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Agricultura

Feijão-de-porco é uma planta amplamente cultivada nos países tropicais

Feijão-de-porco

Feijão-de-porco é uma leguminosa nativa da América tropical e resistente a tempos de seca. É de conhecimento de poucas pessoas que o feijão-de-porco é comestível. Desconhecimento compreensível, já que não é indicado nem para integrar a forragem de animais, pois produz grandes vagens que, se consumidas em excesso, podem provocar mal-estar por serem tóxicas.

É preciso cozinhar o feijão-de-porco depois de descascá-lo para poder ser consumido pelo homem. O feijão seco também pode ser ingerido, desde que fique de molho por 72 horas, receba troca constante de água e seja cozido por uma hora após o tempo de molho.

  1. O que é feijão-de-porco?
  2. Como comer feijão-de-porco?
  3. Como plantar feijão-de-porco?
  4. Feijão-de-porco como adubo verde
  5. Feijão-de-porco herbicida>
  6. Benefícios do feijão-de-porco
  7. Pode comer feijão-de-porco?
  8. O consumo das folhas do feijão
  9. O feijão-de-porco na economia
  10. A insulina do feijão-de-porco


O que é feijão-de-porco?

Feijão-de-porco é uma leguminosa de semente comestível, nativa da América tropical. Tem porte ereto e é resistente a altas temperaturas e clima seco. O grão seco tem aspecto branco e fica verde quando cozido e descascado.

Seu nome científico é Canavalia ensiformis, mas recebe o nome de feijão-de-porco por se acreditar que seja um tipo de leguminosa que os porcos conseguem consumir devido ao seu crescimento rasteiro junto ao chão.

Ela se adapta em diversos tipos de solo, inclusive os mais pobres. Além disso, se vale das bactérias existentes no solo para transformar o nitrogênio do ar em fertilizante natural. Dessa forma, mesmo a terra carecendo de grandes propriedades minerais, consegue desenvolver-se e melhorar inclusive a qualidade da zona de plantio.

Seu desenvolvimento, mesmo em terrenos pouco privilegiados e em boa velocidade, faz com que seja uma boa alternativa para impedir a prevalência de ervas daninhas. Igualmente, tem bom alcance de solo e em pouco tempo.

Com tais qualidades, para quem está pensando em começar a sua horta ou jardim, essa leguminosa não pode faltar. Principalmente se você estiver sem tempo para se dedicar integralmente a esse trabalho.

Por ser resistente, não exige grandes cuidados de manutenção. Ainda, aumenta as chances de preservar a zona de plantio ao ter uma boa cobertura.

Como comer feijão-de-porco?

Por não ser muito palatável, muitas não sabem que o feijão-de-porco é comestível, mas pode ser consumido por humano.

No entanto, diferente de outros grãos em que se necessita chegar a seu estágio mais maduro, para essa leguminosa, o recomendado é colher quando jovem, antes de ficar fibrosa. Nesse estágio, o feijão-de-porco é uma iguaria, parecida com a vagem, porém, mais crocante e saborosa.

Sem contar que quando o seu grão está maduro e seco, encontra-se no teor máximo de toxina.

Para cozinhar o feijão-de-porco, é preciso descascá-los. A dica é fazer um corte na região da “barriga” do feijão, pois facilita muito a tarefa.

O feijão seco tem que ficar de molho por 72 horas, ter trocas de águas sucessivas e depois ser cozinhado por uma hora.

Como plantar feijão-de-porco?

Para saber como plantar feijão-de-porco, não são necessários muitos detalhes.

O plantio do feijão-de-porco é bem fácil e isso certamente se deve às suas características que o tornam resistente mesmo em altas temperaturas e terreno pobre. Além disso, deve ser plantado em local definitivo.

O tempo de germinação é de apenas 15 dias. Apesar de se comportar como uma espécie de trepadeira discreta, pode ser conservado como se fosse um pequeno arbusto, já que as ramas não passam de 2 metros.

A vagem que o feijão-de-porco produz se arrasta no chão porque o seu pé é baixo e pouco agressivo.

Adubação verde

Sabendo que o feijão-de-porco é um dos tipos de feijão que não é utilizado comumente para o consumo humano, fica no ar o questionamento sobre qual o seu uso mais comum. Dessa forma, é correto afirmar que esse vegetal é empregado amplamente como adubo verde.

Adubação verde é uma prática muito antiga em que se empregam determinadas plantas para contribuir com a melhoria das qualidades físicas, químicas e biológicas do solo. Em outras palavras, esse método é uma forma de adubar sem fertilizantes.

No entanto, utilizar somente a adubação verde não é, na maioria das vezes, o suficiente para tornar o solo fértil e apto à produção. Assim, a utilização do adubo verde é um facilitador, visto que possibilita a diminuição de fertilizantes e barateia os custos.

Dessa forma, uma das funções mais importantes da adubação verde é melhorar os níveis de nitrogênio no solo. Além disso, a adubação verde funciona como um protetor do solo, evitando a propagação de ervas daninhas e mantendo boa parte da umidade.

O adubo verde é normalmente utilizado em rotação ou em sucessão com as culturas cultivadas em uma determinada área de terra. Ainda assim, existe uma terceira forma de uso que é o consórcio, que mantém o cultivo do adubo verde simultaneamente com as culturas produzidas.

Desse modo, é possível estabelecer a ciclagem e o fornecimento dos nutrientes através do cultivo dos adubos verdes. Da mesma forma, é bem comum usar esse tipo de planta para fazer a cobertura do solo, visando preservar as condições do mesmo.

Feijão-de-porco como adubo verde

Conforme mencionado anteriormente no artigo, o feijão-de-porco é amplamente utilizado na agricultura para garantir o manejo da biomassa. Além de serem plantadas para a manutenção e ciclagem dos nutrientes do solo, é possível também roçá-las e misturá-las à terra.

Dessa forma, garante-se que as condições orgânicas do solo também sejam melhoradas, visto que a decomposição das plantas será incluída e misturada à terra. Vale lembrar também que a presença dessas plantas garante maior retenção da umidade no solo.

Da mesma forma, controla-se as ervas daninhas e diminui-se a pressão das pragas e doenças, por conta da rotação de culturas. Além disso, o feijão-de-porco é capaz de gerar um efeito importantíssimo chamado de alelopatia.

A alelopatia é, então, o nome dado à geração de substâncias químicas que são capazes de inibir o crescimento e desenvolvimento das plantas daninhas, além de controlar os nematoides. Esse tipo de ação ocorre enquanto o feijão-de-porco estiver vivo ou em processo de decomposição.

Por conta disso, o feijão-de-porco é amplamente utilizado para o controle da tiririca, que é um tipo de erva daninha. Segundo a EMBRAPA, esse tipo de feijão está entre as melhores plantas para serem empregadas como adubo verde.

Para que o feijão-de-porco seja utilizado da melhor maneira possível, é aconselhado que o produtor agrícola conte com o acompanhamento de um profissional capacitado, como um engenheiro agrônomo. O uso não planejado do feijão-de-porco pode não trazer os resultados esperados.


Feijão-de-porco herbicida

Um estudo recente feito pelo Instituto de Química de São Carlos demonstrou o potencial do feijão-de-porco como bio-herbicida. Em outras palavras, o IQSC testou em laboratório as ações herbicidas do feijão-de-porco e teve bons resultados.

Nesse estudo, foram utilizadas duas ervas daninhas que competem com a soja, que são a trapoeraba e a corda-de-viola, ambas em fase adulta. Dessa forma, o instituto da USP observou que o feijão-de-porco conseguiu controlar com êxito essas duas ervas.

Entretanto, a ação herbicida do feijão-de-porco não prejudicou o crescimento da soja, independente de ser orgânica ou transgênica. Isso significa que o feijão-de-porco pode vir a ser um substituto para herbicidas elaborados artificialmente.

A equipe do IQSC chegou nessa possibilidade através de um outro estudo que havia sido feito anos antes, também com o feijão-de-porco. Desse modo, o pesquisador responsável vislumbrou a possibilidade de extrair todo o potencial herbicida desse tipo de feijão.

Ainda assim, segundo os estudos recentes, com três dias de aplicação do extrato de feijão-de-porco, as ervas daninhas já acabaram por demonstrar os efeitos. Depois de seis dias, as pragas já estão completamente comprometidas, impossibilitando o desenvolvimento.

Com esse estudo recente, é possível vislumbrar, então, as possibilidades que o feijão-de-porco possui e que ainda não foram exploradas ao máximo pela ciência. Por isso, é muito importante estar atento a esses novos estudos, já que isso pode facilitar muito a vida do produtor rural.

Isso porque, segundo o estudo, o extrato do feijão-de-porco demonstrou os primeiros resultados em seis dias. No entanto, o glifosato, que é o herbicida sintético mais usado para o controle dessas ervas daninhas, só demonstra resultados após duas semanas.

Benefícios do feijão-de-porco

Sabendo que o feijão-de-porco é um tipo de feijão pouco explorado e conhecido, é natural que não se saiba muito sobre os seus benefícios para a saúde. Entretanto, isso não significa que eles não existam, por mais que ele possua as suas toxinas naturais.

Através do preparo correto, elimina-se essas toxinas que podem causar desconforto no sistema digestivo. Vale lembrar também que o feijão-de-porco é considerado uma PANC (Planta Alimentícia Não Convencional) que possui diversas propriedades nutricionais.

Assim sendo, as folhas do feijão-de-porco também podem ser usadas na alimentação como verduras altamente nutritivas, além das próprias sementes, como o feijão tradicional. Essa leguminosa pode ser muito benéfica ao organismo de diversas formas.

Isso porque o feijão-de-porco é rico em minerais como o ferro, o potássio, o cálcio e o fósforo. Além disso, esse vegetal é uma fonte rica em proteínas, sendo indicado principalmente para o consumo de veganos e vegetarianos.

Além de todas as propriedades dos minerais que podem contribuir com a saúde dos músculos, ossos e dentes, o feijão-de-porco também possui ação laxante. Ou seja, o consumo desse vegetal pode ser uma boa alternativa para pessoas que tenham prisão de ventre.

Dessa forma, é correto afirmar que o, até então, menosprezado feijão-de-porco, possui propriedades nutricionais importantíssimas para o organismo, contribuindo para a saúde e para o bom funcionamento do sistema digestivo, além de possuir uma proteína semelhante a uma insulina.

Por ser uma PANC, é comum que as suas propriedades não sejam tão conhecidas, mas conforme esses estudos e aplicações vão sendo divulgados, evidentemente, é de se esperar que o feijão-de-porco venha a ser um importante produto na economia nacional.


Pode comer feijão-de-porco?

Sabendo que esse feijão possui algumas particularidades, muitas pessoas acabam ficando perdidas quanto ao preparo do feijão-de-porco. Por isso, serão indicadas a seguir algumas das principais formas de consumo dessa PANC, visando demonstrar novas ideias ao leitor.

O feijão-de-porco pode ser um forte aliado no combate à anemia, dada a sua abundância de ferro na composição. Assim sendo, uma das formas mais clássicas e indicadas para o consumo desse vegetal é através do preparo adequado junto ao arroz.

Dessa forma, consumir o feijão-de-porco é muito simples, sempre levando em conta o preparo ideal a fim de eliminar as toxinas da planta. Uma forma de enriquecer o paladar desse prato é incluir pimenta-do-reino, alho e louro.

Além disso, outra forma bastante saborosa de consumir o feijão-de-porco é através do preparo de saladas. Para isso, basta fazer a desintoxicação de 72 horas e, então, elaborar a salada, podendo ser com o feijão cru ou cozido, temperado a gosto.

Ainda assim, existem as possibilidades de elaborar diversas receitas veganas e vegetarianas, bolinhos de feijão e tutu. Para fazer essas receitas, basta seguir a desintoxicação dos grãos e depois usá-los normalmente no preparo dos pratos.

Conforme descrito anteriormente, é necessário remover a casca e fazer o processo de molho e substituição da água. Desse modo, o feijão-de-porco poderá ser consumido de maneira saudável e altamente nutritiva, oferecendo um atrativo na culinária alternativa.

Vale lembrar também que o melhor ponto para o consumo é quando os feijões estão bem novos, visto que nessa fase os níveis de toxinas são bem menores. Portanto, realizar a desintoxicação fica ainda mais fácil, bastando algumas horas de molho e trocas da água.

O consumo das folhas do feijão

Para demonstrar ainda mais a versatilidade dessa planta, o consumo das folhas como verduras é altamente indicado, dadas as propriedades nutricionais do feijão-de-porco. Isso porque essas folhas possuem propriedades muito nutritivas.

Desse modo, as folhas do feijão-de-porco podem ser consumidas como verduras, sendo preparadas de diversas formas. O preparo refogado é, por exemplo, uma das formas mais comuns e saborosas de consumir essas folhas.

O refogado pode acompanhar carnes e diversos tipos de temperos, além de que as folhas podem ser utilizadas para preparar sopas. Enfim, existem diversas possibilidades para esse tipo de consumo e cabe a cada pessoa usar da criatividade e explorar o seu gosto e preparos.

O feijão-de-porco na economia

Conforme foi possível perceber ao longo do artigo, o feijão-de-porco é uma planta não convencional que ainda não teve o seu potencial econômico explorado ao máximo. Nesse sentido, é possível afirmar que a carência de estudos é um ponto negativo.

Porém, com os poucos estudos que foram feitos até então, é possível compreender o potencial do feijão-de-porco, visto a sua ação como herbicida natural. Levando isso em consideração, é possível gerar um produto substituto para o glifosato.

Além disso, a utilização como adubo verde já demonstra por si a importância do feijão-de-porco para a economia, agindo como um fertilizante natural e diminuindo os custos da produção agrícola de algumas culturas específicas.

Ainda assim, quando novos métodos de desintoxicação desse feijão forem desenvolvidos, o seu impacto econômico certamente será grande, visto que o cultivo do feijão-de-porco é bastante simples e não exige muitos cuidados por parte dos produtores.

Sabendo do potencial que essa planta tem como herbicida e das suas propriedades alimentícias, é correto afirmar que o feijão-de-porco pode ser um produto altamente lucrativo para os produtores rurais, embora ainda não o seja.

Para que esse nível seja alcançado e que a economia nacional receba, então, os bons resultados que o feijão-de-porco pode oferecer, é indispensável que sejam elaborados mais experimentos e mais estudos, além da necessidade do apoio do Governo Federal.

Outro fator que pode, portanto, ser um potencializador do feijão-de-porco no mercado nacional, é justamente a possibilidade de utilizá-lo para a alimentação animal. Isso porque o feijão-de-porco é rico em nutrientes, sendo eles proteínas e minerais.

Além disso, outra possibilidade que possui poucos estudos é a proteína presente no feijão-de-porco que é bastante semelhante à insulina animal. Sem dúvida, com os estudos necessários, existem possibilidades de desenvolver novos usos para esse tipo de feijão.


A insulina do feijão-de-porco

Segundo um estudo mais antigo do que aquele elaborado para identificar as propriedades herbicidas do feijão-de-porco, um brasileiro também descobriu a forma de extrair a insulina desse tipo de feijão e como utilizá-la, então, em testes laboratoriais.

Nesse experimento, o pesquisador se utilizou de camundongos diabéticos para fazer os testes, extraindo a insulina presente no feijão-de-porco. Dessa forma, foi necessário extrair quase 5 quilos de casca do feijão-de-porco para elaborar 1 grama de insulina.

Entretanto, apesar de isso parecer uma dosagem ínfima, o pesquisador afirma que, pela concentração proteica na casca, a quantidade de insulina natural é considerada razoável. Por isso, o grupo de Xavier-Filho considerou muito importante essa descoberta.

Inicialmente, isso ocorreu de forma acidental, visto que uma aluna identificou que a sequência da proteína do feijão-de-porco era igual à insulina bovina. Porém, depois dos testes em camundongos diabéticos, comprovou-se a eficácia dessa insulina vegetal.

Até então, era considerado impossível que uma planta fosse capaz de produzir insulina, visto que somente animais tinham essa capacidade. No entanto, a pesquisa e a descoberta da então aluna da UENF provaram o contrário.

Afinal, com esse experimento comprovado e repetido em laboratório foi comprovado que, de fato, o feijão-de-porco produz uma insulina semelhante à animal. Desse modo, é possível perceber que o potencial dessa planta ainda está longe de ser explorado em sua totalidade.

Graças a esses estudos, é possível perceber que o feijão-de-porco não é simplesmente uma planta que pode ser usada como adubo verde. Assim sendo, é correto afirmar que essa planta pode oferecer muito mais para a economia e sociedade.

Por fim, é justo mencionar novamente que através de novos estudos, possivelmente, os conceitos sobre o feijão-de-porco sejam revistos e esse produto passe a ter maior importância no agronegócio.

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