A construção do poço artesiano visa, principalmente, a captação de águas armazenadas em lençóis freáticos e aquíferos
A perfuração de um poço artesiano não é algo simples como, talvez, possa parecer em um primeiro momento. Com efeito, quem necessita construí-lo ou realizar manutenções periódicas enfrenta uma série de desafios e dificuldades.
Uma das dúvidas mais frequentes refere-se à diferença entre o poço artesiano, o freático e o semi-artesiano. O primeiro é aquele no qual a água proveniente do lençol freático jorra naturalmente no solo, à medida que sua pressão viabiliza seu transporte espontâneo à superfície sem, para tanto, prejudicar o lençol subterrâneo.
O que é poço artesiano?
Poço artesiano é um poço tubular e profundo. Se você deseja saber como funciona um poço artesiano, deve se lembrar, antes de mais nada, que ele é cavado nos subsolos com o intuito de captar águas para o consumo humano e/ou animal.
O que diferencia o poço artesiano de outras modalidades consiste no fato de que ele não necessita empregar bombas para promover a subida da água (como ocorre com as cisternas).
Conforme mencionado, são as características próprias dos reservatórios subterrâneos que fazem com que a água, ao passar pelo tubo, jorre naturalmente à superfície. Portanto, o significado de poço artesiano é devido à existência de um poço desse mesmo tipo, perfurado em meados do século XII, na cidade francesa de Artois.
Não obstante seja esse o poço que tenha originado essa modalidade de perfuração, foram encontrados registros arqueológicos, tanto no continente africano quanto asiático, de que já existiam esses poços há milhares de anos.
Reservatórios subterrâneos
Os reservatórios subterrâneos que possuem os elementos necessários para a perfuração adequada de poços artesianos são o resultado de certas condições geológicas específicas.
Os aquíferos confinados, como são chamados esses tipos subterrâneos mais profundos, geram os poços jorrantes, estando situados entre camadas impermeáveis dos subsolos.
Vale ressaltar que não devemos confundir um aquífero confinado, com os lençóis livres (ou freáticos) e os aquíferos. Afinal, estes possuem pressão idêntica à da atmosfera, como se fossem reservatórios a céu aberto.
Os poços de maior diâmetro são escavados justamente em aquíferos desse tipo, isto é, superiores a um metro, como as cacimbas ou as (ainda mais conhecidas) cisternas.
Para que os poços artesianos jorrem água, é imprescindível que as colunas presentes no interior dos aquíferos exerçam uma crescente pressão hidrostática (isto é, a pressão exercida pelo próprio peso da água).
Quando o reservatório é alcançado devido à perfuração de um poço, as águas sobem pressionadas, jorrando de modo natural. Quando, porém, a pressão subterrânea é insuficiente para que a água flua naturalmente até a superfície, os poços são denominados de “semi-artesianos”.
Perfuração
Quando um poço é perfurado, encontrando-se argila, areia ou rochas pequenas, é necessário fazer um revestimento de suas paredes, a fim de que tais materiais não consolidados acabem por se desagregarem. O maior perigo é que eles sejam expelidos à superfície e venham a entupir o poço.
Contudo, quando as perfurações encontram rochas consolidadas, não é, de forma geral, necessário recobrir as paredes dos poços.
Existem 2 diferentes tipos de rochas que podem ser encontradas no processo de perfuração, as sedimentares e as cristalinas:
- Rocha sedimentar: é onde se encontra vazões mais intensas de água. Nesses casos, as perfurações podem atingir até mil metros de profundidade e superar 20 polegadas de diâmetro. Todavia, os poços podem demandar revestimentos em suas paredes, assim como a instalação de filtros para as águas;
- Rocha cristalina: esse tipo de rocha tende a originar poços com profundidade e diâmetros limitados, além de baixas vazões. Logo, eles são adequados para usos bem mais restritos (pequenos agrupamentos, pequenas vilas ou casas).
Qualidade e tipo de rochas encontradas
Dependendo da qualidade e do tipo das rochas encontradas nas perfurações, assim como da profundidade dos poços, há, basicamente, 3 tipos de métodos utilizáveis:
- Perfuração rotativa: utilizada, especialmente, para as rochas sedimentares. Ela é realizada por um mecanismo de rotação capaz de cortar, triturar e desagregar as rochas. As brocas perfuradoras contam com uma espiral que leva as rochas que foram trituradas até a superfície;
- Perfuração a ar comprimido (ou rotopneumática): esse método combina 2 mecanismos. Enquanto as rochas sofrem percussões (impactos) rápidas, a partir de um martelo pneumático, uma broca passa a girar e, assim, triturar as rochas fragmentadas pelo martelo;
- Perfuração percussiva: ao utilizar, também, 2 métodos distintos para realizar os furos, a perfuração percussiva age alternadamente, erguendo e, depois, derrubando (em queda livre) grandes pesos capazes de fragmentar as rochas por impacto. As paredes, enquanto isso, são perfuradas por um tubo giratório.
Em seguida, de acordo com as peculiaridades das rochas encontradas e profundidade do solo, são efetuadas algumas etapas de complementação, como a instalação de filtros, cimentação e aplicação de revestimentos.
As águas provenientes de poços artesianos apresentam, em geral, vazão e quantidades suficientes para o abastecimento de residências, fábricas e a irrigação de lavouras.
É bastante corriqueiro, por exemplo, que condomínios residenciais recorram à perfuração de poços artesianos visando complementar ou suprir as necessidades de suas moradias.
Bombas utilizáveis
Sem embargo, a maior parte dos poços existentes são semi-artesianos e, como tais, utilizam bombas submersas. Ao serem instaladas dentro das lâminas de água, as bombas demonstram grande eficácia. A principal finalidade das bombas submersas é pressionar e bombear a água, atuando de modo permanente.
Nos poços mais rasos, por sua vez, tanto as bombas injetoras quanto as centrífugas podem ser usadas. A seleção do tipo mais adequado de bomba depende de vários fatores que devem ser avaliados, como:
- A tensão de alimentação a ser aplicada;
- A distância entre o local em que a água precisa chegar e sua distância em relação à saída do poço;
- A vazão e o diâmetro do poço;
- O desnível do local de construção do poço em relação aos andares nos quais o abastecimento deverá ser realizado.
Eliminação do acúmulo de ferro em poços artesianos
As águas subterrâneas, em seu maior volume, são de boa qualidade no que tange às suas condições biológicas, químicas e físicas. Entretanto, não é raro encontrar ferro nas águas oriundas de um poço artesiano.
Em condições normais, o ferro aparece sob a forma de bicarbonato ferroso e, obviamente, dissolvido na água. Com efeito, isso ocorre, principalmente, devido às captações de poços em terrenos localizados em baixadas ou mais velhos.
Antes de agir para reduzir ou mesmo eliminar as quantidades desse minério em um poço artesiano, é altamente recomendável analisar as características da água. Se ela apresentar um nível baixo de pH, é necessário efetuar a alcalinização do seu poço artesiano.