente fazer ou comprar um vinho, colocá-lo em um barril e servi-lo com pressão. É preciso que seja um frisante, como o moscatt.
As principais características do chopp de vinho:
- Mais forte que o tradicional;
- Cobertura cremosa (colarinho);
- Mais suave;
- Mais refrescante.
Sem dúvida, o chopp, seja de cerveja ou de vinho, é uma ótima pedida para ser consumido na hora, seja em bares, festas ou no conforto do lar.