Mandi é um peixe pacífico que se reproduz nas épocas mais quentes e chuvosas do ano. Ele é encontrado em todas as bacias hidrográficas brasileiras e na Amazônia. Embora seja considerado um peixe manso, possui uma mucosa tóxica, o que requer cuidado no seu preparo.
Certamente é uma boa hora para se investir em pescado mandi ou de outras espécies procuradas. O mercado brasileiro de peixe vem em alta nos últimos anos. Especialistas apostam que a Piscicultura terá protagonismo alimentar na próxima década.
- Qual é o peixe mandi?
- Reprodução do mandi
- Pescaria de mandi
- Mercadi de peixes no Brasil
- Características do peixe mandi
- O que o peixe mandi come e onde vive?
- Criação de mandi em cativeiro
- Mandi criado em aquário
- Como preparar o peixe mandi?
- Benefícios do consumo de peixes
- O mandi na medicina
- Cuidados no manuseio do peixe mandi
Qual é o peixe mandi?
Mandi é um peixe de água doce do Brasil. Ele é encontrado na Amazônia, em seus afluentes e em todas as bacias hidrográficas. Seu nome científico é Pimelodus maculatus, mas ele também é conhecido pelos nomes de Mandi-Amarelo, Surubim-Bagre e Mandi-Chorão; nome relacionado ao barulho que ele faz quando retirados da água.
Os peixes mandi têm grande variação cromática e também estrutural. Tal variedade proporciona uma diversidade de 228 espécies da família catalogadas até o momento.
No entanto, apesar de tamanha variedade, os peixes não diferem muito quanto a forma. A nadadeira dorsal em seu início é alta, afunila em direção à nadadeira caudal e à cabeça. Esta, por sua vez, é cônica, enquanto os olhos são situados lateralmente.
O peixe mandi é tricolor. Na região dorsal tem coloração parda, nos flancos passa a ser amarelada e o ventre é branco com uma linha escura no dorso. Tem porte médio, não ultrapassando os 40 cm.
Chega pesar até 3 kg. O mandi não é exclusividade brasileira, pois já foi registrado em rios do Peru, Bolívia, Venezuela e Argentina. Sua alimentação é composta por frutos, sementes, insetos, algas, peixes e folhas.
Reprodução do mandi
A reprodução da espécie ocorre em períodos quentes e chuvosos, pois verificou-se que as menores taxas de reprodução ocorreram no outono.
Detalhe curioso dos peixes mandi é que, depois do nascimento de seus filhotes, passam a não cuidar mais da prole. Outro detalhe é que não se reproduzem em reservatório, pois desovam apenas em pequenos afluentes.
Pescaria de mandi
Por se tratar de um peixe médio, a pescaria de mandi demanda equipamento de leve a médio. Por exemplo: linha de 10 a 14 ib (padrão de medida norte-americano) e anzóis até número 2/0.
As iscas podem ser naturais como minhoca, queijo prato, pedaços de peixe ou peixes pequenos.
Ao pescar peixe mandi, é preciso ter alguns cuidados para não receber ferimentos dolorosos, porque a espécie tem espinhos nas nadadeiras dorsais e também nas peitorais.
Mercado de peixes no Brasil
Os números dos últimos anos, a mudança de comportamento das gerações ascendentes e a mudança de poder aquisitivo fazem os especialistas crerem que a Piscicultura terá protagonismo nas mesas dos brasileiros nas próximas décadas. Sem dúvida, isso projeta o mercado como uma boa opção de investimento.
Dados da Associação Brasileira de Piscicultura (Peixe-Br) mostram que, em 2017, o país cultivou 691,7 mil toneladas de peixe, um crescimento de 8% em comparação ao ano anterior.
O brasileiro está abaixo da média quando o assunto é consumo de peixes como o mandi. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), o recomendado é de 20 quilos por ano; e estamos na marca de 10. Com as novas projeções, o cenário passa a ser mais otimista.
Características do peixe mandi
O mandi é original da América do Sul, especificamente da bacia do São Francisco e do Paraná. De forma geral, os peixes dessa espécie vivem cerca de 8 anos e, quando adultos, chegam a medir 50 cm de comprimento e pesar 3 kg. Porém, essas características podem variar de acordo com a espécie.
Até o momento, já foram registrados 228 tipos de bagres do gênero Pimelodus. Contudo, a espécie encontrada com mais facilidade no Brasil é o mandi.
Esse peixe de couro geralmente tem o dorso de cor parda, as laterais amareladas e o ventre branco. Além disso, eles têm mais ou menos quatro fileiras de manchas grandes e escuras pelo corpo, além de nadadeiras.
Via de regra, o mandi tem o corpo alongado e comprido, com cabeça fina, olhos posicionados lateralmente e região dorsal alta que se afunila em direção à cauda. Assim como a maioria dos peixes de água doce, ele tem carne branca e poucos espinhos.
Outras características da espécie são: os barbilhões que partem do maxilar e ultrapassam a metade do corpo e os acúleos presentes nas nadadeiras peitorais e dorsais.
Assim, é preciso tomar muito cuidado ao manuseá-lo, pois o peixe mandi tem espinhos com mucosa tóxica, o que pode causar muita dor, inchaço e febre a quem for atingido por eles.
O que o peixe mandi come e onde vive?
Como vimos, o peixe mandi é originário da América do Sul. Por viverem em água doce, é possível encontrá-los na Amazônia e em todas as bacias hidrográficas do Brasil. Além disso, eles também vivem no Peru, no Paraguai, na Venezuela, na Bolívia, na Argentina e nas Guianas.
Assim, ele vive principalmente no fundo dos rios, embora algumas espécies também possam ser encontradas em abundância nas margens e em áreas com areia e cascalhos. Além disso, mesmo se alimentando a qualquer hora do dia, esse peixe é mais ativo no período da noite.
Por outro lado, em a relação à alimentação, o mandi tem uma dieta bastante variada. Por serem onívoros, eles se alimentam de peixes menores, algas, folhas, sementes, invertebrados, frutos, fragmentos de vegetais e moluscos.
Criação de mandi em cativeiro
Embora a criação de peixes no Brasil seja um negócio lucrativo, a piscicultura de mandi é uma prática pouco comum, já que eles não se reproduzem em cativeiro. De fato, essa espécie de peixe prefere desovar em pequenos afluentes. Por isso, é necessário investir constantemente em larvicultura.
Nesse sentido, o trabalho de Ronald Kennedy Luz e Evoy Zaniboni Filho, “Larvicultura do Mandi-amarelo Pimelodus maculatus”, publicado na Revista de Zootecnia em 2002, mostrou que quanto menor a densidade de larvas por litro, maior a chance de sobrevivência das larvas.
De acordo com a pesquisa, os estoques de larvas de mandi que continham 5 larvas por litro de água resultaram em uma taxa de sobrevivência três vezes maior do que a de densidade de 30 larvas por litro de água, além de apresentarem indivíduos com maiores valores de peso.
Mandi criado em aquário
Por outro lado, para quem tem a intenção de criar o peixe mandi em aquário, o recomendado é que o recipiente tenha capacidade mínima de 375 litros, ou seja, que tenha pelo menos 150 cm de largura, 50 cm de altura e 50 cm de profundidade. Além disso, é fundamental que a água esteja com a temperatura entre 20 °C e 28 °C, bem como pH entre 6 e 8.
Nesse ínterim, o mandi se adaptará melhor a aquários que tenham substrato arenoso e macio, iluminação moderada e troncos e plantas que formem um esconderijo.
Por ser um peixe de hábitos principalmente noturno, quanto menos iluminação tiver o aquário, mais será possível vê-lo nadando. Caso contrário, o mandi nadará somente na hora que for comer.
Nesse sentido, por ter uma dieta variada, a espécie aceita qualquer tipo de alimento, seja ele congelado, vivo ou seco. Porém, como essa espécie come uma grande quantidade de comida de uma só vez, só é preciso alimentá-lo a cada dois ou três dias.
Por fim, embora o mandi possa ser criado em aquário com outras espécies, é melhor evitar colocá-lo junto a peixes muito pequenos, pois ele pode se alimentar deles. Além disso, deve-se evitar também peixes muito grandes que possam tentar comê-lo, pois eles vão acabar se engastando com seus espinhos e os dois morrerão.
Ainda assim, o mandi se adapta bem quando criado em grupo, desde que com outros peixes da mesma espécie, ficando menos tímido e mais brincalhão.
Como preparar o peixe mandi?
Esse peixe é bastante apreciado para pesca e culinária, embora seja necessário bastante cuidado ao manuseá-lo. O seu sabor é mais acentuado do que a maioria dos peixes e frutos do mar. Por isso, pode não aparecer entre os favoritos de todos que gostam de peixes, e isso vai depender do gosto particular de cada um.
O primeiro passo para preparar o mandi é escolher um pescado de qualidade. Para isso, observe a cor do peixe. Ele precisa estar com a superfície e olhos brilhante e salientes, com as escamas bem aderentes e guelras vermelhas. Embora pareça óbvio, o vendedor deve estar usando luvas e o local precisa estar limpo.
Em segundo lugar, é preciso limpar o peixe. A princípio, tire as escamas, raspando a faca no sentido contrário e então corte as nadadeiras, sempre com muito cuidado, pois o peixe mandi tem espinhos em sua superfície.
Em seguida, corte o ventre, retire todo o miúdo e lave-o bem. Então, é só temperar e preparar da forma que preferir.
Confira algumas receitas a seguir.
Ensopado de mandi
Para fazer o ensopado de peixe mandi, você vai precisar de:
- 2 mandis picados em postas;
- 3 tomates picados (sem casca e sem semente);
- 2 colheres de sopa de azeite;
- 2 dentes de alho amassados;
- 1 cebola grande picada em cubos;
- cheiro verde e alfavaca a gosto;
- Suco de 1 limão;
- Sal a gosto.
Modo de preparo:
- Depois de limpar bem os peixes, tempere com sal e suco de limão e deixe na geladeira por meia hora. Logo após, corte o mandi em postas;
- Em seguida, refogue no azeite o alho, a cebola, os tomates, o cheiro verde e a alfavaca. Depois que o refogado murchar, acrescente o peixe e misture com cuidado;
- Por fim, quando o peixe estiver selado, acrescente um pouco de água, tampe e espere até que tudo fique bem cozido;
- Essa receita de ensopado também fica muito saborosa quando servida com pirão. Para isso, basta cozinhar as cabeças dos peixes com o mesmo tempero e um pouco de água. Quando o peixe estiver cozido e o caldo estiver saboroso, coe e adicione farinha de mandioca aos poucos, até chegar na consistência desejada;
- Por fim, sirva o ensopado e o pirão juntos, ainda quentes.
Mandi assado
Se a intenção é fazer uma receita que não demande muito esforço, uma excelente opção é fazer mandi assado. Confira a receita em seguida, começando pelos ingredientes que você deverá separar.
Ingredientes:
- 300 g de filé de mandi;
- Suco de 2 limões;
- 2 colheres de molho inglês;
- 2 cebolas picadas em rodelas;
- 3 dentes de alho amassados;
- Manjericão e alecrim a gosto;
- Sal e pimenta a gosto.
Modo de preparo:
- Antes de mais nada, forre uma assadeira com papel alumínio, deixando sobrar papel suficiente para embrulhar os peixes;
- Em seguida, arrume os filés de mandi na assadeira e acrescente os limões, a pimenta, o sal, os dentes de alho, o manjericão, o alecrim, o molho inglês e, por último, as cebolas. Então, feche bem o papel alumínio para que o tempero não vaze;
- Depois disso, leve o mandi ao forno por 20 minutos. Passado esse tempo, abra o papel alumínio para que o excesso de água seque e o peixe fique dourado;
- Depois de 10 minutos, ou quando os filés estiverem bem assados, desligue o forno e aguarde mais 5 minutos.
- Para finalizar, sirva o assado com salada e arroz.
Mandi frito
Outra maneira prática e deliciosa de preparar mandi é fritando. Para essa receita, você vai precisar de:
- 500 g de mandi cortado em iscas;
- 2 dentes de alho picados;
- 2 xícaras de fubá;
- Sal e pimenta do reino a gosto;
- Óleo para fritar.
Modo de preparo:
- Primeiro, tempere o peixe com sal, pimenta do reino e o alho.
- Depois de meia hora, quando o mandi tiver absorvido bem o tempero, empane-o no fubá e frite no óleo bem quente;
- Essa receita combina bem para ser servida com molho rosê. Para fazer o molho, misture meia xícara de maionese, 1 colher de sopa de ketchup, meia colher de sopa de mostarda, 1 colher de sopa de shoyu e suco de meio limão;
- Então, sirva o mandi com o molho rosê e bom apetite!
Benefícios do consumo de peixes
Assim como a maioria dos peixes, o mandi é uma excelente fonte de proteína. Além disso, ele é rico em potássio, fósforo e vitamina B12. Por causa desses nutrientes, incluir peixes na nossa dieta ajuda na manutenção da saúde dos sistemas cardiovascular, ósseo e nervoso.
Para quem quer perder peso, comer mandi (ou outros peixes magros) pelo menos três vezes por semana é uma forma saudável de complementar a dieta, já que os peixes têm menos calorias do que as outras carnes.
De fato, 100 g desse peixe têm 18,9 g de proteína, 11,4 g de gordura e 178 calorias. Contudo, esses valores podem variar conforme o preparo. Então, quanto mais saudável a preparação, menores serão as calorias ingeridas.
De forma geral, a maneira mais saudável de comer peixe é grelhado, cozido ou assado.
O mandi na medicina
Além dos benefícios de incluir o mandi na alimentação, esse peixe da ordem dos bagres pode ser bastante útil para a medicina.
De acordo com pesquisadores do instituto Butantã, a espécie pode ser usada para desenvolver um soro que seja eficaz contra o veneno de peixes, semelhante aos soros desenvolvidos para combater a peçonha das cobras.
O objetivo dessa pesquisa é produzir um soro que amenize a dor, bem como proteger as pessoas que se acidentam com esses peixes. Além disso, a expectativa é que o soro possa ser usado mesmo no caso de acidentes com peixes que liberam venenos mais agressivos.
Em resumo, o mandi é um peixe de água doce bastante popular no Brasil, especialmente próximo às bacias hidrográficas do Amazonas. Embora a criação de mandi em cativeiro não seja um negócio lucrativo, a pesca dessa espécie pode ser um bom investimento.
Cuidados no manuseio do peixe mandi
Tanto na pesca como na culinária, deve-se ter muito cuidado ao manusear o mandi, pois ele tem acúleos com mucosa tóxica nas nadadeiras dorsais e peitorais. Assim, se uma pessoa sofrer um acidente com esse peixe considerado peçonhento, ela sentirá muita dor e terá febre, além de o local do ferimento ficar inchado.
Mesmo assim, o mandi não deixa de ser apreciado pelos brasileiros. De fato, existem diversas receitas que podem ser feitas com o mandi, como assados e ensopados. Além de saboroso, o mandi é bastante nutritivo e ajuda na saúde dos ossos, dos dentes, do sistema cardiovascular e nervoso.