Pecuária

Tambacu e sua popularidade entre os pesqueiros da região Sudeste

Tambacu e sua popularidade entre os pesqueiros da região Sudeste

A pesca de tambacu, tilápia, pacu e várias outras espécies é uma atividade realizada em grande demanda nas proximidades de costas, rios e lagos e em territórios rurais. Tanto pela mão de obra familiar, quanto por hobby para liberação dos peixes.

Algumas das principais espécies de peixes nos pesqueiros são: tambacu, tambaqui, pacu e caranha, entre outros. O índice de comercialização de alevinos – filhotes de peixe – dessas espécies pode chegar a R$330 reais por quilo, de acordo com a Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (EMPAER).

  1. O que é tambacu?
  2. Criaçao de tambacu
  3. Tambacu e tambatinga
  4. Principais tipos de pescado
  5. Diferença entre tambacu, tambaqui e pacu
  6. Piscicultura no Brasil
  7. Como pescar tambacu?

Tambacu

O que é tambacu?

Nativo da Bacia Amazônica e o mais farto dos peixes entre os pesqueiros, o tambacu é um peixe proveniente do cruzamento entre as espécies tambaqui e pacu.

Mas o que diferencia o tambacu de sua progenitora tambaqui são as sua características físicas. Enquanto os tambacus possuem um corpo arredondado, liso e lúbrico; os tambaquis têm o corpo comprido e áspero.

Entretanto, a coloração dos tambacus pode confundir os pescadores na hora da pesca; pois, dependendo da região ou da água, sua cor pode apresentar diferentes tonalidades. Algumas cores apresentadas são:

  • negro;
  • marrom;
  • cinza;
  • dourado – tom difícil de ser encontrado;
  • rajado;
  • preto e verde – muito confundido com o tambaqui.

Herdado dos pacus, os tambacus têm forte resistência às quedas de temperatura e conseguem continuar sua jornada mesmo com baixo metabolismo e alimentação menos frequente. Portanto, têm diferentes opções de alimento, seu sustento é prático e pode variar entre rações para peixes, massas, fígado e minhocas.

Criação de tambacu

A criação de tambacu deve ser regrada desde o início. Isso porque, para que criadores mantenham a qualidade do peixe para comercialização, é necessário o controle total. Podendo chegar a 1,5 kg num período de um ano, os tambacus apresentam melhor situação para venda e consumo quando atingem aproximadamente 3 kg.

Grande parte da venda de tambacus para o mercado é enviada para restaurantes, feiras, peixarias e supermercados. Na piscicultura – criação de seres aquáticos -, essa espécie propõe altos lucros e vantagens em sua criação, principalmente por sua carne consistente e saborosa e os benefícios que oferece à saúde dos seres humanos.

Tambacu e tambatinga

O comércio de determinados tipos de peixes como tambacu e tambatinga é ocasionado pelo alto número de buscas de agricultores para reprodução, recria e engorda dos alevinos. Em um intervalo de um ano, os alevinos podem chegar a pesar 800 kg e manter sua baixa taxa de mortalidade, seguindo o processo de crescimento saudável.

A espécie tambatinga é concebida pelo cruzamento de tambaqui com pirapitinga. São peixes conhecidos por sua migração de longa distância em períodos de chuva para a liberação de óvulos e espermatozoides na água. Por serem animais onívoros, têm fácil escolha de alimentos como sementes, frutos e pequenos peixes.

Tambacu

Principais tipos de pescado

Contudo, o processo de pescados no Brasil é designado por diferentes espécies de peixe; as principais sendo:

  • Tilápia
    É a espécie de maior criação no país há mais de 15 anos;
  • Carpa comum
    Primeira categoria de peixe inserida para cultivo no país;
  • Tambaqui
    Tem sua maior linha de produção no Amazonas, em Rondônia e no Mato Grosso;
  • Pacu
    Maior nível de produção na região Centro Oeste do Brasil;

Os maiores produtores da espécie tambacu são encontrados desde 2006 até os dias de hoje nos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo, respectivamente.

Diferença entre tambacu, tambaqui e pacu

Uma das tarefas mais árduas nos pesqueiros certamente é diferenciar os peixes redondos.

No grau de dificuldade, se destacam o tambacu e tambaqui, pois são muitos semelhantes, têm formatos parecidos, cores parecidas e tamanhos parecidos.

Não é considerado um absurdo, até mesmo para pescadores experientes, se confundir à primeira vista, principalmente se esses peixes estiverem juntos e amontoados na rede de pesca.

Mas apesar de todas essas semelhanças, há formas de diferenciar essas espécies de peixes, ainda que seus pontos de distinção sejam muito sutis a olho nu.

Uma das diferenças é que o tambaqui é um peixe com escamas maiores e mais grossas em comparação ao tambacu. Outra diferença se percebe no formato do corpo. O corpo do tambaqui é mais áspero e fácil de segurar.

Uma dica para os pescadores de primeira viagem: ao encontrar grande quantidade de peixes que parecem ser de mesma espécie e com as características mencionadas, é provável que se trate do tambacu, pois ele se encontra em maior abundância em praticamente todos os pesqueiros.

Contudo, se estiver em pesqueiros da região sul e sudeste, será improvável se deparar com uma quantidade exorbitante de tambacu. Essa espécie é um peixe de águas quentes.

Ademais, mudanças bruscas de temperatura são fatais. O que é bem típico da parte mais ao sul do Brasil, que costuma sofrer com baixas temperaturas, cenário totalmente oposto ao do Norte e Nordeste onde o tambacu, sem dúvida, se desenvolve melhor e em grande quantidade.

A dificuldade proporcionada pelo tambacu quanto à identificação se concentra na sua tonalidade. A depender da região, ela pode ser completamente distinta.

Há tambacu marrom, negro, cinza, rajado, dourado e cinza com nadadeiras e rabo pretos. E ainda existem outras tonalidades.

Já o pacu é um peixe mais fácil de diferenciar. Normalmente é de porte pequeno, embora existam tipos grandes que ultrapassam os 15 kg.

A coloração ajuda a distinguir das outras espécies de peixe mencionadas. Varia de cinza prata ao amarelo ou ainda cinza com a barriga amarela.

Tambacu

Piscicultura no Brasil

O assunto nos dá a oportunidade de comentar um pouco sobre o segmento de piscicultura no Brasil onde, sem dúvida, a produção e comercialização de tambacu estão inseridas.

Como está o setor atualmente? Está experimentando período de crescimento, de baixa, está sendo muito afetado pela crise? Qual a sua relevância hoje para as contas do país? Quais são os seus principais produtos?

Segue um breve panorama sobre a piscicultura no Brasil.

  • 2019

Primeiro vamos deixar claro que boa parte dos números apresentados correspondem ao ano de 2019 e têm como principal fonte os dados do Anuário 2020 da Associação Brasileira de Piscicultura (PeixeBR).

O primeiro dado a se destacar é sobre o crescimento do setor no ano de 2019, um ano de baixo crescimento na economia, por isso o fato de apresentar alta é uma estatística relevante e diz muito sobre a força do setor no país.

Em 2019, a piscicultura brasileira cresceu 4,9%. Esse crescimento representou 758.006 toneladas produzidas.

Desse total, a tilápia aparece como a espécie de peixe mais popular: mais de 430 mil toneladas (57% da produção nacional). Aliás, número bem acima do que o registrado em 2018, onde a espécie totalizou um pouco mais de 400 mil toneladas.

Esse desempenho fantástico na produção de tilápia colocou o Brasil no 4º lugar no ranking mundial de produtores de tilápia.

O estado que mais se destaca na produção desse peixe no país, sem dúvida, é o Paraná, com mais de 145 mil toneladas. Número bem elevado em comparação ao 2º colocado, São Paulo, com 64.900 toneladas.

Minas Gerais e Santa Catarina confirmam as regiões Sul e Sudeste como principais pólos criadores de tilápias no país, cada um produzindo mais de 30 mil toneladas ao ano.

A produção de peixes nativos fechou 2019 ocupando 38% do total produzido. As demais espécies somaram 5%.

  • Desempenho da piscicultura na crise

Certamente, a piscicultura apresentar bom desempenho em período de crise é uma ótima notícia e motivo para se comemorar. Entretanto, é prudente não se animar demais, pois pode acabar se iludindo.

É o conselho de especialistas do setor que ponderam que, apesar do crescimento registrado, os números ficaram aquém do que poderia ser alcançado com a atual estrutura, riqueza e mão de obra no país.

  • Peixes nativos

O levantamento realizado pelo PeixeBR aponta que os números dos peixes nativos se mostraram estáveis, ainda que apresentando alta em comparação ao ciclo de 2018.

No ano de 2019, essa categoria de peixe no Brasil registrou 287.930 toneladas, representando 20 toneladas a mais em comparação ao ano anterior.

Esse desempenho também evidencia que a produção de peixes nativos interrompeu uma sequência de quedas verificada nos anos anteriores.

Os maiores produtores de peixes nativos, como o tambacu, são os estados do Norte e Nordeste.

O maior produtor é o estado de Rondônia, com 68.800 toneladas. Na sequência, temos o Mato Grosso com mais de 45 mil toneladas de peixes nativos produzidos e pescados anualmente. O pódio é fechado com o estado do Maranhão com pouco mais de 38 mil toneladas.

Seguem no ranking o estado do Pará (25.005 toneladas) e do Amazonas (20.596 toneladas).

Tambacu

  • Outras espécies de peixe

Agora tratando das outras espécies de peixe, o ano de 2019 também foi positivo para essa produção, pois apresentou alta de 8,72%, tirando como base o ano de 2018.

Esse aumento significou um salto de 34.370 toneladas apresentadas no ciclo passado para 37.927 toneladas em 2019.

Os maiores produtores de outras espécies de peixe no Brasil (destaque para panga, truta e carpas, que tiveram expressivo aumento nas regiões Sul e Sudeste) foram:

  • Rio Grande do Sul com 16.304 toneladas;
  • Santa Catarina desponta na segunda colocação. Destaca-se que sua produção representa quase a metade do total do primeiro colocado. Em 2019, produziu um pouco mais de 8.500 toneladas;
  • Na terceira colocação figura o estado do Paraná com pouco mais de 3.700 toneladas.
  • Maiores estados produtores

Quanto aos maiores estados produtores de peixe em cultivo, temos os paranaenses no topo do ranking com 154.200 toneladas. Uma larga vantagem em comparação ao segundo maior estado produtor de peixes no Brasil, de acordo com os números coletados de 2019 pela PeixeBR: São Paulo.

Os paulistas produziram 69.800 toneladas, voltando a ficar em segundo lugar, posição conquistada em 2018. Esse ano, aliás, foi melhor para São Paulo no setor, pois teve desempenho de 73.200 toneladas.

Isso significa que 2019 foi um ano difícil não só para os paulistas, mas para outros estados também, pois mesmo com queda de produção expressiva São Paulo, não caiu de posição no ranking.

Lembrando que, apesar do crescimento que o setor apresentou em 2019, ficou aquém de suas potencialidades.

É provável que alguns estados tenham conseguido se destacar na sua produção, ajudando a puxar o setor para cima, porém outros estados passaram por queda acentuada, barrando essa ascensão.

É o que vemos do caso de Rondônia, pelo segundo ano seguido em queda. Se em 2018 registrou 72.800 toneladas de peixes de cultivo em geral, incluindo tambacu, em 2019 totalizou 68.800 toneladas.

A produção do quarto lugar, Santa Catarina, foi de 50.200 toneladas e, a do quinto lugar, Mato Grosso, foi de 49.400 toneladas.

Completam a lista dos 10 maiores estados produtores de peixes de cultivo no Brasil:

  • Maranhão (45.000 toneladas);
  • Minas Gerais (38.600 toneladas)
  • Mato Grosso do Sul (29.800 toneladas);
  • Goiás (29.500 toneladas);
  • Bahia (28.600 toneladas).
  • Exportações da piscicultura

As exportações no ano de 2019 no Brasil cresceram 26%. O setor de piscicultura figura como segundo mais importante nas exportações de pescado.

Gerou 12 milhões de dólares, portanto (pela cotação do dólar à época), 51,72 milhões de reais, cifra que representa 4% do total.

Já o pescado como um todo exportou mais de 270 milhões de dólares.

Como pescar o tambacu?

Tambacu é um peixe arisco, manhoso de ser pescado. Ele não se ilude fácil com a isca e, quando isso ocorre, não vende barato sua derrota. É lutador e forte.

Como sua carne é muito apreciada, a pesca do tambacu é proporcionalmente muito requisitada e valorizada. Portanto, sua pesca, apesar de trabalhosa, costuma ser recompensadora.

Para quem se dispõe a tal tarefa, terá que literalmente suar a camisa, mas é possível tornar o pescado mais fácil ao seguir alguns macetes. Confira as melhores dicas a seguir!

Tambacu

  • Sistema de ceva

Aplicar o sistema de ceva será o seu principal aliado para fisgar o peixe tambacu. Esse sistema consiste na estratégia de atrair o peixe com um alimento de seu agrado. Mas esse alimento tem que estar dentro de um reservatório que os impeça de se alimentarem.

Um exemplo é colocá-los em uma sacola e amarrá-la em uma vara.

A ideia é atrair com o alimento protegido e jogar na sequência a isca próximo da ceva para que o peixe, atiçado pelo cheiro do alimento e pela dificuldade de abocanhar, não pense duas vezes ao ver a isca “dando bobeira” ao seu lado.

Há pescadores que preferem jogar o alimento para atrair os peixes direto na água, sem proteção, mas em torno da isca. No frenesi da disputa para garantir o seu pedaço, certamente um peixe acabará abocanhando a isca.

Contudo, não é recomendável usar desse expediente por muitas vezes, pois o tambacu pode ficar “manhoso”, alerta e não mais cair nessa armadilha.

Dica: não use varas de bambu para tentar pescar tambacu. Esse tipo de vara é a mais utilizada por pescadores, por ser a mais fácil de se encontrar e não gerar muito custo. No entanto, o tambacu é um peixe lutador e forte. Não será difícil essa vara quebrar durante a tentativa de pesca.

Por isso, é recomendável recorrer a uma vara básica de pesca. Ela é mais flexível e suporta mais peso durante a fisgada.

Entretanto, procure escolher sempre varas mais leves, mesmo se não tiver outra opção que não o bambu.

O tambacu, quando sente o peso da vara, costuma soltar e ir embora. Contudo, se a vara for leve, o peixe dificilmente perceberá a carga e assim acabará brigando pelo alimento.

  • Como atrair o tambacu?

Mas como ter certeza que, entre tantos peixes, o tambacu será atraído?

Um dos fracos desse peixe é a curiosidade. Quando ele percebe uma grande agitação de peixes próximos, ele se dirige rapidamente ao local para saber o que ocorre.

Por isso, o sistema de ceva que usa uma proteção para impedir que os peixes se alimentem é a forma mais eficaz. A proteção acaba estendendo a agitação pelo tempo que for necessário para atrair o tambacu. Quando avistado um da espécie, é o momento de soltar e erguer a isca.

Detalhe que, por ser um peixe versátil, o tambacu pode ser pescado em praticamente todas as situações de profundidade. Para cada situação, superfície, subsuperfície, meia água e fundo, há um método de pesca mais adequado.

Fique atento. Como já dito, o tambacu é um peixe lutador, ou seja, mesmo depois de ser capturado e erguido, ele vai continuar se balançando e provavelmente irá atingir o pescador com alguns “carinhos”. Por isso, se aproxime e tente dominar a situação com muito cuidado.

  • Pesca na superfície

Na superfície, a pesca de tambacu ocorre ao fazer uso, principalmente, de boia torpedo ou boia superfície.

As melhores iscas para pesca de tambacu na superfície são:

  • Pão de queijo;
  • Geleia de mocotó;
  • Pão boiando;
  • Ração boiando;
  • Salsicha boiando.
  • Pesca na subsuperfície

Nessa profundidade, o sistema mais recomendado é o de palminho, usando uma boia sevadeira. Como o peixe vem do fundo, a lógica é atraí-lo para a ceva e, quando estiver no meio do caminho, ser pego pela isca. Por isso, é melhor fazer o bote antes mesmo de implantar a ceva, para evitar que se aproxime antes da ocasião adequada.

Melhores iscas para essa profundidade:

  • Minhoca;
  • Massa;
  • Miçanga.
  • Pesca em meia-água

Use boia torpedo e, nos anzóis, coloque lesmas como isca (outras opções são tilapinha viva, massa japonesa, beijinho ou ração afundada).

  • Pesca em profundidade

Usa-se o mesmo tipo de isca da meia-água, com a diferença de não usar boia. O emprego da massa de pesca é um bom recurso para pescar o tambacu nessa profundidade.

ACESSO RÁPIDO
    Mayk Alves
    Fundador do Portal Vida no Campo e Agro20, Mayk é neto de Lavradores. Desde cedo esteve envolvido com as atividades do campo e, em 2014, uniu sua paixão pela comunicação com o tradicionalismo do campo. Tem como missão levar informações sobre o agronegócio de forma dinâmica, interativa e sem filtros.

    Leia também