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Agricultura

Azedinha é planta rica em antioxidantes e pode ser consumida na salada

Os antigos gregos e romanos já incluíam a azedinha na dieta e, portanto, conheciam os benefícios oferecidos pela planta. A azedinha é consumida há centenas de anos em países europeus e asiáticos. A planta possui um efeito ácido, por isso muitas pessoas a utilizam quando sentem um desconforto estomacal.

A planta azedinha é muito versátil e pode ser utilizada de diversas maneiras na alimentação. O vegetal pode compor saladas cruas assim como ser cozido junto com outros legumes. Suas folhas podem ser fatiadas e salpicadas em sopas, dando um frescor ao prato.

  1. O que é azedinha?
  2. Benefícios da azedinha
  3. Como preparar azedinha?
  4. Nutrientes da azedinha
  5. Azedinha vermelha
  6. Receitas com azedinha
  7. Batat rústica com molho de azedinha
  8. Sopa de azedinha
  9. Lombo ao molho de azedinha
  10. Como cultivar azedinha?
  11. Como cuidar da planta azedinha?
  12. Plantas alimentícias não convencionais (PANC)
  13. Consumo de PANC no Brasil
  14. Como usar azedinha?


O que é azedinha?

Azedinha é uma planta bastante popular, de nome científico Rumex Acetosa. A espécie é utilizada desde a antiguidade em regiões da Europa e da Ásia. Também chamada de azeda, língua de vaca ou azedinha do brejo, a planta oferece diversos benefícios para o consumo humano.

A história conta que os gregos costumavam ingerir o vegetal para melhorar a digestão. Muitas pessoas, portanto, se alimentam da espécie devido ao seu sabor ácido e alta concentração de antioxidantes.

Algumas características da planta azedinha são as suas folhas compridas e largas. Além disso, a espécie não possui estatura muito alta, alguns exemplares alcançam no máximo os 60 centímetros de altura.

Benefícios da azedinha

A azedinha possui muitos benefícios para o consumo e os povos mais antigos já sabiam disso. Assim, confira algumas vantagens que a planta oferece:

Como preparar a azedinha?

Quer conhecer mais receitas com azedinha? O vegetal é muito versátil e, portanto, pode ser consumido de diferentes maneiras. Basta usar a criatividade. Conheça algumas dicas para utilizar o vegetal na gastronomia:

Nutrientes da azedinha

Um estudo realizado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) descobriu que a raiz da azedinha possui uma alta concentração de antioxidantes. Estas substâncias são importantes pois previnem problemas cardiovasculares, assim como alguns tipos de câncer.

Ainda de acordo com o estudo, a raiz da azedinha possui cerca de cem vezes mais concentração do antioxidante resveratrol. Contudo, o seu consumo não é indicado, pois existe o risco de intoxicação.

em relação às folhas, cerca de um quilo possui aproximadamente 0,4 mg de antioxidante. Sendo assim, a planta é comparada ao suco de uva, que possui a mesma propriedade.

Outro ponto positivo da azedinha é o seu efeito protetor sobre o fígado. Para que o vegetal realmente faça efeito sobre as células, então, é necessário o consumo de uma xícara da planta pelo menos três vezes por semana.


Azedinha vermelha

A azedinha vermelha é da mesma família da Rumex acetosa. Por causa da sua aparência, essa espécie de azedinha geralmente é usada ornamentalmente. Afinal, ela tem folhas largas e compridas, de aspecto liso e brilhante, chegando a atingir um metro de altura. Além disso, o seu caule e suas nervuras são de cor vermelha, o que cria um contraste interessante com o verde das folhas.

Contudo, essa planta também é comestível e traz diversos benefícios para saúde. Assim como a azedinha comum, a Rumex sanguineus tem sabor refrescante, semelhante ao limão, porém mais suave. Por isso ela costuma ser utilizada em saladas, sucos, molhos, chás e outros pratos quentes.

Geralmente, essa e outras espécies de azedinha crescem bem em locais úmidos e escuros. De fato, é bem comum encontrar a azedinha vermelha crescendo no mesmo local que as samambaias.

Em muitos países, a azedinha vermelha é usada para fins medicinais. Entretanto, por ter uma grande quantidade de ácido oxálico, o seu consumo em excesso pode ser prejudicial para os rins, aumentando o risco de formação de pedras. Além disso, o seu consumo é contraindicado para quem sofre com gota, cálculo renal e reumatismo.

Dessa forma, é importante consultar um especialista ao aderir aos tratamentos de fitoterapia, especialmente mulheres grávidas e lactantes. Além das contraindicações e efeitos colaterais, as plantas podem interagir com outros medicamentos.

Receitas com azedinha

Como vimos, azedinha faz muito bem para a saúde quando consumida em quantidades adequadas. Assim como a maioria das hortaliças, essa planta entrega maior valor nutricional quando consumida crua.

Porém, também é possível aproveitar os seus benefícios ao adicioná-la a outras receitas como sucos, chás, sopas e cremes. Confira algumas receitas com azedinha a seguir!

Batata rústica com molho de azedinha

Embora o mais comum seja servir a batata com molho pesto, o molho de azedinha também é muito saboroso. Por ter um sabor refrescante, ele é ideal para as épocas de calor.

Ingredientes da batata rústica:

Ingredientes do molho de azedinha:

Modo de preparo:

  1. Em primeiro lugar, para fazer a batata rústica, é preciso lavá-las bem. Então, corte a batata com casca em cubos grandes e tempere com orégano, sal e azeite;
  2. Em seguida, misture bem até que todas as batatas estejam cobertas de tempero. Depois disso, acomode a mistura em uma forma antiaderente e leve ao forno em temperatura média por cerca de quarenta minutos;
  3. Enquanto as batatas estão assando, prepare o molho. Para isso, higienize as folhas de azedinha e bata-as em um liquidificador (ou processador) com o alho e o parmesão. Logo após, coloque a mistura em um recipiente, acrescente o azeite e misture bem. Por fim, se necessário, acerte o sal;
  4. Quando as batatas estiverem prontas, salpique manjericão fresco por cima e sirva ainda quente com o molho de azedinha.


Sopa de azedinha

Outra opção refrescante de receita com azedinha é a sopa. Diferente das receitas convencionais, essa sopa é preparada para ser servida fria. Confira a receita.

Ingredientes:

Modo de preparo:

Antes de mais nada, higienize as folhas de azedinha e corte-as em tiras finas. Depois disso, coloque um litro e meio de água com sal para ferver em uma panela. Quando levantar fervura, acrescente as pimentas e a azedinha e deixe cozinhar por dez minutos.

Logo após, bata as gemas e o suco de limão em uma sopeira. Em seguida, adicione aos poucos a sopa ainda quente, batendo sempre. Então, deixe a sopa esfriar e leve à geladeira.

Quando for servir, distribua a sopa em tigelas individuais e acrescente o pepino e o alho. Se preferir, antes de servir, você pode acrescentar creme de leite ou iogurte natural. Além disso, ela pode ser servida com rodelas de ovo cozido.

Lombo ao molho de azedinha

Outra opção de receita de acompanhamento preparado com azedinha é o lombo com molho. Assim como as receitas anteriores, essa receita é bem simples e combina com o verão. Confira!

Ingredientes:

Modo de preparo:

Em primeiro lugar, é preciso cozinhar o lombo. Para isso, tempere a carne com sal e pimenta do reino e sele em um fio de óleo de soja. Então, em uma panela de pressão, adicione um pouco de água, tampe e deixe em fogo baixo até que a carne esteja bem cozida.

Enquanto isso, em um liquidificador, bata a cebola, o alho, o tomate, as pimentas, o cream cheese e a água. Logo após, em uma panela funda, aqueça o óleo e acrescente e refogue o molho até levantar fervura. Então, deixe cozinhar por cinco minutos.

Em seguida, acrescente o lombo, o milho, a abobrinha e a as folhas de azedinha. Então, acerte o sal a pimenta e deixe cozinhar por mais cinco minutos. Sirva ainda quente com arroz. Esse molho de azedinha também combina com frango cozido e massas.


Como cultivar azedinha?

De forma geral, a azedinha é bem resistente. Porém, para que ela produza bem, o ideal é que ela seja plantada em um solo que seja bem drenado, fértil, claro e rico em matéria orgânica.

Ademais, essa espécie prefere climas frios e amenos. Assim, o melhor período de plantio dependerá de cada região.

Em regiões de clima temperado, recomenda-se o cultivo durante a primavera. Já nas regiões de clima tropical com inverno ameno e subtropicais, o plantio deverá ser feito durante o outono ou começo do inverno.

Em relação à luminosidade, a azedinha prefere locais com sombra parcial, boa luz e ventilação. Em regiões com clima mais ameno, a planta suporta luz solar direta. Contudo, é fundamental manter o solo úmido. Caso o solo fique encharcado, podem surgir doenças e as suas raízes podem apodrecer. Por isso, a rega deve ser feita de duas a três vezes por semana em períodos de seca.

Fora das regiões de clima temperado, o método de plantio mais indicado é por meio de mudas destacadas das touceiras, pois a azedinha tende a não florescer nessas regiões. Assim, cada muda que será plantada deverá ter pelo menos um brotinho.

O plantio pode ser feito diretamente em canteiros, com espaçamento de vinte e cinco centímetros ente as plantas. No caso de cultivo para posterior transplante, será preciso esperar pelo menos três semanas para transferir a azedinha para o local definitivo.

Como cuidar da planta azedinha?

A colheita das folhas de azedinha é feita após sessenta dias, retirando as folhas que têm mais de dez centímetros de comprimento. Nas regiões de clima temperado, a azedinha continuará produzindo por vários anos. Porém, nas outras regiões, será necessário fazer o cultivo todo ano.

Para que a azedinha cresça saudável, é essencial retirar as plantas invasoras para que não haja concorrência pelos nutrientes e recursos do solo. Além disso, como ela é uma planta dioica, é preciso que sejam cultivadas azedinhas femininas e masculinas para que haja produção de sementes.

Quando bem cultivada, a azedinha produz cerca de cem gramas por metro quadrado (por semana), resultando em uma produção anual de cinco quilogramas por metro quadrado.

Plantas alimentícias não convencionais (PANC)

De fato, a azedinha é pouco conhecida como uma espécie de planta comestível. Por isso, ela é considerada uma Planta Alimentícia Não Convencional (PANC).

Atualmente, estima-se que existam pelo menos trezentas mil espécies de plantas comestíveis na Terra. Porém, a nossa cultura ou falta de conhecimento faz com que ignoremos grande parte dos alimentos que estão disponíveis na natureza. Em muitos casos, plantas que consideramos como “mato” ou ervas invasoras têm propriedades nutricionais incríveis.

Assim, podemos definir as PANC como plantas (ou partes de plantas) que poderiam ser consumidas, mas não são. Nessa categoria estão inclusas plantas, cascas, raízes, folhas, pétalas, sementes e outras partes dos alimentos que poderiam ser aproveitadas.

Um exemplo disso é a azedinha vermelha. Por ter características principalmente ornamentais, muitas pessoas não usam essa planta em sua alimentação, mesmo que ela esteja disponível sem custo algum em sua propriedade.

Como o Brasil tem um enorme potencial para produção e utilização de Plantas Alimentícias Não Convencionais, alguns estudos têm sido conduzidos para descobrir novas plantas e suas propriedades. Em alguns países, as PANC estão sendo usadas para combater a desnutrição, resgatar os hábitos alimentares tradicionais e diversificar a renda dos agricultores familiares.

Além de serem tão nutritivas quanto as Plantas Alimentícias Convencionais, algumas vantagens do cultivo de PANC são:

Contudo, é importante saber identificar e manusear as Plantas Alimentícias Não Convencionais da forma correta para evitar problemas. Como no caso da azedinha, o seu consumo em excesso pode ser prejudicial à saúde. Por isso, é importante pesquisar sobre a espécie antes de consumi-la.


Consumo de PANC no Brasil

No Brasil, o interesse pelas Plantas Alimentícias Não Convencionais está aumentando. Por exemplo, em sua tese de doutorado, o professor e pesquisador Valdely Kinupp catalogou mais de trezentas espécies de PANC, dando origem ao livro “Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil”.

Além disso, a Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina) tem trabalhado em pesquisas para identificar novas plantas comestíveis, bem como seus usos e propriedades nutricionais. O seu objetivo é ensinar as famílias rurais a identificar, cultivar e preparar PANC e diversificar sua renda.

Em Florianópolis, por exemplo, a Epagri tem uma Unidade de Referência Técnica para oferecer capacitação aos agricultores. Implantada em um espaço de três mil metros quadrados, a unidade conta com cinquenta espécies de Plantas Alimentícias Não Convencionais.

A maior parte das amostras de PANC foram trazidas da Estação Experimental da Epagri em Itajaí, que realiza pesquisas em plantas bioativas e que tem propriedades terapêuticas.

Como usar azedinha?

De fato, a azedinha é uma planta versátil e nutritiva. Por ter propriedades antioxidantes, ser rica em vitamina C, magnésio e potássio, ela ajuda no tratamento de problemas intestinais, bronquite e diabetes, por exemplo.

Contudo, é importante lembrar que a essa planta não é recomendada para quem tem problemas renais, reumatismo ou gota, pois ela é rica em ácido oxálico. Também, o seu uso medicinal deve ser recomentado por um profissional capacitado.

Além de poder ser consumida in natura, a azedinha pode ser usada em diversas receitas como saladas, sucos, sopas, molhos e até chás. Ademais, algumas espécies podem ser usadas como decoração de jardins, como é o caso da azedinha vermelha.

Embora o cultivo no Brasil precise ser feito nas épocas mais amenas do ano, a azedinha se apresenta como uma ótima forma que os agricultores podem utilizar para diversificar a sua renda. Além disso, quanto mais a população tiver acesso às informações sobre os benéficos das Plantas Alimentícias Não Convencionais, mais o seu consumo aumentará.

Nesse sentido, é interessante mencionar que diversas instituições oferecem cursos para ensinar famílias rurais a identificar, cultivar e preparar as PANC.

De acordo com as pesquisas mencionadas, só no Brasil existem mais de trezentas espécies de plantas que, assim como a azedinha, poderiam ser consumidas, mas não são. Ademais, muitas partes de alimentos são desperdiçados porque a população não sabe que eles são próprios para consumo.

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