Muito conhecido dentro do setor de maior importância para economia dos países, o boi verde vem se tornando cada vez mais falado e admirado com o passar do tempo.
O boi verde apresenta diversas características favoráveis para a alimentação dos seres humanos. Além disso, possui fácil manejo e facilita o sistema de produção pecuária.
- Conceito de boi verde
- Criação de gado
- Vantagens do boi verde
- Importância da pecuária sustentável
- Produtividade da pecuária brasileira
- Sustentabilidade e o boi verde
- Boi verde na economia
- Desempenho animal
- Aspectos ambientais
- Aspectos sociais
Conceito de boi verde
O boi verde é o bovino caracterizado por sua carne saudável e sua criação livre, favorecendo uma alimentação mais vigorosa do que a de outros bois. Ou seja, seu manejo é controlado com base em pastagens para manter sua sustentabilidade.
Por possuir uma carne com baixo teor de gordura e rica em nutrientes, o gado verde vem apresentando favoráveis resultados ao mercado mundial e aos consumidores. Dessa forma, os produtos pecuários e agropecuários são planejados com maior sustentabilidade.
O manejo desse gado é altamente conhecido por ser uma criação a pasto livre. Assim como outros bovinos, pode ter sua carceragem realizada em até noventa dias antes do abate. Entretanto, em seu meio de produção há grandes diferenças que separam o boi verde do conhecido boi orgânico. Como:
- A produção do boi verde permite uma adubação verde e a utilização de fertilizantes artificiais. Enquanto a produção do boi orgânico faz uso apenas da adubação verde;
- No boi verde é autorizada a aplicação de ureia, no orgânico, não;
- Embora os dois possuam alimentação de origem vegetal, o boi orgânico apresenta uma alimentação mais orgânica comparada a do boi verde;
- É permitido o uso de fogo para guiar a pastagens do boi verde; do orgânico, não;
- O boi verde pode usufruir de tratamentos veterinários e medicamentos alopáticos – medicamento tradicional usado para combate de doenças; enquanto o boi orgânico faz uso de medicamento homeopáticos – medicamento que busca equilibrar e curar o corpo afetado.
A alimentação do gado verde é composta por alimentos naturais do meio ambiente. Por isso, é mais prático realizar a demanda de bois verdes no período de novembro até março; quando o pasto apresenta maiores valores nutricionais. Além disso, é importante que haja o controle da quantidade de alimento ingerida pelo animal no dia a dia.
Criação de gado
A criação de gado é uma das atividades de maior importância e influência do setor rural. Apresentando alta popularidade tanto para o mercado interno quanto para o externo, a bovinocultura é praticada em diversos países e caracterizada como atividade mais lucrativa.
No Brasil, o Acre vem crescendo como um dos estados de maior potencial para criação e produção de carne bovina. Dessa forma, a pecuária atinge 60% das arrecadações de mercadoria do território, equivalente a 150 milhões de reais por ano.
Por fim, a criação mantida pelo sistema de boi verde visa a preservação dos animais em seu habitat natural. É um método aplicado por mais de 90% dos pecuaristas brasileiros, de acordo com a EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Além disso, é caracterizado como o sistema de engorda mais econômico já criado.
Vantagens do boi verde
Entre as principais vantagens inerentes às criações do boi verde (tendo em mente as suas especificidades entre outros tipos de criação de gado), altamente valorizadas pelos pecuaristas, encontra-se a redução no tempo de abate. Por outro lado, em condições favoráveis, é possível obter um animal resultante do cruzamento industrial.
Por isso, o boi fica pronto para ser abatido entre dezoito e vinte e quatro meses. Nesse hiato, pelos métodos tradicionais, o tempo pode chegar a mais de três anos. Ou seja, o boi verde poderá ser um novilho precoce, abatido entre treze e dezesseis meses.
Desse modo, é possível também que seja um animal menos precoce (abate entre dezessete e vinte e um meses) ou um animal mais maduro. Assim, outro benefício de extrema relevância reside na qualidade da carne.
Ainda que o novilho seja precocemente abatido, a sua carne será mais macia e terá um sabor mais apurado. Outrossim, cumpre mencionar o grande potencial exportador, à medida que o mercado internacional aprecia esse tipo de produto e nosso país conta com as melhores condições para a sua produção.
Visto que a preferência dos consumidores não deve ser negligenciada, há pesquisas que demonstram que eles se mostram propensos a pagar mais em troca de produtos mais saudáveis e ecologicamente corretos.
Do mesmo modo, a relação entre custo e benefício também merece destaque. Logo após o abate, os produtores podem usufruir de menores custos para a produção e um mercado comprador realmente promissor.
Importância da pecuária sustentável
É provável que, nas próximas décadas, comece uma expansão substancial na renda per capita (principalmente, na classe média dos países emergentes). Esse é o prognóstico da maioria dos especialistas.
Ou por outra, a região chamada de “Ásia-Pacífico” concentrará algo em torno de 60% do substrato médio em 2 décadas, elevando o mercado consumidor em cerca de 3 bilhões de novos compradores.
A fim de que tenhamos uma noção exata desse impacto, basta lembrar que passaremos de dois bilhões para aproximadamente cinco bilhões, em uma janela”de apenas 20 anos (2010 a 2030).
Em primeiro lugar, esses fatos, articulados ao crescimento das rendas familiares, o crescimento das taxas de urbanização e as mudanças de hábitos alimentares, manterão aquecidas as demandas por produtos agropecuários como legumes, verduras, frutas, lácteos e, é claro, carnes.
No entanto, por ser um grande produtor desses gêneros, o Brasil se destaca como um dos mais importantes players na arena global. Sobretudo, isso se deve ao vigor obtido no incremento da produção durante as últimas décadas.
Seja como for, as estatísticas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) revelam que a produção de carnes suínas, de frango e bovina, em 1970, era de menos de 3 milhões de toneladas.
Bem como era um índice relevante para a época, o volume cresceu de forma substancial nas décadas posteriores, atingindo mais de 26 milhões de toneladas em 2016 e 25,9 milhões em 2019.
Produtividade da pecuária brasileira
Por exemplo, um aspecto muito importante da expansão produtiva consiste no fato de que os índices se mostram superiores às variações nas taxas referentes à demanda doméstica.
Em seguida, chama a atenção o aumento nas exportações brasileiras ao longo dos últimos vinte anos. Não apenas houve melhora na renda dos produtores rurais, mas, também, uma inequívoca contribuição para tornar positivo o saldo da balança comercial do país.
Em suma, tudo isso foi alcançado, simultaneamente, à garantia do abastecimento do mercado interno. Enfim, desdobra-se a oportunidade de avançar nos produtos de maior valor agregado, tal como o boi verde.
Com a finalidade de expandir ainda mais e consolidar as exportações de todas as cadeias produtivas da pecuária, a sustentabilidade desse produto pode garantir, pelo menos, outras duas décadas de bons resultados.
Só para ilustrar, essa trajetória consolidará o Brasil na posição de grande potência agrícola mundial e uma das principais nações que, por meio dos mecanismos de mercado, colaborará para a efetivação da segurança alimentar de todos os continentes.
Incentivos à pecuária
Com o propósito de intensificar o desempenho da agropecuária brasileira, é imprescindível frisar que os incentivos recebidos são muito baixos. Primeiramente, dados da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) demonstram essa situação.
Salvo outras análises igualmente profundas, a métrica utilizada pela OCDE é a “producer support estimate” (ou “estimativa de apoio aos produtores”, em tradução livre).
Da mesma forma, o indicador aponta que entre os anos de 1995 e 2014, os níveis de incentivos à prática agropecuária foram muito pequenos no Brasil. Inegavelmente, eles atingiram somente 1,7% das receitas brutas de todas as propriedades agropecuárias.
A propósito, esses incentivos cresceram timidamente nos últimos anos, porém tendem a variar entre meros 4% e 6% das receitas brutas. Ainda mais importante: esses níveis não serão capazes de estimular aumentos na produção.
Assim que será necessário produzir a preços competitivos, com sustentabilidade e foco no atendimento às exigências de consumidores cada vez mais exigentes. A princípio, a segurança dos alimentos é uma condição indispensável nesse contexto.
Apesar de que avanços meritórios tenham sido observados na indústria nacional de carnes, um levantamento recentemente elaborado pelo RMIF (Red Meat Industry Forum) indica que 70% das plantas de abates de suínos e 78% das linhas de abates de bovinos já eram, há 10 anos, consideradas modernas, de acordo com os padrões internacionais.
Sustentabilidade e o boi verde
A importância e o conceito de desenvolvimento sustentável começaram a ser intensamente propagados no fim da década de 1980, ganhando cada vez mais musculatura a partir de então.
Eventualmente, a sustentabilidade seria obtida no momento em que as dimensões ambientais, sociais, econômicas e técnicas relacionadas à produção de serviços e bens fossem atendidas.
Mesmo que esses elementos fossem interdependentes, deveriam, idealmente, ser contemplados simultaneamente. Entretanto, associar as propostas de sustentabilidade, reduzindo-as a somente uma dimensão, como as ambientais ou econômicas, é insuficiente e equivocado.
Ademais, tal critério não reflete integralmente sua multiplicidade de aspectos. Em contraste com isso, os distintos modelos de produção devem implementar estratégias exitosas.
Antes de mais nada, isso implica em ganhos simultâneos obtidos em todos os aspectos da sustentabilidade. Em virtude disso, quando tais condições não forem possíveis, é altamente recomendável a realização de ações que diminuam as perdas.
Uma vez que determinados aspectos da sustentabilidade sejam favorecidos, em detrimento de outros, a tendência de variação será imprevisível e, via de regra, dificultará quaisquer planejamentos a longo prazo.
Boi verde na economia
Em princípio, nas dimensões econômicas e técnicas, o potencial produtivo será determinado pelos fatores/recursos disponíveis e pelas tecnologias, preços e, ainda, expectativas de retornos dos investimentos realizados.
Com efeito, o boi verde opera em mercados altamente competitivos, nos quais os produtores rurais são tomadores de preços de produtos e insumos. Ao passo que a intensificação produtiva é influenciada diretamente pelos chamados “termos de troca”, há outras perspectivas que não devem ser negligenciadas.
Assim sendo, os coeficientes técnicos, embora não sejam totalmente independentes em relação aos produtores (por exemplo, na definição de metas de produtividade), elas são determinadas, em grande medida, dos preços relativos nos momentos de tomadas de decisões.
Assim também, quando os preços relativos são favoráveis, estabelece-se um claro estímulo às expansões produtivas e à incorporação tecnológica. Decerto, nos últimos anos, os modelos de produção pecuária mudaram sensivelmente.
Já que o Brasil sempre acompanhou esses movimentos, os produtores nacionais passaram a priorizar as tecnologias mais intensivas (ao menos, em termos de capital), gerando ganhos significativos de produtividade.
A necessidade de investimentos
Desde que se almeje retornos econômicos sustentados no tempo e consistentes, é necessário investir em componentes de produtividade, isto é, na taxa de lotação e no desempenho animal (considerando tanto o peso à desmama quanto os ganhos de peso nos períodos pós-desmama).
Similarmente, o conceito de taxa de lotação evidencia a quantidade em quilos (por cada unidade de área) da massa de forragem e a eficácia com a qual ela é colhida pelos animais em pastejo.
Pois, a produtividade do pasto, apesar de ser influenciada pelo manejo, também depende essencialmente das condições referentes à fertilidade do solo. De acordo com esses princípios, a habilidade das plantas forrageiras na extração de nutrientes diretamente do solo para sintetizar novos tecidos deve ser observada.
Depois que esses acompanhamentos forem realizados, a fertilidade dos solos (mediante adubação direta ou efeito residual das adubações efetuadas em safras antecedentes) acompanhará a habilidade das plantas forrageiras para usá-los.
Por conseguinte, a existência de disponibilidade hídrica adequada é crucial para elevar as taxas de lotação das glebas. Mas, a pesquisa em otimização genética das plantas forrageiras deve ser voltada à busca de maior eficiência na utilização estratégica de recursos.
Em resumo, há muitas oportunidades para progressos na conservação e no manejo da água e do solo, além da busca por maior eficácia na utilização de insumos, como agroquímicos e fertilizantes.
Desempenho animal
Enquanto o conceito de desempenho animal se refere à saúde, nutrição e genética do rebanho, ele abriga grandes possibilidades de avanços futuros. Nesse sentido, tais vertentes têm alta interatividade, apresentando ganhos significativos nos últimos anos.
Anteriormente, o potencial genético não era empregado devidamente visando contribuir para aumentar a produtividade dos sistemas. Pelo contrário, na atualidade, há fortes interações entre a condição das pastagens (manejo do pasto e oferta nutricional) e os componentes propriamente animais.
Precipuamente, os maiores potenciais produtivos obtidos pelos cruzamentos de raças ou melhoramento genético e/ou seleção de rebanho deverão sempre estar vinculados a melhorias na qualidade dos alimentos ofertados aos animais.
Afinal, os movimentos de implementação das novas tecnologias, principalmente, aos insumos, deverão se acentuar ao longo dos próximos anos. Todavia serão incorporados, em uma dinâmica ditada pela existência de preços relativos favoráveis e os anseios sociais quanto à adoção de critérios rígidos de sustentabilidade, métodos como:
- Aplicabilidade de nanotecnologia na liberação controlada de medicamentos e fertilizantes;
- RNAi e CRISPR: produtos que se valem de edição genômica e biologia avançada para controlar as pressões bióticas;
- Zootecnia e agricultura de precisão, elevando a produtividade e a eficiência dos componentes animal e pasto.
O papel das TIC
Logo depois de considerarmos a importância dos investimentos e o conceito de desempeno animal, é fundamental compreendermos o papel das TIC (“Tecnologias de Informação e Comunicação”) no contexto da produção do boi verde.
Vale lembrar, entretanto, que embora elas possam impulsionar, por um lado, os conhecimentos dos problemas e, consequentemente, as respostas apresentadas a eles no mundo real, as TIC também agem como catalisadoras essenciais para difundir tecnologias nas cadeias produtivas e nas comunicações com a sociedade.
Aspectos ambientais
Igualmente, a tecnologia determina tanto a eficiência na utilização de recursos quanto a elevação da produtividade. Surpreendentemente, ela pode exercer protagonismo nas dimensões econômicas, técnicas, na promoção sustentada de progressos sociais e, ainda, minimizar impactos ambientais potencialmente negativos.
Por consequência, um bom exemplo pode ser encontrado no efeito chamado de “poupa terra”, isto é, o espaço que deixará de ser cultivado em função dos avanços tecnológicos que permitem aumentar a produção por cada unidade de área.
Certamente, sem os ganhos obtidos na produtividade pecuária dos últimos anos, uma área adicional com cerca de 525 milhões de hectares (ou seja, 25% superior em comparação ao Bioma Amazônia) seria necessária para a obtenção da mesma produtividade de carne bovina que foi registrada em 2016.
De maneira idêntica, os sistemas pecuários brasileiros ocorrem, na sua grande maioria, em pastagens, agregando outros benefícios ambientais. A fim de entender esse contexto, reflita sobre a possibilidade que as pastagens produtivas apresentam de capturar mais carbono diretamente da atmosfera e, posteriormente, estoca-lo no solo.
Dessa maneira, com o conceito de boi verde, temos um importante aumento de matéria orgânica nos solos, resultando em maior eficiência e armazenamento da água e dos nutrientes, com menores perdas ocasionadas por erosões e escorrimentos superficiais.
Técnicas de pastagens
Antes de tudo, a inclusão das pastagens em ritmos de rotações a partir de culturas anuais contribui, ainda, em muitas situações, para romper os ciclos de doenças, plantas daninhas e pragas.
Nesse ínterim, a utilização de fertilizantes pode se tornar mais eficiente, refletindo em menores demandas por agroquímicos. Esse fenômeno ocorre em um determinado nível de produção, a partir de uma maior competitividade dos sistemas produtivos.
Aspectos sociais
Contudo, desde um ponto de vista socioeconômico, o boi verde auxilia nos indicadores de geração de renda e empregos no país. Ao mesmo tempo, a pecuária é importante devido ao fato de inserir contingentes expressivos de trabalhadores no mercado.
Portanto, as oportunidades de empregos estariam, em certas ocasiões, limitadas no médio e/ou curto prazo nos demais setores econômicos que demandam maior qualificação profissional.
Tanto quanto a oferta de carne bovina no Brasil cresceu a taxas mais altas do que a demanda. Assim, houve uma importante redução nos preços (em termos reais) da carne paga pela população.
A saber, descontando a inflação, o preço hoje em dia equivale a quase um terço do que era praticado durante a década de 1970. Sem dúvida, tal queda nos preços representa, aos consumidores, uma clara vantagem, tornando mais fácil o acesso a alimentos com elevado valor biológico.
Por causa dessa nova realidade trazida pelo boi verde, as pressões inflacionárias foram severamente atenuadas. Além disso, devido ao chamado “efeito renda” da demanda (sobretudo, nas populações de mais baixa renda), outros setores da economia foram indiretamente dinamizados.