Meio Ambiente

O cerne faz parte da estrutura da madeira e tem papel de sustentação

O cerne faz parte da estrutura da madeira e tem papel de sustentação

A definição e função do cerne

Fazendo parte da composição estrutural de uma árvore, o cerne tem funções especiais para as plantas.

Agindo como suporte para as árvores, o cerne possui características e formações particulares e distintas de outros componentes estruturais.

Cerne: tronco de árvore

O que é cerne?

Cerne é o nome dado a um pedaço do xilema do tronco (tecido das plantas vasculares que circula água com sais minerais – a seiva bruta) que já encontra-se inativa no processo de condução de água, tornando-se apenas suporte voluntário para a estrutura da planta. É caracterizado por ser uma das partes mais escuras da madeira, sendo geralmente confundido com o alburno da planta, parte ativa que conduz água.

A formação do cerne

O cerne é formado por células mortas, sendo uma estrutura que permite suporte ao vegetal, em torno da formação de alburno. Conforme as células que compõe o alburno vão envelhecendo e morrendo, elas são acrescentadas ao cerne, que vai desenvolvendo-se conforme o xilema se expande.

No entanto, ainda que possa funcionar como um reservatório de água para os vegetais, o cerne funciona especialmente como sustentação, característica que o torna não essencial para o desenvolvimento e sobrevivência da árvore.

O ressecamento, apodrecimento e destruição do cerne não são raros e nem incomuns. Além disso, esses fatores podem muitas vezes determinar a morte da planta ou, até mesmo, a redução de sua força e vitalidade.

Algumas espécies de plantas são caracterizadas pela formação prematura do cerne, com somente uma camada de alburno vivo. Já em algumas outras espécies a formação é lenta, com troncos compostos somente por alburno.

As características e proporções do cerne são fatores determinantes da qualidade da madeira e dos seus possíveis fins. Ele é valorizado pela consistência mais dura e resistência a disseminação de insetos nocivos. O cerne de madeira é escolhido principalmente para utilizações que requerem mais resistência e durabilidade.

Diferença entre alburno e cerne

Diferentemente do cerne, alburno é o nome dado a parte externa, mais funcional e mais nova da árvore. Ele difere-se do cerne pois é a parte ativa da planta e tem coloração mais clara.

Sua principal função é conduzir a água com nutrientes para as folhas, diferente do cerne que serve como sustentação.

Dessa forma, o alburno transforma-se em cerne quando suas células morrem e ele deixa de exercer sua função.

Características do cerne

Colorações do cerne

cerne da madeira é caracterizado por ser uma camada mais interna e antiga das lenhas, além de não possuir materiais de reserva e células vivas.

Ele possui uma coloração mais escura, pouco permeável e possui aumento da durabilidade natural. Seu mecanismo de defesa é contra os insetos que se alimentam de madeira (o capim, por exemplo), procedente da armazenagem de extrativos.

Além de oferecer suporte, o cerne é responsável por potencializar o volume do alburno e manter o ambiente local. Seu volume é acumulativo, ou seja, conforme o tempo passa, maior a proporção do cerne.

O cerne também é capaz de reduzir a locomoção de fungos, dificultando possíveis ocorrências de degradações.

A coloração da madeira pode ir do quase branco ou preto, dependendo de algumas substâncias que foram depositadas no cerne, como, por exemplo, os taninos e as resinas. Essas substâncias presentes no cerne também são responsáveis pelo odor das plantas.

Coloração do cerne em espécies brasileiras

Como dito anteriormente, a coloração do cerne pode ser alterada de acordo com as características de cada espécie. Sendo assim, as principais espécies com colorações variadas do cerne são:

  • Angelim Pedra: cerne com coloração marrom – amarelado claro;
  • Cedro: cerne com cor de rosa escuro;
  • Cerejeira: cerne com coloração marrom – amarelados claros;
  • Cumarú:  castanho claro amarelado;
  • Curupixá: com variações de cor marrom claro a marrom rosado;
  • Freijó: cerne com variações de cor marrom acinzentado claro a marrom;
  • Goiabão: com coloração amarela – claro;
  • Ipê: com variações de cor verde oliva escuro a marrom escuro;
  • Jatobá: com variações de cor castanho claro rosado ao castanho avermelhado;
  • Louro Vermelho: cerne de coloração marrom – amarelado claro;
  • Marupá: pouco amarelado;
  • Pau Marfim: de cor branco – palha amarelado;
  • Sucupira: cor marrom chocolate.

Cernificação: transformação de alburno

O início do processo de transformação de alburno em cerne se dá com a morte do parênquima da planta (tecido com a função principal de determinado órgão). Processo esse que chama-se cernificação.

Quando as células deste tecido morrem, as substâncias que funcionam como reserva são removidas ou formam resinas de óleos, taninos, gorduras, corantes, etc. As resinas são comuns por se depositarem nas partes vivas da células e proporcionar que a madeira tenha maior durabilidade e coloração.

Sendo assim, cerne é, em outras palavras, o nome dado ao resultado da alteração do alburno.

As espécies possuem variações do início da cernificação. No eucalipto, por exemplo, ela começa aos 5 anos e nos pinhos começa por volta de 14 a 20 anos. Algumas espécies têm iniciação somente após os 80 anos, tendo a velocidade também variada.

As variações dele irão depender exclusivamente:

  • Da idade da árvore;
  • Da energia da árvore;
  • De tratos silviculturais;
  • Da estrutura anatômica,
  • De geadas;
  • De poluição;
  • De doenças;
  • Da taxa de crescimento;
  • Do controle genético, etc.

As principais alterações sofridas pelo cerne após a cernificação são:

  • Morte do parênquima;
  • Ressecamento (teor de umidade é alterado)
  • Formação de extrativos;
  • Alteração dos núcleos pertencentes aos parênquimas;
  • Redução de substâncias nitrogenadas;
  • Acúmulo e produção de gases, como o etileno e o CO², por exemplo;
  • Acúmulo ou redução de nutrientes, como, por exemplo, magnésio, cálcio e potássio;
  • Redução dos elementos armazenados;
  • Atividade enzimática (substâncias orgânicas proteicas).

Formação de extrativos no cerne

Cerne: tronco de árvore

A formação de extrativos no cerne pode ocasionar na secagem e dificultar a ação de conservantes químicos, além de aumentar a estabilidade de umidade variável.

Os extrativos também são responsáveis por aumentar o peso da árvore. Eles agem como agentes tóxicos para os organismos que se alimentam das árvores. Nesse sentido, eles acabam por aumentar a durabilidade da madeira, já que o insetos não estarão presentes para consumi-la.

Por outro lado, estes extrativos oxidem os taninos (metais) e interferem diretamente na aplicação de colas, tintas e vernizes, quando a madeira for utilizada para outros fins. Por ser conhecido como a “parte dura da madeira”, o cerne é geralmente usado em construções civis pela indústria madeireira, além de ser uma opção adequada para a produção de móveis.

ACESSO RÁPIDO
    Joana Gall
    Joana Gall é técnica em agropecuária pelo Instituto Federal Catarinense e atua na pesquisa sobre as mulheres rurais de Camboriú, em Santa Catarina.

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