O transporte de mercadorias, tanto exportadas quanto importadas, são de suma importância para a vida de qualquer indivíduo. Isso, no Brasil, não é diferente. Uma das técnicas utilizadas para o controle de pragas, evitando prejuízos no transporte de cargas em portos e aeroportos, é a fumigação.
Este controle de pragas é um tratamento fitossanitário. Existem algumas aplicações dessa técnica, como a fumigação de pallets e a fumigação de madeira. De todas as formas, a fumigação é uma tecnologia amplamente utilizada para combater pragas quarentenárias, principalmente em mercadorias internacionais. Algumas destas pragas são corriqueiras, como o Besouro Asiático ou o Besouro Chinês, sendo muito encontrados em embalagens e suportes de madeira, as quais acomodam as cargas.
- O que é fumigação?
- Objetivo da fumigação
- Legislação e fumigação
- Pragas combatidas pela fumigação
- Fumigação para bicudo do algodoeiro
- Fumigação para vespa da madeira
- Combate da ferrugem do café com fumigação
O que é fumigação?
O significado de fumigação nada mais é do que um tratamento de controle de pragas com compostos químicos ou formulações pesticidas voláteis. É um processo seco, utilizando gases, onde é aplicado produtos fumigantes em caixas de madeira ou em alguns produtos específicos.
Os gases utilizados nesse processo de fumigação são:
- brometo de metila (é armazenado em cilindros e usado, principalmente, nas aplicações em contêineres e em produtos com madeira);
- fosfina (em formatos de pastilhas e seu uso é mais frequente em porões de navios).
Dentre esses dois, o brometo de metila é o mais utilizado na desinfecção.
As empresas que são responsáveis por mercadorias transportadas entre países (em contêineres ou outras formas) respondem pela legislação vigente. Se a empresa não cumprir o controle fitossanitário, ocorre uma punição. Sua mercadoria é apreendida. Assim, isso impacta contratos com as seguradoras de transporte.
Portanto, as pragas que estão presentes nas mercadorias podem causar danos à fauna e à flora. Claramente, isso causa impactos no meio ambiente, na agricultura e na pecuária.
Objetivo da fumigação
O objetivo principal da fumigação em aeroportos, portos, fronteiras e em produtos prontos transportados é a prevenção e controle de pragas.
Portanto, com o comércio internacional em constante crescimento, há compra e venda de produtos a cada minuto. Assim, o transporte de cargas é feito a todo momento e, com isso, o número de pragas e doenças quarentenárias tem aumentado muito a cada ano.
A fumigação de pallets é a modalidade mais utilizada nos aeroportos e portos secos, garantindo que sejam realizadas fumigações na importação e na exportação de mercadorias.
Por outro lado, geralmente ocorre a fumigação de madeiras em contêineres feitos deste material, utilizando o brometo de metila para a desinfecção.
Legislação e fumigação
O brometo de metila é prejudicial à saúde humana e impacta o meio ambiente. Assim, o Brasil restringe a sua utilização na fumigação. O governo brasileiro se antecipou aos prazos do Protocolo de Montreal e tomou esta atitude.
Assim, existe uma Instrução Normativa Mapa nº 32/2015, na qual informa os procedimentos de fiscalização e certificação fitossanitária de embalagens, peças ou suportes de madeira, na forma bruta. Estas, por sua vez, serão utilizadas como material de embalagens e suportes. Portanto, são as responsáveis por guardar mercadorias importadas ou para exportação.
Há, até, a Norma Internacional para Medidas Fitossanitárias Nº 15 (NIMF/IPPC/FAO). Esta lei tem a finalidade de controlar as pragas em todo o mundo, pois pode prejudicar as florestas, agricultura, rios, etc. Estas pragas chegam ao país através dos veículos de cargas, por meio da importação e exportação de mercadorias.
Portanto, a fumigação é de suma importância na estratégia de combater estas pragas no transporte de mercadorias. Assim, promove a diminuição de doenças por todo o mundo.
Pragas combatidas pela fumigação
Em síntese, apresentamos, a seguir, algumas das pragas comumente combatidas mediante a fumigação. O processo pode se realizar, nesse meio tempo (e a depender da situação), com compostos químicos ou formulações pesticidas.
Fumigação para bicudo do algodoeiro
O bicudo do algodoeiro é considerado uma das principais pragas dessa plantação nas Américas. Isto é, ele gera gastos adicionais da ordem de US$ 140 por hectare.
Enfim, na primeira metade da década de 1990, o Paraná respondia por mais de 50% da produção brasileira de algodão. Sob o mesmo ponto de vista, na atualidade, o estado não consegue mais suprir nem mesmo a sua própria demanda.
As lavouras são prejudicadas em cerca de 70% em virtude de tal praga no solo paranaense. Isso considerando apenas uma safra! O maior potencial danoso e incidência sobre essa cultura é, justamente, o causado pelo bicudo do algodoeiro.
De tal sorte que também as regiões produtoras da região Nordeste foram severamente atacas. A produção é aniquilidada, nessa mesma época, como resultado das dificuldades inerentes ao controle químico da praga.
Desse modo, a cultura do algodão migrou das tradicionais regiões paranaenses e paulistas para o Centro-Oeste brasileiro. Apesar dessa mudança, o bicudo continua sendo a principal praga dos algodoeiros das Américas, obrigando os produtores a vultosos gastos, a fim de possibilitar o seu controle.
Impactos sobre a produtividade quando não ocorre a fumigação
Assim que passou a infestar as plantações brasileiras, sendo imprescindível a sua fumigação em pallets que transportam algodão, este inseto ultrapassou, em termos de danos, o potencial destrutivo da mariposa Helicoverpa amigera.
Igualmente, há outras pragas bastante prejudiciais (embora menos nocivas), como a mosca branca, o percevejo marrom, os ácaros, o pulgão, a lagarta falsa medideira, dentre outras.
Mas, um problema tão sério em culturas de alta competitividade junto ao mercado (cada vez mais competitivo) demanda custos rigidamente controlados. Em conclusão, sem o planejamento adequado, não podemos assegurar rentabilidade a produtores, transportadores ou revendedores finais.
Antes de tudo, é preciso ressaltar que essas pragas, somadas, provocam perdas médias da ordem de 12% nas produções anuais.
Com efeito, a ação do bicudo do algodoeiro é intensificada pelo fato de ser um besouro que, apesar de pequeno, tem um apetite voraz e pode gerar muitos filhos e netos ao longo de uma mesma safra.
Anthonomus grandis é o nome científico de um das pragas combatidas por fumigação
Anthonomus grandis. Esse é o nome científico do bicudo, besouro pertencente à família dos curculionídeos.
Apresenta coloração castanha ou cinzenta. Decerto, suas mandíbulas afiadas causam grandes estragos, à medida que perfuram a maçã e o botão floral dos algodoeiros.
De acordo com os especialistas, sua origem remonta à América Central. Só que sua chegada ao Brasil, pelo estado de São Paulo, se deu apenas em 1983. A sua primeira identificação, em território paulista, precedeu as descobertas pioneiras da região Nordeste, com aluns poucos meses de diferença.
Se bem que, quando adulto, o bicudo chega a meros 7 mm, os indivíduos podem variar de 3 mm a 9 mm, com largura sempre equivalente a um terço de seu comprimento.
Logo depois, os pesquisadores descobriram que as pupas, as larvas e os ovos se desenvolvem dentro das maçãs e botões florais. A menos que processos como o de fumigação interrompam seu ciclo de vida, ele se completará em vinte dias, indo de 4 a 6 gerações durante uma safra.
Por que é preciso fazer a fumigação?
As maçãs e os botões florais do algodão “recebem” os ovos ali depositados. Conforme se desenvolvem, o local fica coberto por uma espécie de “cera”. As folhas se modificam para proteger as flores (brácteas) e se tornam amareladas em 2 dias. Isso ocorre mesmo entre os produtores que conhecem o fênomeno, à medida que não conseguem evitá-lo facilmente.
Portanto, elas se abrem e, depois de 5 dias, os botões florais atacados caem. Ainda assim, as larvas, neste local, completam o seu desenvolvimento, convertendo-se em novos adultos.
Aliás, as larvas apresentam cor branca, permanecendo encurvados. Semelhantemente, quando seu desenvolvimento se completa, chegam a até 7 mm de comprimento.
As maçãs e os botões florais são alvos de ataque. Isso ocorre quando há uma considerável escassez desses elementos e, ainda, durante a frutificação. Dito de outra forma, quando as densidades populacionais se elevam.
Porquanto os adultos que se originam das maçãs tendem a ser mais resistentes, apresentam maior tendência a sobreviver durante as entressafras. Surpreendentemente, depois das colheitas e da destruição de soqueiras, os adultos se locomovem às áreas adjacentes, desde que tenham vegetação permanente.
Ainda que permaneçam, nesses locais, com o metabolismo reduzido, os bicudos alimentam-se com os grãos de pólen das mais diversas espécies vegetais. Por certo, vivenciam uma espécie de “hibernação”, aguardando o próximo ciclo de seu alimento favorito.
Comportamento dos bicudos na fase adulta e a importância da fumigação
Inesperadamente, a maioria dos adultos, durante as entressafras, é destruída mediante a atuação de agentes naturais. Sem dúvida, a quantidade de sobreviventes sempre é suficiente para causar a infestação da safra seguinte.
Assim também, os adultos que sobrevivem à entressafra começam a atacar partindo das bordaduras (plantas que servem para delimitar lavouras). Eventualmente, escolhem as áreas aproximadas aos seus locais de refúgio.
Salvo quando há botões florais, esses insetos se alimentam dos pecíolos, isto é, as hastes das folhas. Como resultado, ocorre um ataque à parte terminal dos caules das plantas.
Seja como for, no primeiro mês de vida de uma planta, o bicudo pouco se movimenta, mantendo-se em reboleiras concentradas junto às bordaduras. Por causa dessa característica, somente a partir desse estágio é que o processo de dispersão é iniciado, atingindo a totalidade da lavoura e as áreas vizinhas.
Fumigação para vespa da madeira
A vespa da madeira (cujo nome científico é Sirex noctilio) é nativa do Norte da África, da Ásia e da Europa. Assim, é uma praga secundária nos troncos de Pinus em seus locais de origem.
Em seguida, ao ser introduzida na Austrália, na Tasmânia e na Nova Zelândia, causou danos consideráveis em enormes áreas reflorestadas. Em outras palavras, a maior parte dos prejuízos se concentraram nos Pinus com entre quinze e vinte anos.
Nesse sentido, as árvores que estavam em condições de superlotação (isto é, mais de 1.500 plantas por hectare) e não desbastadas foram as principais afetadas. Por fim, esse quadro se agravou em decorrência de um manejo inapropriado e a falta de mercado para as madeiras no início de século.
Com o propósito de atingir a idade adulta, a maioria das vespas emerge, em nosso país, entre os meses de novembro e abril. Nesse hiato, os picos de emergência costumam ocorrer em novembro e dezembro.
Ainda mais interessante é o fato de que os machos da espécie emergem antes das fêmeas. A fim de ilustrar, destacamos que a proporção entre fêmeas e machos é de 1 fêmea para cada 1,5 macho.
Não apenas tais elementos caracterizam a vespa da madeira. Por conseguinte, depois da fase inicial, as fêmeas começam a perfurar os troncos por meio de seu ovipositor, depositando os ovos no alburno. De conformidade com isso, cada um os locais de oviposição podem ser perfurados de modo a compor até 4 galerias.
Nesse ínterim, as fêmeas de maior porte conseguem colocar, em aproximadamente dez dias, cerca de 400 ovos. Por consequência, foi observado, no Brasil, que a quantidade média de ovos das fêmeas dissecadas apresenta uma variação entre 20 a 430. Só para ilustrar, a média é de 226 ovos.
Fungos da vespa da madeira e sua fumigação
Outrossim, durante as posturas, os artrosporos (esporos) de um fungo simbionte (cujo nome científico é Amylostereum areolatum) são introduzidos pelas fêmeas. Assim, a secreção mucosa fitotóxica resultante pode causar a morte imediata das plantas.
Tanto quanto os fungos podem servir para suprir as larvas de nutrientes, eles também são responsáveis pela podridão nas madeiras e pelas mortes das árvores. Ou por outro, a coloração das larvas é esbranquiçada, possuindo espinhos supra anais, mandíbulas com dentes e formato cilíndrico.
De maneira idêntica, os adultos superam os 3 centímetros de comprimento, com uma tonalidade azulada, metálica e escura. Já que os machos contam com partes alaranjadas, as fêmeas, por sua vez, possuem ovipositor (com tamanho de 2 centímetros) partindo do abdômen e em formato de ferrão.
Vespa da madeira sem fumigação
Logo após sua infestação, os danos provocados por essas vespas, sobretudo nos plantios de Pinus, são consideráveis, causando grandes prejuízos aos produtores. Em princípio, as perdas são estimadas em US$ 7 milhões por ano.
Primordialmente, a implementação de medidas preventivas adequadas e métodos eficazes de controle pode reduzir esse impacto em cerca de 70%. Assim sendo, os principais danos ocorrem ao longo da postura de ovos na madeira.
Além disso, nesse local as vespas constroem suas galerias. Inegavelmente, ocorre a penetração de fungos (agentes secundários), danificando as madeiras, restringindo sua utilização ou, caso não ocorra a fumigação adequada, deixando-as impróprias ao mercado.
Em suma, depois da morte das árvores, ocorre uma degradação rápida das madeiras. Antes que se chegue a tal ponto, convém mencionar que dentre os plantios, aqueles entre dez e vinte e cinco anos de idade são os mais suscetíveis.
Por exemplo, os povoamentos sem desbastes (ou sob “estresse”) são mais propícios aos ataques da vespa da madeira em comparação aos desbastados. É provável que os sintomas de ataques comecem a se manifestar depois dos picos populacionais (nos meses de novembro e dezembro) do inseto.
Conquanto os dois últimos meses do ano representam o auge de sua manifestação, as vespas são mais visíveis durante as revoadas, que apenas principiam, em volume considerável, a partir de março.
Em contrapartida, suas características externas mais perceptíveis são:
- A presença de orifícios de emergência (insetos adultos);
- Os respingos de resina nas cascas (devido à perfuração para realizar a oviposição);
- Perda das acículas;
- Esmorecimento das folhagens;
- Amarelecimento progressivo das copas, logo após se tornarem marrom-avermelhadas.
Mesmo que esses elementos sejam os mais visíveis, há importantes sintomas internos, como a existência de galerias produzidas pelas larvas e de manchas marrons no câmbio, em razão do fungo.
Combate da ferrugem do café com fumigação
Do mesmo modo, a ferrugem do café é uma das principais ameaças à produção cafeeira no mundo. O fungo fitopatogênico chamado Hemileia vastatrix Berk é quem provoca essa doença.
Os sintomas visuais que essa doença provoca nas folhas levaram as pessoas a atribuir, posteriormente, o nome de “ferrugem do café”.
Com o fim de compreender melhor sua dinâmica, basta lembrar que, quando as plantas infectadas estão sob severo ataque, tendem a exibir crescimento pulverulento nas áreas afetadas.
Os esporos (de coloração alaranjadas), por menos que sejam conhecidos, são os verdadeiros responsáveis por esse fenômeno. Este, por sua vez, é ocasionado em consequência à ação da Hemileia vastatrix Berk. Em contraste com outros organismos vegetais, eles se assemelham à ferrugem.
Logo que a produção de café se disseminou pelo mundo, essa doença foi identificada. Antes de mais nada, ela é parcialmente responsável pelo célebre costume inglês de tomar o “chá da tarde”. Com o intuito de se destacar no mercado internacional, o Ceilão (atual Sri Lanka) foi um dos maiores produtores mundiais em meados do século XIX.
O ciclo comercial não foi interrompido, embora a eclosão da praga tenha dizimado quase toda a produção cafeeira daquela região. Dessa forma, o Ceilão exportava toneladas de café para os ingleses que, até o momento, eram grandes consumidores de café.
Em primeiro lugar, devido à escassez do produto, passaram a exportar e produzir cada vez mais chá aos britânicos. Os consumidores ingleses apreciaram tanto o novo produto que, até os dias atuais, são os líderes em consumo de chás no mundo.
Principais danos quando não ocorre a fumigação
O potencial nocivo da ferrugem do café é francamente assustador. A saber, por colonizar as folhas, esse patógeno compromete a capacidade das plantas em realizar a fotossíntese.
A Hemileia vastatrix Berk ocasiona a quebra antecipada das folhas, diminuindo consideravelmente a produção dos fotoassimilados e resultando em uma menor produtividade dos grãos de café.
A ferrugem do café é capaz (em ataques severos) de reduzir em até 60% os níveis de produtividade. Todavia, se não houver um bom manejamento, a doença pode inviabilizar a produção cafeeira.
Primeiramente, a fumigação no transporte de mercadorias é imprescindível – uma vez que outras variantes, tais como a ferrugem asiática, podem ocasionar perdas irreparáveis, principalmente, em relação à soja.