Agronegócio

Folha de coqueiro é utilizada na construção de abrigos e em artesanatos

Folha de coqueiro é utilizada na construção de abrigos e em artesanatos

Muito versátil, a folha de coqueiro é utilizada como matéria-prima na produção de diversos objetos decorativos. A folha de coqueiro madura tem o tamanho grande e é flexível. Então, quando ela é trançada ganha diversas formas e dá origem a diferentes peças de decoração ou acessórios de moda.

Outra vantagem da folha de coqueiro é o seu uso na construção civil. Telhados, abrigos e áreas em jardins, por exemplo, podem ser cobertas com as folhas, que dão uma característica mais natural e artesanal aos ambientes.

  1. O que é folha de coqueiro?
  2. Para que serve a folha de coqueiro?
  3. Utilidades do coqueiro
  4. Como o coqueiro chegou ao Brasil?
  5. Coqueiros gigantes
  6. Coqueiro anão
  7. Coqueiros híbridos
  8. Obtenção de coqueiros híbridos
  9. Produção comercial de coqueiro
  10. Variação genética de coqueiros

Folha de coqueiro

O que é folha de coqueiro?

Folha de coqueiro é uma das partes que fazem parte da planta e é essencial para o seu crescimento e processo da fotossíntese. Geralmente a folha se apresenta como tipo penada, ou seja, com o aspecto semelhante à uma pena.

O seu tamanho é relativamente grande, ela pode alcançar por volta dos seis metros de comprimento. Além disso, possui até 300 folíolos (são justamente as partes repartidas da folha, que lhe dão o aspecto de pena). Cada folíolo pode alcançar até 1,30 metro. Ou seja, a folha é bastante larga.

Para que serve a folha de coqueiro?

O artesanato com a folha de coqueiro é uma das funções mais comuns para a planta. É possível confeccionar diversos objetos com o vegetal, que se adapta facilmente às produções.

Conheça um pouco mais sobre a arte com folha de coqueiro:

  • Flor de folha de coqueiro: muitas pessoas têm a habilidade de confeccionar rosas com a folha da planta. O adereço torna-se um belo enfeite artesanal para compor a decoração de casa, assim como de espaços abertos.
  • Folha de coqueiro trançada: dependendo da forma como é trançada, a folha pode ganhar diferentes formas, como uma fruteira ou um cachepô. Também pode ser utilizada na forma de vaso, acomodando flores e plantas.
  • Chapéu: a produção de um chapéu com as folhas é um pouco mais difícil, pois exige certa técnica. Contudo, é um acessório muito utilizado, principalmente quando existe exposição ao sol.
  • Objetos decorativos: a folha é bastante versátil e pode ser utilizada na produção de outros objetos decorativos, como estrelas e até pássaros. Portanto, bastante deixar a imaginação fluir e aperfeiçoar o trançado para construir peças incríveis.

Utilidades do coqueiro

Há quem diga que o coqueiro pode salvar vidas, tamanha a importância que a planta representa para a natureza. A planta é muito versátil e pode ser utilizada de diferentes maneiras.

O tronco pode ser utilizado para a confecção de objetos, assim como a casca. Já as espécies que produzem coco, o fruto pode ser utilizado de diferentes maneiras: consumido in natura, em receitas de bolo ou doces, consumo da água, etc.

Por fim, o óleo do coqueiro também é utilizado tanto para a gastronomia quanto para o comércio de cosméticos. O óleo pode ser utilizado em massagens, assim como para a hidratação da pele e cabelos.

Por fim, então, com a folha de coqueiro e palhas, por exemplo, é possível construir abrigos para proteção contra o sol ou a chuva. A planta, portanto, pode representar uma importante fonte econômica nas comunidades onde é cultivada.

Como o coqueiro chegou ao Brasil?

Agora que conhecemos a versatilidade e os principais usos artesanais e artísticos da folha de coqueiro, chegou o momento de analisarmos como tudo isso foi possível. Para tanto, é fundamental entender como se deu a introdução dos coqueiros no Brasil.

A planta não existia em nosso território, quando de sua “descoberta” pelos invasores portugueses em 1500. Nesse sentido, as primeiras referências constam do “Tratado Descritivo do Brasil”, redigido por Gabriel de Souza, no ano de 1587.

Antes que quaisquer outros registros escritos sobre o tema, Souza afirmava que as palmeiras que produzem coco se davam bem na Bahia. Logo depois, fazia um comparativo com a produção na Índia.

Primordialmente, o autor remeteu à Coroa Portuguesa a informação de que, após enfiar um coco na terra, é possível obter frutos dentro de 5 anos. Nesse ínterim, reafirmava o cronista que, na Índia, não havia frutificação ao longo de 20 anos.

Folha de coqueiro

Coqueiros gigantes

Assim sendo, os coqueiros gigantes foram introduzidos em 1553 no Brasil, especificamente na Bahia. Todavia, os primeiros exemplares eram provenientes de Cabo Verde.

De fato, a origem mais remota desses materiais seriam o Sri Lanka ou a Índia, de onde os coqueiros teriam sido levados à Moçambique. Isto é, essa hipótese pode ser confirmada ao observarmos a semelhança entre os coqueiros gigantes de Moçambique e os coqueiros da África Ocidental.

Com toda a certeza, em 1939 ocorreria uma segunda introdução, a partir da variedade cabocla que vinha da Malásia mediante a exportação de Carlos Browne e Paulo Burle. Só para exemplificar, a chegada se dava pelo porto carioca e os coqueiros eram plantados na cidade de Cabo Frio.

O Ceplac (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira, órgão vinculado ao Ministério da Agricultura) iniciou, em 1978, a terceira introdução. Enquanto os coqueiros selecionados vinham da Costa do Marfim, o processo comercial era viabilizado, primeiro, pelo IRHO e, depois, pelo CIRAD – órgãos internacionais de cooperação agrícola.

Só para ilustrar, a iniciativa privada intensificou suas atividades com a quarta introdução, em 1981, pela SOCOCO, que importava da África Ocidental para instalar um campo produtivo de híbridos no estado do Pará.

Eventualmente, a quinta introdução ocorreria dois anos depois, em 1983. Seja como for, a Embrapa decidiu importar, da Costa do Marfim, diversas populações para configurar o seu “Banco Ativo de Geoplasma”. Afinal, essa estrutura foi instalada no Sergipe, contando com os acessos:

  • Malásia;
  • Vanuatu;
  • Polinésia;
  • Tonga;
  • Rotuma;
  • Rennel;
  • Oeste Africano.

Coqueiro anão

Da mesma forma, a entrada do coqueiro anão no Brasil tem sido atribuída aos doutores Miguel Calmon e Arthur Neiva. Ainda que Neiva, enquanto pesquisador ligado à Fundação Osvaldo Cruz, tenha feito uma viagem ao Oriente para analisar seringueiras, os coqueiros também foram alvo de sua atenção.

Similarmente, quando retornou, fez conferência, atendendo à solicitação de Calmon, na SNA (Sociedade Nacional da Agricultura), Rio de Janeiro, no mês de dezembro de 1921.

Com a finalidade de expor suas descobertas, Neiva abordou a variedade anã. Segundo ele, é provável que desde a segunda década do século XX os primeiros exemplares do chamado “king coconut” tenham sido plantados na Malásia.

Acima de tudo, essa variedade é capaz de oferecer um maior rendimento. Assim também, ela teria sido avistada em diversos pontos espalhados pela Malásia, porém sem nenhuma plantação coordenada.

Ainda mais relevante, quando Ministro da Agricultura, Calmon fundamentou-se nas conferências de Neiva para tomar a decisão de importar, em 1925, centenas de mudas de coqueiros anões verdes, distribuindo-os pelos estados da Região Norte.

Em contrapartida, a Bahia recebeu dez mudas para o plantio no chamado “Horto do Retiro”. Do mesmo modo, outras dez foram plantadas em Uruçuca (Estação Experimental da Água Preta) e no Campo Experimental localizado em Ondina. Posto que, no Rio de Janeiro, as mudas foram plantadas em Deodoro, na Estação Experimental pertencente ao governo.

  • As primeiras mudas

Com o propósito de evitar a necessidade de adubação, as mudas foram plantadas utilizando-se o mesmo processo dos coqueiros gigantes e passaram-se muitos anos para que, finalmente, a precocidade da produção despertasse interesse.

Por causa do praguejamento de insetos e da ausência de frutos encontrados nos coqueiros anões situados na Estação de Água Preta, as pragas tiveram que ser combatidas, por meio do adubamento com lixos e cinzas da cidade.

Como resultado, cerca de um ano depois de iniciar os tratamentos, os coqueiros se recuperaram e chegaram a produzir mais de quatrocentos cocos com tamanho regular e chegando à maturação.

De tal sorte que muitas fotografias foram veiculadas pela imprensa e diversas sementes e mudas foram distribuídas, despertando um forte interesse da opinião pública sobre os coqueiros anões.

Em virtude disso, várias mudas foram enviadas a estados que ainda não contavam com elas, como Rio de Janeiro, Mato Grosso e São Paulo. Em primeiro lugar, o Campo de Sementes de Coqueiros trouxe, no ano de 1934, 10 frutos que, posteriormente, deram origem a 5 coqueiros.

Anteriormente, esse campo era utilizado para outras finalidades, mas foi convertido em uma Subestação Experimental. Semelhantemente, os frutos originaram-se da primeira geração importada de cocos, pertencentes à Fazenda Estiva, de Pernambuco.

  • A segunda introdução

Como se sabe, a propriedade em questão recebera, diretamente do Ministério da Agricultura, dois pés sadios para iniciar a plantação. Antes de tudo, uma nova introdução foi feita em 1939, com os frutos da Fazenda Estiva. Em princípio os coqueiros anões foram, então, distribuídos em vários estados.

Logo que esse período foi iniciado, a segunda introdução já ocorreria a partir de 1938. Visto que, na ocasião, a variedade chamada de “Nyor Gading” (diretamente importada da Malásia via sementes de matrizes cuidadosamente selecionadas) foi introduzida no Rio de Janeiro, os frutos apresentavam tons amarelados e foram plantados nas cidades de Cabo Frio e Araruama.

Folha de coqueiro

  • Novas cultivares

Principalmente, essa nova etapa começou em 1939, com a importação de outras 3 cultivares: verde; vermelha; e uma variedade gigante, que apresentava frutos de grandes dimensões. Alguns chegavam, inclusive, a oferecer cerca de 5 copos de água, sendo chamado também de caboclo.

  • Diferentes nacionalidades

Enfim, a quarta introdução começou, por meio da Ceplac, em 1978, mediante um convênio estabelecido com a extinta IRHO. Porquanto sementes de coqueiros anões amarelos foram importados da Malásia, os variantes vermelhos vieram de Camarões.

Surpreendentemente, a intenção do governo brasileiro era a constituição de um campo exclusivamente voltado à produção de sementes. No entanto, os plantios iniciais foram realizados na cidade baiana de Ilhéus, na Estação Lemos Maia.

Pelo contrário, a quinta introdução aconteceria por iniciativa da SOCOCO que, em 1981, decidiu importar da Costa do Marfim os coqueiros anões amarelos da Malásia. Antes de mais nada, o objetivo da empresa era instalar um campo para a produção de híbridos na cidade paraense de Moju.

Por conseguinte, a sexta introdução foi patrocinada pela Embrapa (Empresa Brasileira de Agropecuária), em 1982. Ou seja, nesse momento foram trazidos, de Costa do Marfim e da Malásia, os coqueiros anões vermelho e amarelo. Por certo, de Camarões foi importado apenas o coqueiro anão vermelho.

Coqueiros híbridos

A saber, a hibridação consiste no cruzamento de indivíduos distintos geneticamente. Assim que a escolha dos pais é feita, a decisão tende a se basear nos objetivos das atividades que serão desenvolvidas.

Por outro lado, os primeiros trabalhos visando a hibridação artificial tiveram início na Índia que, no ano de 1926, decidiu cruzar o coqueiro anão vermelho originário da Malásia com o anão (ou “niu leka”) das Ilhas Fiji.

Em contraste com o posterior desenvolvimento no Brasil, o primeiro cruzamento de anão e gigante visando a combinação de certas características do gigante (resistência a doenças, pragas e longevidade) com a célebre precocidade do anão.

Por isso, de 1938 até 1951, o Brasil desenvolveria o seu primeiro programa com foco no melhoramento de coqueiros, realizando cruzamentos, autopolinizações e prospecções.

Em resumo, o interesse nacional consistia em estudar a fundo a biologia floral e a caracterização dos frutos. Logo depois, devido ao fato de os trabalhos iniciais terem sido desenvolvidos em pequena escala, não foi possível obter a continuidade desejada.

Mesmo assim, é digno de nota a ação de José Miranda Júnior que, em 1948, ao visitar o coqueiral de Charles Browne, da cidade carioca de Araruama, decidiu alugar cerca de 70 coqueiros advindos da Malásia no fim nos anos 1930.

Portanto, em 1949, o agrônomo Walter Cortês e o operário Manoel Freire foram deslocados àquela propriedade para realizar a escolha das plantas e principiar as atividades de autopolinização, remetendo as sementes para o Sergipe.

Obtenção de coqueiros híbridos

Em seguida, a instituição IRHO adotou métodos para a obtenção de híbridos que se baseavam na capacidade de articulação entre indivíduos e, também, na seleção fenotípica, visando os caracteres com maiores níveis de herdabilidade.

Para que essa metodologia fosse repassada a outros países, incluindo o Brasil, os programas de hibridação seguiram duas diretrizes básicas:

  1. Introduções efetuadas para obter o máximo índice de variabilidade genética;
  2. Produção e avaliação de híbridos de diferentes variedades e ecotipos mediante a realização de testes comparativos. Sob o mesmo ponto de vista, os melhores passaram a ser reproduzidos visando o abastecimento de sementes.

Tanto quanto a iniciativa da IRHO, um novo programa surgiu, em nosso país, por iniciativa da Sudene, durante a gestão do professor Celso Furtado. Desde que a instituição criou, em 1963, no Rio Grande do Norte, o “Campo de Jiquí, foi possível usar uma plantação adulta que havia sido implantada em 1956.

Se bem que tal plantação substituiria uma linha de coqueiros gigantes por duas de anões verdes, a intenção da Sudene era, assim, agregar a maior quantidade possível das boas qualidades dessas duas variedades.

Ou por outra, a SOCOCO também desenvolveria um terceiro programa destinado à produção de híbridos. Com efeito, as ações da organização começaram em 1982, no estado do Pará, estabelecendo um campo de produção de sementes obtidas com o cruzamento entre o Gigante do Oeste Africano e o anão amarelo oriundo da Malásia.

Folha de coqueiro

Produção comercial de coqueiros

De maneira idêntica, o IPA (Instituo Agronômico de Pernambuco) formou, junto à Estação de Itapirema, um campo destinado à produção de sementes exclusivamente híbridas usando os coqueiros anões vermelhos e amarelos.

Afinal, a partir de 1983, estes exemplares passaram a ser utilizados como progenitores femininos, sendo coletados em João Pessoa, na Paraíba. Da mesma forma, o progenitor masculino, “gigante do Brasil”, seria coletado na Bahia, em Praia do Forte.

Ainda que, nesse campo, três linhas de coqueiros tenham sido plantadas, todo o material mereceu, durante certo tempo, o acompanhamento técnico de pesquisadores do IPA. Similarmente, em função da escassez de recursos, as atividades foram, infelizmente, descontinuadas.

Com a finalidade de recuperar o campo de produção das sementes híbridas em Jiquí, a Embrapa firmou, em 1990, um convênio com a Emparn (Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte).

É provável que o sucesso obtido a partir de 1995 seja o resultado desse acordo, uma vez que a Emparn assumiu a coordenação do trabalho, prosseguindo com a produção das sementes híbridas e com o fornecimento de sementes para todo o território nacional.

Variação genética dos coqueiros

Acima de tudo, a variabilidade genética dos coqueiros é relativamente pequena à medida que existe, apenas, uma espécie com duas variedades. Assim também, desde uma perspectiva científica, a introdução e coleta de materiais genéticos possibilitam o estoque de genes para serem analisados.

Ainda mais importante, dessa avaliação é possível extrair benefícios em função das metas que se deseje alcançar. Salvo objetivos específicos ao mercado, bons exemplos podem ser encontrados na elevação da resistência a doenças e pragas, além de incrementar a produtividade.

Em contrapartida, como ocorre com outras plantas, os coqueiros continuam sofrendo a chamada “erosão genética”. Do mesmo modo, o fenômeno é gerado pela ação direta dos homens que, com a derrubada das plantas, visam obter espaço para o plantio de monoculturas (por exemplo, cana-de-açúcar), projetos turísticos e/ou urbanísticos, mudanças culturais e abertura de estradas.

Posto que é extremamente importante salvaguardar essa cultura, os envolvidos devem implementar medidas de proteção de populações locais e de introdução de novos materiais das mais diversas origens.

Com o propósito de estimular pesquisadores para a obtenção de materiais aprimorados e claramente voltados ao progresso dessa cultura, uma dose de boa vontade política é altamente recomendável. Assim, poderemos sempre contar com a presença da folha de coqueiro em nossos trabalhos artísticos e artesanais.

ACESSO RÁPIDO
    Joana Gall
    Joana Gall é técnica em agropecuária pelo Instituto Federal Catarinense e atua na pesquisa sobre as mulheres rurais de Camboriú, em Santa Catarina.

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