Holstein frísia é um bovino visto como referência no ramo leiteiro. Originário da Europa, o holstein frísia surgiu há mais de 20 séculos – mais especificamente entre as regiões da Frísia (localizada nos países baixos) e a Holsácia (Alemanha).
O gado holstein frísia é explorado mundialmente por sua aptidão no universo leiteiro. Sendo assim, proporcionou grande crescimento econômico no Brasil, na região Centro-Sul do país, a partir da sua venda. Saiba mais sobre essa raça a seguir!
- Características do gado holstein frísia
- Desvantagens do gado holstein frísia
- Origem da raça holstein frísia
- Reprodução do gado holstein frísia
- Holstein é excelente gado leiteiro
- Concursos da raça holstein frísia
- Quanto custa o holstein frísia?
- Criação de holstein frísia
- Holstein frísia no Brasil
- Gado para produção leiteira
Características do gado holstein frísia
Também conhecido como o gado holandês, o holstein frísia destaca vacas capazes de produzir uma enorme quantidade de leite, podendo chegar a até 10 mil litros por ano. Justamente por esta ser sua maior fonte de renda, a raça já é reconhecida como referência no mundo da pecuária leiteira.
Sua alimentação tem a vantagem de ser barata, já que consiste em uma grande quantidade de forragem. Formada por diferentes plantas e folhas secas, essa mistura usualmente servem de alimento para o gado de diferentes raças e tipos.
Entre as principais características da raça, também se destacam:
- Atinge 1.54 m de altura; portanto, é corpulento
- Pesar de 600 à 700 kg
- Sua pelagem é malhada e em alguns casos pode ser vermelho e branco
- Sua cabeça é longa e dolicocéfala, ou seja, seu crânio é mais longo que sua parte transversal
- Contém focinho largo
- Possui peito largo e suas costelas são arqueadas e profundas
- Sua mama é volumosa e possui ligamentos fortes
- Pele macia e fina revestida de pelos sedosos e curtos
Desvantagens do gado holstein frísia
Apesar de ser muito lucrativo na pecuária de leite, a raça também destaca algumas desvantagens que devem ser levadas em conta por quem avalia ter uma criação voltada para o comércio dos produtos que o holstein origina. Entre as sua principais desvantagens, podemos citar:
- Devido ao tamanho que este gado por chegar, sua demanda por cuidados é proporcional
- Sua longevidade não é extensa
- O período de gestação é longo
- Muitos bezerros não sobrevivem e os que sobrevivem demoram muito para atingir seu período produtivo, ou seja, o gasto é maior que o lucro
- A vida produtiva de uma vaca holstein frísia é curta (cerca de 28 meses)
- São descartadas pelos pecuaristas após o período produtivo
- Por serem expostos a uma vida produtiva muito intensa, muitos desenvolvem estresse e acabam morrendo
Então, tendo como maior desvantagem sendo a dificuldade de manter a produtividade leiteira das vacas holstein, o produtor deve estar atento. Deve ser feito um cuidado especial que garante a saúde dos animais e reforça a mobilização de energia produtiva do animal pós-parto.
Portanto, controlar a alimentação e assegurar que suas necessidades fisiológicas estão sendo satisfeitas. Isso porque esse tipo de cuidado é uma boa maneira de permitir maior período produtivo.
Embora nem sempre ganhar peso é o ideal na gestação desta raça, são fatores assim como a ganha e perda de peso variam muito da necessidade de cada uma, de acordo com a altura e nível de gordura corpórea. Após o parto, o útero da vaca holstein frísia pode medir 1 metro de comprimento e pesar até 10 kg. Sabendo disso, a preparação de um ambiente pós-parto adequado é essencial para que se garanta maior período fértil.
Origem da raça holstein frísia
Estima-se que a raça holstein frísia tenha sido domesticada há mais de dois mil anos no Norte da Holanda e Oeste da Província da Frísia. Quando ainda não havia distinção entre raças, tudo indica que o gado holandês já apresentava uma excelente aptidão leiteira.
Então, no século XIX, quando a demanda por importação de gado aumentou, a criação de holstein frísia passou a ser feita de forma mais controlada e sem cruzamentos de espécies. Dessa forma, surgiu o primeiro Herd-Book Collares. Isso aconteceu no ano de 1879.
Por volta do ano 1970, o nome holstein frísia passou a ser usado internacionalmente para se referir à raça. Entretanto, um pouco antes disso, esse nome causou uma confusão considerável com respeito à sua origem.
Na verdade, holstein é o nome de uma província alemã que importava apenas uma pequena parte dos animais para a América do Norte. Porém, cerca de 95% da espécie era de origem holandesa, pois foi onde ela surgiu.
Segundo dados da Associação Brasileira de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa (ABCBRH), a raça holstein frísia chegou ao país durante a implementação do sistema de capitanias hereditárias. Isso aconteceu por volta dos anos 1530 e 1535.
Por fim, há cerca de 50 anos atrás, as linhagens norte-americanas do gado holandês se tornaram as preferidas dos criadores. Por isso, muitos países importavam o seu sêmen para melhorar a genética dos seus animais.
Reprodução do gado holstein frísia
De acordo com os registros da Associação Nacional de Criadores de Bovinos Leiteiros (ANABLE), devido ao grande aumento da produção, as vacas da raça holstein frísia estão diminuindo a sua eficiência reprodutiva. Alguns estudos observaram que essa e outras espécies tiveram o seu número de dias necessários para ficar prenha novamente e o número de dias entre partos consecutivos aumentado.
Dessa forma, embora tenhamos uma vaca com alta capacidade de produção de leite, mas com poucos partos, teremos uma produtividade total baixa. Assim, tanto a eficiência de produção como a de reprodução diminuem em função do aumento da exploração do animal.
Embora o consumo de leite no Brasil seja alto, a taxa de fertilidade pode ocasionar perdas econômicas. Por exemplo, o aumento da taxa de reposição, de distúrbios reprodutivos e do refugo involuntário podem trazer um grande impacto econômico. Além disso, resulta em custos mais elevados com inseminação de outros tipos de tecnologia reprodutiva.
Em média, esses são os parâmetros reprodutivos ideias para vacas holstein frísia:
- Intervalo entre partos: 365 a 415 dias;
- Período entre o parto e a primeira inseminação artificial: 60 a 90 dias;
- Intervalo entre o parto e a concepção: 90 a 120 dias;
- Taxa de gestação por inseminação artificial: 30% a 60%;
- Número de serviços por concepção: 1.5 a 3;
- Taxa de refugo (eliminação) reprodutivo: menor que 10%.
Contudo, alguns fatores podem influenciar na eficiência reprodutiva do gado holandês. Com relação ao manejo, a nutrição, vacinação, técnica de inseminação artificial, detecção de cio e estresse de manejo impactam diretamente a fertilidade.
Por outro lado, problemas no aparelho reprodutor do animal, como infecção urinária, distocia e retenção placentária, podem afetar as taxas de reprodução. Além disso, fatores naturais, principalmente a idade, podem reduzir o índice de concepção em até 10% entre a primeira e a terceira lactação.
Holstein é excelente gado leiteiro
Naturalmente, a raça holstein frísia é morfologicamente apta para a produção leiteira. Por isso, podemos observar que essa espécie de gado tem o sistema mamário bem desenvolvido, com úbere corpulento, ligamentos fortes, veias mamárias volumosas e tetos simétricos, finos e direitos.
De acordo com a dissertação “Desempenho produtivo e reprodutivo de vacas holstein-frísia em comparação com os respectivos cruzamentos com vermelha sueca e montbéliarde”, de Susana Carina Neto de Andrade, a holstein é o gado leiteiro com maior capacidade leiteira do mundo, tanto em líquidos como em sólidos totais.
Por exemplo, apenas para se ter uma ideia de sua capacidade, no ano de 1999, a produção média de leite nos Estados Unidos era de 9.525 kg, com 3,65% de gordura e 3,22% de proteína.
Semelhantemente, o Anuário Leite 2020 mostrou que a holstein frísia continua sendo a raça mais utilizada no Brasil para produção leiteira entre os Top 100, estando presente em 70 fazendas. De fato, a alta produção de leite associada aos longos períodos de lactação fazem com que a raça seja cada vez mais utilizada.
Além disso, a qualidade do leite produzido pelo gado holandês é superior à de outros animais, pois ele contém quantidades maiores de proteína e gordura.
Em contrapartida, por ser maior que a maioria das raças, a holstein frísia precisa de mais quantidade de alimento e estruturas de confinamento maiores, o que diminui a densidade de animais por hectare. Além disso, em média, exemplares muito grandes tendem a viver 15% menos do que as medianas.
Ademais, o gado holandês demora bastante tempo para iniciar a sua vida reprodutiva. Assim, durante esse período, as vacas não geram nenhum lucro. Por isso, esses animais podem ficar quase metade da sua vida apenas gerando receita.
Concursos da raça holstein frísia
Todos os anos, a ABCBRH (Associação Brasileira de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa) realiza um evento para divulgar os resultados da produção de leite no Brasil e apresentar os destaques da raça do ano anterior.
Essa premiação do Circuito é feita de forma cumulativa, ou seja, o animal que receber o título de recordista permanece no quadro nacional até que outro animal supere a sua produção.
Assim, além de um sistema mamário capaz de produzir grandes quantidades de leite, as vacas holstein frísia expostas no concurso devem ser fortes, ter profundidade em costelas posteriores e anteriores, possuir a base do peito larga, lombo e dorso fortes, garupa correta e com boa inclinação.
De acordo com o Regulamento Oficial da Raça Holandesa, a instituição classifica os animais participantes por idade e número de ordenhas. Além disso, é necessário que existam pelo menos cinquenta animais, de cinco expositores distintos, para que o evento seja homologado pela ABCBRH.
Para participar do concurso, o expositor deve enviar para a sede da Entidade Organizadora os formulários padronizados. Para cada inscrição, será necessário apresentar o Certificado de Registro Genealógico e os respectivos atestados de aptidão reprodutiva e produtiva (Atestado Ginecológico, Andrológico, Prenhez e Certificado de Controle Leiteiro Oficial).
Embora a holstein frísia seja a raça com maior capacidade de produção de leite, a maior produtora de leite por dia é uma vaca da raça girolando (um cruzamento entre as raças gir e holstein).
De fato, em março de 2020, a Girolando Marília FIV Teatro de Naylo entrou para o Guinness World Records com 127,570 kg/leite em três ordenhas. Nessa ocasião, ela quebrou o recorde mundial da pecuária leiteira que já se sustentava por 39 anos. Até então, o animal que ocupava o posto era uma vaca cubana Ubre Blanca, com 110,9 kg/leite.
Quanto custa o holstein frísia?
Graças à sua grande capacidade de produção de leite, uma vaca holstein frísia adulta, pesando cerca de 650 kg, pode custar entre mil e quatrocentos (R$ 1.400,00) e mil e novecentos (R$ 1.900,00) reais. Além disso, geralmente a quantidade mínima para compra é de dez cabeças.
Entretanto, o valor pode variar de acordo com o sexo, o padrão de genética, a seleção e as melhorias; O cálculo utilizado e o local onde o animal se encontra também são fatores que podem influenciar no preço final. No caso do gado holandês, o produtor calcula o seu preço com base no custo dos animais mais margem de lucro.
Assim, o produtor contabiliza todo o gasto que teve com o animal até a sua produtiva e acrescenta a margem que deseja receber. Porém, como a raça holstein frísia pode ser considerada um animal bem variável, ela sofre uma depreciação de 20% ao ano durante a sua vida produtiva.
Criação de holstein frísia
Embora a holstein frísia tenha uma capacidade acima da média de produzir leite, como pudemos observar até agora, o manejo adequado é fundamental para atingir resultados satisfatórios. Além disso, o padrão genético do gado e as melhorias feitas por meio da seleção e acasalamento também são importantes para atingir a máxima eficiência do rebanho.
Para escolher os melhores touros e vacas da raça holstein frísia para procriar, é necessário fazer avaliações genéticas para identificar características, critérios e estratégias para a seleção e também para o acasalamento.
Dessa forma, touros que apresentam maior potencial de produção poderão beneficiar as gerações futuras. Em resultado, a nova geração de gado holandês deverá produzir mais leite do que a atual.
Embora a vaca holstein frísia se adapte melhor ao clima frio, o produtor pode criar variedades que resistem aos climas secos e quentes por meio de cruzamentos entre raças. Dessa forma, ainda é possível ter um bom custo benefício, mas sem perder a qualidade nem a quantidade do leite.
Holstein frísia no Brasil
De acordo com a Embrapa, a holstein frísia é o gado leiteiro mais usado no Brasil, estando presente em 70% das fazendas. Atualmente, conforme os dados da Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando), existem mais de dois milhões de animais registrados em todo o país.
Somente no estado do Rio Grande do Sul, por exemplo, a associação registrou mais de sete mil vacas da raça holandesa durante o ano de 2019. Por isso, a região apresentou um aumento de 4,6% em relação ao ano anterior.
A Gadolando também verificou que, durante o ano de 2019, vinte e três novas propriedades começaram a registar suas vacas da raça holstein frísia. De acordo com o presidente da associação, esse crescimento é muito positivo. Afinal, isso valoriza o gado holandês nacional.
Com relação ao consumo de leite, a pandemia do novo coronavírus que teve início em março de 2020 também impactou os produtores de leite. De acordo com um estudo realizado pela Embrapa, apenas 35% do entrevistados mantiveram o consumo de leite pasteurizado. Por outro lado, outros produtos lácteos, como manteiga, creme de leite, queijos e iogurtes tiveram uma queda menor, porém, ainda assim, bem alta.
Em média, cerca de 60% dos entrevistados relataram que mantiveram o consumo de iogurte, queijo e creme de leite. A pesquisa também mostrou que a menor queda registrada na compra de produtos lácteos foi na manteiga. Afinal, 67% dos participantes informaram que continuaram consumindo o produto.
Gado para produção leiteira
Além da raça holstein frísia, existe muitas outras espécies famosas pela sua capacidade de produção de leite:
- Raça girolando: é o cruzamento da raça holstein frísia com a raça gir. Por isso, essa espécie se adapta bem ao clima tropical e tem boa eficiência reprodutiva. Em média, uma girolando produz 5.061 kg de leite em 283 dias;
- Raça jersey: considerada a segunda melhor raça de gado leiteiro, a jersey se adapta com facilidade a diferentes climas e é bem tolerante ao calor. Por ser uma raça de pequeno porte, o produtor pode ter mais animais por hectare. Geralmente, os animais dessa espécie produzem entre 3.500 kg e 5.500 kg de leite em 305 dias de lactação;
- Raça pardo suíço: apesar de ser original do Sudeste da Suíça, essa espécie tem uma boa tolerância a temperaturas elevadas. Ela tem taxas de fertilidade e longevidade elevadas. A produção de leite da raça pardo suíço gira em torno de 2.500 kg em 200 dias de lactação. Além disso, o pecuarista pode usá-la para produção de carne;
- Raça gir: é uma raça rustica de origem indiana. Assim, elas se adaptam bem a temperaturas elevadas do ar e pastagens com baixo valor nutricional. Por ter longevidade produtiva e reprodutiva, o produtor pode usá-la para cruzamentos. Em média, a raça gir produz 777 kg de leite em 286 dias;
- Raça guzerá: também original da Índia, essa raça é rústica e ótima para produção de carne e de leite. Além disso, a guzerá é bastante fértil e o seu leite não causa reações alérgicas. Normalmente, as vacas dessa espécie produzem 2.071 kg de leite em 270 dias.
Contudo, a holstein frísia continua sendo o melhor gado leiteiro do mundo. Afinal, além da alta capacidade de produção, o seu leite é rico em gorduras e proteínas.