Ícone do site Agro20
Pecuária

Cachara é peixe nobre e de alto valor entre os pescados

Cachara

A cachara, também conhecida como surubim-cachara, é um peixe tipicamente brasileiro. Encontrada nas bacias Amazônica, Araguaia-Tocantins e Prata, a espécie muitas vezes é confundida com o pintado.

Entretanto, a cachara apresenta características marcantes que a diferenciam do pintado. Ambos pertencem à mesma família, a dos pimelodídeos. Mas, enquanto o pintado tem pintas redondas pelo corpo, a cachara possui listas em formato de vírgulas.

  1. Como é o peixe cachara?
  2. A cachara pode ser criada em cativeiro?
  3. Reprodução da cachara em cativeiro
  4. Como criar cachara em cativeiro?
  5. Como pescar cachara?
  6. Tipos de surubim
  7. Qual a diferença entre cachara e capariri?
  8. Qual a diferença entre pintado e cachara?
  9. Peixe cachapinta
  10. Cachapinta na economia
  11. Cachara na piscicultura
  12. Culinária com peixe cachara


Como é o peixe cachara?

Assim como o pintado, a piraíba e o barbado, a cachara é um peixe de couro. Outras características dessa espécie são:

É mais um peixe grande encontrado nos rios brasileiros. Um adulto de médio porte chegar a 1 metro de comprimento total e pode pesar até 18 quilos.

A cachara pode ser criada em cativeiro?

Assim como pintado, o peixe cachara é uma espécie ideal para a criação comercial. Afinal, tem uma carne gordurosa, saborosa e sem espinhos. Essas características fazem do peixe um produto com alto valor de mercado.

Embora seja menos popular do que o pintado, também é uma espécie de fácil manejo. Por essa razão, é uma boa alternativa de investimento tanto para piscicultores experientes, quanto para iniciantes na atividade.

O peixe cachara tem comportamento dócil, se adapta bem à alimentação em cativeiro e é bastante resistente às variações da temperatura da água.

O criador, no entanto, deve ter atenção redobrada ao manusear o animal, pois ele tem ferrões nas nadadeiras peitorais e dorsais que podem provocar ferimentos.

Por ser um peixe piscívoro, a cachara se alimenta de outros peixes em seu habitat natural, principalmente os de escamas. Por isso, é necessário submeter o peixe a um condicionamento no cativeiro para que ele se adapte à ingestão de ração industrializada.

De hábito noturno, prefere se alimentar em horas de baixa iluminação até se adaptar à luminosidade do dia.

Reprodução da cachara em cativeiro

A cachara é uma espécie que, na natureza, se reproduz na piracema. Ou seja, ele nada rio acima em períodos de cheia para fazer a desova em águas quentes e rasas. Por isso, é preciso realizar reprodução induzida nos animais criados em cativeiro.

Esse processo utiliza hormônios e deve ser feito apenas por profissionais habilitados, já que são aplicadas algumas técnicas delicadas. Além disso, é preciso dedicar atenção redobrada à fase inicial da transformação das larvas em juvenis. Por isso, é mais indicado para o novo criador dedicar-se exclusivamente à etapa da engorda.

Como criar cachara em cativeiro?

Sabendo que esse é um dos peixes de água doce mais fáceis de serem criados em cativeiro, muitas pessoas acabam procurando conhecer melhor essa possibilidade. Por conta disso, descreveremos a seguir todos os detalhes sobre a criação da cachara.

Inicialmente, vale observar se existe na propriedade uma boa infraestrutura disponível a fim de facilitar a criação. Nesse sentido, caso exista um espelho d’água, é possível aproveitá-lo, evitando investimentos com a construção de açudes e tanques.

Da mesma forma, a pré-existência de uma área protegida para armazenar e guardar equipamentos é um facilitador, poupando ainda mais gastos. Portanto, essa é a estrutura básica para a criação da cachara e, caso ela não exista, terá de ser construída.

Então, é necessário adquirir os alevinos da cachara, preferencialmente com tamanho médio de 10 centímetros. Vale lembrar que esses exemplares precisam já estar habituados à alimentação com ração, além de possuírem boa procedência.

Por isso, é de suma importância adquirir esses alevinos em um estabelecimento especializado, com garantia de mercado. Comprando em um local onde profissionais capacitados atuam, é possível também pedir orientações sobre a criação e o dia a dia.

A cachara é um peixe de fácil criação e não costuma ser muito exigente com a temperatura da água, porém ambientes quentes são a preferência desse peixe. Assim sendo, é aconselhado controlar a temperatura sempre entre os 24 °C e 28 °C.

Entretanto, a água precisa ter boa qualidade, já que isso influencia diretamente na vida da cachara. É importante observar uma dureza média de 30 mg de carbonato de cálcio para cada litro de água, além de manter sempre o pH entre 6 e 8.

A estrutura e a criação

A estrutura do tanque escavado em terra precisa contar com, pelo menos, 2.000 m², visto que a utilização ideal é a densidade de um peixe para cada metro quadrado. Pode-se utilizar blocos de concreto ou vala simples, com tubulação em PVC.

Para fazer a drenagem é necessário elaborar um cachimbo com tubulação em PVC, próprio para escoar os restos de alimentos e demais dejetos. Além disso, é importante realizar uma triagem periódica nos peixes, preferencialmente a cada três ou quatro meses.

Geralmente o período necessário para que o peixe cresça e possa ser comercializado compreende de 12 a 15 meses. Desse modo, é preciso fazer a triagem para outro viveiro dentro de 3 ou 4 meses, a fim de organizar e agrupar a criação pelo tamanho.

Isso porque manter peixes maiores no mesmo ambiente que os menores pode ocasionar canibalismo. Ou seja, separar as cacharas pelo tamanho garante uma criação mais harmônica, sem contar a melhor homogeneidade dos lotes.

Para alimentar a cachara, é necessário manter o equilíbrio, visto que o animal tem tendência ao sedentarismo e pode facilmente adquirir sobrepeso. Da mesma forma, é aconselhada a utilização de rações específicas para peixes carnívoros.

Conforme mencionado anteriormente, a reprodução da cachara em cativeiro se dá através de indução hormonal. Isso deve ser feito por um profissional capacitado.

Como pescar cachara?

A carne saborosa, suculenta e com poucos espinhos coloca a espécie na seleta lista dos peixes considerados nobres. No entanto, além de possuir alto valor comercial, esse peixe também é cobiçado por quem pratica a pesca esportiva.

A pesca requer habilidade. Para fisgar esse belo animal, o equipamento utilizado é de médio a pesado, com linhas entre 17 e 30 libras e anzóis de nº 6/0 a 10/0.

As iscas naturais mais usadas na pescaria da cachara são pequenos peixes como lambaris, piaus e curimbatás, além da tuvira, do muçum e do minhocoçu.

Vale ressaltar que, assim como no manejo da cachara em cativeiro, é preciso ter cuidado com os ferrões nas nadadeiras desse peixe.


Tipos de surubim

A cachara e o pintado são dois peixes semelhantes e é comum que as pessoas se confundam quando se deparam com esse animal em uma pescaria ou até mesmo no comércio. Por isso, indicaremos a seguir pontos que diferenciam esses dois peixes.

A cachara, conforme dito no início do artigo, possui listras em seu corpo, e o pintado, como o próprio nome já diz, possui pintas. Portanto, é fácil perceber que esses dois peixes pertencem ao mesmo gênero, mas ainda existe um terceiro: o caparari.

A saber, esses três peixes pertencentes ao gênero Pseudoplatystoma são conhecidos popularmente como surubim. Em outras palavras, é correto afirmar que existem três surubins, que são a cachara, o pintado e o caparari.

A cachara (Pseudoplatystoma fasciatum reticulatum) é o peixe do qual falamos até agora de forma predominante. Entretanto, o pintado (Pseudoplatystoma corruscans) é o mais popular entre os três, sendo o mais conhecido no mercado nacional.

Já o terceiro, que é o caparari (Pseudoplatystoma tigrinum), é o maior peixe desse gênero, podendo alcançar o tamanho de 1,3 metros. Visualmente, é mais parecido com a cachara, visto que também possui listras.

Qual a diferença entre cachara e capariri?

O caparari pode chegar ao peso de 35 quilos, sendo mais pesado que a cachara e mais leve que o pintado. Além disso, as manchas pretas do caparari são mais irregulares, assemelhando-se às de um tigre, indo do topo do dorso até a parte inferior da lateral.

Ainda assim, outro diferencial do caparari é a cabeça, que é ligeiramente mais estreita e possui um desenho semelhante a uma cruz em sua fronte. Pescar o caparari é semelhante à pescaria de cachara, visto que se usam iscas naturais e equipamentos pesados.

Qual a diferença entre pintado e cachara?

Comparando com os outros dois tipos de surubim, o pintado é o que se pode identificar mais facilmente, visto que ele possui pintas arredondadas e não listras. Possui tons similares à cachara e gosta de se manter sempre no fundo dos rios.

O pintado é um pouco menor que o caparari, podendo atingir o tamanho de 1 metro. Entretanto, ele é o peixe que atinge o maior peso entre os três, pesando entre 60 e 80 quilos. Uma particularidade utilizada na pesca do pintado é a isca: comumente se usa a salsicha.

Os três tipos de surubim são peixes carnívoros que vivem em água doce, sendo que a principal diferença entre eles é o padrão de manchas escuras. Além disso, diferem-se também o peso e o tamanho, sendo o pintado o mais pesado e o caparari o mais comprido.

O pintado apresenta manchas arredondadas e a cachara apresenta listras irregulares, podendo ter oscilações arredondadas na base. Entretanto, o caparari, que também possui listras, se diferencia pelo desenho dessas manchas, lembrando o corpo de um tigre.


Peixe cachapinta

Além dos três tipos de surubim, existe um quarto tipo menos conhecido que é o híbrido cachapinta. Em outras palavras, a mistura entre a cachara e o pintado origina a cachapinta, que é resultado de um cruzamento artificial.

Desse modo, utiliza-se uma fêmea de cachara e um pintado macho. Ainda existem poucos estudos a respeito da cachapinta, inclusive não se sabe ao certo se esses híbridos são capazes de se reproduzir normalmente.

Além disso, existe outro problema que precisa ser estudado pelos geneticistas, que é justamente o caso das fugas desses peixes para rios. Isso pode ocorrer acidentalmente, através de fuga dos pesque-pagues ou então com solturas clandestinas (peixamentos).

Nesse sentido, se essas cachapintas forem férteis, elas se reproduzirão com as espécies puras, gerando filhotes híbridos e modificados, fazendo com que os peixes puros acabem se extinguindo.

A cachapinta foi elaborada visando atender à alta demanda de pintados no mercado. Em outras palavras, grandes piscicultores desenvolveram esse híbrido para suprir a demanda de mercado existente para o pintado.

Portanto, é correto afirmar que a cachapinta apresenta um temperamento mais dócil do que o pintado, sendo perfeito para a utilização em pesque-pagues. As manchas corporais desse peixe são literalmente uma mistura entre figuras arredondadas e listras.

Por conta disso, surgiu um nome popular para esse peixe híbrido, sendo chamado de surubim-ponto-e-vírgula. A princípio, não se sabe exatamente qual o peso que a cachapinta atinge, apesar de já existirem casos onde o peixe ultrapassou os 20 quilos.

A carne da cachapinta é igualmente apreciada como a do pintado ou da cachara, sendo quase imperceptível a diferença do sabor.

A cachapinta na economia

Conforme foi possível perceber ao longo do artigo, a cachara é uma ótima opção para o piscicultor, visto que esse é um peixe de fácil adaptação. Levando em conta que o pintado possui uma alta demanda de mercado, a cachara acaba sendo uma alternativa inteligente.

Da mesma forma, o híbrido mencionado anteriormente se apresenta como uma opção altamente promissora, levando em conta a carne branca, macia e sem espículas. Isso faz com que o filé da cachapinta seja comercializado amplamente.

Porém, esse processo de filetagem acaba gerando uma grande quantidade de resíduos, os quais são empregados em outros usos. Disso surge a polpa de filé ou a CMS (carne mecanicamente separada), que pode ser comercializada por valores de mercado bem mais baixos.

Por possuir qualidade inferior ao filé, essa polpa pode ser utilizada na produção de patês, sendo assim uma ótima alternativa. Desse modo, a EMBRAPA financiou a criação dessa alternativa, visando estimular a comercialização do cachapinta.

Além disso, a iniciativa também estimula o aumento da cadeia de frios, eleva a vida útil do produto e ainda agrega mais valor de mercado ao produto. Isso também melhora a comercialização, produção e transporte, melhorando a economia de modo geral.

Elaborou-se também conservas do filé da cachapinta, enlatados em solução de salmoura ou em óleo de girassol. Ainda assim, analisou-se os padrões nutricionais, sensoriais e microbiológicos dessas conservas, garantindo boa qualidade e esterilidade comercial.

Em outras palavras, a utilização dos filés e patês de cachapinta são uma forma inteligente, sadia e lucrativa de atender as demandas do mercado, gerando benefícios para os criadores da cachapinta, as empresas beneficiadoras do pescado e os consumidores.


Cachara na piscicultura

Assim como a cachapinta, a cachara também apresenta boas possibilidades, principalmente pela facilidade de criação. Dessa forma, é correto afirmar que a utilização desse peixe na piscicultura é uma boa alternativa aos pequenos produtores.

Levando em consideração que 86% dos criadores do território nacional são pequenos produtores, a criação de cachara pode ser, assim, um investimento altamente promissor. Segundo o Censo Aquífero do Mapa, a pesquisa de 2008 indicou essa maioria absoluta.

Além disso, a mesma pesquisa mostrou que a grande maioria desses produtores se dedica a criar peixes de água doce. Esse tipo de processo é conduzido, geralmente, em açudes, viveiros ou tanques. Os produtores que trabalham no mar também são, predominantemente, pequenos.

Mais de 50% dos criadouros brasileiros se dedicam à criação de tilápias, concentrando-se em jundiás na Região Sul. Entretanto, o estado de Goiás era o que apresentava a maior variedade de criações, indo desde pacu, cachara e matrinxã.

Portanto, é correto afirmar que a cachara ainda não é explorada no máximo de sua possibilidade, visto que não é amplamente produzida. As facilidades em criar e comercializar esse tipo de peixe são os principais fatores que a tornam uma boa ideia de investimento.

Os custos iniciais são relativamente baixos, além de que é possível utilizar recursos já existentes na propriedade do futuro criador. Observando-se dessa forma, esse é um campo de novas possibilidades aberto aos produtores e piscicultores que ousarem adentrá-lo.

Sem dúvida, o fato da criação da cachara não exigir muitos cuidados minuciosos é um dos apectos mais atrativos aos interessados nesse negócio. Da mesma forma, o baixo custo dos alevinos é um fator que facilita a busca por essa possibilidade.

Culinária com o peixe cachara

Sabendo que a cachara é um peixe que possui carne macia e saborosa, seu uso na culinária é amplo, tal qual o pintado. Assim sendo, o peixe pode ser preparado assado na brasa ou no forno, com molho ou até mesmo frito.

Uma das formas que a cachara mais fica agradável ao paladar é, sem dúvida, assada. Por isso, elaboramos uma receita especial de cachara na brasa. Para fazer esse prato, basta adquirir cerca de 1,5 quilos de peixe, 3 cebolas, sumo de 1 limão e sal.

Desse modo, é necessário remover a pele do peixe e temperá-lo com o sal a gosto e o suco de limão. A cebola deve ser separada em folhas. Para isso, basta cortar a cebola ao meio e separar manualmente cada uma das suas camadas.

Como o peixe tende a desmanchar quando assado, o método é cortá-lo em pequenos pedaços de modo que possam ser envolvidos pela folha de cebola, formando uma cobertura com duas peças. Nesse sentido, basta envolver o peixe em duas folhas de cebola e colocá-lo no espeto.

Dessa forma, cada pedaço de peixe temperado com limão e sal deve ser envolvido com a cebola e ser colocado no espeto. Depois, basta levar à brasa por um tempo médio de 15 a 20 minutos, até que se atinja o ponto certo.

Pronto, essa é a receita simples, saborosa e inovadora da cachara assada na brasa. Sem dúvida, essa receita marcará presença onde quer que for preparada.

Sair da versão mobile